sexta-feira, 1 de abril de 2022

Pense em algo agradável de sua vida pessoal — visualize o momento em que realizou algo de que se sente orgulhoso ou em que deu boas risadas em companhia de um amigo. Note que o mero pensar no passado evoca um sentimento no presente. Mas a consciência propriamente dita se sente feliz? É transformada ou distorcida de verdade pelo que conhece? Nos ensinamentos do Dzogchen, se costuma dizer que os pensamentos e as emoções surgem na consciência do mesmo modo que imagens aparecem na superfície de um espelho. Essa é apenas uma metáfora, mas capta um insight que podemos ter sobre a natureza da mente. Um espelho é melhorado por belas imagens? Não. O mesmo se pode dizer sobre a consciência. 

Agora pense em algo desagradável: talvez recentemente você tenha feito alguma coisa embaraçosa ou recebido uma má notícia. Talvez esteja apreensivo com um acontecimento iminente. Repare em todo sentimento que surgir após esses pensamentos. Eles também são aparições na consciência. Eles têm o poder de mudar o que a própria consciência é? Há uma verdadeira liberdade por trás dessas noções, mas você provavelmente não a encontrará sem examinar a fundo a natureza da consciência, muitas e muitas vezes.


Sam Harris

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