No fluxo transitório do tempo, os momentos aparecem e desaparecem. A impermanência corta constantemente sua vida, por isso cada momento é único.
Dainin Katagiri
Quando o Buda nos disse para separarmos a mente das sensações, ele quis dizer que a mente precisa conhecer a felicidade e a tristeza. Quando nos sentamos em samadhi, por exemplo, e a paz preenche a mente, então a felicidade surge, mas ela não nos atinge; a tristeza surge, porém não nos atinge. Isso é a separação entre sensação e mente. O estado natural da mente não é a felicidade nem a tristeza. Quando as sensações adentram a mente, então a felicidade e a tristeza nascem. A “mente que sabe” não irá se apegar. A felicidade está lá, mas está fora da mente. A mente simplesmente conhece claramente.
Ajahn Chah
Fique quieto, imperturbado, e a sabedoria e o poder virão por si sós. Espere no silêncio do coração e da mente. Os desejos e pensamentos também são coisas. Ignore-os. Neutralidade, desprendimento, ausência de desejo, de medo e de preocupação consigo mesmo, a mera consciência, livre de lembranças e expectativas – esse é o estado da mente no qual a descoberta pode acontecer.
Sri Nisargadatta
Maharaj
No passado um grande mestre disse “O grande caminho não é difícil para aquele que não tem preferências”. Quando não colocamos nossas opiniões, nossa maneira de reafirmar nosso próprio eu ou a nossa forma em todas as coisas. Se não fizermos isso, tudo instantaneamente está conforme a nossa preferência íntima, que vai além de gosto ou não gosto. Seja o dia com sol ou com chuva, ambos são dias que apreciamos. Faça frio ou calor, aceitamos com alegria. Se não colocamos e não sentimos alegria em todas as coisas que ocorrem, tais como elas se apresentam, alguma coisa há de errada com a nossa prática, porque a verdadeira prática tem uma profunda aceitação das condições e de como o universo se manifesta. Mesmo o acontecimento mais trágico, como quando estamos no fim da vida, é olhado com aceitação e alegria.
O tempo de viver é o tempo de viver. O tempo de morrer
é o tempo de morrer. Cada um eles têm sua própria alegria.
Monge Genshô
O Buda ensinou que o caminho que leva ao fim do sofrimento é fazer o Dharma surgir como uma realidade dentro de nossas mentes. Se alguém disser que somos bons, não iremos nos perder nisso; se disserem que não somos bons, não nos esqueceremos de nós mesmos. Desta maneira, podemos ser livres. O “bem” e o “mal” são apenas dharmas mundanos, são apenas estados da mente.
Ajahn Chah
Se tudo apenas acontece, por que me preocupar?
Exatamente. Liberdade
quer dizer ser livre de preocupações. Tendo compreendido que você é incapaz de
influenciar os resultados, não dê atenção a seus desejos e medos. Deixe que eles
venham e vão embora. Não dê a eles o alimento de seu interesse e sua atenção.
Sri Nisargadatta
Maharaj
Tudo é meditação
ou nada é meditação, a meditação está além da meditação. Não há necessidade de
meditar. O insight é súbito, constante e penetra todas as coisas – e,
logo, desnecessário.
Como chegamos a
essa compreensão profundamente libertadora? Praticando a meditação para compreender
quão inútil ela é. E continuando a praticar a meditação, não porque seja
necessária ou mesmo útil, mas porque somos bodisatvas dedicados a compartilhar
a prática com o outros. Além disso, essa meditação inútil agora se tornou nosso
modo de vida. Ela nos conecta a praticantes no passado e no presente. Ela
transcende vida e morte, pureza e impureza. Obviamente, essa vasta meditação que
praticamos formalmente sentados não pode se limitar a sentar-se formalmente. Ela
inclui pesar o arroz e todas as outras atividades. Tudo e todos devem fazê-la o
tempo todo. A meditação Zen é paradoxal, quase absurda. É a prática imaginativa
do bodisatva por excelência.
Norman Fischer
É preciso ser um bodisatva para compreender que as coisas surgem e desaparecem ao mesmo tempo, elas não existem verdadeiramente. Se elas não existem de verdade, não podem cessar de existir. Logo, impermanência é permanência. E bodisatvas sabem que se não somos os eus permanentes que pensamos ser, devemos ser algum tipo de eu que gloriosamente vem e vai no fluxo maravilhoso da impermanência, eus verdadeiros. Bodisatvas sabem que quando nos livramos de nossas falsas vidas, conseguimos vidas verdadeiras. Não mais apegados exclusivamente aos nossos patéticos vulneráveis não-eus, nos tornamos ninguém e todos. E uma vez que bodisatvas veem, aceitam e integram completamente a natureza insatisfatória de nossas vidas parciais nesse mundo de parcialidade, eles veem que a dor e os problemas da consciência alienada são exatamente a dor e os problemas que precisamos para viver essa vida de sofrimento e cura junto com todos, nesse mundo difícil e maravilhoso. Desse modo, a insatisfação se torna alegria.
Norman Fischer (em “O Mundo Poderia Ser Diferente”)
Saber que a realidade é inerentemente generosa e amorosa certamente não significa que coisas ruins não podem acontecer. Mas quando você não tem medo, as coisas ruins podem ficar bem. Você pode aceitá-las. Vergonha, perda, dor física, e até morte fazem parte da vida. Eles estão envolvidos na visão criativa do caminho bodisatva à frente. O destemor do bodisatva não nega a catástrofe. Ele reconhece sua inevitabilidade. Tudo que existe, um dia, não existirá – é assim que a existência funciona; essa é sua beleza e fonte de sua generosidade. Portanto, o destemor do bodisatva é muito sólido, muito forte, muito grande. Quando você sente isso, é fácil dar o presente do destemor. Você vai dar o tempo todo.
Norman Fischer (em “O Mundo Poderia Ser Diferente”)
Deixe-me lembrá-lo
novamente. Não tente mudar seus pensamentos, ou mudar seu estilo de vida, ou
trabalhar seus maus hábitos, ou tentar remover o medo e todo o resto. Em vez
disso, você eleva sua visão ao alto, ao mais alto, seguindo o pensamento-eu até
sua fonte. E um dia você descobrirá algo interessante. Seu corpo parecerá
derreter, se dissolver. O mundo, o universo parecerá se dissolver. Seu Deus
parecerá se dissolver. Tudo que você defendeu, tudo em que acreditou, todos os
seus pensamentos, seus sentimentos, suas emoções, se dissolverão. E você se
descobrirá como uma consciência onipresente, que tudo permeia. Você descobrirá
que sempre foi a realidade suprema, a unidade suprema. Você é o 'eu' sou. Você
é livre.
Robert Adams
O Buda se desfez das opiniões mundanas, dos elogios e das críticas. Quando as pessoas o elogiavam ou o criticavam, ele simplesmente os aceitava. Essas duas coisas eram simples condições humanas, assim ele não era abalado por elas. Por que não? Porque ele conhecia o sofrimento. Ele sabia que, se acreditasse nos elogios ou nas críticas, eles iriam causar sofrimento a ele.
Ajahn Chah
(em “Um Sabor de Liberdade”)
O ponto principal é que esta nossa mente é naturalmente pacífica. É quieta e calma como uma folha que não é soprada pelo vento. Mas se o vento sopra ela abana. Ela faz isso por causa do vento. E, assim, a mente, por causa dos humores, torna-se apanhada nos pensamentos. Se a mente não se perder nesses humores não esvoaça por aí. Se ela compreendesse a natureza dos pensamentos ficaria em quietude. E isso é chamado de estado natural da mente. Nós praticamos para vermos a mente no seu estado natural. Nós pensamos que, na realidade, a mente é ela própria, prazerosa ou pacífica. Mas na realidade a mente não criou nenhum prazer ou dor. Esses pensamentos chegam e iludem-na e ela fica sujeita a eles. Então, nós devemos mesmo treinar as nossas mentes de forma a aumentar a nossa sabedoria. Assim, nós podemos entender a verdadeira natureza dos pensamentos em vez de os seguir cegamente.
Ajahn Chah
É necessário tentar manter a nossa atenção plena ao longo do dia e da noite. Qualquer coisa que você estiver fazendo, quer seja em pé, sentada, deitada, falando ou o que quer que seja, você deve fazer com atenção plena. Quando você for capaz de estabelecer essa atenção plena, irá descobrir que a plena consciência irá surgir junto com ela, e essas duas condições resultarão em sabedoria. Assim, a atenção plena, a plena consciência e a sabedoria trabalharão juntas e você será como alguém que está desperto tanto de dia como de noite.
Ajahn Chah
O que impede que você perceba a si mesmo como sendo o todo e estando além de tudo é a mente, que tem como base a memória. Ela só terá poder sobre você enquanto você acreditar nela. Não lute contra ela, apenas ignore-a. Privada de atenção, a mente irá desacelerar e revelar o mecanismo de seu funcionamento. Quando você conhecer sua natureza e seu propósito, você não mais permitirá que ela crie problemas imaginários.
Sri Nisargadatta
Maharaj
Nós acreditamos que podemos tornar o tempo uma coisa significativa, porque geralmente supomos que o tempo segue daqui para lá, em direção a um determinado destino. Acreditamos que há um fluxo de tempo que flui continuamente do passado, passa pelo presente e vai para o futuro, então dizemos que há um começo e um fim para este mundo. Então acreditamos que o tempo vai do começo ao fim com um propósito específico, e assim esperamos poder fazer progressos e nos sentirmos satisfeitos. Mas você não deve acreditar nisso caso queira conhecer a verdadeira natureza do tempo, porque o tempo não é uma sucessão de momentos constantemente conectados indo em direção a um determinado destino; no fluxo transitório do tempo, momentos aparecem e desaparecem. A impermanência corta constantemente a sua vida, então cada momento é único e separado de todos os outros.
Dainin Katagiri
Não importa o quanto tente dar sentido à sua vida, você não encontrará uma maneira de fazer isso a menos que enfrente a natureza original do tempo. Por isso, antes de usar os adereços que o distraem, torne-os mais significativos ao ver profundamente a vida humana baseada no tempo. Esteja presente, de momento a momento, bem no meio do fluxo real do tempo. Isso lhe dá segurança espiritual. É por isso que no budismo não tentamos escapar da impermanência: enfrentamos o próprio tempo em nossa vida diária.
Dainin Katagiri
Quando você busca e
busca, e por fim se cansa de toda e qualquer procura, você então desperta para
o fato de que tem sido, desde o início - antes mesmo de começar a buscar -
abundantemente abençoado. Após haver cessado de bater em várias portas
procurando, você percebe que na realidade a porta esteve sempre aberta, antes mesmo
de você ter começado a sair à procura. É a isso a que a prática se refere.
Soko Morinaga
Ao caminhar, você dá um passo após o outro. Você não tenta apegar-se a cada passo. Quando ergue o pé para o novo passo, o passo anterior já desapareceu, como se já tivesse existido. Ele surge e se vai no mesmo instante. Tudo que você vê, ouve e experimenta é assim. Tudo passa, tudo flui naturalmente.
Daehaeng Sunim