sábado, 30 de setembro de 2017

Aprender a utilizar a dor


No treinamento do bodhichitta, aprendemos a utilizar qualquer dor ou medo que vivenciarmos para abrir nossos corações para a aflição das outras pessoas. Desta maneira, a nossa infelicidade pessoal não nos bloqueia; torna-se um grau para uma perspectiva maior. Até o desconforto da dor física, das dificuldades para respirar ou o medo, automaticamente despertarão o bodhichitta.


Pema Chodron
(em “Sem Tempo a Perder” – pág 45. Ed. Gryphus)



sexta-feira, 29 de setembro de 2017

A Consciência Pura


Nossas mentes são apenas ondas no oceano da consciência. Como ondas, elas vêm e vão. Como oceano, elas são infinitas e eternas.

A mente é centrada no corpo, e a consciência é centrada na mente, ao passo que a Consciência Pura é livre. O corpo tem suas necessidades, e a mente, suas dores e prazeres. A Consciência Pura é desprendida e intocável. Ela é lúcida, silenciosa, pacífica, alerta e intrépida, sem desejo nem medo. Medite sobre ela como sendo seu próprio ser, tente sê-la em sua vida cotidiana e você vai se dar conta dela em sua plenitude.


Sri Nisargadatta Maharaj
(em “Eu Sou Aquilo”, págs 206-207 - Tradução para o português de Patrícia de Queiroz Carvalho Zimbres. Editora Satsang)



quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Um tesouro incalculável


O que quer que alguém diga ou faça contra você, não se importe. Deixe que as coisas sigam seu curso natural. Não se aborreça e não revide. Permaneça presente na natureza búdica e não mude devido a qualquer circunstância externa. Mantenha-se assim e não ocorrerão ilusões: você permanecerá na natureza de Buda. Você é um Buda livre, firme. Você possui um tesouro incalculável em suas mãos.


Bankei
(em “The Unborn – The Life and Teachings of Zen Master Bankei”)


quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Um caminho aberto a todos


Existe um caminho aberto a todos, independentemente de seu estágio e estilo de vida. Todos estão conscientes de si mesmos. O aprofundamento e alargamento da autoconsciência é o caminho real. Quer você chame isso de plena consciência, testemunhar, ou apenas atenção - é para todos. Ninguém é imaturo para isso e ninguém falhará.



Sri Nisargadatta Maharaj



terça-feira, 26 de setembro de 2017

Natureza inata


Ao ver os outros cometendo o mal, sinta compaixão por eles. Quando sentir apego por algo atraente ou aversão por algo repugnante, compreenda-o como sendo uma delusão da mente, nada além de uma ilusão mágica.

Ao ouvir palavras agradáveis ou desagradáveis, compreenda-as como sendo uma ressonância vazia, como um eco. Ao se deparar com um grave infortúnio e infelicidade, compreenda-os como sendo uma ocorrência temporária, uma experiência enganosa. Reconheça que a natureza inata jamais está separada de você.


Padmasambhava
(em “Ensinamentos do Mestre Que Nasceu do Lótus”)



segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Observe a mente, noite e dia


Observe a mente, noite e dia. Se o fluxo mental contiver qualquer desvirtude, renuncie a esta de todo o coração e procure a virtude.


Padmasambhava
(em “Ensinamentos do Mestre Que Nasceu do Lótus”)



domingo, 24 de setembro de 2017

Despertar do sonho


A coisa mais difícil para um praticante espiritual é parar de lutar, se esforçar, procurar, pesquisar. Por quê? Porque com a ausência de luta ele já não sabe quem é. Ele perde seus limites, sua sensação de separação, sua sensação de ser especial. Ele perde o sonho no qual viveu mergulhado por toda sua vida.  E ao perder tudo aquilo que a mente criou, desperta para o que realmente é: a liberdade plena, sem qualquer identificação ou limites.



Adyashanti 




sábado, 23 de setembro de 2017

Shantideva: Oração de Dedicação de Méritos


Que todos os seres em todos os lugares,
Atormentados por sofrimentos do corpo e da mente,
Obtenham um oceano de felicidade e alegria
Em virtude desses méritos.

Que nenhuma criatura viva sofra,
Cometa o mal ou fique doente.
Que ninguém tenha medo ou seja menosprezado,
Com uma mente oprimida pela depressão.

Que o cegos vejam formas,
E os surdos ouçam sons.
Que aqueles cujos corpos estão esgotados com o trabalho duro
Se recuperem e encontrem repouso.

Que o nu encontre roupa,
Que o faminto encontre comida.
Que aquele que tem sede encontre água
E deliciosas bebidas.

Que o pobre encontre riqueza,
Que os fracos e tristes encontrem alegria.
Que o desamparado encontre esperança,
felicidade constante e prosperidade.

Que possam ocorrer chuvas oportunas
E colheitas abundantes.
Que todos os medicamentos sejam eficazes
E orações saudáveis ​​dêem frutos.
Que todos os que estejam doentes e mal
Rapidamente sejam libertados de seus males.

Seja lá que doenças existam no mundo,
Que elas nunca ocorram novamente.
Que os temerosos deixem de ter medo
E aqueles que se sentem presos sejam libertados.

Que o impotente encontre força
E que todas as pessoas pensem em beneficiar uns aos outros.


Shantideva
(retirado do site Budismo Petrópolis)



sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Samsara e Nirvana


Samsara é a mente voltada para fora, perdida em suas projeções.
Nirvana é a mente voltada para dentro, reconhecendo sua natureza verdadeira.



Tulku Urgyen Rinpoche



quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Uma emoção é somente uma emoção


Uma emoção é somente uma emoção. Ela é apenas uma ínfima parte de seu ser. Você é muito maior que sua emoção. Uma emoção vem, fica por um tempo, e então se vai, como uma tempestade. Se você tiver consciência disso, não sentirá mais medo de suas emoções.



Thich Nhat Hanh



quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Coragem para praticar a paz


A verdadeira paz é sempre possível. No entanto, exige força e prática, particularmente em tempos de grande dificuldade. Para alguns, paz e não-violência são sinônimos de passividade e fraqueza. Na verdade, praticar a paz e a não-violência está longe de ser uma postura passiva. Praticar a paz, manter a paz viva em nós, é cultivar ativamente a compreensão, o amor e a compaixão, mesmo diante dos equívocos e do conflito. Praticar a paz, especialmente em tempos de guerra, exige coragem.


Thich Nhat Hanh
(em “Creating True Peace”)



terça-feira, 19 de setembro de 2017

"Eu escolho ser feliz"


Anthony Ray Hinton passou trinta anos no corredor da morte por um crime que não cometeu. Ele estava trabalhando em uma fábrica trancada na hora do crime do qual foi acusado. Ao ser preso no estado do Alabama, foi informado pelos policiais que ia para a cadeia porque era negro. Ele passou trinta anos em uma cela minúscula, e só podia sair uma hora por dia. Durante o tempo que passou no corredor da morte, Hinton se tornou conselheiro e amigo não apenas dos outros prisioneiros, 54 dos quais foram mortos, mas do guardas também, muitos dos quais imploraram que o advogado de Hinton o tirasse de lá.

Quando uma decisão unânime da Suprema Corte ordenou sua soltura, ele finalmente estava livre para sair.

“Uma pessoa não sabe o valor da liberdade até que ela lhe seja tirada”, disse-me ele. “As pessoas correm para fugir da chuva. Eu corro para a chuva. Como poderia uma coisa que vem do céu não ser preciosa? Tendo sido privado da chuva por tantos anos, sou grato por cada gota. Apenas por ter a sensação dela no meu rosto.”

Quando Hinton foi entrevistado no programa de TV 60 minutes, o entrevistador lhe perguntou se ele tinha raiva daqueles que o tinham colocado na prisão. Ele respondeu que tinha perdoado todas as pessoas que o mandaram para lá. O entrevistador, incrédulo, perguntou:

“Mas eles tiraram trinta anos da sua vida – como é possível que você não sinta raiva?”

Hinton respondeu:

“Se eu ficar com raiva e não os perdoar, eles terão tirado também o resto da minha vida.”

“Não é o mundo que lhe dá contentamento, então o mundo não pode tirá-lo de você. Você pode permitir que as pessoas entrem na sua vida e a destruam, mas eu me recusei a permitir que alguém tirasse o meu contentamento. Eu me levanto de manhã, e não preciso que ninguém me faça rir. Eu vou rir sozinho, porque fui abençoado com a possibilidade de ver outro dia, e, quando você recebe essa benção, ela deveria ser o suficiente para lhe dar contentamento.

“Eu não saio por aí dizendo: ‘Cara, não tenho um tostão no bolso’. Eu não ligo para ter um tostão no bolso, mas eu ligo para o fato de ser abençoado e poder ver o sol nascer. Você sabe quantas pessoas tinham dinheiro mas não acordaram esta manhã? (...) A minha mãe nunca nos criou para sair pelo mundo e ganhar o máximo de dinheiro que conseguíssemos. Minha mãe nos ensinou sobre a verdadeira felicidade. Ela nos disse que, quando estamos felizes, quando as pessoas ficam com você, elas também ficam felizes.

Posso dizer que sou feliz porque escolho ser feliz.”



(citado por Douglas Abrams em “Contentamento” – págs 213 a 215. Ed. Principium – 1ª edição)



segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Nada a esperar, nada a temer


Todos os pensamentos, sentimentos, emoções, percepções, sensações, estados da mente, conceitos e tudo mais são como nuvens no céu, momentaneamente se reunindo e depois dispersando, se dissolvendo de volta exatamente nesse mesmo espaço. Que bem pode haver em se apegar a isso? Que bem pode haver em tentar se afastar disso?

Tudo é a exibição ilusória, milagrosa, como um sonho, da própria mente de alguém. Não há nada especial a se fazer sobre isso, exceto reconhecer sua natureza verdadeira, sua vacuidade, e ser livre dentro do que quer que pareça surgir.

Não é necessário julgar experiências e pensamentos como bons ou ruins, como desejáveis ou indesejáveis, proveitosos ou  não proveitosos. Deixe apenas ir e vir do modo como é, sem se envolver demais, sem se identificar com nada, nem cedendo nem seguindo, nem suprimindo nem inibindo. Simplesmente deixe todas as coisas internas e externas aparecerem e desaparecerem à sua própria maneira, apenas como nuvens no céu, e permaneça acima e além disso tudo, mesmo no meio das atividades e responsabilidades diárias.

Há tantas coisas para se fazer neste mundo, mas há apenas uma coisa que uma pessoa precisa conhecer, e isso é a sua própria natureza. Esse é o medicamento universal, a panaceia que cura todos os males e doenças. O que quer que vem, também vai. A própria natureza, o ser fundamental de alguém, está além — não se afeta pelas manchas que surgem ou por fenômenos temporários. Não vem nem vai: permanece imutável. Ao reconhecer isso, a transcendência inata é vivenciada. Então, samsara e nirvana não significam nem esperança nem medo para o praticante; a dualidade não mais prevalece. Não há nada a esperar, nenhuma queda a temer.


Nyoshul Khen Rinpoche
(retirado do site Budismo Petrópolis - https://budismopetropolis.wordpress.com )



domingo, 17 de setembro de 2017

A aceitação é a espada


Uma vez que somos capazes de enxergar a vida de uma perspectiva mais ampla, uma vez que somos capazes de enxergar o nosso papel no seu drama com um certo grau de humildade, e uma vez que somos capazes de rir de nós mesmos, chegamos à quarta e última qualidade da mente, que é a capacidade de aceitar a vida e todas as suas obras, imperfeições e beleza.

É necessário dizer que aceitação é o oposto de resignação e da derrota. O Arcebispo Desmond Tutu e o Dalai Lama são ambos os mais incansáveis ativistas da criação de um mundo melhor para todos os seus habitantes, mas seu ativismo vem de uma aceitação profunda do que o mundo é. O Arcebispo não aceitava a inevitabilidade do apartheid, mas aceitava, sim, sua realidade.

A aceitação permite que cheguemos à plenitude do contentamento. Permite que nos envolvamos com a vida nos seus próprios termos em vez de fazermos injúrias contra o fato de a vida não ser como desejamos que fosse. Permite que lutemos contra a corrente do dia a dia. O Dalai Lama nos disse que o estresse e a ansiedade vêm de nossas expectativas de como a vida deveria ser. Quando somos capazes de aceitar que a vida é como é e não acreditamos que deveria ser, somos capazes de fazer uma jornada mais tranquila, de nos afastar do eixo acidentado, com todo sofrimento, estresse, ansiedade e insatisfação, para o eixo suave com mais tranquilidade, conforto e felicidade.

Então, muitas das causas do sofrimento vêm da nossa reação em relação às pessoas, aos lugares, às coisas e às circunstâncias na nossa vida, em vez de aceitá-las. Quando reagimos, ficamos presos no julgamento e na crítica, na ansiedade e no desespero, até mesmo na negação e no vício. É impossível vivenciarmos o contentamento quando estamos presos dessa forma. A aceitação é a espada que corta toda a resistência, permitindo-nos relaxar, enxergar claramente, responder de maneira adequada.


Douglas Abrams
(em “Contentamento”)



sábado, 16 de setembro de 2017

Você é o oceano


Deixe que as ondas do Universo se ergam e caiam como quiserem. Você não tem nada a ganhar ou perder com isso. Você é o oceano.


Ashtavakra
(em “Ashtavakra Gita”)



sexta-feira, 15 de setembro de 2017

A compaixão como princípio fundamental


Transformar a compaixão no princípio fundamental que governa todos os aspectos da nossa vida – da forma como vemos a nós mesmos, educamos nossos filhos e interagimos com os outros ao modo como nos envolvemos com o mundo ao redor. Quando deixada sem treinamento, nossa experiência de compaixão tende a ser reativa: ela surge apenas como resposta ao sofrimento ou à necessidade de alguém que amamos. No caso de um estranho ou de um animal, é preciso mais para provocar compaixão em nós. No entanto, por meio desse treinamento podemos tornar a compaixão nossa postura básica, a perspectiva através da qual percebemos nós mesmos e o ambiente à nossa volta, e passar a nos relacionar com o mundo a partir dessa visão.


Thupten Jinpa
(em “Um Coração Sem Medo”)



quinta-feira, 14 de setembro de 2017

A jornada para dentro de nós mesmos


Nossa jornada externa pode conter um milhão de passos enquanto a jornada interna só tem um, que é o passo que estamos dando neste exato momento. Quando tomamos maior consciência desse passo, percebemos que ele já contém dentro de si todos os outros passos, assim como o nosso destino. Esse único passo se vê transformado em uma expressão da perfeição, um ato de grandeza e qualidade. Ele terá nos levado para dentro do Ser e a luz do Ser brilhará através dele. Este é tanto o propósito quanto a realização da nossa jornada interior: a jornada para dentro de nós mesmos.


Eckhart Tolle
(em “O Poder do Agora”)


quarta-feira, 13 de setembro de 2017

A melhor solução para um problema


Poderíamos tentar nos proteger contra a incerteza e a mudança controlando o ambiente, o comportamento dos outros e o mundo todo. No entanto, essa não é uma estratégia realista. Em vez disso, podemos nos transformar e nos adaptar à realidade na qual estamos inseridos. Shantideva, autor budista do século VII, oferece uma analogia: se tentássemos cobrir toda a face da Terra com couro para proteger nossos pés, onde encontraríamos couro suficiente? Em vez disso, poderíamos cobrir nossos pés com sapatos de couro e atingir o mesmo propósito. A melhor solução para um problema é aquela que você pode encontrar dentro de si.


Thupten Jinpa
(em “Um Coração Sem Medo”)



terça-feira, 12 de setembro de 2017

A gratidão nos torna felizes


Não é a felicidade que nos torna gratos. É a gratidão que nos torna felizes. Cada momento é um presente. Não há nenhuma certeza de que você terá outro momento com todas as oportunidades que aquele momento apresenta. O presente dentro de cada presente é a oportunidade que ele nos oferece. É mais comum que seja a oportunidade de desfrutá-lo, mas às vezes nos é dado um presente difícil, e ele pode ser uma oportunidade para ficarmos à altura do desafio.

Seja o que for que a vida lhe der, você pode responder com contentamento. Contentamento é a felicidade que não depende do que acontece. É a resposta de gratidão à oportunidade que a vida lhe oferece neste momento.


Irmão David Steindl-Rast
(citado por Douglas Abrams em “Contentamento” – pág 212. Ed. Principium – 1ª edição)


segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Compaixão que abrange o universo


Nossa bondade e compaixão são em geral superficiais. Não nos abrimos verdadeiramente para o sofrimento dos outros seres e julgamos as situações apenas através de nossa perspectiva. Assumimos que nossa limitada percepção seja a correta.  Sem refletir, matamos insetos incômodos que atravessam à nossa frente enquanto comemos. Queremos nos livrar deles, e dizemos que insetos não sentem nada. Mas não sabemos o que eles sentem internamente.

A compaixão de um bodhisattva, ao contrário, é ampla, abrangente, e surge da compreensão acerca do sofrimento inerente à existência condicionada. A despeito de qualquer condição externa, essa compaixão vinda do coração irradia-se por todo o universo e abrange até mesmo os seres que nunca viu, e cuja existência jamais suspeitou.


Lama Gendun Rinpoche
(em “Heart Advice of a Mahamudra Master”)



domingo, 10 de setembro de 2017

sábado, 9 de setembro de 2017

Compaixão para com todos


Para por um fim ao nosso sofrimento, devemos abandonar todas as ações perniciosas e a realizar ações benéficas. Ao mesmo tempo, devemos encorajar os outros a também abandonar as ações que trazem sofrimento e ajudá-los a aproveitar todas as oportunidades para cultivar ações benéficas. Quando investimos nossa energia dessa maneira, livramo-nos do sofrimento e desenvolvemos a força necessária para ajudar os inumeráveis seres.

Nossa orientação bondosa deve beneficiar a todos os seres, não importando quem seja e onde quer que esteja, sem exceção e com equanimidade. Não devemos ter preferências ou aversões pelos seres, a despeito das qualidades ou falhas que possam ter. Não devemos desconsiderar nenhum deles, nem aqueles a quem não conhecemos e cujo destino não nos afeta. Nosso sentimento de compaixão deve acolher a todos com bondade, até o último e menor dos seres.


Lama Gendun Rinpoche
(em “Heart Advice of a Mahamudra Master”)



sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Fazer as pazes com a dor


Uma das primeiras percepções espirituais que o Buda partilhou com seus discípulos foi a verdade da impermanência. Ele nos lembra de que a dor de perder o que temos, de não encontrar o que desejamos e de receber o que não queríamos são parte do que significa estar vivo. E nossa felicidade reside não em evitar a dor e o sofrimento, mas em não deixar que não perturbem nosso equilíbrio essencial – a calma de permitir, pelo menos naquele momento, que as coisas sejam como são. Quanto mais cedo fazemos as pazes com ela, mais cedo paramos de reagir e começamos a viver com compaixão por nós mesmos e pelos outros.


Thupten Jinpa
(em “Um Coração Sem Medo”)



quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Não vou criar mais sofrimento nem problemas para mim


Se você estivesse no paraíso, sua mente não demoraria a encontrar algum problema. Não se trata, basicamente, de solucionar seus problemas. Trata-se de perceber que não existem problemas. Apenas situações com que temos de lidar agora ou deixar de lado e aceitar como parte do “ser” neste momento, até que se transformem ou possam ser negociadas.

A mente, inconscientemente, adora problemas.

A palavra “problema” significa que estamos lidando mentalmente com uma situação, sem que exista um propósito real ou uma impossibilidade de agir no momento, e também estamos inconscientemente fazendo dele uma parte de nosso sentido interior. Ficamos tão sobrecarregados pela nossa situação de vida que perdemos o sentido da vida, ou do Ser. Ou então vamos carregando na mente o peso insano de uma centena de coisas que iremos fazer ou poderemos ter de fazer no futuro, em vez de focalizarmos a atenção sobre uma coisa que podemos fazer agora.

Quando criamos um problema, criamos sofrimento. Por isso, é preciso tomar uma decisão simples: não importa o que aconteça, não vou criar mais sofrimento nem problemas para mim. É uma escolha simples, mais radical. Ninguém faz uma escolha dessas a não ser que esteja verdadeiramente sufocado pelo sofrimento. E não consegue levar esse tipo de decisão adiante a não ser acessando o poder do Agora.


Eckhart Tolle
(em “O Poder do Agora”)



quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Iludindo a si próprio


É verdade que, quando aceita seu ressentimento, o mau-humor, a raiva, etc., você não sente mais necessidade de manifestá-los de maneira cega e tem menos chance de projetá-los sobre os outros. Mas eu me pergunto se você não está se iludindo. Quando uma pessoa vem praticando a aceitação por um tempo, como é o seu caso, chega um ponto em que precisa passar para o estágio seguinte, onde essas emoções negativas não são mais criadas. Se você não passa a “aceitação” se torna apenas um rótulo mental que permite ao seu ego continuar a ser tolerante com a tristeza e, dessa forma, fortalecer o sentimento de separação das outras pessoas, do seu ambiente, do seu aqui e agora.

Como você bem sabe, a separação é a base do sentido de identidade do ego. A aceitação verdadeira poderia transformar tudo de uma vez por todas. E se sabe, bem lá no fundo, que tudo “está bem” como você diz, será que esses pensamentos negativos viriam em primeiro lugar? Se não houver julgamento nem resistência ao que é, eles nem surgiriam. A sua mente diz que “tudo está bem”, mas no fundo você não acredita nisso, e assim os velhos padrões de resistência mental e emocional ainda estão ali. É isso que nos faz mal.


Eckhart Tolle
(em “O Poder do Agora”)



terça-feira, 5 de setembro de 2017

Praticar para auxiliar a todos


A prática do Dharma consiste em treinar nosso corpo, fala e mente a agir de forma positiva e aplicar a força então adquirida para auxiliar a todos os seres para que eles possam alcançar a iluminação o mais rapidamente possível. Nossa atitude mental de agir em benefício e o bem-estar de todos aos poucos se torna uma conduta de vida permanente. Essa atitude amorosa passa a permear todas as nossas atividades. Nos tornamos então uma inspiração para os outros, mostrando a eles o que fazer e o que evitar. A cada momento em que exercemos a motivação pura (de auxiliar a todos) nossa mente torna-se mais clara e nossa conduta, mais límpida. Dessa maneira, nossa atividade boddhisattva cresce, e passo a passo todos os benefícios advindos da meditação  se manifestam devido ao cultivo do amor, da gentileza e da compaixão.


Lama Gendun Rinpoche
(em “Heart Advice of a Mahamudra Master”)



segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Pequenas boas ações


Não menospreze as pequenas boas ações
Acreditando que dificilmente possam ajudar;
Pois mesmo gotas de água, uma a uma,
Com o tempo enchem um grande jarro.



Buda



sábado, 2 de setembro de 2017

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Acordando do sonho do tempo


Aquilo a que nos referimos como vida deveria ser chamado, mais precisamente, de “situação de vida”. É o tempo psicológico, passado e futuro. Certas coisas do passado não seguiram o caminho que queríamos. Ainda resistimos ao que aconteceu no passado e agora estamos resistindo ao que é. A esperança nos leva a prosseguir, mas a esperança nos mantém focalizados no futuro, e esse foco contínuo perpetua a negação do agora e, portanto, a nossa infelicidade.

Esqueça a situação de sua vida por um instante e preste atenção à sua vida.

A nossa situação de vida existe no tempo. Nossa vida é agora.
Nossa situação de vida é coisa da mente. Nossa vida é real.

Quando estamos cheios de problemas, não há espaço para nada novo entrar, nenhum espaço para uma solução. Portanto, sempre que você puder, crie algum espaço de modo a encontrar a vida sob sua situação de vida.

Você estará deixando o agonizante mundo da abstração mental e do tempo. Estará se libertando da mente doentia que suga a sua energia vital, do mesmo modo que, lentamente, ela está envenenando e destruindo a Terra. Você estará acordando do sonho do tempo e entrando no presente.


Eckhart Tolle
(em “O Poder do Agora”)