É verdade que, quando aceita seu ressentimento, o
mau-humor, a raiva, etc., você não sente mais necessidade de manifestá-los de
maneira cega e tem menos chance de projetá-los sobre os outros. Mas eu me
pergunto se você não está se iludindo. Quando uma pessoa vem praticando a
aceitação por um tempo, como é o seu caso, chega um ponto em que precisa passar
para o estágio seguinte, onde essas emoções negativas não são mais criadas. Se
você não passa a “aceitação” se torna apenas um rótulo mental que permite ao seu
ego continuar a ser tolerante com a tristeza e, dessa forma, fortalecer o
sentimento de separação das outras pessoas, do seu ambiente, do seu aqui e
agora.
Como você bem sabe, a separação é a base do sentido de
identidade do ego. A aceitação verdadeira poderia transformar tudo de uma vez
por todas. E se sabe, bem lá no fundo, que tudo “está bem” como você diz, será
que esses pensamentos negativos viriam em primeiro lugar? Se não houver
julgamento nem resistência ao que é,
eles nem surgiriam. A sua mente diz que “tudo está bem”, mas no fundo você não
acredita nisso, e assim os velhos padrões de resistência mental e emocional
ainda estão ali. É isso que nos faz mal.
Eckhart Tolle
(em “O Poder do Agora”)
Nenhum comentário:
Postar um comentário