Todos os fenômenos que
compõe o samsara e o nirvana existem como meras aparências surgidas. O melhor
exemplo para nos ajudar a entender o que isso significa é a luz que aparece na
superfície de uma poça de água. Quando todas as condições de uma lua cheia, um
céu limpo, um lago límpido e um observador são estabelecidas, uma lua aparecerá
vividamente na superfície de um lago. Porém se qualquer dessas condições estiver
ausente, ela não aparecerá. Assim, a lua não tem poder independente para
decidir se irá aparecer – ela aparece na água somente na dependência da reunião
destas causas e condições. Ao mesmo tempo, ela aparece na água, mas isso é uma
mera aparência, porque ela é vazia de existência real. Assim, a lua na água é
uma mera aparência de algo que não está realmente lá. Do mesmo modo, todos os fenômenos do samsara e do nirvana aparecem devido ao agrupamento de causas e
condições, mas o conhecimento preciso (prajna) que analisa sua natureza real
não pode encontrar o traço mais ínfimo de sua existência real. Elas são
aparências, vazias de qualquer essência substancial, assim como a lua na água,
mas isso não as impede de aparecerem vividamente, quando as causas e condições
adequadas se juntam.
Khenpo Tsultrim Gyamtso Rinpoche