sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Você pode tocar sua felicidade bem agora





Se alguém te perguntar: “O melhor momento da sua vida já chegou?” Muitos de vocês provavelmente diriam que o melhor momento da sua vida ainda não aconteceu. Nós todos temos a tendência em acreditar que o melhor momento de nossas vidas não aconteceu ainda, mas que virá muito em breve. Mas se nós continuarmos a viver do mesmo modo, esperando que o melhor momento chegue, então ele nunca chegará.

Você pode acreditar que sua felicidade está em algum outro local, lá adiante, ou no futuro, mas de fato você pode tocar sua felicidade bem agora. Você está vivo. Pode abrir seus olhos, pode ver o brilho do sol, as cores bonitas do céu, a vegetação maravilhosa, seus parentes e amigos a sua volta. Este é o melhor momento da sua vida!



Thich Nhat Hanh

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Desfrutar da Prática





Você enfatiza muito o “desfrutar” – desfrutar da respiração, da meditação sentada, do caminhar, da vida como um todo – você destaca isso muito mais do que outros mestres budistas.

Thich Nhat Hanh: Nos ensinamentos do Buda, a tranqüilidade e a alegria são elementos de iluminação. Já há muito sofrimento na vida. Por que sofrer ainda mais ao praticar o Budismo? Você pratica o Budismo para sofrer menos, certo?

O Buda é uma pessoa feliz. Ao se sentar, o Buda senta-se feliz. Ao caminhar, o Buda caminha feliz. Por que vou querer fazer diferente do Buda? Talvez as pessoas sintam medo do que os outros possam dizer: “Você não é um praticante sério. Você sorri, você ri, você se diverte. Para praticar com seriedade você precisa ser severo, ficar muito sério.” Talvez muita gente que queira receber mais doações aja dessa forma – para dar a impressão de que pratica mais seriamente do que outros.

Pense como seria passar uma noite inteira meditando. Você não tem permissão para descansar e acha que isso é prática intensiva, mas sofre a noite inteira e toma café para conseguir ficar acordado. Isso não faz sentido. É a qualidade da meditação sentada que poderá ajudá-lo a se transformar, e não ficar sentado muito tempo e sofrendo com isso. A meditação sentada e caminhando foram feitas para serem desfrutadas e para nos permitirem olhar profundamente e desenvolver insights. Esses insights poderão nos libertar do medo, da raiva e do desespero.

(...) A base da prática consiste em gostar do que você está fazendo – gostar de caminhar, de sentar, de se alimentar e tomar banho. É possível desfrutar de tudo isso, mas nossa sociedade está organizada de tal forma que não temos tempo para desfrutar. Temos que fazer tudo rápido demais.


Thich Nhat Hanh
(Entrevista para a revista Shambhala Sun – janeiro de 2012 - Tradução: Denise Kato)




quarta-feira, 28 de setembro de 2016

A força vital de nossa prática





Por que a bodhichitta, a mente da iluminação, é tão importante? Porque ela é o antídoto imediato ao apego a esse eu que é a origem do samsara, o ciclo de sofrimento. A crença infundada num eu ilusório nos impele a cuidar de nós mesmos e rejeitar os outros, e isso se vira depois contra nós, sendo a principal causa de nossos sofrimentos no samsara. Portanto, é essencial meditar o tempo todo sobre o amor e a compaixão, até que passemos a amar os outros mais do que a nós mesmos. Essa é a força vital de nossa prática espiritual e deve permanecer assim para sempre.


Nyoshul Khen Rinpoche
(em “On The Path of Enlightenment: Heart Advice from the Great Tibetan Masters”)




terça-feira, 27 de setembro de 2016

Eu: Seja como o céu




 - Estou cansado. Como ser livre como uma nuvem no céu? Por que sou tão apegado a meus sentidos?

- Não seja como uma nuvem, mas como o céu!


(resposta de um membro da comunidade Mooji Sangha no facebook)


segunda-feira, 26 de setembro de 2016

A liberdade que eu já sou





Chegará um momento em que você dirá:

Um dia acreditei que deveria ser amado por todos, mas agora já não acredito mais nisso.
Um dia acreditei que deveria ser a melhor pessoa possível pois só assim alcançaria a liberdade, mas abandonei essa ideia.
Um dia acreditei que deveria fazer tudo que quisesse no mundo e só depois de estar saciado eu poderia me dedicar à auto-descoberta. Um dia acreditei nisso.
Um dia acreditei que cabia a outra pessoa me fazer feliz. Parece que foi há tanto tempo...
Um dia acreditei não ser merecedor de nada, mas agora sei que isso não faz sentido.
Um dia acreditei não estar pronto, mas hoje vejo que isso não é verdade.
Um dia acreditei que deveria praticar mais, meditar por mais tempo, ser mais autêntico... mas vi que não se trata disso. A vida não é tão enérgica ou cruel.

Já acreditei em tantas coisas que não eram verdadeiras...
Mas percebi que não há nada que possa obstruir a liberdade que eu já sou.


Mooji
(em “White Fire”)





domingo, 25 de setembro de 2016

A Verdade é uma terra sem caminhos





Sustento que a Verdade é uma terra sem caminhos, e vocês não podem aproximar-se dela por nenhum caminho, por nenhuma religião, por nenhuma seita. Este é meu ponto de vista e eu o sigo absoluta e incondicionalmente... Se compreenderem isso em primeiro lugar, verão que é impossível organizar uma crença.  A crença é uma questão puramente individual, e não podemos nem devemos organizá-la. Se assim o fizermos, ela morrerá, ficará cristalizada; tornar-se-á um credo, uma seita, uma religião para ser imposta aos outros. É isso o que todos no mundo inteiro estão tentando fazer!



Krishnamurti


sábado, 24 de setembro de 2016

Representação



Toda vez que me limito a uma representação, a uma imagem que crio dentro de mim, estou sofrendo.


Alexandre Jollien
(em “O Caminho da Sabedoria – Conversas entre um Monge, um Filósofo e Psiquiatra Sobre a Arte de Viver”)

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Mudar o foco




Acreditar no enredo – é algo profundamente arraigado em nós. Declaramos nossas opiniões como se fossem indiscutíveis: “ Jane é intrinsecamente horrível. Isso é um fato. ” “Ralph é intrinsecamente cativante. Não há nenhuma dúvida quanto a isso. ” O modo de enfraquecer o hábito de se agarrar as ideias fixas é mudar o foco para uma perspectiva mais ampla. Em vez de ficar preso ao drama, veja se consegue sentir a energia dinâmica dos pensamentos e emoções. Veja se consegue experimentar o espaço ao redor dos pensamentos: experimente o modo como eles surgem no espaço, permanecem por um tempinho e depois retornam ao espaço. Se você não reprime os pensamentos e emoções e não corre com eles, estará numa posição interessante. A posição de não rejeitar nem justificar fica bem no meio de lugar nenhum. É lá que você poderá finalmente abraçar o que está sentindo. É lá que você poderá ver o céu.

Enquanto você medita, podem surgir lembranças de algo angustiante que ocorreu no passado. Ver tudo isso pode ser bem libertador. Mas, se você está sempre visitando a memória de algo angustiante, reprocessando o que aconteceu, e fica obcecado com o enredo, ela se torna parte de sua identidade estática. Você só está fortalecendo sua propensão a se experimentar como o ofendido, a vítima. Está fortalecendo uma propensão pré-existente de culpar os outros – seus pais e alguém mais – como aqueles que o trataram injustamente. Continuar a reciclar o velho enredo é um modo de evitar a essencial ambiguidade. As emoções vão ficando, sem interrupção quando as abastecemos com palavras. É como derramar querosene numa brasa para inflamá-la. Sem as palavras, sem os pensamentos repetitivos, as emoções não duram mais que um minuto e meio.


Pema Chodron
(em “A Beleza da Vida”)


quinta-feira, 22 de setembro de 2016

A jornada do despertar requer coragem




O budismo defende que a verdadeira natureza da mente é tão vasta quanto o céu e que pensamentos e emoções são como nuvens que, sob nossa perspectiva, o obscurecem. Ensinam-nos que, se queremos experimentar a infinitude do céu, precisamos ficar curiosos a respeito dessas nuvens. Quando olhamos profundamente para as nuvens, elas se desfazem e lá está a vastidão do céu. Ele nunca foi a lugar nenhum. Sempre esteve lá, momentaneamente oculto de nós por nuvens fugazes, passageiras.

A jornada do despertar requer disciplina e coragem. A princípio, abandonar nossos pensamentos e emoções tipo nuvens é uma questão de hábito. Pensamentos e emoções podem nos dificultar o contato com a abertura de nossa mente, mas são como velhos amigos que nos acompanham desde quando nossa lembrança alcança e ficamos muito resistentes a nos despedir. Mas, cada vez que você começa a meditar, pode decidir que vai tentar abandonar os pensamentos e ficar bem ali com a instantaneidade de sua experiência. Talvez consiga ficar bem ali por apenas cinco segundos hoje, mas qualquer progresso em direção à não distração é positiva.

Chögyam Trungpa Tinha uma imagem para a nossa tendência a obscurecer a abertura de nosso ser; chamava-a de “botar maquiagem no espaço”. Podemos querer experimentar o espaço sem maquiagem. Ficar aberto e receptivo, nem que seja por um curto período de tempo, começa a interromper nossa resistência arraigada a sentir o que estamos sentindo, a ficar presente onde estamos.


Pema Chodron
(em “A Beleza da Vida”)




quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Você é toda a montanha





Você não é o cume da montanha. O cume é algo pequeno, limitado. Você é toda a montanha. E você é também o espaço ao redor dela, o espaço no qual o cume se manifesta. E o melhor de tudo é que você é, mas apesar disso, não possui qualquer forma. Permaneça sem forma definida, deixe que as formas manifestem-se por si. Permita que elas surjam e que elas se vão.


Mooji






terça-feira, 20 de setembro de 2016

Não criar um novo "eu"





Nós não estamos tentando polir nosso ego e criar um novo “eu”, brilhante e espiritual. Na verdade, devemos ser hábeis em nossa prática a fim de que ela não intensifique e solidifique aquilo que ela está tentando dissolver.


Jetsunma Tenzin Palmo
(retirado do facebook)




segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Você é a Verdade mais elevada



Quando meu Guru (Siddharameshwar Maharaj) entrou em estado de bem-aventurança, ele me disse: “Tenha fé em mim e em  minhas palavras. Tudo que lhe digo é Verdade. Você é a Verdade mais elevada. Tenha fé implícita nisso e mantenha a conduta apropriada.”

Sri Nisargadatta Maharaj
(em “Além da Liberdade – Palestras com Sri Nisargadatta Maharaj”)


domingo, 18 de setembro de 2016

Mais próximo da divindade





Não pense que a felicidade reside numa vida cheia de superficialidades. Ao contrário, eu penso que se vive como os deuses quando não se tem necessidades. Aquele que tem menos necessidades, mais próximo está da divindade.



Sócrates


sábado, 17 de setembro de 2016

Eliminando o ódio



Quantos malfeitores matarei? O número deles é infinito como o espaço. Mas seu eu matar o espírito do ódio, todos os meus inimigos desaparecerão de uma só vez.

Shantideva
(citado por Matthieu Ricard em “Felicidade – A Prática do Bem-Estar”)


sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Esquecimento





Atormentados pelo calor do verão, os seres suspiram de prazer no cálido clima do outono.
Eles se esquecem, e por isso não se alarmam
De que terão se passado então uma centena de dias.


Jigme Lingpa
(em “On The Path of Enlightenment: Heart Advice from the Great Tibetan Masters”)




quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Comece agora




Até que se esteja comprometido, existe hesitação, a oportunidade de recuar, sempre a ineficiência. No que concerne a todos os atos de iniciativa e criação, existe uma verdade elementar, cuja ignorância mata incontáveis ideias e planos esplêndidos: no momento em que a pessoa se compromete, então... todo um fluxo de acontecimentos emana da decisão, suscitando todo tipo de incidentes, encontros, e assistência material favoráveis e imprevistos, que homem nenhum poderia sonhar encontrar em seu caminho. O que você quiser fazer, ou sonhar que possa fazer, comece. A ousadia tem em si o gênio, o poder e a magia. Comece agora.


Goethe
(citado por Christopher Phillips em “Sócrates Café”)



quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Para a Graça florescer




A única possibilidade da Graça abrir seu coração e florescer realmente, surge quando você substitui o “você” pelo Você real, que é a Essência Universal.


Mooji
(Satsang no Monte Sahaja, 2016) 



terça-feira, 13 de setembro de 2016

A lúcida simplicidade do momento presente




Certo um dia, um tibetano foi visitar um velho sábio na cidade de Ghoom, próxima a Dajirling, na Índia. Ele começou contando a esse sábio todos os seus infortúnios passados, em seguida passando a fazer uma lista de tudo o que temia quanto ao futuro. Durante todo o tempo, o velho sábio ficou com toda a calma assando batatas em um pequeno braseiro que estava no chão à sua frente. Passado algum tempo, disse ao seu queixoso visitante: “De que adianta preocupar-se com coisas que não existem mais e com coisas que ainda não existem?” Perplexo, o visitante parou de falar e permaneceu calado por um bom tempo ao lado do sábio – que, de quando em quando, lhe estendia uma batata quente e tostada.

A liberdade interior nos permite saborear a lúcida simplicidade do momento presente, livre do passado e emancipado do futuro.


Matthieu Ricard
(em “Felicidade – A Prática do Bem-Estar”)



segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Dominar a mente





Para o budismo, dominar a mente consiste, entre outras coisas, em não deixar que as emoções se manifestem sem discriminação. Uma torrente cujas margens foram estabilizadas pode manifestar seu vigor sem devastar os campos adjacentes.

O ideal é permitir que as emoções conflituosas se formem e se desfaçam sem deixar nenhum vestígio na mente. Os pensamentos e as emoções continuarão a surgir, mas sem proliferar, vão perdendo assim o seu poder de escravizar-nos.

Matthieu Ricard
(em “Felicidade – A Prática do Bem-Estar”)


sábado, 10 de setembro de 2016

A raíz da sabedoria



A sabedoria se enraíza em uma arte de viver, em exercícios espirituais praticados todos os dias.


Alexandre Jollien
(em “O Caminho da Sabedoria – Conversas entre um Monge, um Filósofo e um Psiquiatra Sobre a Arte de Viver”)


sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Autorreflexão




Pema Chodron: Um dos aspectos mais importantes de um mestre é apontar aquilo que os alunos não conseguem ver. Como você lida com isso quando os alunos têm tanta dificuldade em enxergar as próprias falhas?

Ven. Dzigar Kongtrul Rinpoche: É uma boa pergunta. Afinal, nada de significativo acontece realmente dentro da prática ou na relação entre aluno e mestre até que o aluno esteja pronto para enxergar suas falhas sem sentir uma grande culpa. O aluno é um praticante na medida em que deseja fazer isso. Quando um mestre aponta suas regiões sombrias e ocultas, está se dirigindo à ignorância e expondo-a para o bem do aluno, e não para reforçar a noção de um eu intrinsecamente mau. Mas o mestre também precisa ter consciência da verdadeira identidade do aluno. O mestre também aponta a natureza básica do aluno para que este possa se identificar com sua própria bondade, e não com a culpa ou com uma atitude defensiva. Dessa forma, existe muita abertura para olhar para os cantos escondidos, que são, na verdade, fugazes e temporários. Tanto o aluno quanto o mestre devem ter consciência dos pontos cegos do aluno e de sua natureza búdica.

PC: Então a disposição para a autorreflexão parece ser o segredo aqui.

VDKR: A disposição para a autorreflexão aliada à visão mais ampla da ausência de eu, o que de fato torna possível olhar. Quando conseguimos fazer isso, no fim das contas, nos tornamos muito mais despreocupados, nos livramos da resistência.

PC: Resistência?


VDKR: Sim, a resistência é a culpa – não querer olhar. Com a visão da ausência de culpa, podemos trabalhar com o certo ou o errado, com o que fizemos ou não fizemos. Não importa. Podemos nos sentir livres para trabalhar com essa situação sem opor resistência. A mente fica mais ágil porque há mais espaço – espaço para olhar sem se sentir ameaçada. Quando surge a culpa, ela dá mais força a esse sentimento de um “lado mau” intrínseco. Isso não é útil nem verdadeiro e contraria a forma como as coisas são. Se apresentamos a visão da ausência de ego para a nossa culpa, rompe-se a parte profunda do nosso apego emocional a esse “lado mau” intrínseco. Estou certo de que a compreensão da ausência de culpa e da ausência de eu é muito útil para todos os praticantes.


(Conversa entre Pema Chodron e Dzigar Kongtrul Rinpoche – Publicado originalmente na Revista Tricycle. Tradução de Lilian Moreira Mendes. Retirado do site Buda Virtual)



quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Arrependimento e culpa




Pema Chodron: Tendo isso em mente, como podemos lidar com essa tendência profundamente enraizada de nos sentirmos culpados?

Ven. Dzigar Kongtrul Rinpoche: Primeiro, num nível mais básico, podemos nos lembrar de que a culpa não traz nenhum tipo de benefício e só aumenta nosso apego neurótico ao eu. Mas, sobretudo, podemos perceber que a culpa é, na verdade, uma forma de tentarmos fugir da responsabilidade pelas nossas ações e circunstâncias. Nos sentimos culpados quando não aceitamos totalmente nossas circunstâncias. Em vez disso, tentamos o tempo todo proteger e consolar esse eu imaginário. Quando nos sentimos culpados, estamos na verdade dando ainda mais solidez a esse “eu”, em vez de olharmos honestamente para a situação que está diante de nós. Se nos lembrarmos de que a mente é inocente, ainda que nossas ações tantas vezes se baseiem na ignorância, podemos nos distanciar da situação o suficiente para observá-la realmente de maneira honesta. A culpa, por outro lado, é um desvio que não traz solução alguma – não tem fim. Você pode achar que está enfrentando alguma coisa porque está mergulhado nela – esfregando na própria cara que foi algo muito ruim – mas a realidade é que você não está aceitando a situação.

PC: Rinpoche, se eu fizer algo de mal e não me sentir culpada por isso, como vou poder me reconciliar com o que eu fiz? Como posso reconhecer completamente o que eu fiz, e ainda assim não me sentir culpada?

VDKR: Por meio do arrependimento. O arrependimento é uma função da inteligência da mente. Podemos ver o que fizemos para causar sofrimento a nós mesmos e aos outros. Reconhecemos o que fizemos e também resolvemos não fazê-lo de novo. Isso é muito útil. Vemos o erro claramente e o reconhecemos, então ele não permanece no nosso fluxo mental. Essa capacidade de autorreflexão traz enorme liberdade. É como se você parasse de brigar com as suas circunstâncias e observasse honestamente. Como a sua visão do eu não é tão densa, você pode observar sem se intimidar. Fazemos essa prática de reconhecer e purificar, com um profundo arrependimento pelo mal que causamos. Nós o expomos a nós mesmos.

PC: Rinpoche, realmente não consigo perceber a diferença entre arrependimento e culpa. Ainda existe a noção de que alguém fez algo de mal.

VDKR: A diferença entre a culpa e o arrependimento é que a culpa nunca encara a má ação diretamente. Existe apenas um sentimento intenso de “Gostaria que não tivesse acontecido. Queria não ter feito isso. Queria não ter ficado nervoso” ou “Queria não ter feito algo tão vergonhoso”, e assim por diante. O arrependimento é o oposto da culpa. Nós reconhecemos o erro, expomos para nós mesmos que agimos mal e que isso se originou da nossa ignorância, mas não nos deixamos levar pelas emoções e pelas nossas histórias. A noção de remorso está longe de ser tão pesada quanto a ideia do “lado mau” que a culpa produz. Na verdade, a sensação do remorso sincero é libertadora. Ao aplicar a visão da ausência de eu, entendemos como o inútil sentimento de culpa nos congela na percepção que temos de nós mesmos como maus. Quando alguém sente que tem espaço para se abrir e consegue entender que sua ação é movida pela ignorância, e não por uma essência intrinsecamente má, não hesita em enxergar quando faz algo que prejudica outra pessoa. Tampouco hesitará em pedir desculpas se isso lhe parecer benéfico.

PC: Obrigada. Isso com certeza esclarece muita coisa para mim. E há outros benefícios em refletir sobre a ausência de culpa?

VDKR: Quando alguém compreende a ausência de culpa dentro de si, sente-se mais livre e mais leve. O apego ao eu, que todos nós temos, se vai. Também começamos a trabalhar melhor com nossas mentes. A mente fica mais ágil e flexível, porque nossa inteligência se torna o ponto de referência, em vez desse eu ao qual nos agarramos tão desesperadamente. Então podemos diferenciar nossas ações com mais precisão e trabalhar com elas de formas mais criativas no futuro, com mais sabedoria. Em relação às más ações das outras pessoas, percebemos que a natureza de suas mentes também é inocente, sem culpa. A ignorância as influenciou, e elas estão cegas e vulneráveis. E, como elas estão impotentes diante do poder da ignorância, é mais fácil gerarmos compaixão por elas e perdoá-las também. É muito mais fácil fazer tudo isso quando enxergamos a pessoa como inocente, e não como culpada e intrinsecamente má.



(Conversa entre Pema Chodron e Dzigar Kongtrul Rinpoche – Publicado originalmente na Revista Tricycle. Tradução de Lilian Moreira Mendes. Retirado do site Buda Virtual)


quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Sobre a Culpa




Pema Chödrön: Rinpoche, como você já vive na América do Norte há algum tempo e conhece bem a mente e a cultura ocidentais, na sua opinião, qual é o conselho mais útil que se pode dar aos estudantes do dharma aqui?

Ven. Dzigar Kongtrul Rinpoche: A coisa mais importante que eu percebo que os alunos ocidentais precisam compreender é a ausência de culpa.

PC: Ausência de culpa?

VDKR: Sim, ausência de culpa. Eles precisam compreender que uma pessoa ou a sua mente é inocente por natureza.

PC: Pode explicar o que quer dizer com “inocente”?

VDKR: Quero dizer que, do ponto de vista do budismo, podemos entender que tudo o que fazemos de mal a nós mesmos e aos outros tem origem em confusões e ignorância profundamente enraizadas, mas que a mente é naturalmente pura e iluminada. Quando sentimos uma culpa muito grande, nos esquecemos dessa perspectiva.

PC: Acho que às vezes os alunos ocidentais têm dificuldade de acreditar nessa perspectiva.

VDKR: O fato de que todos os seres sencientes desejam a felicidade e a liberdade prova que a natureza de suas mentes é pura e inocente.

PC: Mas, aparentemente, nós nos identificamos mais com o “nosso lado mau” do que com a pureza e a inocência.

VDKR: Essa noção de um “lado mau” vem da não compreensão da ideia de ausência de eu que é tão central ao caminho budista. A compreensão de que não existe um “eu” sólido, singular ou permanente torna possível acolhermos o que quer que surja na vida sem nos sentirmos tão intimidados pela nossa experiência, sem nos rendermos como um cão derrotado em uma briga. Podemos perceber que as coisas surgem devido ao nosso carma que se desdobra, e isso não tem necessariamente que ser algo tão pessoal. Assim, podemos nos identificar com algo maior – que é a nossa própria natureza. Dessa perspectiva, como não existe um eu sólido, singular, permanente, não há um eu “do mal” pelo qual sentir culpa. A mente é inocente, mas é influenciada pela ignorância e por crenças conceituais equivocadas que projetam um eu. Mas não existe um eu.

PC: Então, como podemos compreender a ausência de eu?

VDKR: A mente possui uma inteligência inata, e essa inteligência pode ser cultivada, a fim de que possamos compreender a ausência de eu, que é o oposto desse “eu” projetado. Essa é a nossa verdadeira natureza.



(Conversa entre Pema Chodron e Dzigar Kongtrul Rinpoche – Publicado originalmente na Revista Tricycle. Tradução de Lilian Moreira Mendes. Retirado do site Buda Virtual)



terça-feira, 6 de setembro de 2016

Mantras




A repetição do nome de Deus é muito comum na Índia. Há alguma virtude nisso?

Quando você conhece o nome de alguma coisa, ou de uma pessoa, você a encontra mais facilmente. Chamar a Deus por seu nome O fará vir até você.

E de que forma ele virá?

Virá conforme suas expectativas. Se você estiver azarado e um homem santo lhe der um mantra para que tenha boa sorte, e você o repetir com fé e devoção, sua desgraça se transformará em boa sorte. A fé resoluta é mais forte que o destino. Destino é o resultado de causas, na maior parte acidentais, e por isso mesmo, entrelaçadas entre si. Confiança e ânimo positivo o superam facilmente.

Quando um mantra é pronunciado, o que exatamente ocorre?

O som do mantra cria a forma que irá encorporar a Essência. A Essência pode assumir qualquer forma e atuar por meio dela. A Essência se expressará por meio de ações – e o mantra é principalmente energia em ação. Ele age em você e atua sobre tudo ao redor.


Sri Nisargadatta Maharaj
(em “I Am That”)


segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Mooji - Benção




Que todos aqueles cujos corações anseiam por esta paz,
esta alegria, pela liberdade duradoura ou por verdadeiramente encontrar a Deus
alcancem a realização completa do Ser, sejam intemporalmente felizes e se tornem seres libertos.
Que continuem a expandir em sabedoria, serenidade, alegria e amor.
Que todos aqueles que cruzarem convosco no caminho da vida sejam tocados por vossa presença
e se sintam inspirados por vossa luz, por vossa paz e vossa abertura.
E que fiquem tão comovidos e inspirados e se sintam compelidos a buscar dentro deles próprios e encontrar a luz que vêem em vocês,
e assim descobrir a felicidade para si.
Que verdadeiras bênçãos de paz e união sejam sentidas por entre as pessoas desse país.
Que o vosso crescimento seja realmente um crescimento do espírito, e não um mero crescimento na consciência material.
Que se tornem uma nação de amor e sabedoria, de verdadeira união e riqueza de espírito,
e que inspirem outras nações a descobrirem o que vocês estão descobrindo.
Que assim seja.
 


Mooji
(Portugal, julho de 2016 – compartilhado no facebook)


sábado, 3 de setembro de 2016

Meditação é silêncio


Meditação é o silêncio no qual o observador deixou de existir desde o começo.


Jiddu Krishnamurti
(em “A Outra Margem do Caminho”)



sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Esforçar-se sem expectativas




Minha pergunta é: como encontrar o caminho para a Essência?

Esqueça todas essas perguntas, exceto uma: “Quem sou Eu?” O Eu Sou é a Realidade, o eu sou isso não é real. Esforce-se para saber quem você é verdadeiramente.

É o que tenho feito nos últimos anos.

E qual é o problema em esforçar-se? Por que ansiar pelos resultados? Esforçar-se faz parte da sua natureza.

O esforço é doloroso.

Você o torna doloroso devido a ânsia por resultados. Esforce-se sem expectativas, esforce-se sem avidez.


Sri Nisargadatta Maharaj
(em “I Am That”)





quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Morte bela





Morrer para seus apegos é uma morte bela.
Porque essa morte liberta você para a vida real.
Você precisa morrer como semente para viver como árvore.


Mooji