segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Huang Po: Ser livre dos falsos conceitos




Ser completamente livre dos falsos conceitos é ter a Sabedoria do Desapego. A cada dia, quer você esteja andando, parado, sentado, deitado, falando, siga desapegado de tudo no âmbito dos fenômenos. Quer esteja falando ou meramente piscando os olhos, faça-o com completo desapego.

Você deve abandonar qualquer doutrina que pregue a existência ou não–existência, pois a Mente é como o sol, eternamente vazia, brilhando espontaneamente. Brilhando sem intenção de brilhar. Isso não é algo que se possa compreender sem esforço, mas somente quando você alcança o ponto de não se apegar a nada – nem ao esforço – estará agindo como um Buda. Estará de acordo com a sentença: “Desenvolver uma mente que não repouse em nada”.  Esse é exatamente o puro Dharmakaya, também chamada a perfeita e suprema Iluminação.


Huang Po



sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Huang Po: Qualquer concepção é ilusória


No ensinamento dos Três Veículos é claramente explicado que tantos mentes comuns como mentes iluminadas são ilusões. Vocês não entendem isso.  Ocorre que qualquer apego à uma ideia existente, a um conceito (ilusão, iluminação), só serve para confundir o vazio com a verdade. Por isso, qualquer concepção é ilusória. E por ser ilusória, esconde a Mente Autêntica de você.

Apenas quando abandonar os conceitos de mente comum e mente iluminada, você descobrirá que não existe outro Buda que não seja o Buda que reside em sua própria Mente. Quando Bodhidharma veio para o Ocidente, ele afirmou que a substância da qual são compostas todas as pessoas é o Buda.

Huang Po

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Huang Po: Quando todas as formas são abandonadas


Quando todas as formas são abandonadas, há o Buda.

As pessoas comum buscam fora de si, e os seguidores do Caminho olham para a própria Mente. Mas o verdadeiro Dharma é abandonar a ambos!

O Vazio é o reino do Dharma real. Essa natureza iluminada é sem começo,  antiga, não sujeita ao nascimento e à destruição, nem existente nem não-existente, nem pura e nem impura, nem barulhenta e nem silenciosa, nem velha e nem jovem. Não ocupa qualquer espaço, não possui interior ou exterior, tamanho ou forma, cor ou som. Não pode ser vista ou escutada, compreendida pelo estudo, explicada por palavras, tocada ou alcançada por méritos. 

Huang Po


sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Auxiliando todos os seres



No plano relativo, tomar refúgio no Buda, no Dharma e na Sangha nos protege dos problemas que possamos encontrar aqui e agora nesse mundo. Num nivel mais alto, tomar refúgio possibilita que nos libertemos plenamente dessa existência condicionada através da prática. Tomar refúgio nos permite então, pouco a pouco, adquirir liberdade real e aplicá-la a serviço dos outros. Um sincero, altruístico desejo de progredir para ajudar aos outros é um pré-requisito básico para entrar no caminho do despertar e alcançar o estado de buda. Desenvolvemos, do fundo do coração, o desejo de libertar todos os seres do sofrimento, e para isso dedicamos a força da nossa aspiração no estudo do Dharma, refletindo sobre ele e praticando com nossa mente, fala e corpo. É isso que dá à nossa vida seu verdadeiro significado: praticar o Dharma para poder liberar todos os seres do sofrimento. Somente com essa intenção devemos iniciar o caminho espiritual.

Se realmente desejarmos auxiliar todos os seres, alcancemos a iluminação. Só então poderemos conduzir os outros para essa direção.

Lama Gendun Rinpoche
(em “Heart Advice of a Mahamudra Master”)


terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Huang Po: Abrir mão de tudo


Despertar para a realidade de que sua própria Mente é o Buda, e que não há nada para ser alcançado ou qualquer ação a ser feita, esse é o Caminho Supremo. Isso é realmente ser um Buda!

A cada instante, não acreditar na forma; a cada instante, nenhuma atividade intencional – isso é ser um Buda! Se vocês, praticantes do caminho, desejam tornar-se Budas, não precisam estudar qualquer doutrina mas somente aprender como evitar buscar fora de si e apegar-se ao que quer que seja.

Abrir mão de tudo é o Dharma, e aquele que compreende isso é um Buda.

Huang Po

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Huang Po: A prática maior


Nenhuma prática se compara à eliminação imediata do pensamento conceitual, no saber que não existe nada que possua existência absoluta, nada a qual se possa agarrar, nada no qual apoiar-se, nada a reverenciar, nada subjetivo ou objetivo.  É superando o surgimento do pensamento conceitual que você se ilumina; e quando isso acontece, você estará realizando o Buda que sempre existiu em sua Mente! Eras infinitas de lutas provaram ser de esforços inúteis. Por isso o Buda afirmou: “Eu verdadeiramente não alcancei nada, ..."

Huang Po

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Huang Po: A Mente Pura


Essa Mente Pura, a fonte de tudo, brilha eternamente sobre tudo com a intensidade de sua perfeição. Mas as pessoas não despertam para isso, considerando  apenas aquilo que vêem, escutam, sente e conhecem como sendo a realidade. Se elas eliminassem o pensamento conceitual por um instante, essa substância original manifestaria-se como o sol iluminando o vazio e o universo inteiro, sem barreiras ou limites.

Acima, abaixo e em torno de você, tudo está espontaneamente existindo. Não há qualquer lugar onde não esteja a Natureza de Buda.


Huang Po

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Enganando a nós mesmos

Intelectualmente nós sabemos tudo isso, mas o nosso contínuo apego aos assuntos mundanos mostra que não estamos verdadeiramente conscientes da inexorável impermanência de nossa existência. Ignoramos o fato de que a morte pode nos surpreender a qualquer momento e preferimos acreditar que ainda teremos tempo suficiente para isso ou aquilo. Continuamos a projetar nossas esperanças no amanhã e a sonhar com uma vida melhor. Acreditamos que o destino olhará por nós. Na verdade, estamos enganando a nós mesmos: se não fizermos algo decisivo agora, nosso futuro não será diferente.

Lama Gendun Rinpoche
(em “Heart Advice of a Mahamudra Master”)

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Momentos de felicidade


Nós podemos reconhecer os momentos de felicidade que estão disponíveis todas as horas e todos os dias.

Isso é a prática da mente atenta. Somente com a mente atenta nós podemos reconhecer a nossa felicidade. Muitas vezes a felicidade está disponível, mas não a reconhecemos. Com a prática da respiração consciente, somos capazes de reconhecer os muitos momentos de felicidade que ocorrem em nosso dia a dia. Podemos estar apenas lavando vegetais ou fervendo água para preparar um chá; com a mente atenta, podemos reconhecer que esse é um momento feliz, e assim a felicidade se instala.

A prática da mente atenta, a prática de concentração e insight podem nos prover com momentos de felicidade sempre que quisermos e onde quer que estejamos. Um momento de felicidade é sempre possível com mente atenta, concentração e insight.

Thich Nhat Hanh
(em “One Buda is Enough” – sobre um retiro organizado pela comunidade de monges de Plum Village, do mestre Thich Nhat Hanh)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Morrer incondicionalmente



Eu sempre digo às pessoas que vêm aqui pela primeira vez: “Primeiro, é preciso morrer! Aceite o que vier e confie!” Mas para onde devemos deixar as coisas irem? Deixamos que sigam para a nossa mente fundamental, nossa verdadeira natureza. Por existir, você experimenta diversos tipos de coisas. Porém a sua mente fundamental está diretamente conectada com a origem de tudo, e por isso você pode lidar com o que quer que aconteça quando se entrega à ela.

Você deve aceitar tudo que apareça na sua vida – solidão, pobreza, ansiedade, doença – confie tudo à seu alicerce e viva livremente. Confiar tudo é desapegar-se; é isso que estamos chamando de morrer. “Primeiro é preciso morrer” significa aceitar tudo incondicionalmente, aquilo que você entende e aquilo que não entende. Significa aceitar sem recorrer a motivos ou desculpas.

Se as coisas vão bem, você deve aceitá-las com gratidão. Se não vão bem, você também deve aceitá-las, pois sabe que “Nada é permanente, por isso essa situação pode mudar. Meu alicerce, meu verdadeiro self, é o único capaz de cuidar de tudo. Ele me conduzirá em segurança ao longo do caminho.” Siga em frente assim. Pois somente quando morre incondicionalmente é que você descobre o seu verdadeiro self, sua raíz que é eterna

Daehaeng Sunim
(em “Wake Up and Laugh”)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Por favor, me chame pelos meus verdadeiros nomes

Em Plum Village, onde vivo na França, recebemos muitas cartas dos campos de refugiados de Cingapura, da Malásia, Indonésia, Tailândia e das Filipinas. Centenas a cada semana. E muito triste ler essas cartas, mas temos de fazê-lo, temos de nos manter em contato. Fazemos o possível para ajudar, mas o sofrimento é tamanho que às vezes desanimamos. Dizem que metade dos refugiados que fogem em barcos morre no mar. Só metade chega às costas do sudeste da Ásia, e mesmo nesse caso eles podem não estar em segurança.

Muitas meninas, dos refugiados em barcos, são violentadas por piratas. Muito embora as Nações Unidas e muitos países tentem ajudar o governo da Tailândia a acabar com essa pirataria, os piratas continuam a infligir muito sofrimento aos refugiados em barcos. Um dia recebemos uma carta de um refugiado que nos contava a história de uma menina num pequeno barco que foi violentada por um pirata tailandês. Ela só tinha doze anos. Jogou-se no oceano e morreu afogada.

Quando você ouve uma história dessas pela primeira vez, você sente raiva do pirata. Naturalmente toma o partido da menina. A medida que examinar o assunto com maior profundidade, verá tudo de um modo diferente. Se você tomar o partido da menina, é fácil. Basta pegar uma arma e matar o pirata. No entanto, não podemos agir assim. Na minha meditação, vi que, se eu tivesse nascido na aldeia em que o pirata nasceu e tivesse sido criado como ele foi, haveria uma grande probabilidade de que eu me tornasse pirata também. Vi que muitos bebês nascem nas costas do golfo do Sido, centenas a cada dia. Se os educadores, os assistentes sociais, os políticos e outras pessoas não fizerem algo para mudar sua situação, daqui a vinte .e cinco anos uma quantidade deles vai ser pirata. Isso é líquido e certo. Se você ou eu nascêssemos hoje numa daquelas aldeias de pescadores, dentro de vinte e cinco anos poderíamos nos tornar piratas. Quem pega a arma e mata o pirata está matando a todos nós, porque todos nós até certo ponto somos responsáveis por esse estado de coisas.

Depois de uma longa meditação, escrevi o seguinte poema. Nele, há três pessoas: a menina de doze anos, o pirata e eu. Será que podemos olhar um para o outro e nos reconhecer no outro? O título do poema é "Por favor, me chame pelos meus verdadeiros nomes", porque eu tenho muitos nomes. Sempre que ouço um desses nomes, tenho de dizer, "Sim".

Não diga que amanhã partirei pois mesmo hoje eu ainda estou chegando.

Olhe profundamente: eu chego a cada segundo
para ser o botão num ramo de primavera,
para ser o pequeno pássaro, com suas asas ainda frágeis,
aprendendo a cantar em meu novo ninho,
para ser a lagarta no coração da flor,
para ser a jóia oculta numa pedra.

Continua a chegar para rir e chorar,
para ter medo e esperança.
O ritmo de meu coração são o nascimento e a morte
de tudo o que vive.

Eu sou o inseto que se transforma na superfície do rio,
e sou o pássaro que, quando chega a primavera,
surge à tempo de comer o inseto.

Eu sou o sapo nadando alegremente na água clara do poço,
e sou também serpente d’água que, aproximando-se em silêncio,
engole o sapo.

Eu sou a criança de Uganda, toda pele e ossos,
minhas pernas finas como palitos de bambu,
e sou o mercador que vende armas mortais para Uganda.

Eu sou a menina de 12 anos refugiada no pequeno barco,
que se atira no oceano depois de violentada pelo pirata,
e eu sou o pirata, meu coração ainda incapaz
de enxergar e amar.

Eu sou um membro do Politburo com muitos poderes nas mãos,
e sou o homem que tem que pagar seu “débito de sangue” a seu povo,
morrendo lentamente num campo de trabalho forçado.

Minha alegria é como a primavera, calorosa e que faz
brotarem flores em todos os campos da vida.
Minha dor é como um rio de lágrimas, tão caudaloso que
inunda os quatro oceanos.

Por favor, me chame pelos meus verdadeiros nomes,
para que eu possa ouvir os meus prantos e risos agora,
para que eu veja minha alegria e minha dor
como sendo uma só.

Por favor, me chame pelos meus verdadeiros nomes,
para que eu possa acordar,
e assim a porta de meu coração permaneça aberta,

a porta da compaixão.

Thich Nhat Hanh

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

A essência de tudo é uma só



Nossa mente fundamental é capaz de se comunicar e conectar com tudo. Por não ter uma forma definida, ela age como um tipo de de energia, como a eletricidade e o magnetismo. Por isso, cada lado absorve automaticamente o que é dito pelo outro. Como a eletricidade ou um telefone celular, as mentes se comunicam sem deixar rastros desse ir e vir. Tudo isso é atividade do Dharma profundo.  E onde está esse profundo e misterioso Dharma? Em cada parte e cada instante de nossa vida diária.

Como Buda disse, em meio a essa impermanente vida, onde tudo incessantemente flui e se transforma, há algo que é eterno. As coisas materiais podem mudar a cada momento, mas suas raízes permanecem para sempre. Cultivamos nossas mentes para realizar a essência eterna dessa raíz e viver livremente.

Se você compreender que a essência de sua mente está diretamente conectada com a essência do universo, será capaz de verdadeiramente ouvir, ver e avaliar tudo que é visivel e invisivel.  Pois essa capacidade é própria da nossa essência.

Quando se escuta algo radicalmente novo, algo sobre o qual nunca se imaginou, provavelmente pensa-se que é absurdo. Mas não é absurdo afirmar que a essência dos seres humanos está conectada com a essência de tudo no universo. Preste atenção como funciona o mundo a seu redor. As pessoas tendem a unir-se de acordo com suas afinidades cármicas semelhantes e encaixam-se no ritmo uns dos outros. Mas a vida em grupo nem sempre é prazeirosa, certo? Quando não conhecem a conexão fundamental que as une, as pessoas brigam entre si. Para elas a vida é uma guerra, embora não se dêem conta disso.

Daehaeng Sunim
(em “Wake Up and Laugh”)

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Transmitir amor

Segundo a psicologia budista, existem a consciência mental e a consciência armazenadora. E há ainda uma terceira consciência, chamada manas*. A consciência armazenadora e manas trabalham noite e dia: mesmo se você estiver em coma, elas continuarão trabalhando. A consciência mental pode ser interrompida e parar de trabalhar, mas as outras duas consciências jamais param. A consciência pode ser encontrada em cada célula de nosso corpo – até mesmo diversos cientistas já confirmaram isso. Por isso, quando transmitimos amor, compaixão e energia pacífica para aqueles que amamos, mesmo se estiverem em coma, as células de seus corpos as recebem graças à consciência armazenadora e à manas.

Brother Phap Niem
(em “One Buda is Enough” – sobre um retiro organizado pela comunidade de monges de Plum Village, do mestre Thich Nhat Hanh)



*Manas é um produto da razão, privilégio dos seres humanos. A razão age procurando ordem e leis simplificadoras no emaranhado das sensações e dos estímulos que recebemos continuamente do ambiente em que vivemos. Representa a infindável busca do homem pela decifração do enigma da vida, tarefa angustiante e insaciável, mas que o impele continuamente à conquista dos segredos do universo. Nesse mister, a matéria prima com que ele trabalha não se limita às sensações que recebe do ambiente através dos sentidos durante toda a sua atual existência, mas inclui também, e principalmente, toda a experiência adquirida em existências anteriores, incluído aí o carma positivo ou negativo que traz consigo. A sétima consciência, ou manas, juntamente com a oitava consciência, ou alaya, têm grande influência em nossa vida. A consciência manas comanda as nossas sensações, percepções e os nossos preconceitos (a visão cármica). É uma função do pensamento, opera por nossa própria iniciativa, independentemente das condições externas e está profundamente ligada ao nosso ego. A consciência manas corresponde aos estados de erudição e absorção por sua propensão ao egoísmo, à arrogância e ao auto-apego. Nessa consciência é que manifestamos, por exemplo, a maneira como concebemos um determinado fato ou como nos comportamos ante uma determinada situação. Ela é conhecida também como a consciência do "apego" e do "amor-próprio". Associada à tendência cármica, que se encontra na oitava consciência, é a consciência manas que nos leva a reagir de determinado modo em cada situação.


terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Confiando em sua Mente Fundamental

A Mente Fundamental não é a mente que surge e desaparece. Pelo contrário, é tranquilo e inabalável, e tem capacidade infinita para abranger todo o universo. Ele é a fonte de energia ilimitada, que você pode usar livremente sempre que quiser. 

A Mente Fundamental está dentro de você, é a fonte de sua existência e levou-lhe ao longo das eras. Assim, é nisso que você tem que acreditar e confiar. Dinheiro, fama, relacionamentos, etc podem lhe dar alguma satisfação, mas essa será de curta duração. Só conhecendo a sua verdadeira natureza você será capaz de conhecer a verdadeira satisfação.

Daehaeng Sunim

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Vencer


Segundo o Buda, toda situação tem uma saída.

O Buda ensina-nos que primeiro precisamos ter autodomínio. Para podermos agir, temos de esfriar essas brasas debaixo de nós. Vencer não significa derrotar a quem nos causa sofrimento, mas à nossa ignorância e ao nosso ressentimento.

Se não pudermos achar a felicidade nesse solitário cume, também não a acharemos no vale lá embaixo.

Thich Nhat Hanh
(em “Nada Fazer, Não Ir a Lugar Algum”) 

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Mudando o estado mental



Quando você estiver com pensamentos negativos, sentindo-se mal ou deprimido, deve prontamente mudar seus pensamentos e recordar: “Esses sentimentos ruins e esses pensamentos negativos surgiram da minha mente fundamental, da minha essência, por isso somente a minha essência pode evitar que esses sentimentos e pensamentos apareçam.” Faça isso e seu estado mental logo mudará.

O único que pode cuidar do que surgir é você. A sua verdadeira natureza pode lidar com o que quer que seja!

Daehaeng Sunim
(em “Wake Up and Laugh”)

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Viver na Mente Original



Quando alcançamos a Mente Original, somos capazes de experimentar a luz viva que permeia tudo. Então, tudo o que fizermos a partir daí expressa o verdadeiro Zen, seja calçando nossas sandálias, fazendo chá ou gritando "Wu!". Percebemos que a existência mundana é uma mera projeção da imensa produtividade da Mente Original.

Naturalmente, essa produtividade maravilhosa é inefável. Para quem a conhece e a vê, é um prazer constante. Mas para aqueles que não a têm, é tarde demais. Tudo o que vêem é o que já passou, como uma imagem posterior. É o mundo dos mortos, não dos vivos. Do ponto de vista de um mestre Zen como Yuan-wu, a grande multidão de seres humanos vaga como se estivessem mortos: estão mais interessados ​​nas necessidades fisicas do que na luz que dá vida a eles; mais interessados ​em suas opiniões e desejos do que o poder que origina a ambos e a tudo o mais. Sem dúvida, todos os que não vivem na Mente Original estão condenados a girar no ciclo de nascimento e morte. E é ainda pior para aqueles que rejeitam a sua existência.

(extraído do blog The Zennist)

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A felicidade ou infelicidade depende de nossa mente

Quaisquer que sejam nossas circunstâncias externas, no fim das contas a felicidade ou infelicidade depende da nossa mente. Considere que uma companhia com quem nós ficamos, continuamente, dia e noite, é nossa mente. Você realmente gostaria de viajar com alguém que ficasse reclamando o tempo todo e ficasse dizendo quão inútil você é, quão sem jeito você é, alguém que lhe lembre de todas as coisas horrorosas que você já fez? Ainda assim, para muitos de nós, esse é o jeito que vivemos – com esse crítico incansável, difícil de agradar e sempre nos rebaixando que é nossa mente. Ela ignora totalmente nossas qualidades e é genuinamente uma companhia muito triste.

A questão é que quando nossa mente está cheia de generosidade e pensamentos de bondade, compaixão e contentamento, a mente se sente bem. Quando nossa mente está cheia de raiva, irritação, auto-piedade, ganância e apego, a mente se sente doente. E se nós realmente investigarmos isso, podemos ver que temos a escolha: podemos decidir amplamente que tipo de pensamentos e sentimentos irão ocupar nossa mente. Quando pensamentos negativos aparecem, podemos reconhecê-los, aceitá-los e deixá-los ir. Podemos escolher não segui-los, o que só colocaria mais lenha na fogueira. E quando pensamentos bons vêm à mente – pensamentos de bondade, cuidado, generosidade e contentamento, e um senso de não segurar mais as coisas tão fortemente, podemos aceitar e encorajar isso, mais e mais. Podemos fazer isso. Somos o guardião do precioso tesouro que é nossa própria mente.

Um coração genuinamente bom é fundamentado no entendimento da situação como ela realmente é. Não é uma questão de sentimentalismo. E um bom coração também não é uma questão de sair por aí num tipo de euforia de falso amor, negando o sofrimento e dizendo que tudo é benção e alegria. Não é assim. Um coração genuinamente bom é um coração que é aberto e é ávido por compreensão. Ele ouve as tristezas do mundo. Nossa sociedade está errada ao pensar que a felicidade depende da satisfação dos nossos próprios desejos e vontades. Por isso nossa sociedade está tão miserável. Somos uma sociedade de indivíduos, todos obsessivos com o esforço por nossa própria felicidade. Estamos desconectados de nosso sentido de interconexão com os outros, estamos desligados da realidade. Porque na realidade estamos todos interconectados.

Jetsunma Tenzin Palmo
(em “Into the Heart of Life” – extraído do site dharmalog.com)

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Nossa verdadeira pessoa

Nós temos nossa verdadeira pessoa, mas não vivemos com nossa verdadeira pessoa, não reconhecemos nossa verdadeira pessoa. Nós só vivemos com coisas que tomamos por nossa verdadeira pessoa. Vivemos a vida inteira nessa ignorância, pensando que nossos sentimentos e nossa carne são a soma total da nossa verdadeira pessoa. Nossa verdadeira pessoa não tem posição alguma, não está dentro nem fora, não é iludida pelo nascimento e pela morte, por ir e vir, por ter ou não ter, pelo que fazemos ou não fazemos.

Nossa verdadeira pessoa é nosso próprio Buda milagroso, presente em nossa maravilhosa relação com todas as coisas. Nós somos as nuvens, o céu, todos os nossos ancestrais e descendentes. Nossa verdadeira pessoa é uma maravilha. E quando podemos ver isto, nós estamos bem. Ainda temos nossos altos e baixos, mas não nos identificamos com eles, sabemos que somos mais do que isso. Nosso grande êxito como praticantes é percebermos nossa verdadeira pessoa.

Thich Nhat Hanh
(em “Nada Fazer, Não Ir a Lugar Algum”)


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Vocês irão morrer

Bem depois de nossos amigos e adversários terem partido, ainda carregamos as marcas das nossas reações positivas e negativas. Nossos padrões habituais permanecem no lugar bem depois de os objetos de nossos apegos e aversões terem cessado de existir.

Quando meus filhos eram adolescentes, eu os levei até o Décimo Sexto Karmapa. Como não eram budistas, solicitei a sua Santidade que dissesse alguma coisa que não precisasse da compreensão do dharma. Sem hesitar, ele disse: "Vocês irão morrer; e quando morrerem não levarão nada com vocês, somente o seu estado da mente."

Pema Chodron
(em “Sem Tempo a Perder”)

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

As lições de uma vareta de incenso

Quando acendemos uma vareta de incenso, se olharmos profundamente, o incenso nos ensinará muitas coisas. A fumaça se transformará numa nuvem e continuará a existir como nuvem. O calor do incenso penetra em nossos corpos e se torna parte de nós. Sua fragrância se espalha pelo aposento e muitas outras pessoas a apreciam, e então ela se torna parte de tudo que a cerca. E o que sobra são as cinzas, e essas cinzas, podemos pensar que estão mortas, mas não morreram. As cinzas também têm vida. Nada realmente morre, a vida está simplesmente se transformando em alguma outra coisa, é como se fosse uma brincadeira de esconde-esconde. Quando seguro esta flor, você pode vê-la à minha frente, mas seu eu a puser atrás de mim, você poderá achar que ela não está mais aqui - é assim com o nascimento e a morte diante de nossa visão ordinária.  Na verdade, a flor ainda está aqui.

Brother Phap Niem
(em “One Buda is Enough” – sobre um retiro organizado pela comunidade de monges de Plum Village, do mestre Thich Nhat Hanh)

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

A prática não é apenas meditar sentado


A prática necessária para reconhecermos nossa natureza de Buda é muito mais complexa do que apenas sentar-se em meditação (shikantaza). Inúmeras existências vividas sob o véu da ignorância têm ofuscado nossa verdadeira natureza. Por isso, separar o que é verdadeiro do que é falso não é tarefa fácil: muitas vezes, na realidade, o primeiro critério que adotamos é o falso. O Buda passou por uma série de professores e seus ensinamentos apenas para rejeitá-los depois como sendo insuficientes. Ele nunca atribuiu seu despertar à prática da meditação sentada. Nem orientou aos que o seguiam para que apenas se sentassem.

Na prática da meditação sentada, a postura, a respiração consciente e a atenção às oscilações mentais constituem a essência da técnica, enquanto que o silêncio interior sustentado é seu objetivo. No entanto, esta prática ignora por completo a força animativa que dá vida ao corpo biológico em si, e que é o verdadeiro alvo do Zen. Ela também ignora o fato de que esta força animativa espiritual só pode ser alcançada pela contemplação introspectiva, na qual se penetra através da casca ilusória da mente que gera os fenômenos. E ao penetrá-la, realizar a nossa natureza de Buda.


(extraído do blog The Zennist)

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Confiança em nós

Temos confiança em nós mesmos, em nossa natureza de Buda? Se tivermos confiança, não precisaremos buscá-la em sendas de conhecimentos e conceitos. Se virmos o Buda como alguém exterior a nós próprios e sentirmos que não valemos nada, não seremos bem sucedidos. A base de nosso sucesso é confiarmos em nós mesmos.

Thich Nhat Hanh
(em “Nada Fazer, Não Ir a Lugar Algum”)

terça-feira, 18 de novembro de 2014

O que é a iluminação?


A mais simples definição do que seja a iluminação budista é: o despertar da ilusão de que somos simplesmente seres encarnados. Esta é uma resposta bastante marcante e pode provocar o franzir de cenho em budistas e não-budistas. Pode causar até mesmo certa estranheza em pessoas que receberam ensinamentos budistas diferentes. E talvez devesse causar.

Certamente ninguém nega que o Buda ensinou algo muito profundo. Em diversos discursos, o Buda fez alusões ao transcendente e que nossa verdadeira natureza está além dos limites do corpo temporal. Além disso, há o problema do apego: é quase impossível superar o apego que nos mantém presos à ilusão do corpo físico.

Fundamentalmente, somos livres. Na realidade nós verdadeiramente nunca nascemos e nem iremos morrer. Mas por  estar sob a poderosa tirania da ilusão, estamos, por assim dizer, pregados ao sistema nervoso do corpo físico, o que nos dá pouca esperança de realizar a nossa liberdade fundamental.

Isso nos leva ainda a outro problema. Nós nunca experimentamos conscientemente o poder vital que anima nosso corpo, e que é distinto do corpo físico com o qual nascemos. Além disso, desconhecemos que esse poder é imortal. Hoje só acreditamos nesse corpo e que temos de suportar seus fardos. Se o poder vital que estimula continuamente o nosso sistema nervoso fosse subitamente amplificado,  provavelmente nos aterrorizaríamos, por desconhecimento daquilo que realmente nos move.


(extraído do blog The Zennist)

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Qualquer lugar é a casa de quem pratica

Dizemos “Eu cheguei, estou em casa”. Qualquer lugar é a casa de quem pratica. Nós saímos para trabalhar; nós chegamos. Voltamos para nossos lares; também chegamos. Fazemos meditação andando; chegamos com cada passo.  

Thich Nhat Hanh
(em “Nada Fazer, Não Ir a Lugar Algum”)

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Nossa mente já é livre do sofrimento

Qual é o contexto global do Budismo? É compreender que somos seres espirituais, que ignoram isso e estão profundamente ligados ao corpo carnal. Por isso, tudo o que acontece a este corpo, acreditamos estar acontecendo conosco. E é nesse mesmo contexto que se pode escapar desse destino, ao perceber que o nirvana não surge e nem desaparece: ele não tem nenhuma subordinação ao corpo carnal.

No estado de ignorância temos consciência apenas do nosso corpo animado. Por isso, estamos conscientes também do sofrimento e da morte, os quais só acontecem com o corpo carnal – do qual estamos conscientes. Sofremos por sermos inconscientes da mente que é livre de sofrimento, que dá a vida, e, essencialmente, não tem forma. Nossa consciência, em sua ignorância, só se vira para uma direção, limitando-se.

(Extraído do site The Zennist)

Samsara é o mesmo que Insanidade

Uma explicação essencial da palavra sânscrita samsara é a definição de Albert Einstein de insanidade: “fazer a mesma coisa várias vezes e achar que teremos resultados diferentes”.

Pema Chodron
(em “Sem Tempo a Perder”)

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Todos os mundos do Buda estão contidos neste momento

Neste momento estamos escutando o Darma, e o Buda está conosco, está dentro de nós. Neste momento, se não conseguimos tocar o Buda, não deveríamos falar sobre o futuro. Só o momento presente é real. Se perdermos o momento presente, não poderemos entrar em contato com o Buda e por milhares de vidas seguiremos no ciclo do samsara, sendo concebidos, nascendo e morrendo como os humanos e outros seres.

Todos os mundos do Buda estão contidos neste momento, nós podemos chegar a eles com facilidade e esse é o poder milagroso. Para ter acesso a esse poder, tudo o que precisamos é escutar um sino de consciência e deixar que ele nos introduza plenamente no momento atual.  Ao ouvirmos o sino, nós abandonamos todo pensamento, retornamos à respiração e fazemos contato com tempo e espaço ilimitados, com o passado, o presente e todos os mundos. Não há Budas com os quais não possamos fazer contato neste momento.

Thich Nhat Hanh
(em “Nada Fazer, Não Ir a Lugar Algum”)

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Tempestades são passageiras

O sol e a lua estão sempre lá. São as tempestades e nuvens que vêm e vão.

Pema Chodron
(em “Quando tudo se Desfaz”)

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Fluir como a água


(...) Pensando de modo egocêntrico, chegaremos a desejar que as rochas e raízes não existam. No entanto, se mudarmos o ponto de vista, poderemos perceber que as rochas e raízes integram a paisagem de maneira deslumbrante. É justamente por sua causa que o rio se torna atraente. A visão das ondas nelas se fragmentando está além de qualquer descrição.

As rochas, raízes e respingos d’água são aspectos da grande natureza. A alegria, a raiva, a felicidade, a tristeza e todos os sentimentos humanos enfeitam a nossa vida. Percebendo isso, podemos viver serenamente, aceitando tudo o que acontece, e conseguimos fluir como a água. Que simplesmente corre, acomodando-se a todas as formas, sem se apegar a nada.

Shundo Aoyama Roshi
(em “Para Uma Pessoa Bonita”)

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

A alegria da ausência de ego



A alegria da ausência de ego é compreender que não existe uma prisão; existem somente velhos e fortes hábitos e nenhuma razão sensata para reforçá-los ainda mais. Na essência, estes hábitos são frágeis. Além disso, não existe uma auto-identificação ou separatismo. Inventamos tudo isso.

Pema Chodron
(em “Sem Tempo a Perder”)

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Refugiar-se na mente desperta




Se passamos a nossa vida buscando uma ajuda externa – através de uma boa aparência, terapia de compras, vícios e outros – procuraremos por algo sólido para nos agarrarmos quando morrermos.

Precisamos nos perguntar: “Em que procuro me refugiar?” Quando me sinto assustado, infeliz ou sozinho, em que pessoalmente procuro o refúgio?

Se nos refugiarmos na própria mente desperta – corajosa e ilimitada – no lugar do chão aparentemente sólido, isto afugenta todo o medo no momento que mais precisamos.

Pema Chodron
(em “Sem Tempo a Perder”)

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Uma Canção Budista

A felicidade não pode ser encontrada através de esforço e força de vontade, mas ela já está presente no relaxamento aberto e no permitir que as coisas fluam.

Não force a si mesmo, não há nada a fazer ou desfazer. O que quer que surja momentaneamente na mente não tem importância alguma, e nem qualquer realidade. Por que então identificar-se com isso, tornar-se apegado a isso, criar julgamentos sobre isso, e sobre nós mesmos?

É muito melhor simplesmente permitir que esse jogo prossiga por conta própria, surgindo e recuando como ondas, sem alterar ou manipular nada e percebendo como tudo desaparece e reaparece, magicamente, uma e outra vez no tempo sem fim.

Só nossa busca pela felicidade nos impede de vê-la. É como um arco-íris vívido o qual você persegue sem nunca alcançar, ou como um cachorro correndo atrás do próprio rabo.

Apesar da paz e da felicidade não existirem como coisas ou lugares reais, elas estão sempre disponíveis e acompanham você a cada instante.

Não acredite na realidade das experiências boas e ruins; elas são como o clima efêmero, um arco-íris no céu.

Querendo compreender o incompreensível, você se esgota em vão. Assim que você abrir e relaxar este punho crispado de tanto tentar agarrar, o espaço infinito estará lá - aberto, acolhedor e aconchegante.Faça uso deste espaço, desta liberdade e naturalidade. Não procure nada mais, como quem busca o grande elefante desperto que já está descansando tranquilamente em casa, em frente à tua própria lareira.

Nada a fazer ou desfazer, Nada a se forçar, Nada a se querer, e nada faltar.

É maravilhoso! Tudo acontece por si só.

Lama Gendun Rinpoche

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Um ato de abnegação

                   Santôka Taneda


Santôka Taneda era um poeta andarilho e um monge da tradição zen-budista Sôtô. Publicava seus poemas, revestidos de características absolutamente únicas, em uma revista. Atraído pelos poemas, o mestre em poesia Sumita Ôyama tinha vontade de encontrar-se com o autor. Certo ano, soube que Santôka deixara a vida de andarilho e passara a residir em uma casa abandonada na zona rural de Ogôri, na província de Yamaguchi. Foi visitá-lo em um dia muito frio de inverno, próximo do final do ano.

Santôka estava a sua espera, com a refeição já pronta, graças ao arroz que havia obtido por meio do takuhatsu*.

Entre goles de saquê, conversaram até de madrugada sobre literatura e religião. Mas, na hora de dormir, Santôka disse, sobressaltado: “Essa não! Não tenho cobertor para você. Mas não tem problema. Estou feliz por você ter vindo. Vou passar a noite em claro. Durma com o meu cobertor”.

Entretanto, o cobertor era para criança – curto e fino. O travesseiro consistia de três revistas empilhadas.

Quando o mestre Sumita reclamou que estava frio demais para dormir, Santôka ficou preocupado e começou a vasculhar a casa em busca de cobertores melhores. Quando viu que seu esforço era em vão, trouxe roupas, lenços, tudo o que tinha a seu alcance, e empilhou sobre o mestre Sunita. E, por cima de tudo, colocou uma mesa velha dizendo que esse peso daria uma sensação maior de calor.

Graças também ao efeito do saquê, o mestre Sumita acabou caindo no sono. Mas, ao raiar do dia, acordou por causa do vento gélido que fustigava a pele como um chicote. Ao abrir os olhos e procurar por Santôka, viu que este estava meditando em zazen à sua frente, usando o próprio corpo como parede para proteger o amigo do vento. Mestre Sumita nos contou que, mesmo estando sob aquela pilha de coisas, imediatamente se curvou diante de Santôka como quem reverencia um Buda e chorou copiosamente.

Neste instante, jurou que não mais iria permitir que aquele homem vivesse à base de takuhatsu e cumpriu a promessa até o fim, enviando uma ajuda de custo a Santôka até a sua morte.


*Prática do monasticismo budista de esmolar nas ruas, despertando a compaixão das pessoas e permitindo que, ao fazer doações, elas possam acumular virtudes.


Shundo Aoyama Roshi
(em “A Coisa Mais Preciosa da Vida”)