Quaisquer que sejam nossas circunstâncias externas, no fim
das contas a felicidade ou infelicidade depende da nossa mente. Considere que
uma companhia com quem nós ficamos, continuamente, dia e noite, é nossa mente.
Você realmente gostaria de viajar com alguém que ficasse reclamando o tempo
todo e ficasse dizendo quão inútil você é, quão sem jeito você é, alguém que
lhe lembre de todas as coisas horrorosas que você já fez? Ainda assim, para
muitos de nós, esse é o jeito que vivemos – com esse crítico incansável,
difícil de agradar e sempre nos rebaixando que é nossa mente. Ela ignora
totalmente nossas qualidades e é genuinamente uma companhia muito triste.
A questão é que quando nossa mente está cheia de
generosidade e pensamentos de bondade, compaixão e contentamento, a mente se
sente bem. Quando nossa mente está cheia de raiva, irritação, auto-piedade,
ganância e apego, a mente se sente doente. E se nós realmente investigarmos
isso, podemos ver que temos a escolha: podemos decidir amplamente que tipo de
pensamentos e sentimentos irão ocupar nossa mente. Quando pensamentos negativos
aparecem, podemos reconhecê-los, aceitá-los e deixá-los ir. Podemos escolher
não segui-los, o que só colocaria mais lenha na fogueira. E quando pensamentos
bons vêm à mente – pensamentos de bondade, cuidado, generosidade e
contentamento, e um senso de não segurar mais as coisas tão fortemente, podemos
aceitar e encorajar isso, mais e mais. Podemos fazer isso. Somos o guardião do
precioso tesouro que é nossa própria mente.
Um coração genuinamente bom é fundamentado no entendimento
da situação como ela realmente é. Não é uma questão de sentimentalismo. E um
bom coração também não é uma questão de sair por aí num tipo de euforia de
falso amor, negando o sofrimento e dizendo que tudo é benção e alegria. Não é
assim. Um coração genuinamente bom é um coração que é aberto e é ávido por
compreensão. Ele ouve as tristezas do mundo. Nossa sociedade está errada ao
pensar que a felicidade depende da satisfação dos nossos próprios desejos e
vontades. Por isso nossa sociedade está tão miserável. Somos uma sociedade de
indivíduos, todos obsessivos com o esforço por nossa própria felicidade.
Estamos desconectados de nosso sentido de interconexão com os outros, estamos
desligados da realidade. Porque na realidade estamos todos interconectados.
Jetsunma
Tenzin Palmo
(em
“Into the Heart of Life” – extraído do site dharmalog.com)
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