sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Meditação é uma maneira de viver

Tudo é meditação na prática budista, seja quando comemos, bebemos, vestimo-nos, assistimos, escutamos, cheiramos, saboreamos, tocamos, sentimos. O que quer que façamos, deve ser feito com Plena Atenção, dinamicamente, integralmente, profundamente e isso se torna meditação, significativa e com propósito. Não é refletindo, mas vivenciando momento a momento, vivendo cada situação sem apego, sem críticas, sem julgamentos, sem avaliações, sem comparações, conscientemente sem escolhas. Meditação não é apenas sentar-se, é uma maneira de viver. Deve ser integrada totalmente em sua vida. Na verdade, é educar-se na forma correta de ver, ouvir, cheirar, comer, beber, caminhar com consciência plena. Desenvolver a mente alerta é o fator mais importante no processo de despertar.

Anagarika Munindra

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

A Ilusão e a Vida

É possível viver na vida sabendo que é ilusão e ainda assim usufruir da vida? Sim e muito mais porque a alegria da vida deixa de estar cheia dos sofrimentos inerentes aos apegos. Não é a vida em si que produz sofrimento. Quem produz sofrimento é nosso apego à permanência na vida, porque desejamos estabilidade, porque desejamos nos agarrar às coisas da vida. Elas são muito fortes. Nossos filhos, nossos amores, nossa casa, colocamos apego nessas coisas e elas são impermanentes, então obrigatoriamente teremos sofrimento, mas nós podemos ter profundo amor sem apego, sabendo que é transitório, impermanente e ilusório. Que é um sonho maravilhoso que estamos vivendo, mas que não tem solidez, então é perfeitamente possível usufruir e viver, e ao mesmo tempo ter uma mente livre. Ter conquistado a liberdade. Não vai haver apego, ódio, ilusão. Não vão haver as três coisas que produzem o sofrimento: o apegar-se, o ter aversão e a ilusão.

 Monge Genshô
(em seu blog "O Pico da Montanha é onde estão os meus pés")
 

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Medo das mudanças

O dinâmico, energético e natural fluxo do universo não é aceitável para a mente convencional. Nossos preconceitos e manias são padrões que surgem de nosso medo das mudanças do mundo. Por enganosamente tomarmos o impermanente como sendo permanente, nós sofremos.
 
Pema Chodron
 

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O sofrimento surge e se vai

É importante ter uma compreensão profunda do sofrimento humano, pois a dor e o sofrimento jamais deixarão de surgir. Quanto mais você se aprofunda em sua prática, mais perceberá isso. Quanto mais tentar viver em paz e harmonia, mais perceberá o quão egoísta você é. Quanto mais fundo for, mais verá a vibração do sofrimento erguendo-se das profundezas de seu coração. Mesmo que você atinja a iluminação, sofrimento e dor estarão em sua vida.
 
Mas tudo bem. Como tudo o mais que existe no mundo fenomenal, seu sofrimento é um ser que surge da natureza original da existência, e a cada momento retorna à sua fonte. Portanto, quando vir o sofrimento, tudo o que tem a fazer é aceitá-lo e oferecer seu corpo e sua mente à existência última. E então seu sofrimento retornará ao vazio, e haverá liberdade.
 
Dainin Katagiri
(em "Each Moment is the Universe") 
 

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Apenas ouça o som do sino

A cada momento você cria pensamentos sobre tudo, e então se torna apegado a esses pensamentos. Mas apego significa sofrimento, pois não há nada que seja inerentemente permanente ao qual você possa apegar-se.
 
Apenas ouça o som do sino que toca. No momento seguinte, deixe que ele se vá. Isso é tudo.
 
Dainin Katagiri
(em "Each Moment is the Universe")
 

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A presença de um grande mestre

                        autoretrato de Ryokan

"Ryokan esteve conosco por alguns dias. Uma atmosfera pacífica preencheu nossa casa e todos se sentiram em harmonia. Essa atmosfera permaneceu por alguns dias após sua partida. Quando comecei a conversar com ele, senti que meu coração tornava-se puro. Ele não deu lições sobre o zen ou qualquer escritura budista, nem aconselhou qualquer boa ação. Ele apenas queimava lenha na cozinha ou sentava-se em meditação no quarto. Ele não conversou sobre livros ou ética. Era apenas incrivelmente sereno, relaxado. Ele ensinou a todos apenas com sua presença."


(citado por Yoshishige Kera no livro “Sky Above, Great Wind” a respeito do grande mestre zen Ryokan)

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Consciente

Se você estiver consciente de seus pensamentos e apenas deixar que eles se dissolvam por si, esse será o fim deles.

Dilgo Khyentse Rinpoche

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Sem apoios

Há alguma coisa do qual possamos depender? Alguma coisa externa com a qual possamos nos beneficiar psicologicamente, espiritualmente ou filosoficamente? Podemos encontrar alívio em algum ensinamento ou alguma pessoa? Não. Não há nada.
 
Mas há algo que podemos fazer. Podemos aprender a viver no aqui, no agora, bem no centro do ciclo de nascimento e morte que os budistas chamam de samsara. Precisamos somente manter a nossa vida estável, estar presente na infinita repetição de vida e morte, e viver momento a momento. Isso é tudo que podemos fazer. Nada mais. Isso é vida. Isso é morte. Vida e morte não são duas coisas distintas.
 
Dainin Katagiri
(em "You Have to Say Something")
 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Que as montanhas fiquem onde estão


Talvez haja pessoas que moveriam montanhas com suas crenças sinceras.
Mas o Zen quer as montanhas para que fiquem onde estão.
Não é tarefa do Zen reorganizar as encostas.

(Autor desconhecido)
 

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

A vida é uma emergência

A vida é uma emergência! Onde está a emergência, numa situação em particular de um dia qualquer? Não! Cada momento de cada dia é uma emergência. Você deve fazer o melhor para encarar cada momento, porque este não retornará jamais. O momento que você está vivendo exatamente agora é uma grande oportunidade para tornar sua vida intensamente viva! Se você deseja manter-se espiritualmente seguro em meio às constantes mudanças, você deve arder a chama de sua vida em tudo que fizer.
 
Dainin Katagiri
(em "Each Moment is the Universe")

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Pensamentos são como ondas

Ao conseguirmos perceber que os pensamentos surgem da pura consciência que é a própria natureza da mente e depois tornam a dissolver-se nela como ondas que se erguem e repousam de volta no oceano, será dado um grande passo a caminho da paz, porque nossos pensamentos perderão o poder de nos causar danos.
 
Matthieu Ricard
 

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Lidar com os demônios como um Buda

Em meio ao reino da dor e do sofrimento, precisamos encontrar o reino da paz e da harmonia. Isso é prática religiosa. Você não pode encontrar qualquer paz fugindo da dor e do sofrimento; você precisa encontrar paz e harmonia exatamente em meio ao sofrimento humano. Esse é o propósito da vida espiritual.
 
A atitude fundamental é: não reaja impulsivamente à dor ou ao sofrimento com ódio, porque isso causará mais problemas. Lide com o mal imediatamente, mas tente fazê-lo com calma e serenidade, não com raiva. Seja gentil. Seja compassivo. Essa é á verdadeira prática da paciência. Se você agir assim, naturalmente os demônios serão subjugados.
 
No momento em que você lidar com os demônios como um Buda, haverá um caminho para a liberdade. Uma passagem se abre para você.
 
Dainin Katagiri
(em "Each Moment is the Universe")
 

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Conforto em meio à insegurança

A verdadeira segurança só chega a partir do conforto em meio à insegurança. Se estamos confortáveis com o fluxo das coisas, se estamos confortáveis estando inseguros, então essa é a maior segurança, porque nada pode derrubar nosso equilíbrio. Enquanto tentarmos solidificar, interromper o fluxo da água, criar uma barragem e manter as coisas do jeito que elas estão apenas porque isso nos faz sentir seguros e protegidos, então estaremos em apuros. Essa atitude vai exatamente contra todo o fluxo da vida.

Tenzin Palmo
(em "Into The Heart of Life")

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Sem resistência

Alguns anos atrás eu estava dominada por uma profunda ansiedade, uma ansiedade fundamentalmente intensa e sem motivo aparente. Eu me sentia muito vulnerável, com medo e desamparada. Eu me sentava em meditação e respirava consciente da ansiedade, relaxava nela, permanecia com ela, mas o terror não diminuiu . Foi implacável mesmo depois de muitos dias, e eu não sabia mais o que fazer.

Procurei meu professor, Dzigar Kongtrül , e ele disse: "Oh, eu conheço este lugar." Isso foi animador. Ele me contou sobre momentos de sua vida nos quais havia sido capturado da mesma forma. Disse que essa tinha sido uma parte importante de sua jornada e também um excelente ensinamento. Então ele fez algo que mudou para sempre minha maneira de praticar. Ele pediu que eu expressasse o que estava experimentando. Me perguntou exatamente onde eu sentia a ansiedade. Se doía fisicamente e se era quente ou fria. Pediu para que eu descrevesse o que sentia, tão minuciosamente quanto pudesse. Essa exploração detalhada continuou por um tempo, e em seguida ele animou-se e disse: "Pema ... Isso é um alto nível de bem-aventurança espiritual!"

Eu quase caí da cadeira. E pensei : "Uau, isso é ótimo!" Eu mal podia esperar para sentir essa sensação novamente. E você sabe o que aconteceu? Quando avidamente sentei-me para praticar, agora sem resistência, a ansiedade, é claro, também havia partido.

Pema Chodron

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O momento como oportunidade

Quando um momento surge, há apenas uma coisa capaz de ajudá-lo a manter o controle: a capacidade adquirida através de sua prática espiritual, sua habilidade para encarar a impermanência e lidar serenamente com as condições de cada momento. Portanto, antes que aconteça o terremoto, antes que sua mente comece a fervilhar e você queira fugir, aceite cada momento como uma oportunidade que se apresenta para que você possa praticar, encarando a realidade como ela realmente é. Quando um momento surge, você pode não saber a razão pela qual ele existe, mas você precisa aceitá-lo e encará-lo, seja ele qual for.
 
Dainin Katagiri
(em "Each Moment is the Universe")
 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Você é você, mas não existe à parte

 

Você não deve sofrer ou tentar fugir quando percebe que o tempo eternamente corta a sua vida. Existe outro aspecto do tempo. Um é o do tempo que separa; o outro aspecto é o do tempo que conecta. O aspecto do tempo que o separa dos outros é o visível mundo cotidiano. O aspecto do tempo que o conecta aos outros é a Verdade Universal.
 
Você está conectado a todos os seres no tempo, o qual permeia cada centímetro do universo cósmico, do espaço, onde tudo e todos coexistem em paz e harmonia. Por isso, você é você, mas não existe à parte. Você está conectado com os outros: os cães, os gatos, árvores, montanhas, o céu, estrelas, Dogen e o Buda.
 
Dainin Katagiri
(em "Each Moment is the Universe")
 

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

O eterno fluxo dos momentos

Em nosso dia a dia não percebemos a estrutura transitória do tempo porque nossa mente racional não consegue reconhecer o fluxo dos momentos. O verdadeiro ritmo do tempo é rápido demais para que sua mente o alcance, por isso você sente uma lacuna entre você e o tempo. E é por causa dessa lacuna que você sente sua vida completamente separada do resto do universo. Quando sente essa lacuna, você quase não aguenta, é insuportável.
 
Daini Katagiri
(em "Each Moment is the Universe")
 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Esse corpo não sou eu

Esse corpo não sou eu.
Eu não sou limitado por esse corpo.
Eu sou a vida sem limites.
Eu nunca nasci,
e nunca morrerei. 

Veja o oceano e o céu repleto de estrelas; são manifestações de minha verdadeira mente maravilhosa. 

Desde antes do início dos tempos eu tenho sido livre.

Nascimento e morte são apenas portas pelas quais passamos, limiares sagrados de nossas jornadas.
Nascimento e morte são apenas brincadeira de esconder

Então ria comigo,
segure minha mão,
e digamos até logo,
digamos até logo, para em breve nos encontrarmos de novo.

Nós nos encontramos hoje.
Nos encontraremos de novo amanhã.
Nos encontraremos na origem de cada momento.
Encontraremos um ao outro em todas as formas de vida.

Thich Nhat Hanh
(em “Chants and Recitations from Plum Village”)
 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Aqui é a terra do lótus


 

Neste momento, há algo que esteja faltando?
O Nirvana é exatamente aqui, agora, diante de nossos olhos.
Aqui é a terra do lótus.
Agora, esse corpo é o Buda.  

Hakuin