quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Sabedoria é a lâmpada

Sabedoria, conhecer a verdadeira natureza, é o antídoto para a ignorância, que é não conhecê-la. Ela é a lâmpada que dissipa a escuridão da mente.

Chagdud Tulku Rinpoche
(em “Sementes de Sabedoria”)


quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Nossa motivação para a prática

Uma pista certeira para indicar se estamos sendo motivados por aspiração ou expectativa é que a aspiração é sempre satisfatória. Ela pode não ser prazeirosa, mas sempre satisfaz. A expectativa, por outro lado, está sempre insatisfeita, porque vem de nossas pequenas mentes, nossos egos. Começando lá atrás na infância, levamos nossa vida procurando por satisfação fora de nós mesmos. Tentamos de algum modo esconder o medo básico de que algo está faltando em nossas vidas. Vamos de uma coisa para outra tentando preencher o buraco que acreditamos que está ali.

Charlotte Joko Beck
(em "Sempre Zen")

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Sem saber quando morreremos


Os jovens pensam que a vida será longa, e os velhos pensam que a vida terminará logo. No entanto, não podemos fazer tais suposições. Muitas pessoas fortes e saudáveis morrem jovens, enquanto muitos velhos, doentes e debilitados continuam vivendo dia após dia.

Sem saber quando morreremos, precisamos cultivar a apreciação e a aceitação do que temos enquanto temos, em vez de tentar incessantemente satisfazer nossos desejos e procurar defeitos nas experiências de vida que temos.

Chagdud Tulku Rinpoche
(em “Sementes de Sabedoria”)


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Buda - Dar e Compartir


Se os seres soubessem, como eu sei, os resultados de dar e compartir, eles não comeriam sem antes ter dado, nem permitiriam que a mácula do egoísmo tome conta das suas mentes. Mesmo se fosse o seu último bocado, a sua última mordida, eles não comeriam sem ter compartido, se houvesse alguém com quem compartir. Mas porque os seres não sabem, como eu sei, os resultados de dar e compartir, eles comem sem ter dado. A mácula do egoísmo toma conta das suas mentes.

Buda


domingo, 27 de janeiro de 2013

Nossas qualidades naturais


Nossas qualidades naturais são a sabedoria, a compaixão e a habilidade para beneficiar os outros. O que experimentamos agora, porém, são camadas complexas de hábitos, entre eles a raiva, que temos há tanto tempo que nos parece natural. Tais hábitos não são, entretanto, parte da nossa verdadeira natureza - são parte da nossa confusão mental.

Chagdud Tulku Rinpoche
(em “Sementes de Sabedoria”)
(foto e arte de Neighya)


sábado, 26 de janeiro de 2013

A distorção e o sofrimento das visões errôneas


Usando nossa inteligência, então, fortalecemos nossa visão errônea e construímos em torno de nós um sistema de defesa meticuloso e impenetrável. Uma vez que temos dúvidas, então em todo lugar encontramos aliados para nos ajudar a duvidar. Levantamos um domo de dúvidas protetor sobre nós, que precisa a todo custo ser forte e sem remendos, com nenhuma rachadura fatal que deixe a compreensão entrar.

Visões e convicções errôneas podem ser as mais devastadoras de todas as ilusões. Certamente, Adolf Hitler e Pol Pot deviam estar convictos em suas certezas. E, mesmo assim, cada um de nós tem as mesmas tendências perigosas que eles tiveram: formar convicções, acreditar nelas sem dúvidas e agir de acordo — desse modo, levando sofrimento não apenas a nós mesmos, mas também a todos à nossa volta.

Por outro lado, o coração dos ensinamentos de Buda é ver o “estado real das coisas, como elas são”, e isso é chamado de a verdadeira Visão. É uma Visão que abrange tudo, já que o papel dos ensinamentos espirituais é exatamente nos dar uma perspectiva completa sobre a natureza da mente e da realidade. Diz-se que os ensinamentos tem dois efeitos: primeiro, eliminar o ego; segundo, nos dar a sabedoria do discernimento, saber o que é apropriado e justo. Por isso é necessário haver um firme estudo dos fundamentos, porque apenas isso vai trazer uma brisa de sanidade e sabedoria à nossa confusão, e varrer para longe a distorção e sofrimento das visões errôneas.

Sogyal Rinpoche
(em “The Spirit of Buddhism")

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Aprender a encarar o desconforto


Como você lida com a morte de sua esposa? Como você se sentiria se perdesse sua mãe amanhã? Ou sua irmã ou seu melhor amigo? Suponha que você perdeu seu emprego, suas economias e a mobilidade de suas pernas, no mesmo dia. Você poderia encarar a perspectiva de passar o resto de sua vida numa cadeira de rodas? Como você vai lidar… com sua própria morte, quando ela chegar?

Você pode escapar da maioria dessas desgraças, mas não vai escapar de todas… Você pode sofrer com coisas como essas ou pode encará-las de frente — a escolha é sua. A dor é inevitável. O sofrimento não.

Dor e sofrimento são dois animais diferentes. Se qualquer uma dessas tragédias te abater em seu atual estado mental, você vai sofrer… O budismo aconselha sim que você invista algum de seu tempo e energia aprendendo a lidar com o desconforto, porque alguma dor é inevitável.

Quando você vê um caminhão vindo na sua direção, de todas as maneiras pule para bem longe. Mas gaste algum tempo em meditação também. Aprender a encarar o desconforto é a única maneira com a qual você estará pronto para lidar com o caminhão que você não viu.

Henepola Gunaratana
(em “Mindfulness in Plain English“)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Contemplar a impermanência de tudo


Contemplar a impermanência de tudo pode nos ajudar a desenvolver a qualidade de regozijo. A cada dia que passa, apreciamos o fato de ainda estarmos vivos. A vida é breve e pode terminar a qualquer momento. Com esse reconhecimento, nos alegramos e usamos o tempo que temos para criar o maior benefício possível.

Chagdud Tulku Rinpoche
(em “Sementes de Sabedoria”)
(foto de Rifat Attamimi)

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A mente desiludida é puro ouro


Atualmente, o estado de pessoas comuns é como ouro puro coberto de sujeira. Nossa natureza de Buda está coberta por obscurecimentos temporários. Uma das principais camadas que precisam ser purificadas é nossa fixação na dualidade, na realidade sólida. Uma vez que ela é purificada então o ouro é apenas puro ouro.

Enquanto nossa mente estiver confusa, revolta, iludida e enganada, nossa natureza de Buda continua se arrastando pelos reinos do samsara. Mas quando a mente está não-confusa, não-enganada e não-iludida, é a própria natureza de Buda. Não é que a natureza de Buda é uma coisa e nossa mente é outra, separada. Elas não são duas entidades diferentes. A mente desiludida por si só é o puro ouro, a natureza de Buda. Seres sencientes não têm duas mentes.

Quando a mente está iludida, a ela é dado o nome “ser senciente”. Quando a mente está desiludida, desenganada, ela é conhecida como “Buda”.
 
Tulku Urgyen Rinpoche,
(em “Repeating the Words of Buddha”)

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

As experiências não são sólidas


Sofremos não por nossa experiência ser ilusória, e sim por a considerarmos sólida. Se reconhecermos a natureza ilusória das coisas e encararmos a inevitabilidade da morte, estabeleceremos prioridades e faremos escolhas que trarão felicidade em vez de sofrimento, tanto para nós mesmos como para os outros.

Chagdud Tulku Rinpoche
(em "Sementes de Sabedoria")

sábado, 19 de janeiro de 2013

Causa e efeito


Todos os resultados vêm de causas que têm a habilidade de criá-los. Se plantamos sementes de maçã, um pé de maçã vai crescer, não pimenta. Se sementes de pimenta são plantadas, pimentas vão nascer, não maçãs. Da mesma maneira, se agirmos construtivamente, felicidade vai se seguir. Se agimos destrutivamente, problemas serão o resultado.

Qualquer felicidade e fortuna que nós experimentamos em nossas vidas vem de nossas próprias ações positivas, enquanto nossos problemas vêm de nossas ações destrutivas. Segundo o budismo, não há ninguém responsável pelo universo distribuindo prêmios e punições. Nós criamos as causas com nossas ações e seus efeitos, da mesma maneira que Newton não inventou a gravidade. Ele simplesmente descreveu o que existe.

Do mesmo modo, Buda descreveu o que viu com sua mente onisciente: o processo natural de causa e efeito ocorrendo dentro do fluxo mental de cada ser. Ao fazer isso, ele nos mostrou a melhor maneira de agir de acordo com o funcionamento da causa e efeito, para experimentarmos felicidade e evitarmos a dor.

Thubten Chodron

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Perdendo a perfeita simplicidade do momento


Costuma acontecer bastante de, em qualquer coisa que estejamos fazendo — sentando, andando, levantando ou deitando –, a mente frequentemente é desconectada da realidade imediata e, no lugar disso, fica absorvida em conceitualização compulsiva sobre o o futuro ou o passado.

Enquanto estamos andando, pensamos sobre a chegada, e quando chegamos, pensamos na partida. Quando estamos comendo, pensamos sobre a louça e quando lavamos a louça, pensamos em ver televisão.

Essa é uma maneira bizarra de manter a mente. Não estamos conectados com a situação presente, mas estamos sempre pensando em outra coisa. Com muita frequência somos consumidos por ansiedade e desejo, arrependimentos sobre o passado e antecipação do futuro, perdendo completamente a perfeita simplicidade do momento.

B. Alan Wallace

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Exarcebar o problema


O apego egoísta, mais cedo ou mais tarde, criará problemas. Se estamos apegados às nossas próprias necessidades e desejos, se gostamos de nos sentir felizes e não gostamos de sofrer, algo pequeno que não dá certo transforma-se em algo gigantesco.

Preocupar-se com o problema, da manhã à noite, exarcebando-o, faz com que uma trinca em uma xícara pareça o Grand Canyon.

Chagdud Tulku Rinpoche
(em “Sementes de Sabedoria”)

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Um piquenique em uma tarde de domingo


A vida é como um piquenique em uma tarde de domingo: não dura muito. Só olhar o sol, sentir o perfume das flores ou respirar o ar puro já é uma alegria.
Mas, se só ficarmos discutindo onde pôr a toalha, quem vai sentar onde, quem vai ficar com o peito ou a coxa do frango... que desperdício! Mais cedo ou mais tarde o tempo muda, a tarde cai, e o piquenique termina.

E tudo o que fizemos foi discutir e implicar uns com os outros

Chagdud Tulku Rinpoche
(em “Sementes de Sabedoria”)
(foto de david Lazar)


terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A mente é um campo fértil

A mente é um campo fértil onde todos os tipos de planta podem crescer. Quando plantamos uma semente - um ato, uma palavra ou um pensamento -, em um dado momento, será produzido um fruto que irá amadurecer e cair na terra, perpetuando e incrementando aquela mesma espécie.

Chagdud Tulku Rinpoche
(em "Sementes de Sabedoria")


segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O que precisamos mudar é a mente


Com frequência, achamos que o único meio de criar a felicidade é controlando as circunstâncias externas da nossa vida, consertando o que parece estar errado ou evitando tudo que nos incomoda.

O verdadeiro problema está, entretanto, em como reagimos a essas circunstâncias.

O que precisamos mudar é a mente, para assim mudarmos a forma de vivenciar a realidade.

Chagdud Tulku Rinpoche
(em "Sementes de Sabedoria")


domingo, 13 de janeiro de 2013

A rosa perfumada e o lixo fedorento


Lixo pode cheirar muito mal, especialmente matéria orgânica podre. Mas também pode se tornar um rico adubo para fertilizar o jardim. A rosa perfumada e o lixo fedorento são dois lados da mesma existência. Sem um, o outro não pode existir. Tudo está em transformação. A rosa que mucha em seis dias se tornará parte do lixo. Depois de seis meses, o lixo é transformado em uma rosa.

Quando falamos em impermanência, entendemos que tudo está em tranformação. Isso se torna aquilo e aquilo, isso. Observando profundamente, podemos contemplar algo e ver todo o restante ali contido. Não somos perturbados pela mudança quando vemos a interconexão e continuidade de todas as coisas. Não é que a vida de qualquer indivíduo seja permanente, mas que a vida em si continua.

Thich Nhat Hanh
(em “Momento Presente, Momento Maravilhoso”)


sábado, 12 de janeiro de 2013

A dificuldade não está na prática


As pessoas costumam reclamar que a prática (espiritual) é difícil, que envolve muito esforço, que não conseguem se adaptar, podendo pensar que isso não é para elas… Mas a dificuldade não está na prática em si, está nos hábitos das pessoas. Pegue por exemplo os fumantes. Eles reclamam que não fumar é muito difícil. Para as pessoas que não fumam, não é nem um pouco difícil. É importante ter claro na mente que a dificuldade não está na prática, mas nos hábitos que fomos cultivando e que nos impedem de praticar.

Jigme Khyentse Rinpoche

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Bondade do coração


Por doze anos, um dos maiores estudiosos e praticantes da Índia, Atisha, estudou muitos textos, coletâneas enormes de ensinamentos e comentários sobre a doutrina do Buda e as realizações dos grandes lamas. Depois de seus anos de estudo, chegou a conclusão de que, sem exceção, todos os métodos — e o Buda ensinou 84.000 métodos para propiciar a transição da mente ordinária para a extraordinária — se resumiam em um ponto essencial: a bondade do coração.

Chagdud Tulku Rinpoche
(em “Portões da Prática Budista“)
foto de David Lazar

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A iluminação do Buda


A iluminação do Buda não foi, primeiramente, uma descoberta religiosa. Não foi um encontro místico com Deus ou com um deus. Não foi o recebimento de uma missão divina para espalhar a “Verdade” de “Deus” no mundo.

A iluminação do Buda foi, na verdade, uma experiência direta, exata e ampla da natureza final e da estrutura total da realidade. Foi o cume dos ideais manifestos de qualquer tradição de exploração filosófica ou investigação científica de todos os tempos. “Buddha” não é um nome próprio; é um título, significando “desperto”, “iluminado” e “evoluído”. A iluminação de um buddha é uma onisciência perfeita.

A mente de um buddha é o que teístas imaginaram como seria a mente de Deus: totalmente consciente de cada detalhe de tudo em um universo infinito, totalmente desperta para tudo — assim, por definição, inconcebível, incompreensível para a consciência finita, ignorante e egocêntrica.

Robert A.F. Thurman,
(em “Essential Tibetan Buddhism”)


terça-feira, 8 de janeiro de 2013

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

No que você se transformou


Você pensa saber quem é e de repente descobre que se transformou no que outros querem enxergar em você, e pouco a pouco vai ficando mais estranho para si mesmo, e sua própria sombra é o espião que segue seus passos, e em seus olhos você vê o olhar dos que o acusam, dos que mudam de calçada para não cumprimentá-lo e olham-no de soslaio e cabeça baixa ao cruzarem com você.

Antonio Muñoz Molina

domingo, 6 de janeiro de 2013

Saber viver esta vida

Não há nada tão belo e legítimo quanto agir como um homem deve agir, nem ciência tão árdua como saber viver esta vida. E de nossas doenças a mais selvagem é desprezar nosso ser.

Michel de Montaigne
(em "Os Ensaios")

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Espelho

O verdadeiro espelho de nossos discursos é o curso de nossas vidas.

Michel de Montaigne
(em "Ensaios")


quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

É necessária a angústia


(...) o Zen não é para curiosos nem para pessoas que esperam resultados instantâneos ou uma panacéia, o Zen é para pessoas com a cabeça em chamas. Então tem que haver angústia, porque só a angústia existencial mobilizou Buda para prática, porque estava angustiado largou mulher, filho e foi para o meio da floresta e treinou, só por isso. Então é necessária a angústia, a inquietude e o desejo de se libertar. Por isso esse sofrimento é um atalho para a realização espiritual. E um corpo humano é a grande oportunidade, porque os homens tem as duas coisas, prazeres e dores. 

Monge Genshô
(em seu excelente blog "O Pico da Montanha é onde estão os meus pés"

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Imagens distorcidas

Nós nos aprisionamos nas imagens distorcidas que fazemos da realidade.

Thich Nhat Hanh
(em "Transformações na Consciência")