sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A meditação não é um meio


A meditação não é um meio para a iluminação,
Nem um método para conquistar alguma coisa.
É a própria paz.
É  a realização da sabedoria,
A verdade suprema da unidade de todas as coisas.

Dogen

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Mente clara, lua cheia

A mente clara é como a lua cheia no céu. Algumas nuvens podem cobri-las ás vezes, mas a lua está sempre por trás. Quando as nuvens se vão, a lua brilha intensamente. Por isso não se preocupe com a mente clara: ela está sempre presente. Quando algum pensamento surge, por trás está a mente clara. Quando o pensamento se vai, somente a mente clara permanece. Os pensamentos vem e vão, vem e vão, você não precisa ficar preocupado com esse ir e vir.

Seung Sahn

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Vazio

Moghavagan veio ao Buda: "Preciso fazer uma pergunta, grande sábio. Eu tenho medo da morte. Há alguma maneira de olhar para o mundo, de maneira a não ser visto pelo rei da morte?"
 
"Olhe para o mundo como vazio", o Buda respondeu. "Este é o caminho para superar a morte. Pare de pensar em si mesmo como uma entidade que realmente existe. Se você olhar para o mundo desta forma, nunca será visto pelo rei da morte."
 
Sutta Nipata
 

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Eu nasci nu

Eu nasci nu.
Meus amados pais gentilmente deram-me um nome.
Quando fiz vinte anos, pensei:
       "Um nome é uma prisão, eu quero abandoná-la."
A todos questiono,
         mas ninguém sabe me responder.


Quando ouço o vento nos pinheiros
Eu tenho uma resposta.


Chogyam Trungpa

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A natureza pura da mente

Quando nuvens cobrem o céu, não podemos ver a natureza pura do espaço. Da mesma forma, quando pensamentos conceituais ocupam a mente, não podemos ver sua natureza pura. Ao meditarmos, nossa mente se torna relaxada e tranquila e então há espaço para desenvolvermos a compaixão, o amor e a bodhicitta. Mas quando nossa mente está ocupada por pensamentos conceituais ou negativos, não há espaço para desenvolver boas qualidades. Ela fica cheia de sofrimento e não conseguimos separarmo-nos da confusão. 
Quando enfatizamos os pensamentos positivos, calmantes e relaxantes, não deixamos espaço para que surjam pensamentos negativos. Assim nossa mente se mantém harmoniosa e pacífica, independentemente das condições externas. 

Khenchen Konchog Gyaltshen Rinpoche
 

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Pensamentos como nuvens

A mente comum, ao contrário da consciência iluminada, é sempre enganada por uma ilusão após a outra. Pensamentos de aversão e apego surgem sem aviso, desencadeados por certas circunstâncias, como um encontro inesperado com um inimigo ou mesmo um amigo, e a menos que sejam imediatamente eliminados pelos antídotos apropriados, criarão raízes rapidamente e se proliferarão, reforçando a predominância habitual da aversão ou apego na mente e acrescentando mais e mais padrões cármicos.
 
Por mais fortes que esses pensamentos possam parecer, são apenas pensamentos e eventualmente desaparecerão no vazio. Uma vez que você reconheça a natureza intrínsecada mente, esses pensamentos que surgem e desaparecem não poderão mais enganá-lo. Como nuvens que logo se desfazem na imensidão do céu, assim os pensamentos ilusórios surgem, permanecem um pouco e então se desfazem na imensidão do vazio: de fato, nada realmente aconteceu.
 
Dilgo Khyentse Rinpoche
 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Três instruções essenciais

A natural simplicidade da mente é inexprimível,
livre e vasta: ela pode ser reconhecida por si própria.
Quando todas as fabricações mentais, todas as concepções
e todos os apegos desaparecem naturalmente,
Chamamos a isso "reconhecendo a essência da mente".

Uma vez livre da rede de pensamentos,
e reconhecendo a contínua presença da natureza primordial,
Sem agir ou fazer qualquer esforço, sem buscar qualquer coisa,
Chamamos a isso "preservação da meditação".

Quando, como nuvens no céu,
as ondas dos inúmeros pensamentos,
nem ferem e nem alegram a mente, o qual mantém-se serena,
Chamamos a isso "liberando a mente em sua própria natureza".

Essas três instruções essnciais serão compreendidas pelos que meditam e cultivam a experiência interior. Mas será incompreensível para intelectuais tagarelas.

Mipham Rinpoche

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Apenas varra.


Ao varrer o pátio em novembro depois que as folhas caíram, você não esperaria que ele ficasse limpo para sempre. O pátio é como a mente. A meditação da plena atenção pode ser sentida como varrer a mente e jogar fora os pensamentos dispersos que fazem uma grande bagunça. 

É fácil se pegar resistindo, ressentindo-se com essas folhas: “Droga, eu acabei de varrer o chão!” Apesar de nossos protestos, a natureza pensa diferente. Ela não liga se você varreu o pátio ou quanto tempo levou fazendo isso. Da mesma forma, a mente tem sua própria natureza e absolutamente não liga para as suas tarefas. A mente continuará a fazer o que sempre faz: criar pensamentos. Se esperarmos que a mente permaneça sempre “varrida”, estaremos apenas nos preparando para a decepção.  

A prática de meditação não “consertará” você e não mudará as coisas “de uma vez por todas”. Nada é capaz de fazer isso. A nossa tarefa é continuar varrendo. Pensamentos continuarão a vir, soprados sobre o seu pátio recém varrido. Apenas varra. Não há necessidade de questionar sobre isso. Não reclame.  Não precisamos analisar, interpretar ou “ajustar” as folhas. Momento após momento, precisamos apenas varrer, retornando a esse momento como ele é, de novo, e de novo, e de novo. 

Com a prática, começaremos a reconhecer a sabedoria de não resistir, ou, caso a resistência surja (como ás vezes acontecerá), de não ampliá-la e alimentá-la. Podemos aprender a apreciar o o vai e vem das folhas – e apreciar até mesmo o eterno varrer em si.

Annie Kozak
(em “Wild Chickens and Petty Tirants”)

O sábio que brinca

(O líder espiritual tibetano Dalai Lama brinca com seu spray nasal ao ser questionado por jornalistas sobre a gripe A (H1N1), durante entrevista coletiva em Lausanne, Suíça, em 2009)

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Possibilidades ilimitadas

Nós temos tanta convicção acerca de quem somos e de como os outros são que isso nos cega. Se uma nova versão da realidade viesse bater à porta, nossas idéias solidificadas não permitiriam aceitá-la.
 
Seríamos capazes de treinar como praticantes guerreiros, buscando reconectarmo-nos com a natural flexibilidade de nosso ser e ajudar os outros a fazer o mesmo?
 
Se começarmos a nos mover nessa direção, possibilidades ilimitadas irão surgir diante de nós.
 
Pema Chodron 
 

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Acumulação de mérito

Se você pratica todas as suas ações com a mente alerta, vigilância meticulosa e cuidado, aceitando o que deve ser aceito e repudiando o que deve ser repudiado nos mínimos gestos de suas mãos, no pronunciar de cada sílaba ou na geração de cada pensamento, você não será ameaçado por qualquer dificuldade em sua prática. Pois cada simples ato seu será transformado em alimento para ela, a fundamental acumulação de mérito.
 
Kangyur Rinpoche
 

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O treinamento na bodhichitta

Muitos de nós preferem uma prática que não cause desconforto e ao mesmo tempo desejam ser curadas de seu sofrimento. Mas o treinamento na bodhichitta não funciona dessa forma. Um guerreiro aceita o fato de que ele nunca saberá o que o espera no momento seguinte.
 
Esperamos controlar o que é incontrolável buscando certezas e previsibilidade, ansiando por conforto e segurança. Mas na verdade nunca poderemos evitar o inesperado. Ele é parte da aventura, e é também por isso que sentimos medo.
 
O treinamento na bodhichitta não oferece promessas de finais felizes. A questão central no treinamento de um guerreiro não é como evitar o que é imprevisível e que nos assusta, mas sim como lidar com esse desconforto. Como praticar lidando com as dificuldades, com nossas emoções, com os inesperados encontros de qualquer dia comum?
 
Pema Chodron
 

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Somos habituados às nuvens

O Buda afirmou que nunca estamos separados da iluminação. Mesmo nos momentos nos quais nos sentimos paralisados, nunca estamos apartados do estado desperto.
 
Essa é uma afirmação revolucionária. Mesmo pessoas comuns como nós, com seus hábitos e confusões, possuem a mente iluminada chamada bodhichitta. A amplitude e a calidez de bodhichitta é de fato a nossa natureza verdadeira. Mesmo quando nossos sentimentos neuróticos parecem nos dominar, mesmo que nos sintamos confusos e sem esperança, a bodhichitta, como o amplo céu que está acima de nós, não é afetada pelas nuvens que temporariamente a ocultam.
 
Mas como somos habituados às nuvens, certamente achamos difícil acreditar nas palavras de Buda.
 
Pema Chodron

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Bodhichitta

A Bodhichitta tem um grande poder. Ela nos inspirará e animará nos bons e nos maus momentos. É como se descobríssemos uma sabedoria e uma coragem que nem imaginávamos possuir. Como uma alquimia que transforma metal em ouro, a bodhichitta é capaz de transformar qualquer atividade, qualquer palavra ou qualquer pensamento em um meio para despertar nossa compaixão.
 
Pema Chodron
 

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Somente o amor cura o ódio

O ódio nunca cessa através do ódio.
Somente através do amor ele pode se curado.
Essa é uma antiga e eterna lição.

Buda

terça-feira, 5 de novembro de 2013

A mente é que fabrica os problemas

No que se refere à paciência em conexão com a realidade última, é importante refletir no seguinte: se você buscar cuidadosamente e tentar descobrir onde a agressão repousa - no agressor, na ação em si ou na vítima da agressão - descobrirá que ela não pode ser encontrada em lugar nenhum. Quando circunstâncias diferentes coincidem, é a mente, com sua tendência para construir ilusões existencias, que fabrica o problema aqui e ali. E se examinar a própria mente, verá que ela não possui qualquer característica que seja constante e permanente.
 
Kangyur Rinpoche
 

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Tornar a prática seu próprio ser

Se você quer praticar o Darma corretamente, do fundo do coração, atente para o seguinte:
 
Ser um budista não significa apenas observar os preceitos; significa mandar para bem longe os erros que desvirtuam. Não significa meramente assumir uma forma externa pura; significa praticar a virtude corretamente. Não significa somente controlar o orpo, a fala e a mente em atividades cotidianas; significa trazer todas as raízes de virtude ao caminho da grande iluminação.
 
Ser virtuoso não significa simplesmente aparentar ser um budista; significa temer a formação de maus carmas. Ser um amigo espiritual não significa apenas assumir uma conduta digna; significa cuidar de todos os seres.
 
Ser um meditador não significa simplesmente viver em uma caverna; significa treinar-se no estado verdadeiro e natural. Ser um eremita não significa somente viver só; significa ter a mente livre de construções dualistas. Ser sábio não significa somente refletir sobre os problemas mundanos; significa distinguir o que é realmente certo e errado.
 
Ter fé não significa lamuriar-se; significa entrar no caminho correto a fim de superar a morte e o renascimento. Ser diligente não significa engajar-se em vários compromissos; significa empenhar-se nos métodos para deixar a existência samsárica para trás. Ser generoso não significa meramente dar com preconceito e parcialidade; significa ser profundamente livre de apego a absolutamente qualquer coisa.
 
Meditação não significa fixar-se em algo com o pensamento; significa ter a mente estável de modo natural, livre de fixações.
 
Aprender não significa apenas receber ensinamentos; significa ultrapassar concepções errôneas e alcançar a realização que está além da mente conceitual. Refletir não significa somente seguir conceitos e formar suposições; significa superar o apego ilusório.
 
Não confunda meras palavras com o significado dos ensinamentos. Torne a prática seu próprio ser e alcance a liberdade do samsar agora mesmo.
 
Padmasambhava


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Dois Budas

           Dalai Lama e Thich Nhat Hanh

Apanhado pelas emoções perturbadoras

A agitação devido às circunstâncias ocorre quando, por causa de um incidente externo, você segue um pensamento e a mente se torna agitada e se dispersa em uma emoção perturbadora. Quando isso acontecer, mantenha a atitude de "Não há necessidade de fazer nada"! Treine em bondade e compaixão, em desencantamento, em meios e conhecimento e em devoção. A seguir, persevere na prática como quando na hora da visão. Isso dissipará a agitação.

Padmasambhava