quinta-feira, 10 de junho de 2010

sexta-feira, 28 de maio de 2010

O asceta


"Não foge ao mundo o asceta,
Pois em si mesmo tem seu próprio asilo.
E em meio a humana turba, arrebatada e inquieta
Só ele é simples e tranquilo"


Mário Quintana

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Sermos Nada


"É possível vivermos nesse mundo e não sermos nada?
É a única maneira de nos livramos de todos os enganos."

Krishnamurti
em "A Primeira e Última Liberdade."

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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Não se pode manipular o mundo



"Quem tenta dar forma ao mundo
modelá-lo a seu capricho
dificilmente o conseguirá.

O mundo é um vaso espiritual
que não se pode manipular
Quem o retém, perde-o.

Porque com respeito às coisas,
algumas vão adiante, outras atrás
algumas sopram para fora,
outras sopram para dentro

Algumas são fortes,
algumas são fracas (...)"

Lao-Tzu
Tao Te King

terça-feira, 18 de maio de 2010

O infinito na palma da mão




"Ver o mundo em um grão de arroz e o céu em uma flor selvagem.


Segurar o infinito na palma de sua mão e a eternidade em uma hora."


William Blake

Autenticidade

"Preocupe-se com a aprovação dos outros e você será prisioneiro deles."


Lao Tzu
Tao Te King

Nunca diga que perdeu uma coisa

"Nunca diga que perdeu uma coisa, mas que a devolveu. O seu filho morreu? É uma devolução. A sua esposa morreu? É uma devolução. Você perdeu toda a sua fortuna? Também não é uma devolução?"

Epicteto

Palavras verdadeiras não soam belas


"Palavras verdadeiras não soam belas; palavras que soam belas não são verdadeiras.Homens sábios não precisam debater; homens que precisam debater não são sábios."


Lao Tzu

Tao Te King

A Liberdade

"A liberdade não é alcançada procurando realizar o que é desejado, e sim controlando o desejo."


Epicteto

Realização

"Uma pessoa plenamente realizada é como um espírito! Os grandes pântanos poderiam pegar fogo, mas ela não sentiria calor. Os rios da China poderiam todos congelar, mas ela não sentiria frio. O trovão poderia ecoar repentinamente através das montanhas, o vento poderia causar um tsunami no oceano, mas ela não iria se assustar. Uma pessoa como essa poderia cavalgar pelo céu nas nuvens flutuantes, sacudir o Sol e a Lua, e viajar além dos quatro oceanos. Nem a morte nem a vida lhe causam mudanças internas, e há pouca razão para ela até mesmo considerar benefícios ou danos."


Chuang Tzu

Caminhada pelas montanhas

"Meu pai considerava uma caminhada pelas montanhas o equivalente a ir à igreja."


Aldous Huxley

Apenas seja


"Não há nada a praticar. Para conhecer a si mesmo, seja você mesmo. Para ser você mesmo, pare de se imaginar sendo isso ou aquilo. Apenas seja. Deixe sua verdadeira natureza emergir. Não perturbe sua mente com buscas."


Nisargdatta Maharaj

Procura desnecessária

"Sem nunca ter saído de casa, você está procurando o caminho de volta."

Nisargadatta Maharaj

Acordar

"Espiritualidade significa acordar. A maioria das pessoas, mesmo que não saibam, estão dormindo."

Anthony de Mello

terça-feira, 11 de maio de 2010

Palavras de Dogen


"Montanhas e águas são a realização do caminho de Buda.

Cada uma expressando-se como é, percebe a totalidade."


"Deveis examinar o caminhar das verdes montanhas."


"Até mesmo em uma minúscula gota de água aparecem inumeráveis terras de Buda."


Dogen

O Buda em uma folha verde


Segure mesmo uma folha verde de tal maneira que ela manifeste o corpo de Buda.

Isso por sua vez permite que o Buda se manifeste através da folha verde.


Dogen

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Complete esta única respiração



Meus alunos me perguntam com frequência:
- Tenho praticado a meditação sentada durante anos, mas ainda tenho o problema dos pensamentos que, incessantemente, me vêm à cabeça. Que posso fazer em relação a isto?

E eu respondo:
- Expire apenas. Não faça nada. Não tente nada. Simplesmente complete esta uma única expiração. Uma a uma. Sejam quais forem os pensamentos que lhe surjam deixe-os estar onde estão como às nuvens brancas no céu. Não faça deles os seus inimigos ou obstáculos devido ao modo habitual de os perceber.
 
Hogen Daido Yamahata
em "Folhas caem, um novo rebento".

 

A pessoa é a prisão


O equívoco mais comum em relação à libertação é que esta consiste em algo que um indivíduo pode obter. Mas a libertação é uma perda - a perda da noção de que alguma vez houve um indivíduo separado que pudesse escolher fazer algo para alcançar a libertação.


Qualquer tipo de busca poderá levar a pessoa a sentir-se mais confortável, mas nada mais do que isso. Alcança-se uma pessoa mais confortável na sua prisão. Se se estiver numa prisão, é muito melhor estar confortável, mas isso não tira a pessoa da prisão onde ela imagina estar.


Nada tirará a pessoa da sua prisão, porque a pessoa é a prisão. Quando a pessoa desaparece, é visto que nunca existiu uma prisão de todo.


Richard Sylvester

(instrutor de Advaita Vedanta, citado no blog Encontro no Aqui-Agora)

A única realidade é agora


Um guerreiro japonês foi capturado pelos seus inimigos e lançado na prisão. Naquela noite ele sentiu-se incapaz de dormir pois sabia que no dia seguinte iria ser interrogado, torturado e executado. Então as palavras do seu mestre Zen surgiram na sua mente:

"O 'amanhã' não é real. É uma ilusão. A única realidade é AGORA. O verdadeiro sofrimento é viver ignorando este Dharma".

No meio do seu terror subitamente compreendeu o sentido destas palavras, ficou em paz e dormiu tranquilamente.

Uma única respiração basta

Já alguma vez tentaram prestar atenção à vossa respiração enquanto estão a discutir, ou a brigar com alguém? A respiração é curta, superficial e muito irregular. Cada vez que o esforço e a intenção do nosso ego interferem, o nosso ritmo torna-se irregular e em dissonância com o ritmo cósmico. Através da respiração podemos libertarmo-nos das tensões e dos nós causados pelo esforço e intenção do ego.

Assim, o que realmente precisamos é de completar esta única respiração. Para a iluminação total, esta única respiração basta. Por favor, tentem-na! Temos inumeráveis oportunidades de iluminação, mas estamos sempre a negligenciar esta respiração. Só esta, nada mais.



Hogen Daido Yamahata
em Folhas Caem, Um Novo Rebento

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Cessar de buscar


O poder no qual você passa a acreditar em si mesmo não é conquistado através de qualquer tipo de treinamento. Esse poder é o que transcende o self, o que dá vida ao self. O propósito da prática Zen é despertar para esse poder original com o qual você perdeu o contato, e não ganhar um novo tipo de poder.

Quando você busca e busca, e por fim se cansa de toda e qualquer procura, você então desperta para o fato de que tem sido, desde o início - antes mesmo de começar a buscar - abundantemente abençoado. Após haver cessado de bater em várias portas procurando, você percebe que na realidade a porta esteve sempre aberta, antes mesmo de você ter começado a sair à procura. É a isso a que a prática se refere.

Não apenas em lugares especiais para treinamento, mas a qualquer hora e em qualquer lugar, a pessoa que empenha-se com dignidade, sem importar-se com resultados e sem entregar-se ao desânimo, é um verdadeiro praticante, uma verdadeira pessoa do Caminho."


Soko Morinaga
"Novice to Master"

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Libertar-se, e não avançar



Para mim, a verdade acha-se em todas as coisas. Potanto a idéia de que necessitais progredir em direção à realidade é uma idéia falsa. Não se pode progredir em direção a algo que está sempre presente. Não se trata de avançar para o exterior ou de voltar-se para o interior, mas sim de de se libertar dessa consciência que se percebe a si mesma como separada.


Jiddu Krishnamurti

O homem religioso


O homem religioso não é aquele que se torna um Sannyasin, que luta para "vir a ser", alcançar virtude ou tornar-se um "homem ideal". O homem religioso é aquele que desistiu de "vir a ser", por essa razão para ele há um só dia, um único momento - e não o momento de ontem, ou o momento de amanhã. Esse homem é o verdadeiro revolucionário, porque ele se integrou na realidade.


Jiddu Krishnamurti
em "Ilusões da Mente"

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Canção do dia de sempre

Tão bom viver o dia a dia...
A vida, assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como essas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mão distraídas...

Mário Quintana

terça-feira, 30 de março de 2010

Memórias (2)

Durante muito tempo, no início de minha prática errante e confusa, as informações vinham apenas dos poucos livros sobre Zen disponíveis no Brasil. Estes, em sua maioria, eram publicados pela Editora Pensamento e seus autores eram praticantes de alguma arte influenciada pelo Zen (arranjos florais, arco-e-flecha, pintura, etc). Havia também alguns poucos livros de D. T. Suzuki, outros de Thich Nhat Hanh e "Os Três Pilares do Zen", de Philip Kapleau.

Não custa lembrar que nessa época - segunda metade da década de 80 e início da de 90 - não existia ainda a internet, logo não se tinha acesso a mestres e textos não publicados no Brasil. Por esse motivo o Zen era então para mim mais teórico do que prático. Um dia, li que o Consulado do Japão no Rio de Janeiro estava abrindo sua biblioteca para o público. Vislumbrei a possibilidade de ter acesso a novas obras sobre o Zen e no dia seguinte fui correndo inscrever-me. Lá encontrei "Zen Mind, Beginners Mind" (Mente Zen, Mente de Principiante".

E minha prática recomeçou...

segunda-feira, 29 de março de 2010

As Lições da Água - 3

A água se acumula até encontrar a borda mais baixa

A frase "Quando a água cai num fosso, ela se acumula até encontrar a borda mais baixa" pode ser reinterpretada da seguinte forma: "Quando uma pessoa sábia (água) depara-se com uma situação de dificuldade (fosso), ela se interioriza (acumula-se) até que naturalmente encontra a saída mais fácil (borda mais baixa)".
Numa situação complicada em que não existe solução imediata, o sábio também se acumula, isto é, volta-se para dentro de si em busca de recursos interiores. Faz da adversidade uma oportunidade para ficar quieto, para meditar, ver como está conduzindo seus ideais, quais são seus valores mais importantes e qual é o sentido da sua existência. O sábio "acumula" seus conteúdos interiores e isso faz com que aumente o nivel de sua consciência, do mesmo modo que o nivel da água se eleva quando ela se acumula no fosso. Nesse processo de interiorizar-se, de elevar-se, a água e o sábio encontram a borda mais baixa, encontram a saída natural, o caminho que permite continuar o fluxo, a vida.

Roberto Otsu
em "A Sabedoria da Natureza"

As Lições da Água - 2

O caminho mais fácil nem sempre é o mais curto

Temos a tendência a considerar que o caminho mais fácil é o caminho mais curto. Pode ser verdade em alguns casos, mas não é regra. O caminho mais fácil é o caminho mais fácil. Ponto. Não significa necessariamente o caminho mais curto. São o ego e a ansiedade que criam o desejo de que os caminhos mais fáceis sejam também os mais curtos. A água não tem ego nem pressa e o caminho que ela faz em direção ao mar é o do menor esforço e não o mais curto. Ás vezes, ao contrário da vontade do ego, acontece do caminho de menor esforço ser o caminho mais longo.
A água não pensa na distância a ser vencida, ela apenas flui por onde é possível. O terreno e seus acidentes são suas circunstâncias e a água não se queixa de nada. Ela "sabe" que por aquele caminho tudo é mais fácil e sem desgastes. Não é esforço nenhum para a água descer um terreno em declive e pelos caminhos abertos.
Roberto Otsu
em "A Sabedoria da Natureza"

As Lições da Água - 1


A água vai pelo caminho mais fácil

A água vai pelo caminho mais fácil. Quando vemos um filete de água no quintal ou o curso do rio numa paisagem, é fácil "entender" essa frase. Mas quantos de nós paramos para pensar sobre essa realidade antes de ter lido ou ouvido essas palavras?

Vivemos numa sociedade que aprendeu a valorizar coisas complexas, teorias impenetráveis, palavras rebuscadas, pensamentos mirabolantes, rococós mentais, retóricas exageradas e caminhos complicados. Aprendemos a supervalorizar o trabalho árduo, a insistência, a dificuldade, o sofrimento para conquistar as coisas. Achamos que só é bom aquilo que for sofrido. Isso é masoquismo: "Bate que eu gosto!"

Sem dúvida alguma, o esforço é uma qualidade importante. O problema é a sua supervalorização e a crença que somente as coisas conseguidas com muito esforço e sofrimento é que tem valor. Para os sábios orientais, qualquer coisa que exija esforço demais não é natural. Ou as coisas acontecem naturalmente, sem desgastes, ou a pessoa está atrás de alguma coisa que não corresponde às realidades do momento. Se existe esforço excessivo, a pessoa pode estar tomada pelo desejo e pela obstinação. E, muitas vezes, para conquistar o objeto de desejo, ele acaba tendo atitudes insensatas como ir pelo caminho de maior atrito e dificuldade.
Roberto Otsu
em " A Sabedoria da Natureza"

O mistério é a própria resposta

Para os antigos povos orientais, especialmente para os taoístas, a Natureza era um grande mistério, algo inexplicável. Mas não se angustiavam por isso. Ainda hoje, para as pessoas contemplativas, o mistério é a própria resposta. Elas não criam teorias nem explicações complicadas, apenas aceitam que as verdades essenciais são inalcançáveis à mente humana. Entendem que o fato em si é mais importante do que os conceitos. A realidade vale por si só. Desde a antiguidade, os sábios taoístas afirmam a realidade, afirmam o mistério. Dizem que é para isso que o mistério existe: para ser mistério.

Roberto Otsu
em "A Sabedoria da Natureza"

domingo, 28 de março de 2010

É melhor nos juntarmos à correnteza...



Apenas nós, seres humanos, acreditamos erroneamente que tudo é imutável. Esforçamo-nos para não sermos levados pela correnteza, e lamentamos tudo que se vai. No entanto, não há como parar o fluir, que envolve também nossa dor e nossa luta.


Ao invés disso, é melhor ver as coisas como são e nos juntarmos a essa correnteza, com suavidade. Apenas assim poderemos encontrar prazer na fugacidade das coisas, uma vez que é justamente essa fugacidade que tece as mais diversas figuras na tapeçaria da vida.


Se escutarmos um rio sem atenção, a água que corre parece ter um ritmo constante e ininterrupto. Entretanto, nenhuma gota d'água passa duas vezes sobre a mesma pedra.


A vida humana não é diferente. Acreditar que ontem é igual a hoje é resultado de nossa ignorância e insensibilidade. São as nossas mentes e nossos olhos iludidos que vêem o passado igual ao presente. Os olhos iluminados vêem claramente a imagem das coisas em eterno movimento e reconhecem que um instante é diferente de qualquer outro.


Shundo Aoyama Roshi
Monja Zen ("Para Uma Pessoa Bonita")

Hai-kais (1)

Uma truta salta;
no fundo da água
as nuvens vão e vêm.


Se somos atentos,
as silenciosas flores
nos falarão ao íntimo.


Uma brisa fresca;
a abóbada do céu se enche
com as vozes dos pinheiros.

A corrente do vale;
até as pedras cantam
sob as montanhas cobertas de cerejeiras.

Poemas de Onitsura, que viveu por volta da segunda metade do séc 17.

Sem desperdício

Chegaram aos ouvidos do príncipe Takayasu os comentários de que mestre Kendó, uma das maiores figuras espirituais anteriores a era Meiji (1868), deleitava-se com suntuosas ceias após todos terem adormecido.
Na noite seguinte o príncipe, mesmo sendo um profundo admirador de Kendó, escondeu-se no jardim e viu que realmente o mestre comia sozinho em sua cabana. Ingignado, Takayasu pulou de súbito a janela, e o mestre, surpreendido, cobriu com rapidez sua tigeja.
- O que você está escondendo? - perguntou o príncipe.
O mestre pediu para que ele esquecesse o assunto e não insistisse, mas quando o príncipe fez menção de tomar a tigela, Kendó a descobriu e mostrou seu conteúdo, dizendo:
- Me envergonha muito de que isso tenha chegado aos ouvidos de Sua Alteza. Há aqui muitos monjes estudantes vindo dos mais diversos lugares do país, e apesar de eu sempre insistir para que não desperdicem uma gota de água sequer e nem joguem fora sobras de legumes e arroz, continuam jogando os talos e tudo o mais pelo ralo. Para evitar esse desperdício, coloquei uma pequena rede dentro do ralo, e quando todos dormem recolho o que o que ficou retido ali, fervo, e aproveito como ceia. Faço isso há muitos anos. Lamento profundamente que uma história tão sórdida venha a incomodar teus nobres ouvidos.

Citado por Irmgard Schloegl em "La Sabiduria do Zen"

Borboleta


Uma flor caída

voltando ao galho?

Era uma borboleta.


Moritake
citado por Samuel Wolpin em "El Zen en la Literatura y la Pintura"

As portas do céu

Um soldado perguntou a Hakuin se o céu e o inferno realmente existiam.
- Não o conheço. Quem é você? - perguntou o mestre.
- Um samurai.
- Você, um samurai? Que classe de senhor há de querê-lo jubto a si, se tens essa cara de bandido e com uma espada que, de tão enferrujada, seria incapaz de cortar a minha cabeça?
O guerreiro, completamente enfurecido, sacou sua arma.
- Atenção! - exclamou Hakuin - estão se abrindo as portas do inferno!
Ao ouvir essas palavras, o samurai, por disciplina, guardou sua espada e inclinou-se profundamente, reverenciando seu interlocutor.
- Agora, ao contrário, estão se abrindo as portas do céu! - concluiu Hakuin.

citado por Paul Reps em "101 Histórias Zen".

A jóia nas mãos

Buscando a lua no céu,
muitos deixam cair a jóia que têm nas mãos.

Trevor Ledgett em "A First Zen Reader"

Honrar o baixo

Para o ideal, busca o alto;
para a prática, honra o baixo.

citado por Trevor Ledgett, em "A First Zen Reader"

sábado, 27 de março de 2010

Navegando, sentando


Navegando, finalmente chegarás onde termina a correnteza;
sentando-te, verás como se forma uma nuvem.


Trevor Ledget, em "A First Zen Reader"

O que mudou


O grande guerreiro Kumagai, depois de converter-se em monge, foi insultado e cuspido por Utsunomiya Shiro. Kumagai permaneceu de cabeça baixa, e após seu ofensor ter partido, compôs os seguintes versos:

A montanha é a montanha
e o caminho é o mesmo de antes
o que mudou foi meu próprio coração.


(Uma das minhas estórias Zen favoritas)

citado por Samuel Wolpin em Texto y Meditaciones sobre el Zen".

Atenção

Um monge a seu mestre:
- Qual o caminho mais curto para se chegar à iluminação?
O mestre respondeu:
- Atenção.
O discípulo de novo:
- Afora isso, de que mais necessito?
- Atenção, atenção.
- Já sei que a atenção é muito importante, mas o que vem depois?
E o mestre:
- Atenção, atenção, atenção.

citado por Samuel Wolpin em "La doctrina y la enseñanza Zen".

A lua que brilha

Meu telhado e minha casa queimaram;
já nada me oculta
a lua que brilha.

Zenrin

Nosso pensamento diário é o Tao

Um monge perguntou a seu mestre:
- O que significa quando você diz que o nosso pensamento diário é o Tao?
E o mestre:
- Quando tenho sono, durmo; quando tenho vontade de sentar, me sento.
- Não consigo entendê-lo.
- No verão buscamos um lugar fresco; no inverno nos sentamos próximos ao fogo.

citado por Samuel Wolpin em "La doctina y la enseñanza Zen".

Nada a esconder

Um monge se queixava de que o mestre não falava claro. Em um dia de primavera, quando passeavam pelo campo, o aluno disse:
- Que perfume maravilhoso estão exalando essas flores!
Ao que mestre respondeu:
- Vê como não te escondo nada?

citado por Samuel Wolpin em "La doctrina y la enseñanza Zen".

Apenas estar ali



Por conhecer ambos os lados da realidade, os Budas mantém este tipo de atitude. Eles não se perturbam por qualquer fato ruim, e nem se extasiam por qualquer acontecimento bom. Eles possuem o verdadeiro contentamento, o qual sempre permanecerá com eles. A canção básica da vida permanecerá a mesma, e nela haverá algumas melodias felizes e algumas melodias tristes também.

Esse é o sentimento que a pessoa iluminada possui. Significa que quando está quente, ou quando você está triste, você deve estar completamente envolvido em sentir calor ou tristeza, sem ansiar pela felicidade. Quando está feliz, deve apenas apreciar sua felicidade. Se as circunstâncias mudarem repentinamente, não nos importamos. Hoje podemos estar muito felizes, mas amanhã não sabemos o que ocorrerá conosco. Estamos prontos para o que vier a acontecer amanhã, e por isso apreciamos o hoje completamente. Esse estágio deve ser alcançado através de sua prática, não por meio de leituras.

Shunryu Suzuki
em "Branching Streams Flow in the Darkness"

sexta-feira, 26 de março de 2010

Buda que sofre, Buda feliz


Vocês conhecem esse famoso koan? Um monge perguntou ao mestre: "Está tão quente! Como é possível escapar desse calor?" E o mestre respondeu: "Por que você não vai para um lugar onde não haja nem frio e nem calor?" O discípulo espantou-se: "Existe um lugar onde não há nem frio e nem calor?" E o mestre: "Quando está frio você deve ser um buda frio. Quando está calor você deve ser um buda quente."

Vocês podem pensar que ao praticar zazen alcançarão um estágio onde não exista frio e nem calor, onde não exista prazer ou sofrimento. Vocês podem se perguntar, "se praticarmos zazen é possível ter esse tipo de conquista?"

Contudo o verdadeiro professor responderá: "Quando vocês sofrerem, devem sofrer. Quando sentirem-se bem, devem sentir-se bem". Algumas vezes você deve ser um buda que sofre. E algumas vezes você deve ser um buda feliz.



Shunryu Suzuki
em "Branching Streams Flow in the Darkness"

quinta-feira, 25 de março de 2010

Como nós a recebemos


A lua projeta sua luz sobre todas as coisas,
e uma doce brisa envolve cada morada.
Depende de nós se a recebemos como brisa
ou como vento gelado.

Shundo Aoyama Roshi
em "Para uma Pessoa Bonita"

Respeito por si próprio

Quando você é apenas você, não pensando ou tentando dizer algo especial, apenas dizendo o que há na sua mente e expressando como se sente, então há verdadeiro respeito por si próprio.

Shunryu Suzuki
em "Branching Streams Flow in the Darkness"

Rios e montanhas a passar


Atrás da montanha que acabamos de subir,
há sempre outra ainda maior a passar;
haverá sempre rios mais fundos a transpor.
Só com imensurável amor podemos passar pelos rios e as montanhas
e cumprir a tarefa última do nosso cotidiano.

Hogen Yamahata Daido
em "O Caminho Aberto"

Nascendo agora

"Não há nenhuma vida após esse momento,
nem nenhuma vida antes dele.

Cada um de nós está a nascer aqui e agora."


Hogen Yamahata Daido
em "O Caminho Aberto"

O som do vale


"O som do vale
está dando uma grande conferência.
A cor da montanha
é o verdadeiro corpo purificado.
Da meia-noite ao amanhecer
escuto 84.000 sutras."
 

Mestre Taisen Deshimaru
(em "La Voz del Valle")



Qual é o meu caminho?


"O meu caminho é aqui mesmo,
onde quer que eu meu encontre"

Ranryo
citado por Thomas Cleary em "Novos Contos Zen".

O rio



Ser como rio que deflui
Silencioso dentro da noite.
Não temer as trevas da noite
Se há estrelas no céu, refleti-las.
E se os céus se pejam de nuvens,
Como o rio as nuvens são água,
Refleti-las também sem mágoa
Nas profundidades tranquilas.


(Manuel Bandeira)