domingo, 30 de setembro de 2012

Atenção, Consciência e Sabedoria

"É necessário tentar manter a nossa atenção plena ao longo do dia e da noite. Qualquer coisa que você estiver fazendo, quer seja em pé, sentada, deitada, falando ou o que quer que seja, você deve fazer com atenção plena. Quando você for capaz de estabelecer essa atenção plena, irá descobrir que a plena consciência irá surgir junto com ela, e essas duas condições resultarão em sabedoria. Assim, a atenção plena, a plena consciência e a sabedoria trabalharão juntas e você será como alguém que está desperto tanto de dia como de noite.

Esses Ensinamentos que o Buda nos deixou não são Ensinamentos só para serem escutados ou simplesmente para serem absorvidos num nível intelectual. São Ensinamentos que através da prática podem brotar e permanecer em nossos corações. Onde quer que nós formos, o que quer que façamos, devemos sempre ter esses Ensinamentos presentes. E o que queremos dizer com “ter esses Ensinamentos presentes” ou “ter a Verdade,” é que, qualquer coisa que façamos ou digamos, nós faremos e diremos com sabedoria. Quando pensarmos e contemplarmos, assim o faremos com sabedoria. Dizemos que aquele que tem a atenção plena e a plena consciência, combinadas dessa forma com a sabedoria, é aquele que está próximo do Buda."

Ajahn Chan

(Trecho de uma palestra curta para uma senhora Inglesa que havia passado dois meses no final de 1978, princípio de 1979, sob orientação de Ajaan Chah, e que estava de partida - Retirado do site “Acesso ao Insight”)


sábado, 29 de setembro de 2012

Palavras de Kodo Sawaki Roshi

"Viver o dharma de Buda significa cumprir sua função completamente sem saber que você o está fazendo. Uma montanha não sabe que é alta. O mar não sabe que é vasto e profundo. Cada coisa no universo é ativa sem saber disso.

O canto do pássaro e o riso da flor aparecem naturalmente, completamente independentes da pessoa sentada em zazen no sopé do penhasco.


O pássaro não canta em honra à pessoa em zazen. A flor não floresce para impressionar a pessoa com sua beleza. Exatamente da mesma forma, a pessoa não senta em zazen para obter o satori. Cada ser simplesmente realiza o self, através do self, para o self."

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"Religião significa viver sua própria vida, completamente fresca e nova, sem ser enganado por alguém."

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"Tudo tem sua própria identidade, que é insuperável em todo o universo."

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"Cada um de nós tem uma identidade insuperável. Nós choramingamos sobre ela ao mesmo tempo que a carregamos conosco. Praticar o caminho de buda significa manifestar em si mesmo sua própria identidade, que é insuperável no universo inteiro.

Eu sou o que sou. Nenhuma comparação é possível."

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"Tornar-se buda significa não buscar sem propósito. Quando você para de buscar você pode finalmente comer suas refeições em paz."
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"Buda é alguém que não busca"

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"Cada um de nós nasce junto com o mundo e morre junto com o mundo, pois cada um carrega dentro de si seu próprio mundo, inteiramente pessoal."
 
 

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Livrar-se das ilusões

Monge Genshô:

"Se não aprendermos a controlar a mente, se não superarmos nossos hábitos, continuaremos mergulhados na ilusão, cometendo os mesmos erros por vidas e vidas ainda.

Não que exista reencarnação; o budismo não crê nisso. Esse é um erro de tradução que gera muita confusão. Quando a chama de uma vela é usada para acender outra vela, a chama nessa outra vela é a mesma ou não é? É. E não é.

Há uma continuidade, mas não a de um espírito que seguiria reencarnando em diferentes corpos, vida após vida. O que surge é algo novo, que traz consigo porém o karma de vidas anteriores.

(Palestra do Monge Genshô realizada em Niterói em 24.09.2012 no Studio do Movimento Vivo)

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A Dimensão Suprema

Monge Genshô:

"Só no presente vivenciamos a Dimensão Suprema. E quando isso ocorre, somos Budas. Mas quando nos perdemos nas lembranças do passado ou nas conjecturas sobre o futuro, entramos na Dimensão Histórica. E aí, não passamos de pessoas comuns."

(Palestra do Monge Genshô realizada em Niterói em 24.09.2012 no Studio do Movimento Vivo)

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Oro a Buda para que você sofra!

Eu:
- Como fazer para não esmorecer na prática? Como manter a disciplina?
Monge Genshô:
- Oro a Buda para que você sofra!
Espanto. Silêncio. Depois, rimos.
- Entendo; quando sofremos praticamos com mais força, com mais disciplina.
- Você já sabe a resposta.

(Palestra do Monge Genshô proferida em Niterói em 24.09.2012 no Studio do Movimento Vivo)

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Ser soberano, ser verdadeiro


Por não terdes a virtude da autoconfiança, estais sempre preocupados, correndo atrás de uma miríade de diferentes objetos fora de vós mesmos, e depois esses objetos vos fazem virar em círculos e vós perdeis toda a vossa liberdade.

Quereis saber que é o Buda? O Buda é vós mesmos, que estais aqui diante de mim. O praticante desprovido de suficiente autoconfiança voltará sempre sua atenção para o que é externo e perambulará à procura de alguma coisa. Se não quereis ser diferentes do Buda, nosso mestre, não corrais atrás de coisas que estão fora de vós.

Todo lugar é um ponto de chegada, todo lugar é um autêntico lar para o praticante. No meu modo de ver não há nada que não seja profundo e maravilhoso, nada que não seja liberto. Deveis viver a vossa de maneira muito natural. Não vos deis ares de grandeza.

Deveis ser soberanos onde vos encontrardes: ser a verdadeira pessoa onde quer que estiverdes, não desejando que o meio circundante vos afaste.

Todos sois a lúcida natureza original, nenhum de vós está obstruído.  É só porque vossa confiança é imatura que vós continuais a procurar incessantemente.


Mestre Linji
(compilação - em "Nada Fazer, Não Ir a Lugar Algum")


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O verdadeiro destemor

"O verdadeiro destemor é produto da ternura e sobrevém quando deixamos o mundo roçar nosso coração, nosso belo e despido coração. Estamos dispostos a nos abrir, sem resistência ou timidez, e a encarar o mundo. Estamos dispostos a compartilhar nosso coração."

Chogyam Trungpa
(em "Shambhala: A Trilha Sagrada do Guerreiro")

domingo, 23 de setembro de 2012

Uma Parábola de Buda

"Certa vez, disse o Buda uma parábola:

Um homem viajando em um campo encontrou um tigre. Ele correu, o tigre em seu encalço. Aproximando-se de um precipício, tomou as raízes expostas de uma vinha selvagem em suas mãos e pendurou-se precipitadamente abaixo, na beira do abismo.

O tigre o farejava acima. Tremendo, o homem olhou para baixo e viu, no fundo do precipício, outro tigre a esperá-lo. Apenas a vinha o sustinha.Mas ao olhar para a planta, viu dois ratos, um negro e outro branco, roendo aos poucos sua raiz. Neste momento seus olhos perceberam um belo morango vicejando perto.

Segurando a vinha com uma mão, ele pegou o morango com a outra e o comeu.

"Que delícia!", ele disse."

Conto Zen

(Gosto muito dessa parábola. Transmite a prática pura, de viver integralmente o que se apresentar à frente, independentemente da situação na qual nos encontramos)

Desapontamento sem fim

"A prática precisa ser um processo de desapontamento sem fim. Temos que ver que tudo que demandamos (e até obtemos) eventualmente nos desaponta. Essa descoberta é nosso professor."

Charlotte Joko Beck
(em "Nada Especial: Vivendo Zen")

sábado, 22 de setembro de 2012

Temos de efetuar o primeiro movimento

"Nós mesmos temos de efetuar o primeiro movimento em vez de esperar que ele venha do mundo fenomenal ou de outras pessoas. Se estivermos meditando em casa e morarmos no meio da High Street, não podemos parar o tráfego apenas porque desejamos paz e quietude. Podemos, porém, parar a nós mesmos, podemos aceitar o barulho: o barulho também contêm silêncio. Temos de nos concentrar nele e não esperar nada que venha do exterior, exatamente como fez Buddha.

E precisamos aceitar qualquer situação; enquanto enfrentarmos a situação, ela sempre se nos apresentará como um veículo e poderemos fazer uso dela. Como se diz nas Escrituras, "O Dharma é bom no começo, o Dharma é bom no meio e o Dharma é bom no final". Em outras palavras, o Dharma nunca se torna desatualizado, pois fundamentalmente a situação é sempre a mesma."

Chögyam Trungpa Rinpoche
(em "Meditação na Ação")

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Desmascarando o ego

"O ego é a ausência do conhecimento verdadeiro de quem somos, juntamente com o seu resultado: um malfadado apego, mantido não importa a que preço, a uma imagem remendada e improvisada de nós mesmos, um eu inevitavelmente charlatanesco e camaleônico que está sempre mudando e que precisa mudar para manter viva a ficção de sua existência.

(...) Mas seja qual for a força com que o ego tenta sabotar seu caminho espiritual, se você prossegue nele e trabalha profundamente com a prática da meditação, começará a perceber como tem sido enganado pelas promessas do ego: falsas esperanças e falsos medos.

Devagar você consegue compreender que tanto a esperança quanto o medo são inimigos da sua paz de espírito; as esperanças o decepcionam, deixando-o vazio e desapontado, e os temores o paralisam na cela estreita de sua falsa identidade.

Você começa a ver também como foi poderosa a influência do ego sobre sua mente, e no espaço de liberdade aberto pela meditação - em que você está momentaneamente livre da avidez - você vislumbra a estimulante amplitude de sua verdadeira natureza. Entende que seu ego, como um artista louco e trapaceiro, enganou você durante anos com esquemas, planos e promessas que nunca foram reais e só o levaram à falência interior.

Quando você percebe isso na equanimidade da meditação, sem qualquer consolação ou desejo de esconder o que descobriu, todos os planos e esquemas se revelam vazios e começam a desmoronar."

Sogyal Rinpoche
(em "O Livro Tibetano do Viver e do Morrer") 

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Enganando a nós mesmos

"Seguir o caminho da sabedoria nunca foi mais urgente e mais difícil. Nossa sociedade está dedicada quase inteiramente à celebração do ego, com todas as suas tristes fantasias sobre sucesso e poder, e celebra exatamente aquelas forças da ganância e da ignorância que estão destruindo o planeta. Nunca foi tão difícil ouvir a voz sem lisonjas da verdade e, uma vez ouvida, nunca foi tão difícil segui-la: porque não há nada no mundo que nos cerca que ampare nossas escolhas, e a sociedade inteira em que vivemos parece negar cada idéia de sacralidade ou significado eterno. Assim, em tempos do mais agudo perigo, quando precisamente nosso futuro está em risco, nós, como seres humanos, nos encontramos aturdidos como nunca, presos num pesadelo que nós mesmos criamos.

(...) Essa ruína dos nossos poderes, essa traição de nossa essência, esse abandono da miraculosa oportunidade que esta vida nos dá de conhecer e corporificar a nossa natureza iluminada, é talvez a coisa mais dolorosa a respeito da vida humana. O que os mestres estão dizendo de fundamental é para pararmos de enganar a nós mesmos."

Sogyal Rinpoche
(em "O Livro Tibetano do Viver e do Morrer")

Acarinhar os demais

"O apego ao eu é a causa-raiz de todo seu sofrimento. Você entenderá, finalmente, quanto mal ele fez a você e aos outros e perceberá que a coisa mais nobre e mais sábia a fazer é proteger e acarinhar os demais, em vez de a si próprio. Isso trará cura ao seu coração, cura para sua mente e cura para seu espírito."

Sogyal Rinpoche
(em "O Livro Tibetano do Viver e do Morrer")

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

A trama do ego

"O hábito nos torna fracos contra o “eu”. Mesmo hábitos simples são difíceis de serem eliminados.

Mas o hábito do eu não é um simples vício como fumar cigarros. Estamos viciados no eu desde tempos imemoriais. É como nos identificamos. É o que amamos com mais carinho. Também é o que odiamos mais duramente, às vezes.

Quase tudo que fazemos, pensamos ou temos, incluindo nosso caminho espiritual, é um meio para auto-afirmar sua existência. É o eu que teme o fracasso e deseja o sucesso, teme o inferno e deseja o paraíso.

O eu tem nojo do sofrimento e ama as causas do sofrimento. Ele estupidamente trava guerras em nome da paz. Deseja a iluminação mas detesta o caminho para a iluminação. Deseja trabalhar como socialista mas vive como capitalista. Quando o eu sente-se só, deseja amizade. Sua possessividade em relação a quem ama se manifesta em paixão que pode levar à agressão.

Seus supostos inimigos — como caminhos espirituais arquitetados para derrotar o ego — frequentemente são corrompidos e cooptados como aliados do eu. Sua habilidade em jogar o jogo do engano é quase perfeita. Ele tece um casulo em torno de si como um bicho da seda, mas diferentemente do bicho da seda, não sabe como encontrar a saída."

Dzongsar Khyentse Rinpoche
(em "O Que Faz Você  Ser Budista?")

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Humildade e Confiança

"Jigme Lingpa nos instruiu que, como praticantes, precisamos de duas coisas. Uma é humildade e a outra é confiança.

Quando você perde sua inspiração e pensa que é preguiçoso, que não tem devoção, então você deveria pensar: “O fato de que eu penso assim é bom, isso significa que eu estou considerando isso um problema”. Essa realização é um tipo de renúncia, ou pelo menos alimenta a renúncia. E pensar assim, tendo esse tipo de atitude, isso é confiança.

E então, de novo, às vezes devemos pensar: “O que estou praticando não é suficiente”. Na verdade, não apenas às vezes, na maior parte do tempo devemos pensar que o que estamos fazendo não é suficiente, temos que fazer mais. A purificação na qual estou engajado, a acumulação de mérito que estou praticando, não é suficiente. Nunca é suficiente. Essa é a prática da humildade. Então isso também é realmente importante."

Dzongsar Khyentse Rinpoche

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Sugestão para a meditação

"Toda vez que começamos a praticar, ajuda se não mergulharmos imediatamente. Em vez disso, separe alguns momentos para interromper sua corrente ordinária de pensamentos. Isso é relevante principalmente se você é muito ocupado e tem apenas cinco minutos para sua prática diária [...].

Suponha que bem antes de praticar você tenha uma briga com seu noivo. Isso provavelmente vai desencadear uma corrente de pensamentos sobre o que você quer dizer para seu parceiro. Se você começar sua prática no meio disso tudo, ela não vai funcionar muito bem. É por isso que ajuda colocar um ponto nessa corrente de pensamentos durante pelo menos algum tempo.

Descobri que isso é muito, muito útil. Há na verdade incontáveis métodos para interromper a corrente de pensamentos, mas para mim, antes de praticar, apenas sento por um tempo. Cada vez que um pensamento vem, tento pará-lo cultivando um sentimento de renúncia, e faço isso de novo e de novo.

Penso que agora tenho 40 anos e, se eu conseguir viver até os 80, resta apenas metade da minha vida. Penso que desses 40 anos, vou dormir o equivalente a 20 anos. Então, agora há apenas 12 horas por dia que podem ser chamadas de vida. Se então contarmos assistir um filme por dia, comer e fofocar, sobram cerca de 5 horas. De 40 anos, isso quer dizer que sobram oito, e a maior parte irá embora ao nos permitirmos a paranóia, ansiedade e tudo mais [...]. Na verdade, há muito pouco tempo para a prática!

Isso deve dar a vocês uma ideia de como interromper a cadeia de pensamentos. Não pule imediatamente para dentro da prática; em vez disso, apenas observe-se, veja sua vida, veja o que está fazendo. Se está praticando dez minutos por dia, você deveria tentar interromper a corrente por pelo menos dois ou três minutos.

Fazemos isso para transformar a mente, invocando um sentimento de renúncia. Quando pensamos “estou morrendo. Estou me aproximando da morte” e outras ideias do tipo, isso realmente ajuda."

Dzongsar Khyentse Rinpoche

domingo, 16 de setembro de 2012

Apenas dois dias de vida

“Quando começamos a compreender, não apenas intelectualmente mas emocionalmente, que todas as coisas compostas são impermanentes, então nosso apego diminui. A convicção de que nossas posses e pensamentos são valiosos, importantes e permanentes começa a se soltar.

Se fossemos avisados de que temos apenas dois dias de vida, nossas ações mudariam. Não ficaríamos preocupados em deixar os sapatos paralelos, em passar ferro na roupa íntima ou colecionar perfumes caros. Poderíamos ainda fazer compras, mas com uma nova atitude.

Se soubermos, mesmo só um pouco, que alguns de nossos conceitos, sentimentos e objetos familiares existem apenas como um sonho, desenvolvemos um senso de humor muito melhor. Reconhecer o humor em nossa situação evita o sofrimento.

Ainda vivenciamos as emoções, mas elas não podem mais nos pregar peças ou nos iludir. Ainda podemos nos apaixonar, mas sem medo de ser rejeitado. Iremos usar nosso melhor perfume e creme facial em vez de guardá-los para uma ocasião especial. Assim, todo dia se torna um dia especial.”

Dzongsar Khyentse Rinpoche
(em "O Que Faz Você Ser Budista?")

sábado, 15 de setembro de 2012

Observar o sofrimento

"Meu treinamento envolve certo sofrimento, porque compreender o sofrimento é o caminho indicado por Buda para atingirmos a iluminação. Ele quer que nós observemos o sofrimento, compreendamos como este se originou, o seu fim e o caminho que conduz a esse fim. Foi esse o método seguido por todos aqueles que se iluminaram. Se você não seguir por esse caminho, na realidade não haverá caminho nenhum."

Ajahn Chah
(em "Everything Arises, verything Falls Away") 

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Absolutamente tudo é inconstante

"Quando sua mente estiver calma, não pense, 'ah! alcancei a paz!', porque na verdade nada é tão certo assim.

Entende isso? Você pode vir a ficar doente ou enjoado das coisas que mais gosta. Isso se deve à impermanência de tudo e isso é algo que você deveria lembrar. O prazer é inconstante. A infelicidade é inconstante. O afeiçoar-se é inconstante. A tranquilidade é inconstante. A agitação é inconstante. Absolutamente tudo é inconstante. Portanto, seja o que for que ocorra, devemos sempre lembrarmo-nos disso, pois só assim não seremos pegos por nada. Toda experiência é inconstante porque sua natureza é, na realidade, impermanente. Impermanência significa que as coisas não são fixas ou estáveis. Simplificando, essa é a verdade transmitida por Buda."

Ajahn Chah
(em "Everything Arises, Everything Falls Away")

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Tudo é apenas sua criação

"Um escultor pode criar uma linda mulher com mármore, mas ele deve saber bem como não se apaixonar pela criação. Como Pigmalião com sua estátua de Galatéia, nós também criamos nossos amigos e inimigos, mas nos esquecemos que é assim. Devido à ausência do estado desperto em nós, nossas criações são transformadas em algo sólido e real, e vamos ficando cada vez mais enroscados. Quando você compreender por inteiro, não apenas intelectualmente, que tudo é apenas sua criação, você será livre."

Dzongsar Khyentse Rinpoche
(em "Que Faz Você Ser Budista?")

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Apenas obstáculos e nada mais

"Quando pequenos obstáculos surgem no caminho espiritual, um bom praticante não perde a fé e começa a duvidar, mas tem o discernimento para reconhecer as dificuldades, quaisquer que sejam, pelo que elas são: apenas obstáculos e nada mais. É da natureza das coisas: quando você reconhece um obstáculo assim, ele deixa de ser um obstáculo. Igualmente, falhar em reconhecer um obstáculo pelo que ele é — e, dessa forma, levá-lo muito a sério — faz com que ele aumente seu poder e solidez, se tornando uma barreira de verdade.

Sempre que a dúvida surgir, então, veja-a apenas como um obstáculo, reconheça-a como uma compreensão pedindo para ser clarificada ou desbloqueada e saiba que não é um problema fundamental, apenas um estágio no processo de purificação e aprendizado. Permita que o processo continue e se complete e nunca perca sua confiança e determinação. Esse é o caminho seguido por todos os grandes praticantes do passado, que costumavam dizer: “não há armadura como a perseverança”.

Sogyal Rinpoche

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Quando odiamos

"Quando odiamos alguém, detestamos a nós mesmos também."

Thich Nhat Hanh
(em "A Essência dos Ensinamentos de Buda")

Ilusão e Compreensão

"Quando você está iludido, até mil escrituras não são suficientes.
Quando você entende, uma única palavra é demais."

(Mestre Fenyang)

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Não estamos aqui para sempre



Buda recomendou que cada pessoa deveria lembrar todos os dias que não estamos aqui para sempre. Somos convidados e essa participação pode ser encerrada a qualquer momento. Não sabemos quando, não temos a menor ideia. Sempre achamos que teremos 75 ou 80 anos, mas quem sabe? Se nos lembrarmos de nossa vulnerabilidade todos os dias, nossas vidas serão preenchidas com o entendimento de que cada momento conta, e não ficaremos tão preocupados com o futuro. Agora é a hora de crescer no caminho espiritual.

Se nos lembrarmos disso, sempre teremos uma relação especial com as pessoas à nossa volta. Elas também podem morrer a qualquer momento e, certamente, não gostaríamos que isso acontecesse quando não estamos dirigindo amor a elas. Quando lembramos isso, nossa prática se conecta com o momento e a meditação progride, porque há uma urgência nela. Precisamos agir agora. Só podemos observar esta única respiração, não a próxima.

 
Ayya Khema,
(em “When the Iron Eagle Flies”)

sábado, 8 de setembro de 2012

Iludidos pelos fenômenos


"As causas pelas quais não temos paz estão em nós. Elas se manifestam quando estamos iludidos pelos fenômenos. O que devemos fazer então é treinar a mente da maneira correta.

O que quer que você experimente está ok, apenas isso. Quando estiver envelhecendo, não pense que há algo errado. Quando suas costas doerem, não creia que há alguma espécie de falha. Quando estiver sofrendo, não pense que a situação é injusta. E quando estiver feliz, também não acredite que há algo errado.


Sofrimento é apenas sofrimento. Felicidade é tão somente felicidade. Quente é apenas quente. Frio é apenas frio. Não há nada além disso. Ganhar alguma coisa é Realidade. Perdê-la também é Realidade. Estar feliz e confortável é Realidade. Sentir-se mal também é Realidade.

Isso não significa sucumbir diante dessas condições, mas reconhecê-las. Se você sente felicidade, reconheça: "Oh! A felicidade não é permanente." Se está sofrendo, perceba: "Oh! O sofrimento não é permanente".
Portanto, não se apegue a nada."

Achaan Chah
(em "Everything Arises, Everything Falls Away")

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Liberdade absoluta

"Na meditação tu próprio és o espelho que reflete a solução dos teus problemas. O espírito humano tem liberdade absoluta no interior da sua verdadeira natureza. Podes atingir a liberdade intuitivamente. Não trabalhes para a liberdade, deixa que a prática seja ela mesma libertação. "

Dogen Zenji

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A maravilhosa natureza da mente


A Maravilhosa Natureza da Mente não nasceu e não morre. Não é existente nem não existente. Não é sem forma nem dotada de forma. Não sente dor nem prazer. Mesmo que queiras saber o que é que está a sofrer deste modo, isso é algo que não pode ser conhecido. Se apenas questionares o que é este corpo-mente que sofre, sem pensar em mais nada, sem desejar mais nada, sem perguntar mais nada, como uma nuvem que desaparece no céu, a tua mente esvaziar-se-á - deixarás de transpor o mundo da vida e da morte e serás imediatamente libertado.

Bassui
(em "Mud and Water: The Teachings of Zen Master Bassui")

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Trabalhamos com o que temos


Como encontrar os ingredientes? Simplesmente abrindo os olhos e olhando à volta. Pegamos nos materiais que estão à mão, em frente de nós, e preparamos a melhor refeição possível. Trabalhamos com o que temos em cada e a todo o momento.

Roshi Bernard Glassman
(em "Instructions to the Cook")

A única vida real


A vida é aqui, a vida é agora, onde nos encontramos. Esta é a única vida real, que não existe amanhã, que não podemos meter no bolso ou frigorífico ou nas nossas caixas-cabeças. É sempre fresca e totalmente nova onde quer que a encontremos, seja quando for que nasçamos (Agora), está sempre a chegar fresca Agora a Agora, passo a passo, encontro a encontro. A vida é a criação cósmica espontânea, vinda do abismo desconhecido do universo, este milagre, esta nova descoberta, este nascimento que nunca foi experimentado antes ou depois. Ela não existe, de forma alguma, de antemão! Ela só emerge neste ponto de encontro, agora, uma vez na eternidade.

Quando a flor abre
A borboleta chega,
Quando a borboleta chega,
A flor abre."

Este é o mundo real da vida. Sempre vida nova, muito imprevisível, surgindo inesperadamente, sem qualquer fixação. Encontrar (experimentar) em toda a eternidade o lótus que se abre (Aqui-Agora) é a verdadeira vida, e momento a momento, milagre a milagre, AGORA, é a oportunidade real para despertar, para ter esse encontro, o lótus da Vida.

Hogen Daido
(em "Folhas Caem, Um Novo Rebento")

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Não confundir a mente com os fenômenos

"Na meditação, nós trabalhamos para desenvolver a mente alerta, de forma que essa permaneça sempre desperta. Trabalhando com energia e paciência, a mente pode adquirir firmeza.

Os fenômenos são uma coisa e a mente é outra. São coisas distintas. Quando entramos em contato com algo que nos dá prazer, tentamos retê-la. Quando algo nos desagrada, queremos afastar-nos dela. Essas atitudes não são ver com a mente clara, mas sim perseguir os fenômenos. Fenômenos são fenômenos, mente é mente. Temos que distinguir e reconhecer o que é a mente e o que são os fenômenos. Só então podemos ficar à vontade.

Se nos enfurecemos por alguém falar asperamente conosco, significa que estamos iludidos pelo fenômeno e apegados a ele;  a mente foi capturada pelo objeto e segue seus humores. Por favor, entenda que todas essas coisas experienciadas externamente e internamente não são nada além de decepções. Elas não são certas ou verdadeiras, e ao persegui-las, nos perdemos.

Se não entendemos o Dharma, se não conhecemos a mente e não reconhecemos os fenômenos, confundiremos a mente e os fenômenos. Então, experimentamos sofrimento e sentimos como se nossa mente estivesse sofrendo. Sentimos nossa mente vagando, infeliz, mudando o tempo todo. Mas não é esse realmente o caso: não há mentes diversas, mas sim diversos fenômenos.

As pessoas sentem suas mentes infelizes ou aflitas mas na realidade não há nada mais feliz e confortável do que a mente. Lembre-se disso: quando vocês experimentarem essas coisas no futuro, recordem, "Achaan Chah disse, 'Isso não é a mente.' "

Achaan Chan
(em "Everything Arises, Everything Falls Away")