domingo, 31 de março de 2019


A mente não pode libertar-se a si mesma, pois todos os seus esforços para se libertar apenas tecem outra teia, na qual ela novamente se prenderá. Ser livre não é estar livre de algo, não é um estado de libertação de um cativeiro. A liberdade é um estado de ser que não resulta do anseio por ser livre.


Jiddhu Krishnamurti
(em “Comentários Sobre o Viver” – volume 3)



sábado, 30 de março de 2019


Quando percebo a igualdade de todas as coisas
Esqueço tudo sobre meus amigos próximos e meus parentes
Tudo bem esquecer os objetos de seu apego

Quando percebo a sabedoria além do pensamento
Esqueço todas as coisas contidas no percebedor e percebido
Tudo bem esquecer essas causas de felicidade e sofrimento

Além da memória, além dos sentimentos
Esqueço tudo sobre experiências, as boas e as ruins
Tudo bem esquecer delas, simplesmente surgem e cessam

Quando sei que as três kayas são naturalmente presentes
Esqueço tudo sobre a prática do estágio geração da deidade
Tudo bem esquecer o Dharma feito de conceitos

Quando percebo que o resultado está dentro de mim
Esqueço tudo sobre os resultados que tem que empenhar-se e esforçar-se para obter
Tudo bem esquecer o Dharma da verdade relativa

Meditando sobre as instruções principais
Esqueço todas as outras explicações e seus termos convencionais
Tudo bem esquecer o Dharma que o faz arrogante

Quando percebo que as aparências são meus textos
Esqueço tudo sobre esses grandes livros com suas letras negras
Tudo bem esquecer o Dharma que é apenas um fardo pesado


Milarepa

sexta-feira, 29 de março de 2019


A austeridade não se encontra em qualquer símbolo ou ato exterior, como usar uma tanga ou um hábito de monge, fazer apenas uma refeição por dia ou viver como eremita. Austeridade é a simplicidade da solidão interior, a simplicidade de uma mente purificada de todo conflito, que não está presa na chama do desejo, mesmo o desejo mais elevado. Sem essa austeridade não pode haver amor, que é onde a beleza reside.


Jiddhu Krishnamurti
(em “Comentários Sobre o Viver” – volume 3)



quinta-feira, 28 de março de 2019



Para praticar, você usa a mente para agir sobre a mente. Ou seja, você usa um pensamento deludido – o “método” – para reduzir seus outros pensamentos deludidos. Mas o verdadeiro Chan não tem método algum. Não-método é praticar sem nada na mente e estar claramente consciente de que não há nada em sua mente. Mantenha esse estado de não-mente momento a momento. Se algum pensamento surgir, volte ao estado de não-mente.


Sheng Yen
(em “Faith in Mind”)



quarta-feira, 27 de março de 2019


O amor não é mero prazer, que é algo da memória; é um estado de intensa vulnerabilidade e beleza, que é negado quando a mente ergue muralhas de atividades autocentradas. O amor é vida e, portanto, também é morte. Negar a morte e apegar-se à vida implica negar o amor.


Jiddhu Krishnamurti
(em “Comentários Sobre o Viver” – volume 3)



terça-feira, 26 de março de 2019



O verdadeiro praticante não despreza qualquer ambiente caótico, e nem busca embrenhar-se nas montanhas.  Ele simplesmente flui com as causas e condições que se apresentam. Onde quer que esteja, ali é seu lugar de prática. Ele não se sente incomodado em meio à multidão e tampouco sente-se solitário num lugar isolado.


Sheng Yen
(em “Faith in Mind”)

segunda-feira, 25 de março de 2019

Sem palavras

O Dharma está se revelando a cada momento, mas somente quando a mente está quieta podemos entender o que ele diz, pois o Dharma ensina sem palavras.


Ajahn Chah


domingo, 24 de março de 2019



A imaginação não tem lugar na meditação; ela deve ser completamente descartada, pois a mente que nela está presa só pode gerar ilusões. A mente deve estar clara, sem movimento, e à luz dessa claridade, o atemporal se revela.


Jiddhu Krishnamurti
(em “Comentários Sobre o Viver” – volume 3)



sábado, 23 de março de 2019


Nós lemos o mundo de uma forma equivocada e depois dizemos que ele nos ludibria.


Rabidranath Tagore

sexta-feira, 22 de março de 2019



Que a mente esteja vazia, e não repleta das coisas da mente. Assim, há apenas a meditação, e não um meditador que está meditando.


Jiddhu Krishnamurti
(em “Comentários Sobre o Viver” – volume 3)

quinta-feira, 21 de março de 2019



Não se esforce tanto por saber. Quando cessa todo o esforço por saber, surge algo não concebido pela mente. O desconhecido é maior que o conhecido; o conhecido não é mais que um barco no oceano do desconhecido. Deixe que todas as coisas passem e sejam.

                                                        
Jiddhu Krishnamurti
(em “Comentários Sobre o Viver” – volume 3)



quarta-feira, 20 de março de 2019



A mente é produto do tempo, assim como todo pensamento é seu resultado; e o pensamento que trabalha para se libertar do tempo apenas fortalece sua escravidão a ele. O tempo existe apenas quando há um hiato psicológico entre o que é e o que deveria ser, que é o chamado ideal, o objetivo. Estar cônscio da falsidade de todo esse modo de pensar implica libertar-se dele – o que não exige qualquer esforço, qualquer prática. A compreensão é imediata, não pertence ao tempo.  


Jiddhu Krishnamurti
(em “Comentários Sobre o Viver” – volume 3)



terça-feira, 19 de março de 2019



Não importa o nome pelo qual é chamada, a verdade é sempre nova, viva. Ela deve ser descoberta como nova a cada momento, não é uma experiência que possa ser repetida. Ela não tem continuidade, é um estado atemporal. Não é um estado a ser alcançado, não é um ponto em direção ao qual a mente pode evoluir, crescer.


Jiddhu Krishnamurti
(em “Comentários Sobre o Viver” – volume 3)

segunda-feira, 18 de março de 2019


Se você se apega a qualquer pensamento ou emoção, grande ou pequena, e permite que sua mente apegue-se a ela, você não é diferente de uma pessoa comum.

Encare sua emoção e olhe diretamente para sua mente. Ao olhar com cuidado, não há nada a ser visto. Então relaxe completamente, deixe tudo seguir por si e repouse nesse vazio.


Jamgon Kongtrul Lodro Thaye

domingo, 17 de março de 2019


As regras do carma funcionam assim: quanto mais fervorosamente criamos fronteiras artificiais dentro da ausência de fronteiras, mais nos debateremos em nosso reino de coisas que não têm conserto. Quanto mais nos expandimos para acomodar as coisas, mais suaves se tornam as fronteiras do eu e do outro e vamos nos aproximando da qualidade da ausência de fronteiras. Uma postura nos mantém no escuro; a outra nos move para fora do escuro. Uma cria sofrimento; a outra revela as qualidades naturais do amor, compaixão e compreensão que são liberadas quando despertamos para a interdependência.


Elizabeth Mattis-Namgyel
(em “O Poder de Uma Pergunta Aberta”)

sábado, 16 de março de 2019


A palavra sânscrita karma simplesmente significa atividade. Qual atividade estamos descrevendo aqui? É a atividade da objetificação.

O carma não predetermina nada. Na verdade, carma é apenas o movimento da experiência objetificada. O carma é a lei natural e impessoal de causa e efeito. Enquanto objetificarmos as coisas, continuaremos a viver em um mundo que segue os ditames do carma.


Elizabeth Mattis-Namgyel
(em “O Poder de Uma Pergunta Aberta”)

sexta-feira, 15 de março de 2019


Se nos refugiarmos na própria mente desperta – corajosa e ilimitada – no lugar do chão aparentemente sólido, isto afugenta todo o medo no momento que mais precisamos.


Pema Chodron
(em “Sem Tempo a Perder”)

quinta-feira, 14 de março de 2019


Tens tomado tua vida como real, mas ela te trapaceará.
Sua natureza é mutável e ela não tem realidade.
Através da compreensão de sua personalidade trapaceira,
Por favor pratique o dharma deste dia em diante.

Longchenpa

quarta-feira, 13 de março de 2019


Quando sua percepção do vazio de todos os fenômenos se torna tão vasta quanto o céu, sua confiança na lei da causa e efeito das ações crescerá na mesma medida, e você se tornará consciente do real significado de cada atitude sua. A verdade relativa é inseparável da verdade absoluta. A profunda compreensão da natureza vazia de todas as coisas nunca levou ninguém a acreditar que ações positivas não criam felicidade e que ações negativas não causam sofrimento.


Dilgo Khyentse Rinpoche
(em “The Heart of Compassion”, Shambhala 2007)

terça-feira, 12 de março de 2019


É importante olhar diretamente a natureza dos pensamentos quando eles surgem.
É importante permanecer nessa natureza.
É importante ter a meditação sem meditação como sua meditação.
Sem turbulências, mantenha-a. Este é meu conselho.


Longchenpa

segunda-feira, 11 de março de 2019


Qualquer coisa que nos leve para além da autocentralidade lança sementes positivas em nossa corrente mental. Com as causas e condições corretas, essas sementes florescerão em circunstâncias afortunadas.


Pema Chodron
(em “Sem Tempo a Perder”)

domingo, 10 de março de 2019


O estado búdico não está em qualquer outro lugar, mas em nós mesmos.
Ó meditadores, vocês que mantém suas mentes focadas,
Não mantenham sua mente num lugar apenas, mas deixem-na seguir à vontade.
A mente é vazia, onde quer que vá ou fique.
O que quer que surja é o jogo da sabedoria.


Longchenpa

sábado, 9 de março de 2019

Quando olhamos para alguma coisa, nós a vemos por alguns instantes, e então nossos julgamentos, nossas opiniões, nossas comparações entram imediatamente em cena. Eles se tornam filtros que se colocam entre nós e aquilo que estamos observando, e esses filtros nos levam cada vez mais para longe daquilo que de fato é. Acabamos ficando apenas com as nossas impressões e idéias, mas a coisa em si se perde. Isto é especialmente verdadeiro quando se trata de pessoas.


Jetsunma Tenzin Palmo

sexta-feira, 8 de março de 2019


Permaneça serenamente presente
deixe que as coisas sigam seu curso
e seja feliz no estado natural.

Abandone as complicações de sua vida
e as confusões de seus dias
e em quietude, nada intencionando,
contemple a natureza da mente.

Esse conselho vem do coração:
empenhe-se inteiramente na contemplação do que surgir
e a compreensão nascerá;
pratique o desapego perfeito
e a delusão irá dissolver-se;
abandone qualquer intenção
e a ilusão desvanecerá.

O que quer que se apresente,
seja o que for,
é com isso que você deve lidar
e sem rejeitar
mas também sem apegar-se,
mantendo um contínuo fluir,
livremente sereno
e entregando-se à plena contemplação
você alcançará a realização.



Longchenpa

quinta-feira, 7 de março de 2019


“Só encontraremos aquilo que é indestrutível em nós à medida que nos expusermos cada vez mais à destruição”

De algum modo, mesmo antes de conhecer os ensinamentos budistas, sabia que esse era o espírito do verdadeiro despertar. Tudo se resume ao total desprendimento.


Pema Chodron
(em “Quando Tudo Se Desfaz”)

quarta-feira, 6 de março de 2019


Agir como um Buda é ser de coração aberto a cada momento, com curiosidade, fascínio e bravura. É ser livre.


eu

terça-feira, 5 de março de 2019


Quando olhamos para qualquer um dos mestres realizados da linhagem da nossa tradição, nunca os vemos lutando com indigestões conceituais  emocionais do jeito que fazemos. Eles absorvem todas as experiências como um só sabor, utilizando tudo como alimento para a realização. A experiência se move através de seus corpos, através de sua consciência, e os nutre. Os grandes mestres estão sempre “comendo”, e o que quer que eles comam gera energia, inteligência e compaixão ilimitadas.


Elizabeth Mattis-Namgyel
(em “O Poder de Uma Pergunta Aberta”)

segunda-feira, 4 de março de 2019


O que aconteceria se, em vez de organizar o mundo para se ajustar ao “eu”, parássemos de manipular tudo e simplesmente permanecêssemos presentes para a nossa vida?


Elizabeth Mattis-Namgyel
(em “O Poder de Uma Pergunta Aberta”)


domingo, 3 de março de 2019


O caminho budista é, por sua própria natureza, um caminho de engajamento. Quando nos tornamos grandes o suficiente para incluir todos os seres em nosso amor e cuidado – quando acomodamos tudo – nos engajamos completamente com o mundo. Estamos bem ali com todo mundo e todas as coisas.


Elizabeth Mattis-Namgyel
(em “O Poder de Uma Pergunta Aberta”)

sábado, 2 de março de 2019


É emocionante chegar cada vez mais perto da auto-disciplina. Você faz o seu corpo ir e tudo dói; então você olha para trás com admiração para si mesmo, o que você fez, aquilo abre sua mente. Leva ao êxtase, à auto-realização. Se você ganhar o suficiente dessas batalhas, a batalha contra si mesmo, pelo menos por um momento, torna-se mais fácil vencer as batalhas do mundo.


Jeff Sniper
(montanhista da Costa Oeste americana - extraído do blog Sangha Virtual)


sexta-feira, 1 de março de 2019


Nada é como imaginamos. O vazio não é o que pensávamos. Nem a atenção plena, o medo ou a compaixão. Amor, natureza búdica, coragem. São palavras que nos indicam o que a vida realmente é quando deixamos que as coisas se desintegrem e nos permitimos estar ligados ao momento presente.


Pema Chodron
(em “Quando Tudo Se Desfaz”)