Sabe, tenho tentado ficar cada
vez menos autocentrado em minha história, meus problemas, meus macaquinhos da
mente. Tenho tentado perceber que não sou tão importante assim e que o
mundo e as coisas não giram ao meu redor. Que as dores afligem a mim e a todos
os seres – e na maioria dos casos a deles é bem maior, muito maior que as
minhas.
Tudo isso a gente sabe em teoria, mas
continuamos a agir como se fossemos o centro do mundo, não é?
Tenho, de certa forma, deixado que a
vida flua, e procurado fazer as coisas – mesmo as resoluções dos problemas – em
harmonia com ela. E sabe que isso tem me ajudado muito? Nesse princípio de ano
complicado, principalmente com o ocorrido lá em casa, isso me ajudou muito a
não desanimar, não ficar abatido, a dar um passo de cada vez, a saber esperar
que o processo ocorra como tem que ocorrer.
Mas isso não é mérito meu! Ao
contrário, o “eu” saiu do caminho: fico atento ao que devo fazer, faço, e sigo
em frente. É como se as decisões e o próximo passo a ser dado se manifestassem
à minha frente. Com isso, estou mais voltado para fora, mais compreensivo com
as pessoas, e as entendo melhor. Exatamente como a Pema Chodron escreveu e também como
o Matthieu Ricard fala em seu livro. Saí de mim e comecei a ver mais os outros.
Amigo, ao contrário do que possa
parecer, isso tira um imenso peso das costas! Sair de si e voltar-se para os outros
deixa a vida mais leve, menos autocentrada, menos “ficcional”, porque paramos
de ouvir as queixas, reclamações e histórias (muitas vezes erradas) da nossa
mente. Considero que essa foi uma das maiores descobertas da minha vida.
Já havia lido muito sobre isso, mas agora que coloquei em prática percebo o
quão poderoso e eficaz é sairmos de nós e olharmos compassivamente para os
outros.
Ás vezes, quando me perguntam como
estou, respondo com naturalidade, mas atento para perceber se não estou me colocando
como vítima, ou em destaque na história, ou fazendo uma “novela” sobre mim. Felizmente,
isso não tem ocorrido. Digo o que deve ser dito, sem acréscimos de egocentrismo
ou ficção, ou desejo de conquistar a simpatia alheia. Fluo, apenas.
Mas repito, não é nenhum mérito.
A vida vai se estabilizar. E depois
irá chacoalhar de novo, porque é assim mesmo.
Um abraço.