segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Dominar a percepção do sofrimento




Já que é a mente que traduz o sofrimento em infelicidade, é da responsabilidade da mente dominar a percepção que tem do sofrimento. A mente é maleável. Uma mudança, mesmo que pequena, no modo como lidamos com os nossos pensamentos, como percebemos e interpretamos o mundo, pode transformar significativamente a existência. Mudar o modo como experienciamos as emoções transitórias leva a uma alteração da nossa disposição, do nosso ânimo, provocando uma transformação duradoura na nossa maneira de ser. Essa “terapia” tem como alvo os sofrimentos que afligem a maior parte de nós busca promover o nosso florescimento, dando-nos uma orientação para a vida.

Matthieu Ricard
(em “Felicidade – A Prática do Bem-Estar”)

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Einstein: compaixão por tudo





O ser humano é uma parte do que chamamos “Universo”, uma parte limitada pelo tempo e espaço. Ele faz a experiência de si próprio, de seus pensamentos e sentimentos como acontecimentos separados do resto; é uma espécie de ilusão ótica da sua consciência. Essa ilusão é uma forma de prisão para nós, pois nos restringe a nossos desejos pessoais e nos obriga a reservar nossa afeição para algumas pessoas mais próximas. Nossa tarefa devia consistir em nos libertar dessa prisão, ampliando nosso círculo de compaixão de maneira a incluir todas as criaturas vivas e toda a natureza em sua beleza.

Albert Einstein
(citado por Matthieu Ricard  em “A Revolução do Altruísmo”)


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

A plenitude que existe dentro de nós





Essencialmente, somos todos budas. Somos completamente perfeitos. Temos apenas que aprender a nossa verdadeira natureza, absolutamente imaculada, sábia e compassiva. Não estamos procurando tomar algo que está fora de nós. A renúncia é realmente apenas uma questão de soltar. Estamos nos abrindo para o que já temos – estamos nos abrindo para a plenitude que existe dentro de nós. Estamos tentando simplesmente despertar para a nossa natureza original.

Jetsunma Tenzin Palmo
(em “No Coração da Vida”)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Nossa vida nesse planeta





Bodhichitta deve ser a base de tudo o que fazemos. Nossa vida nesse planeta não é para o nosso próprio bem, para o nosso próprio conforto e prazer. Nossa vida não é nem mesmo apenas para o nosso próprio progresso espiritual. Estamos aqui para aprender, praticar e nos colocarmos em posição de ajudar no aprendizado e na prática dos outros.

Jetsunma Tenzin Palmo
(em “No Coração da Vida”)


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

O Cerne da contemplação budista



Reconhecer a emoção no momento em que ela surge, compreender que ela não é nada mais do que um pensamento – desprovido de existência intrínseca -, permitir que ela se dissipe de maneira a evitar a reação em cadeia a que via de regra daria origem são atitudes que estão no cerne da prática contemplativa budista.

Matthieu Ricard
(em “Felicidade – A Prática do Bem-Estar”)


terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

O que é a felicidade



A felicidade não está ligada a uma ação, a uma atividade, mas é um estado de ser, um profundo equilíbrio emocional decorrente de uma sutil compreensão do funcionamento da mente.

Matthieu Ricard
(em “Felicidade – A Prática do Bem-Estar”)



segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O tesouro sob o barraco



Cada ser tem em si mesmo o potencial para a perfeição, da mesma maneira que cada semente de gergelim tem seu próprio óleo. Ignorância, nesse contexto, significa não estar consciente desse potencial, como um mendigo que não sabe da existência de um tesouro enterrado sob seu barraco. Conhecer a nossa verdadeira natureza, e tomar posse desse tesouro esquecido, nos permite viver uma vida repleta de significado. Esse é o caminho mais seguro para encontrar a serenidade e deixar florescer o altruísmo genuíno.

Matthieu Ricard
(em “Felicidade – A Prática do Bem-Estar”)




domingo, 21 de fevereiro de 2016

eu - mensagem a um amigo



Sabe, tenho tentado ficar cada vez menos autocentrado em minha história, meus problemas, meus macaquinhos da mente.  Tenho tentado perceber que não sou tão importante assim e que o mundo e as coisas não giram ao meu redor. Que as dores afligem a mim e a todos os seres – e na maioria dos casos a deles é bem maior, muito maior que as minhas.

Tudo isso a gente sabe em teoria, mas continuamos a agir como se fossemos o centro do mundo, não é?

Tenho, de certa forma, deixado que a vida flua, e procurado fazer as coisas – mesmo as resoluções dos problemas – em harmonia com ela. E sabe que isso tem me ajudado muito? Nesse princípio de ano complicado, principalmente com o ocorrido lá em casa, isso me ajudou muito a não desanimar, não ficar abatido, a dar um passo de cada vez, a saber esperar que o processo ocorra como tem que ocorrer.

Mas isso não é mérito meu! Ao contrário, o “eu” saiu do caminho: fico atento ao que devo fazer, faço, e sigo em frente. É como se as decisões e o próximo passo a ser dado se manifestassem à minha frente. Com isso, estou mais voltado para fora, mais compreensivo com as pessoas, e as entendo melhor. Exatamente como a Pema Chodron escreveu e também como o Matthieu Ricard fala em seu livro. Saí de mim e comecei a ver mais os outros.

Amigo, ao contrário do que possa parecer, isso tira um imenso peso das costas! Sair de si e voltar-se para os outros deixa a vida mais leve, menos autocentrada, menos “ficcional”, porque paramos de ouvir as queixas, reclamações e histórias (muitas vezes erradas) da nossa mente.  Considero que essa foi uma das maiores descobertas da minha vida. Já havia lido muito sobre isso, mas agora que coloquei em prática percebo o quão poderoso e eficaz é sairmos de nós e olharmos compassivamente para os outros.

Ás vezes, quando me perguntam como estou, respondo com naturalidade, mas atento para perceber se não estou me colocando como vítima, ou em destaque na história, ou fazendo uma “novela” sobre mim. Felizmente, isso não tem ocorrido. Digo o que deve ser dito, sem acréscimos de egocentrismo ou ficção, ou desejo de conquistar a simpatia alheia. Fluo, apenas.

Mas repito, não é nenhum mérito.

A vida vai se estabilizar. E depois irá chacoalhar de novo, porque é assim mesmo.

Um abraço.


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Compaixão Inquebrantável




Apenas a compaixão não é suficiente, as pessoas precisam de um auxílio efetivo. Enquanto suas mente continuarem aprisionadas pelo apego, oferecer comida, roupas, dinheiro ou simplesmente afeto, lhes trará somente uma alegria limitada e temporária. Precisamos encontrar um meio de de libertá-las completamente do sofrimento. E isso só pode ser feito se colocarmos em prática os ensinamentos de Buda.

A verdadeira compaixão é dirigida imparcialmente a todos os seres, sem qualquer distinção entre os que são amigos e os que são inimigos. Tendo essa compaixão em mente, devemos fazer com que até mesmo o mais simples gesto - como oferecer uma flor ou o entoar um mantra – seja realizado com o desejo de que todos os seres vivos, sem distinções,  sejam beneficiados.

Os grandes mestres do passado consideravam o reconhecimento da impermanência e a prática da compaixão como o mais precioso entre todos os ensinamentos. Incansavelmente eles cultivaram o amor, a compaixão, a alegria e a equanimidade – os Quatro Pensamentos Incomensuráveis – que são a fonte de onde surge a habilidade em auxiliar aos outros.

Dilgo Khyentse Rinpoche
(citado por Matthieu Ricard em “On The Path of Enlightenment: Heart Advices from The Great Tibetan Masters”)


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Felicidade verdadeira




A felicidade verdadeira está dentro de você, e não fora. E felicidade significa esquecer desse mundo. Deixe que o mundo siga por si, não o combata, porém saiba que ele não é real. Faça o que tiver que fazer, porém desapegadamente, por saber que tudo o que sente, percebe e alcança é ilusão. Tudo isso não existe, e é preciso que você aceite isso.

Sri Ranjit Maharaj
(em “Illusion vs. Reality”)


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Ilusão e Verdade




“Deciframos erradamente o mundo e dizemos que ele nos engana”, escreveu Rabindranath Tagore. Tomamos como permanente o efêmero e consideramos felicidade o que não passa de fonte de sofrimento: o desejo de riqueza, de poder, de fama, de prazeres obsessivos. Segundo Chamfort, “o prazer pode se apoiar na ilusão, mas a felicidade repousa sobre a verdade”.

O mundo da ignorância e do sofrimento – chamado em sânscrito de samsara – não é uma condição fundamental da existência, mas um universo mental, baseado na nossa concepção errônea da realidade.

Matthieu Ricard
(em “Felicidade – A Prática do Bem-Estar”)


terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Vasanas




Vasanas são os hábitos da mente. São as interpretações equivocadas e os padrões de pensamentos que se repetem infindavelmente. São as vasanas que obstruem a percepção da Essência. Elas surgem, prendem sua atenção e o puxam para as distrações do mundo, ao invés de trazê-lo para a Essência. Isso acontece com tanta frequência que a mente nunca tem a chance de repousar e reconhecer sua natureza verdadeira.

Os vasanas parecem-se também com imensas montanhas que surgem em seu caminho, impedindo o seu progresso. Não se intimide com seu tamanho. Não são montanhas feitas de pedra, mas sim montanhas de éter. Se você acender a luz da atenção discriminativa, elas queimarão até que não reste mais nada. Afaste-se das montanhas de problemas, recuse reconhecer que eles são reais, e então elas se dissolverão  e desaparecerão diante de seus olhos.

Seja quem você é. Seja como você é. Aquiete-se. Ignore as vasanas que surgirem na mente e fixe sua atenção na Essência.


Annamalai Swami


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

A felicidade do outro





Desde 1989 tenho a honra de servir de intérprete francês ao Dalai Lama, que tem por hábito dizer “Minha religião é a bondade” e cuja quintessência do ensinamento é: “Todo ser, mesmo hostil, teme como eu o sofrimento e busca a felicidade. Esta reflexão leva a nos sentir profundamente mobilizados pela felicidade do outro, amigo ou inimigo. É a base da compaixão autêntica. Buscar a felicidade permanecendo indiferente aos outros é um erro trágico”.

Há alguns anos, quando me preparava para partir em retiro nas montanhas do Nepal, solicitei ao Dalai Lama alguns conselhos e ele me respondeu: “No início medite sobre a compaixão, no meio medite sobre a compaixão, no fim medite sobre a compaixão.”

Matthieu Ricard
(em “A Revolução do Altruísmo”)


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Viver plenamente cada momento





Alegria e felicidade nascem da concentração. Quando você  bebe uma xícara de chá, o valor dessa experiência depende de sua concentração. Você deve apreciá-lo com 100% do seu ser.

O verdadeiro prazer é experimentado na concentração. Quando você caminha e está 100% concentrado, a alegria que sente a cada passo é muito maior do que se estivesse distraído. Você deve investir 100% do seu corpo e mente no ato de caminhar. Só então você sentirá que estar vivo e caminhar por esse planeta são eventos milagrosos.

A vida é muito preciosa para que nos percamos em meio às nossas ideias e conceitos, a nossa raiva e o nosso desespero.  Precisamos despertar para a maravilhosa realidade da vida. Precisamos começar a viver plenamente e verdadeiramente, a cada momento de nossos dias.

Thich Nhat Hanh
(em “The Pocket Thich Nhat Hanh”)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Honrar a sua Essência





Todos são budas, mas não reconhecem sua natureza búdica por estarem sempre buscando algo além. Você não ama e honra a sua Essência. E a sua Essência é o próprio Buda. Mas você não acredita nisso por estar apegado a algo que é temporário, impermanente e falso.


H. W. L. Poonja (Papaji)


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Encarar nossas vísceras





Temos medo de encarar a nós mesmos, esse é o problema. Conhecer o nível mais profundo de nossa existência é muito embaraçoso para a maioria das pessoas. Muitos se voltam para aquilo que, acreditam, irá libertá-las sem a necessidade de se conhecerem. Mas isso é impossível, não podemos agir assim. Precisamos ser honestos. Precisamos encarar nossas vísceras, nossos excrementos, nossos aspectos mais indesejáveis. Essa é, basicamente, a essência do guerreiro. O que estiver ali precisa ser encarado, analisado, estudado e trabalhado através da meditação.

Chogyam Trungpa Rinpoche
(em “The Pocket Chogyam Trungpa”)


terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Abandonar o mundo



A muralha brilhante que nos acorrenta é o egoísmo. Sempre pensamos, “eu faço isso, eu faço aquilo, etc.”. Libertem-se desse mesquinho eu! Matem esse demônio que reside em vocês. Até que abandonemos esse mundo manipulado pelo ego não poderemos entrar no reino dos céus. Ninguém jamais conseguiu e ninguém jamais conseguirá. Abandonar o mundo é livrar-se do ego, esquecê-lo completamente. É viver no corpo mas não pertencer a ele.

Swami Vivekananda
(em “Platicas Inspiradas”)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

A Lei da Vida



Dizemos, daqueles que alcançam a Identidade, que vivem em Deus. Odiar significa usar o pequeno eu para matar o Eu Real, pois o amor é a Lei da Vida. Elevar-se a esse ponto é ser perfeito, mas quanto mais nos aproximamos da perfeição menos “trabalho” (por assim dizer) faremos, pois saberemos que o mundo é uma brincadeira de inocentes e não mais nos preocuparemos com nada.

Swami Vivekananda
(em “Platicas Inspiradas”)

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Desfrutando o nosso verdadeiro lar





Quando paramos de falar e pensar compulsivamente e passamos a apreciar a nossa respiração consciente, começamos a desfrutar o nosso verdadeiro lar. E podemos assim tocar profundamente as maravilhas da vida. Esse é o caminho que Buda ensinou a nós. Quando você inspira, o faz com todo o ser, corpo e mente: você é completamente um. Munido com essa energia de atenção plena e concentração, você dá o primeiro passo. E se você puder dar o próximo passo, você poderá dar o passo seguinte, e o seguinte... Você reconhece então que esse é o seu verdadeiro lar: você está vivo, você está plenamente presente, você está tocando a vida como uma realidade. Seu verdadeiro lar é uma sólida realidade que você pode tocar com seus pés, suas mãos, e com sua mente.

Thich Nhat Hanh
(em “The Pocket Thich Nhat Hanh”)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Perfume





Somente depois de aceso o incenso oferece seu perfume. Da mesma maneira, só após iluminar-se com o reconhecimento da Essência é que a mente revela sua natureza, que é serenidade, alegria, sabedoria e amor. Esse é o perfume da própria Essência.

Mooji
(em “Writing on Water”)


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Seu verdadeiro lar




Seu verdadeiro lar é no aqui e agora. Ele não é limitado por tempo, espaço, nacionalidade ou raça. Seu verdadeiro lar não é uma ideia abstrata, é algo que você pode tocar e viver a cada momento. Com atenção plena e concentração, que são as energias do Buda, você pode encontrar seu verdadeiro lar no relaxamento de sua mente e corpo no momento presente. E isso ninguém pode tirar de você.

Thich Nhat Hanh
(em “The Pocket Thich Nhat Hanh”)


terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Não há nenhuma prática a ser seguida





Do silêncio você veio e para o silêncio você retornará, essa é a Realidade Fundamental. A idéia de que há algo a ser feito, de que há uma prática a ser completada, é equivocada. O que há para ser feito? Qual é a prática a ser seguida? Você deve apenas aquietar-se. Se reconhecer isso terá feito tudo o que realmente importa, caso contrário continuará buscando e buscando por milhões de anos, achando sempre que há algo a ser feito.

Não há nenhuma prática a ser seguida. A ideia de que você deve seguir alguma prática, de que você está preso, de que tem que se libertar, tudo isso é apenas conceitual, fruto de sua mente. Você é fundamentalmente livre o tempo todo, e saber disso é tudo o que precisa. A única barreira é achar que não é livre. Esse é o obstáculo. Remova esse obstáculo e terá feito aquilo que chama de “completar a prática”.

H. W. L. Poonja (Papaji)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Sua vida é a mensagem





(Nove anos atrás perguntaram a Thay: "Esse ano você faz 80 anos. Você planeja se aposentar?" Essa foi sua resposta)

No budismo, vemos que o ensinamento é dado não só pela fala, mas também vivendo a sua própria vida. Sua vida é o ensinamento, é a mensagem. E enquanto eu continuar a me sentar, caminhar, comer, interagir com a Sangha e as pessoas, eu continuarei a ensinar, mesmo que já esteja incentivando meus alunos mais antigos a começar a substituir-me em dar palestras sobre o Dharma. Nos últimos dois anos, tenho pedido a professores de Dharma, não só no círculo monástico, mas também no círculo leigo, virem para dar palestras sobre o Dharma. Muitos deles têm dado maravilhosas palestras sobre o Dharma. Algumas palestras sobre o Dharma têm sido melhores que as minhas. Eu vejo a minha continuação, e eu não vou me aposentar. Eu vou continuar a ensinar, se não for por palestras de Dharma, será pela minha maneira de sentar, comer, sorrir, e interagir com a Sangha. Eu gosto de estar com a Sangha. Mesmo se eu não der uma palestra de Dharma, eu gostaria de me juntar à meditação andando, à meditação sentada, comer em plena consciência e assim por diante. Então não se preocupe. Quando as pessoas estão expostas à prática, eles ficam inspiradas. Você não precisa falar, a fim de ensinar. Você precisa viver sua vida conscientemente e profundamente. Obrigado.


Thich Nhat Hanh
(retirado do site Sangha Virtual)