quinta-feira, 30 de abril de 2015

Buscando um ao outro



Eu tenho buscado você, O Mais Honrado do Mundo,
desde que eu era uma criança.
Ao meu primeiro suspiro, eu ouvi seu chamado,
e comecei a procurá-lo, oh! Abençoado.
Eu andei por tantos caminhos perigosos
enfrentei tantos perigos,
suportei desespero, medo, esperanças e lembranças.
Eu trilhei as regiões mais distantes, imensas e selvagens,
naveguei pelos vastos oceanos,
escalei os mais altos cumes, perdidos entres as nuvens.
Eu estive morto, completamente sozinho,
nas areias de desertos antigos.
Eu contive em meu coração muitas lágrimas de pedra

Oh! Abençoado, eu sonhei com gotas de orvalho
que brilham com a luz de galáxias distantes.
Eu já deixei minhas pegadas em montanhas celestiais
e gritei do fundo do Inferno de Avici, exausto, enlouquecido de desespero
porque eu estava tão faminto, com tanta sede.
Pois por milhões de vidas,
Eu desejava vê-lo,
mas não sabia para onde olhar.
Mas sempre senti tua presença com uma misteriosa certeza.

Eu sei que por milhares de vidas você e eu temos sido um só,
e a distância entre nós é na verdade apenas um lampejo.
Ainda ontem, enquanto caminhava sozinho,
Eu vi o velho caminho juncado de folhas de outono,
e a lua brilhante, suspensa sobre o portão, surgiu de repente, como a imagem de uma velha amiga.
E todas as estrelas confirmaram que você estava lá!
Durante toda a noite, a chuva de compaixão continuou a cair,
enquanto relâmpagos brilhavam na minha janela
e surgiu uma grande tempestade,
como se a Terra e o Céu estivessem numa batalha.
Finalmente em mim a chuva parou, as nuvens se abriram.
A lua voltou,
brilhando em paz, acalmando a Terra e o Céu.
Olhando para o espelho da lua, de repente eu vi a mim,
e vi você sorrindo, oh! Abençoado.
Que estranho!

A lua da liberdade trouxe de volta para mim,
tudo o que eu pensei que havia perdido.
E a partir desse momento, e em cada momento que se seguiu,
Eu vi que nada havia desaparecido.
Não há nada que deva ser reencontrado.
Cada flor, cada pedra,  e cada folha e reconhecem.
Onde quer que eu me vire, eu vejo você sorrindo
o sorriso de não-nascimento e não-morte.
O sorriso que recebi ao olhar para o espelho da lua.
Eu o vejo sentado ali, sólido como o Monte Meru,
calmo como minha própria respiração,
sentado como se nenhuma furiosa tempestade de fogo jamais houvesse ocorrido,
sentado em completa paz e liberdade.
Finalmente eu encontrei você, oh! Abençoado,
e eu encontrei a mim mesmo.
Lá eu me sento.

O céu azul profundo,
as montanhas nevadas pintadas contra o horizonte,
e o sol vermelho brilhante cantam com alegria.
Você, Abençoado, é meu primeiro amor.
O amor que está sempre presente, sempre pura, e sempre fresco.
E eu nunca vou precisarei de um amor que um dia será chamado de 'último'.
Você é a fonte de bem-estar que flui através de inúmeras vidas confusas,
a água de sua corrente espiritual sempre pura, assim como é desde o princípio.
Você é a fonte da paz,
solidez e liberdade interior.
Você é o Buda, o Tathagata.
Com a minha atenta
Eu me comprometo a nutrir sua solidez e sua liberdade em mim
para que eu possa oferecer solidez e liberdade para outros incontáveis seres,
agora e para sempre.

Thich Nhat Hanh
(em "Call Me By My True Names")

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Não existe um portal para a iluminação




Me perguntaram hoje se é possível atingir a iluminação através da contemplação do vazio. A minha resposta foi não, contemplar o vazio não pode levar à iluminação. Na verdade, nenhuma prática espiritual pode levar à iluminação. Praticando, você pode contentar sua mente e ficar tranquilo, sem angustias. Qualquer prática pode satisfazer a mente no momento presente, mas na Iluminação Silenciosa, até mesmo esse momento presente deve ser abandonado.

Faça apenas o seguinte: não se preocupe com o passado ou o futuro, e deixe que o presente siga por si também. Apenas permaneça na consciência plena. O Chan (Zen) Budismo é chamado de "portal sem portal" por não possuir qualquer “entrada” para a iluminação. As práticas espirituais te induzem a pensar: "Ah, há um portal de entrada! Vamos encontrar a chave! " As pessoas perseguem a chave, o método certo que os tornará iluminados. Procuram pelo portal para a iluminação, e ao não encontrá-lo, podem desistir.

Na verdade, não existe portal algum. Mas de acordo com a prática de cada pessoa e suas virtuosas raízes cármicas, ela pode subitamente conseguir um acesso e tornar-se iluminada. No processo de busca, atravessa-se o portal sem portal. Em outras palavras, você descobre que a possibilidade de iluminação sempre esteve presente.


(Extraído do site The Zennist)

terça-feira, 28 de abril de 2015

Quando vier algum sofrimento


Quando vier algum sofrimento, um praticante do Caminho deveria pensar consigo: “Durante inumeráveis vidas abandonei a raiz e persegui os galhos, sendo escravo de incontáveis emoções e dando origem a muitos rancores e ódios. Os danos que causei foram ilimitados. Apesar de não errar agora, esse sofrimento é algo que vem de vidas anteriores – o resultado de minhas más ações enfim amadureceram. Esse sofrimento não me foi imposto por qualquer deus ou por seres humanos”.

Deves suportar pacientemente os sofrimentos, sem iras e nem queixas. O sutra diz: “Encontrando o sofrimento, ainda assim não se abala. Por quê? Porque ele é consciente de sua origem básica”. Quando agir assim em relação ao sofrimento, estarás de acordo com a realidade interna, e mesmo experimentando dores, avançarás no Caminho.

Bodhidharma
(em “La Aurora del Zen”)

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Como purificar a mente?



O Buda disse: “Se não tens qualquer opinião, então podes ver”.

Como purificar a mente? Não permitais que surjam pensamentos maculados (de discriminações, conceitos, opiniões). Ponha toda tua energia na Mente de Buda. Faça com que ela se mantenha sem interrupção; assim tereis serenidade, ausência de pensamentos e serás testemunha da vazia pureza fundamental.

Gunabhadra (Mestre Chan)
(em “La Aurora del Zen”)

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Flores silvestres


Você viajou dez mil passos em busca do Dharma.
Tantos longos dias em bibliotecas, copiando, copiando.
A gravidade da Tang e a profundidade da Sung são bagagens pesadas.

Aqui! Colhi para você algumas flores silvestres.
Seu significado é o mesmo
mas elas são muito mais fáceis de carregar.

Master Hsu Yun (Empty Cloud)

quinta-feira, 23 de abril de 2015

O sol oculto pelas nuvens

Aqueles que entendem a realidade não vêem diferença alguma entre nascimento-e-morte e o Nirvana, ou entre o ordinário e o santo. Objetos e conhecimentos não são dois: a verdade eterna e os fenômenos fundem-se num só. O real e o convencional são vistos como iguais; sujeira e pureza são um só. Os budas e os seres sensíveis são fundamentalmente iguais e unos.

O Grande Caminho é fundamentalmente onipresente, perfeitamente puro e basicamente existente: não se chega a ele através das causas. É como o sol oculto pelas nuvens; quando as nuvens se vão, o sol aparece em seu esplendor. De que serve então mais estudos e opiniões? Por que tanto apego às palavras escritas e faladas, e com isso retornar ao caminho cármico de nascimento-e-morte?

Gunabhadra (Mestre Chan)
(em “La Aurora del Zen”)

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Pacificar a mente



Aqueles que desejam tornar-se budas deveriam, em primeiro lugar, aprender a pacificar a mente. Antes que a mente seja pacificada, mesmo as coisas boas não são boas, e as coisas ruins são ainda piores. Quando a mente se torna pacífica e calma, nem o bem e nem o mal possuem base alguma.

Gunabhadra (Mestre Chan)
(em “La Aurora del Zen”)

segunda-feira, 20 de abril de 2015

A água que reflui é a mesma água que flui.

Não há necessidade de vagar de um lado para outro, como as ondas no mar.
A água que reflui é a mesma água que flui.
Nenhum ponto a retornar para conseguir água
Ela flui em torno de você em todos as direções
O coração do Buda e as pessoas do mundo ...
Onde há alguma diferença?

Master Hsu Yun (Empty Cloud)

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Huang Po: Um Buda surgiu no mundo



Se você praticasse mantendo sua mente em repouso o tempo todo, seja caminhando, sentado ou deitado; concentrado inteiramente em não criar pensamentos conceituais ou discriminatórios, sem dualidade, sem apoiar-se em nada externo e sem apegar-se a nada, apenas permitindo que as coisas se guissem seu curso o tempo todo, como se estivesse doente demais para preocupar-se; deixando o mundo para lá; alheio a qualquer desejo de conhecer ou ser reconhecido pelos outros; mantendo sua mente firme – todos os Dharmas preencheriam sua compreensão por completo.

Você então sentiria-se inteiramente livre. Suas habituais reações aos fenômenos diminuiriam e finalmente você ultrapassaria o mundo ilusório: as pessoas exultariam pois um Buda surgiu no mundo! O conhecimento impassível e puro implica em dar fim ao incessante fluxo de pensamentos e imagens mentais, deixando de criar o carma que aprisiona aos renascimentos sem fim – seja como deus, homem ou um infeliz no inferno.

Huang Po
(em “ The Zen Teaching of Huang Po”)

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Água e Gelo



Os seres sensíveis e a natureza de Buda possuem uma mesma identidade. São como água e gelo. Que diferença há essencialmente entre eles? A barreira sólida do gelo representa a escravidão na qual se encontram os seres sensíveis. A água anima a natureza e flui através dela: assemelha-se à pureza perfeita da natureza de Buda.

Não há nada a ser alcançado, nenhuma meta a almejar. Mesmo as coisas boas devem ser abandonadas: é assim que o nascimento-e-morte é abandonado.

Jingue (monge Chan)
(em “La Aurora del Zen”)

quarta-feira, 15 de abril de 2015

A Mente Única



A realidade da Mente não é criada e nem destruída, e as distinções entre os diversos fenômenos estão baseadas em falsas concepções. Os objetos e suas formas não existem fora das concepções da mente. Consequentemente, todas as coisas independem da linguagem que as nomeiam, independem dos nomes pelas quais são chamadas, independem de como são vistas: são, na realidade, todas iguais, sem diferenças ou mudanças, e indestrutíveis: são a Mente Única.


Jingue (monge Chan)
(em “La Aurora del Zen”)

terça-feira, 14 de abril de 2015

Superar o desejo



O homem (assim como seus parentes próximos, os animais) sentem dependência e confiança implícita em seus sentidos físicos. Na verdade, as pessoas comuns não conseguem agir de outra forma que não sob o domínio dos sentidos, como se estivessem enfeitiçadas por eles, ansiando assim tudo o que for sensorial. O desejo é forte demais para ser abandonado, especialmente em uma cultura que o valoriza a ponto de torná-lo um vício.

É fácil constatar que o sofrimento se origina nos sentidos, que por não conhecerem nada melhor, continuam desejando e assim repetindo o ciclo de sofrimento. E apesar de sermos espíritos, vivemos sob a incessante dependência do que é sensorial. Nem mesmo a morte é capaz de eliminar o desejo.  A única maneira de eliminar o desejo não é esmagando-o – pois isso implicaria algum tipo radical de ascetismo - mas compreender o que realmente se deseja, e assim entender também o significado por trás do desejo atendido.

Só quando alguém se torna um bodhisattva e a Mente Original – a mente não-poluída pelos sentidos – o desejo é finalmente capturado e sua eliminação por meio da prática é considerada possível.

Segundo o Buda, aqueles que decidem superar o desejo são bodhisattvas, abençoados entre todos os seres e guias do mundo. Por seguirem esse caminho, experimentam autêntica compaixão ao ver a ruína que o desejo traz para aqueles sob seu poder.

Infelizmente, ouso dizer porém que nosso mundo atual deseja isso. Ele quer sofrer mais, como se acreditasse paradoxalmente que mais sofrimento poderá salvá-lo, assim como acredita que o seu Messias poderá voltar. E isso certamente nunca acontecerá.

(extraído do site The Zennist)

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Huang Po: Quebrando as correntes de causa-e-efeito



Se você permanecer quieto e refrear até mesmo a mais ínfima atividade mental, perceberá o ilusório em todos os fenômenos. Verá que eles não ocupam qualquer ponto no espaço e não podem ser chamados de existentes ou não-existentes. Porém, na Mente Real, mesmo quando é preciso responder aos ditames da casualidade, há reconhecimento do ilusório. Se você souber disso e repousar tranquilamente no vazio, estará trilhando o Caminho dos Budas. Por isso o sutra diz: “Desenvolva uma mente que não repouse em nada”.

Os seres sensíveis prendem-se à roda que alterna vida e morte, e que é recriada por seus próprios desejos. Seguem eternamente acorrentados aos seis estados de existência, oprimidos por todos os tipos de dores e tristezas. Pois quando surgem os pensamentos conceituais, toda sorte de fenômenos os seguem. Mas tão logo cessa o pensar discriminatório, eles desaparecem. Reconhecemos assim que todos os fenômenos e todos os seres são criações da Mente. Se você conseguir alcançar o estado de não-discriminação, imediatamente as correntes de causa-e-efeito se quebrarão.

Huang Po
(em “ The Zen Teaching of Huang Po”)



quinta-feira, 9 de abril de 2015

Pureza



Dentro da extinção pacífica (Nirvana),  fundamentalmente não há pensamentos sendo gerados. O movimento é ao mesmo tempo perfeita quietude. Havendo quietude, não há busca. Os pensamentos que surgem originam-se da Realidade. Sendo reais, não há sujeira ou apego. Não havendo sujeira, há pureza. Não havendo amarras, há libertação. A impureza produz nascimento e morte. A pureza é o fruto da iluminação.


Jingue (monge Chan)
(em “La Aurora del Zen”)

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Vazio e ilimitado, vasto e puro



Não há Dharma a ser ensinado, nenhuma Mente sobre o qual se possa falar. A natureza inerente da realidade é vazia. Retornar à base original, esse é o Caminho. A natureza do Caminho é a de ser vazio e ilimitado, vasto e puro.

A libertação completa não é encontrada na existência comum ou na busca pelo vazio. Não depende de ações intencionais, não exige preocupações e nem sacrifícios. Não permite apegos. Dentro do Nirvana nada é criado.

Por isso, o fruto do Caminho não se encontra na existência e nem no vazio; está muito além de ambos.

Jingue (monge Chan)
(em “La Aurora del Zen”)

terça-feira, 7 de abril de 2015

Quando a prática inspira



Não é por escrever cartas ou dar palestras que nós poderemos ajudar outras pessoas a ter contato com o Dharma. Talvez por causa de nossa vontade exagerada de ensinar, de compartilhar com elas nossa prática, aquela pessoa irá querer ficar longe de nós. Assim deve haver uma arte para que possamos compartilhar o Dharma e a vida espiritual com as pessoas que nós amamos. Na Ásia, o Budismo é a prática de famílias inteiras. Supõe-se que todo o mundo na família seja um budista. Mas no Ocidente pode acontecer que apenas um membro da família esteja ligado à prática consciente, mas os outros membros da família não sabem nada sobre isto e até mesmo acham a prática muito estranha. Se vocês não forem hábeis em sua prática, se alienarão do resto da família.

Assim vocês têm que aprender a praticar de tal modo que sua prática inspirará as pessoas ao seu redor. Temos que praticar não estando apegados à forma da prática. Vocês podem praticar de tal maneira que as pessoas não percebam sua prática. Podem caminhar de tal modo que as pessoas percebam que vocês estão muito naturais, muito relaxados, muito joviais. Existem pessoas que praticam uma meditação caminhando que anula o ser: é muito séria, muito dura, nada natural. E se vocês praticam Budismo dessa forma, não ajudarão as pessoas em sua família. Pratiquem de forma que cada dia vocês fiquem mais tranqüilos e sorriam mais, ficando mais abertos. Então um dia a pessoa que vive ao seu lado ficará inspirada para perguntar, "Como você pode fazer isto? Numa situação como esta, como ainda pode sorrir? Qual é seu segredo?" Este é o momento em que vocês podem compartilhar sua prática - mas não antes. Vocês não podem impor sua prática aos outros. Esta é uma arte.

 Thich Nhat Hanh
(Retiro em Plum Village 10 de maio de 1998 - retirado do site sangavirtual.blogspot.com)

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Huang Po: O único caminho para a Iluminação




Abandone esses pensamentos que só fazem criar distinções! Não há eu e outro. Não existem desejos ruins, nem raiva, nem inveja, nem amor, nem vitória e nem derrota. Apenas renuncie ao equívoco de criar pensamentos conceituais e sua natureza exibirá sua pureza essencial. Esse é o único caminho para a Iluminação, para seguir o Dharma e para tornar-se Buda. A não ser que você reconheça isso, todas as lições que teve, suas práticas austeras e jejuns, seus dolorosos esforços para continuar, nada disso o ajudará a conhecer sua própria Mente. Na verdade todas essas práticas acabam sendo irreais, pois cada uma delas o manterá na roda de renascimentos. Chih King disse: “Nossos encarnações são criadas por nossas mentes”.

Se você compreender a natureza de sua Mente e parar com os pensamentos discriminatórios, não haverá mais  qualquer lugar em si para que nem mesmo um grão de erro surja.

Huang Po
(em “ The Zen Teaching of Huang Po”)

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Pensamentos são vazios

 


Lembrem-se de que os pensamentos são apenas o produto da conjunção fugaz de um grande número de fatores. Eles não existem por si mesmos.

Também, logo que surgirem, reconheçam sua natureza que é própria da vacuidade. Eles perderão logo o poder de gerar outros pensamentos e a cadeia da ilusão será interrompida. Reconheçam essa vacuidade dos pensamentos e deixem que estes se soltem na claridade natural da mente límpida e inalterada. 

Dilgo Khyentsé Rinpoche

quinta-feira, 2 de abril de 2015

O sofrimento e a felicidade são impermanentes

O sofrimento é impermanente e é justamente por isso que podemos transformá-lo.
A felicidade é impermanente e é justamente por isso que precisamos nutri-la.

Thich Nhat Hanh

quarta-feira, 1 de abril de 2015

A derradeira pacificação


Quando um raio de sol bate sobre um pedaço de cristal, jorram luzes irisadas brilhantes, mas insubstanciais. Assim também os pensamentos, em sua infinita variedade – devoção, compaixão, maldade, desejo -, são inacessíveis, imateriais, impalpáveis. Não há nenhum que não seja vazio de existência própria. Se você souber reconhecer a vacuidade de seus pensamentos no exato momento em que surgem, eles se dissolverão. O ódio e o apego não poderão mais abalar a sua mente, e as emoções perturbadoras cessarão por si mesmas. Você não acumulará mais atos nefastos e, consequentemente, não causará mais sofrimento. É a derradeira pacificação.


Dilgo Khyentsé Rinpoche