É você – o observador –
uma entidade morta a observar uma coisa viva, ou você é uma coisa viva a
observar outra coisa viva? Porque, no observador, existem os dois estados.
O observador é o censor
que não deseja o medo; é o conjunto de todas as suas experiências relativas ao
medo. E assim o observador está separado da coisa a que chama medo, há espaço
entre ambos; está perpetuamente tentando dominá-lo ou dele fugir, e daí provém essa
batalha entre ele próprio e o medo – essa batalha que é uma enorme perda de
energia.
Observando-o, você verá
que o observador é meramente um feixe de ideias e lembranças sem validade, sem
substância nenhuma, ao passo que o medo é uma realidade. O observador é o medo e, uma vez percebido isso, não
há mais dissipação de energia no esforço para livrar-se do medo, e o intervalo
de tempo-espaço entre o observador e a coisa observada desaparece. Quando
perceber que você é uma parte do medo, que não está separado dele, que você é o medo, então nada poderá fazer a
respeito dele: o medo acabou totalmente.
Jiddhu Krishnamurti
(em
“Liberte-se do Passado”)