Não insista com suas idéias fixas. Sua teimosia é alimentada por
sua mente estreita. Se sua mente for ampla, ela poderá facilmente abranger o mundo
inteiro. Porém, se sua mente for estreita, mesmo uma agulha não poderia caber
nela. Você precisa deixar de lado sua teimosia e ser sempre profundamente atencioso
com a vida em todas as suas manifestações. Isso significa retornar e confiar
no dharma de Buda. Essa também é a maneira de se tornar uma pessoa livre. Seja
sempre humilde. A fragrância de sua mente ampla e generosa aquecerá os corações
dos outros.
segunda-feira, 31 de março de 2014
Não insista com suas idéias fixas
sexta-feira, 28 de março de 2014
Não há muros que nos aprisionem
As idéias e conceitos são como punhados de nuvens ou fumaça, e no
entanto as pessoas sentem-se bloqueadas ou capturadas por elas. Você sorriria se
visse alguém preso a uma nuvem, ou se alguém lamentasse por se sentir aprisionado
pelo ar que o cerca. E a realidade é que as
pessoas constantemente sentem-se presas a coisas tão insubstanciais como nuvens
ou ar. Com suas mentes, criam muros e aprisionam a si próprias entre
eles. Essencialmente, porém, não existe nenhum muro que as aprisione. São apenas miragens que elas criaram com os pensamentos que se tornaram fixos.
quinta-feira, 27 de março de 2014
A pior das prisões
A pior prisão é a prisão dos conceitos. O muro mais difícil
de atravessar é o muro das idéias fixas. De um certo modo, a prática espiritual
consiste em libertar-se dessas prisões. Por isso, quando você pensa “Eu não sou
um ser iluminado”, exatamente por pensar assim você não consegue desempenhar
qualquer papel que não seja o de um ser não-iluminado. Esteja atento às consequências
que um simples pensamento pode causar.
quarta-feira, 26 de março de 2014
O som da chuva é uma palestra do Dharma
Um
dia, em Plum Village, Thay estava dando uma palestra do Dharma quando começou a
chover. Ele interrompeu a palestra e disse, “Ouçam todos o som da chuva; essa é
a verdadeira palestra do Dharma”. Então ficamos ali em silêncio ouvindo o som
da chuva – não apenas com nossos ouvidos, mas também com nossos olhos, nossos
corpos. Apenas sentados ali, presentes, ouvindo a chuva.
A
meditação é exatamente isso. É aprender a escutar o que a vida nos apresenta a
cada momento. A meditação e a mente alerta nos ensinam a ser abertos, não
apenas com nossos ouvidos, mas também com nossos olhos, nossos corpos. Onde
quer que estejamos, não importa o quanto estejamos ocupados, sempre temos
oportunidades para praticar a meditação sentada, a meditação caminhando, a
meditação enquanto comemos.
(One Buda is Not Enough: A Story of a Collective Awakening" - escritos pelos monges e noviços de Plum Village, comunidade criada por Thich Nhat Han)
terça-feira, 25 de março de 2014
Para alcançar o entendimento
Para alcançar o entendimento, você tem que descartar tudo o
que você aprendeu. Isso é o que o Sutra do Diamante quer dizer onde está
escrito: "A só é A, quando não é A." Eu sei que isso soa estranho,
mas quanto mais eu vivo, mais eu vejo que é verdade. Apegar-se ao que você
aprendeu é pior do que não aprender de início.
Thich Nhat Hanh
(em "Fragrant Palm Leaves")
segunda-feira, 24 de março de 2014
Preparando-se para o pior, permitindo-se o melhor
O destemor é gerado quando você é capaz de apreciar a incerteza, quando tem fé na impossibilidade de todos esses componentes interconectados permanecerem estáticos e permanentes.
Você se encontrará, de forma bem verdadeira, preparando-se para o pior ao mesmo tempo em que se permite o melhor. Torna-se digno e majestoso. Essas qualidades melhoram sua habilidade de trabalhar, guerrear ou fazer a paz, criar uma família e aproveitar as relações pessoais e amorosas.
Ao saber que algo está te esperando logo após a curva, ao aceitar que potencialidades incontáveis existem desse momento em diante, você adquire as habilidades do estado desperto penetrante e da presciência como as de um general talentoso, não paranóico, mas preparado.
Dzongsar Khyentse Rinpoche
(em "O Que Te Faz Ser Budista")
sexta-feira, 21 de março de 2014
Shushogi (trecho)
Nascer como ser humano é algo raro; ainda mais raro é entrar em contato
com o Dharma Budista. Pelas nossas virtudes do passado entretanto, fomos
capazes não apenas de nascer humanos, mas também de encontrar o
Budismo. Dentro do campo de nascimento e morte, então, nossa vida atual
deve ser considerada a melhor e a mais excelente de todas. Não
desperdicem seus preciosos corpos humanos à toa, abandonando-os aos
ventos da impermanência. Não se pode confiar na impermanência. Não
sabemos quando nem onde a vida transiente terminará. Nossos corpos não
nos pertencem; e a vida, à mercê do tempo, continua sem parar nem por um
momento. Assim que a face da juventude desaparece, não é possível
encontrar nem mesmo traços dela. Quando pensamos cuidadosamente,
descobrimos que o tempo, uma vez perdido, nunca volta. Frente à
impermanência, nem reis, ministros de estado, parentes, servos, mulher e
filhos e joias raras podem nos socorrer. Devemos entrar no reino da
morte a sós, acompanhados apenas pelo nosso bom ou mau carma.
Shushogi - texto tradicional budista
quinta-feira, 20 de março de 2014
Abandonar os conceitos
Manter a perseverança em meio à
confusão foi uma das maiores lições que aprendi de Katagiri Roshi, através de
suas palavras e seus exemplos. Ele sempre dizia: “Não importa o que ocorra,
você tem que manter-se firme ali mesmo”.
E o que descobri é que “confusão” é apenas um conceito, uma
palavra. Nos sentimos confusos quando a vida não corre da maneira que esperamos
ou planejamos. Mas se não nos levarmos
tão à sério, poderemos abandonar nossos
conceitos, e quando o fizermos, as infinitas possibilidades de cada momento se
apresentarão para nós. Nesses momentos, veremos opções as quais não havíamos percebido
antes, possibilidades que se encontravam ocultas enquanto nos apegávamos à expectativa
de um resultado em particular.
Reverenda Teijo Munnich
quarta-feira, 19 de março de 2014
Morrer com o coração em paz
Se algum dia você receber a notícia de que eu morri por
causa de atos cruéis de alguém, saiba que eu morri com o meu coração em paz.
Saiba que em meus últimos momentos eu não sucumbi à raiva. Nunca devemos odiar
um outro ser. Se você puder dar origem a essa consciência, será capaz de
sorrir. Você terá um refúgio que ninguém poderá te tirar. Ninguém será capaz de
perturbar a sua fé, porque ela não dependerá de qualquer coisa no mundo
fenomenal. Fé e amor são um e podem apenas surgir quando você penetrar
profundamente a natureza vazia do mundo fenomenal, quando puder ver que você
está em tudo e tudo está em você.
Thich Nhat Hanh
(em "Fragrant Palm Leaves")
(em "Fragrant Palm Leaves")
terça-feira, 18 de março de 2014
A compaixão de Buda
Estou certo de que o Buda sente compaixão por nós, não
porque sofremos, mas porque não vemos o caminho, o que é a causa do nosso
sofrimento.
Desde que eu era jovem, tento entender a natureza da
compaixão. Mas a pouca compaixão que aprendi não foi proveniente de
investigação intelectual, mas da minha experiência real do sofrimento. Eu não
tenho orgulho do meu sofrimento mais do que uma pessoa que confunde uma corda
com uma cobra é orgulhosa de seu medo. Meu sofrimento foi uma mera corda, uma
mera gota de vazio tão insignificante que deve se dissolver como a névoa ao
amanhecer. Mas não foi dissolvido e eu sou quase incapaz de suportá-lo. Será
que o Buda não vê o meu sofrimento? Como ele pode sorrir?
Somos nós que o esculpimos sentado e sorrindo, e fazemos
isso por uma razão. Quando você fica acordado a noite toda se preocupando com o
seu ente querido, você está tão ligado ao mundo fenomenal que pode não ser
capaz de ver a verdadeira face da realidade. Um médico que entende com precisão
a condição de seu paciente não se senta e fica obcecado em mais de mil
explicações ou ansiedades diferentes como a família do paciente. O médico sabe
que o paciente vai se recuperar, e assim ele pode sorrir, mesmo quando o
paciente ainda está doente. Seu sorriso não é cruel, é simplesmente o sorriso
de alguém que capta a situação e não se envolve em preocupação desnecessária.
Thich Nhat Hanh
(em "Fragrant Palm
Leaves " - Diário de Thich Nhat Hanh)
segunda-feira, 17 de março de 2014
Libertando-se dos conceitos
Os obstáculos para a Perfeita Compreensão são nossas idéias e conceitos sobre nascimento e morte, impuro e imaculado, ascenção e queda, acima e abaixo, dentro e fora, Buda e Mara, e assim por diante. Uma vez que se veja com os olhos da interdependência, esses obstáculos são removidos de nossa mente e assim superamos o medo, libertando-nos para sempre da ilusão e realizando o perfeito Nirvana.
Quando a onda reconhece que ela é água, e que não há nada senão água, percebe que nascimento e morte não podem causar qualquer mal. Ela terá transcendido todos os tipos de medo, pois o Nirvana é o estado de destemor.
Thich Nhat Hanh
(em "O Coração da Compreensão")
sexta-feira, 14 de março de 2014
O real significado do preceito "Não matar"
Então, o que é a prática?
A prática é manifestar o objeto de sua atividade - zazen, cozinhar, praticar esportes, ou qualquer outra coisa que esteja fazendo - como um ser que existe no tempo eterno. Se você faz alguma coisa sinceramente, de todo o coração, todos os seres sensíveis vem à vida. Então você olha para uma mesa e vê a mesa como um belo ser que existe com você agora, nesse exato momento. Isso é unidade.
Você pode não se importar com a vida da mesa. Você pode quebrá-la e usá-la como lenha. Mas ver a mesa somente sob seu estreito ponto de vista egoísta é matar a vida da mesa.
O preceito budista não matar não significa somente não eliminar pessoas ou animais. Se você entender profundamente o significado de não matar, saberá que não significa tratá-la de acordo com sua visão egoísta, que separa você da mesa. Significa ver a mesa como ela realmente é, uma manifestação do tempo eterno, onde não há separação entre o sujeito e o objeto. Isso é animar a vida da mesa, assim como um Buda.
(em "Each Moment is the Universe")
quinta-feira, 13 de março de 2014
A vida vivida como o vento
Quem é o verdadeiro poeta? O orvalho doce que um verdadeiro
poeta bebe todos os dias pode envenenar outros. Para alguém que tem visto
dentro da natureza das coisas, o conhecimento dá origem à ação. Para aqueles
que têm verdadeiramente visto, não há filosofia de ação necessária. Não há
conhecimento, realização, ou objeto de realização. A vida é vivida assim como o
vento sopra, as nuvens flutuam a deriva, e as flores brotam. Quando você sabe
como voar você não precisa de um mapa de rua. Sua linguagem é a linguagem das
nuvens, vento e flores. Se te fazem uma pergunta filosófica, você pode
responder com um poema ou pergunta: "Você já tomou o seu café da manhã?
Então por favor, lave sua tigela". Ou aponta para a floresta da montanha.
Se você não acredita em mim, olhe e veja
O outono chegou.
Folhas dispersas de muitas cores inundam a floresta da
montanha!
Thich Nhat Hanh
(em "Fragrant Palm Leaves” – Diário de Thich Nhat
Hanh)
quarta-feira, 12 de março de 2014
Se não estivermos atentos
Em 15 minutos, será meia-noite. O Natal está quase aqui. Eu
estou acordado escrevendo nessa hora sagrada em meu diário. Meus pensamentos
fluem e é maravilhoso derramá-los no papel. Eu escrevi sobre a experiência
espiritual que me revelou a forma de olhar e ouvir com toda a atenção. Tais
momentos só podem vir uma vez na vida. Eles aparecem como embaixadores da
verdade, mensageiros da realidade. Se não estivermos atentos, eles podem passar
despercebidos. O segredo de mestres zen está em descobrir o caminho de retorno
desses momentos, e saber como preparar o caminho para tais momentos surgirem.
Os mestres sabem como usar a luz ofuscante daqueles momentos para iluminar o
caminho de volta, a viagem que começa no nada e não tem destino.
Thich
Nhat Hanh
(em "Fragrant Palm Leaves” – Diário de Thich Nhat Hanh)
(em "Fragrant Palm Leaves” – Diário de Thich Nhat Hanh)
terça-feira, 11 de março de 2014
O Verdadeiro Sofrimento
Quando eu era um jovem monge me foi ensinado que os maiores
sofrimentos eram nascimento, doença, velhice, morte, sonhos não realizados, a
separação de seus entes queridos, e contato com aqueles que nos desprezam. Mas
o verdadeiro sofrimento da humanidade reside na forma como olhamos para a
realidade. Olhe e você vai ver que o nascimento, a velhice, a doença, a morte,
as esperanças não cumpridas, a separação de seus entes queridos e contato com
aqueles que nos desprezam são também maravilhas em si mesmos. Eles são todos
aspectos preciosos da existência. Sem eles, a existência não seria possível. O
mais importante é saber como navegar as ondas da impermanência, sorrindo como
quem sabe que nunca nasceu e nunca vai morrer.
Thich Nhat Hanh
(em "Fragrant Palm
Leaves” – Diário de Thich Nhat Hanh)
segunda-feira, 10 de março de 2014
A iluminação já está aqui
Basta
colocar o pé na Alemanha para ver que os jovens alemães de hoje sofrem o carma
que herdaram do passado de seu país. Temos o carma de nosso país, de nossa
família, de nossa onda individual, de nosso planeta...
A
unidade a que pertencemos tem tudo. Nós é que nos perdemos nesta pequenas e
limitadas manifestações individuais. Nada há para ser perdido. Nem para ser
obtido. A iluminação é libertação desse eu aprisionado, limitado, sem
conhecimento. Um universo cessa quando seus carmas se esgotam, quando a energia
se equilibra sem distinções. Querer guardar algo, obter algo para um eu
individual é a cegueira básica que impede a iluminação.
A
iluminação já está aqui, agora, só não a vemos porque a ilusão do eu deseja
obter sabedoria, poder, vitórias, conhecimentos, mergulhando-nos em um sonho
sem fim. É por isso que despertar desse pesadelo é que faz de um homem um Buda.
Monge Genshô
(em "O Pico da Montanha é onde estão os meus pés")
sexta-feira, 7 de março de 2014
Sobre o Budismo
Se
você está interessado em “encontrar o Buda” e seguir o caminho espiritual que
ele descreveu, há certas coisas que precisa saber antes de começar. Primeiro, o
budismo é essencialmente um estudo da
mente e um sistema de treinamento da mente. É espiritual em sua natureza, porém
não religioso. Sua meta é o autoconhecimento, não a salvação; a liberdade, não
o paraíso. Ele repousa sobre a razão e a análise, a contemplação e a meditação,
a fim de transformar o conhecimento sobre algo em sabedoria que ultrapassa o
conhecimento. Porém, se você não tiver curiosidade e fizer questionamentos, não
há caminho, não há jornada a ser feita, ainda que você siga uma das tradições.
Dzogchen Penlop
quinta-feira, 6 de março de 2014
Ser o próprio mestre em qualquer situação
Praticar significa manifestar o tempo que é eterno diretamente no centro de seu ser. Ser o próprio mestre em qualquer situação na qual se encontre. Quando você pratica zazen com a natureza de Buda, esse é o zazen real: o tempo que é eterno está conectado com todos os seres, e sua prática não manifesta somente o seu eu pequeno e limitado; ela manifesta o seu eu maior, o self que é o próprio universo.
Você se torna um no zazen e, simultaneamente, seu zazen começa a influenciar os outros, pois sua vida está ligada à vida de todos os outros seres. É por isso que não podemos cuidar somente de nossas vidas e ignorar a vida dos outros.
Dainin Katagiri
(em "Each Moment is the Universe")
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1. "Pertenço à natureza do envelhecimento; não há nenhum modo de escapar do envelhecimento." 2. “Pertenço à natureza das doença...