quarta-feira, 28 de abril de 2010

Complete esta única respiração



Meus alunos me perguntam com frequência:
- Tenho praticado a meditação sentada durante anos, mas ainda tenho o problema dos pensamentos que, incessantemente, me vêm à cabeça. Que posso fazer em relação a isto?

E eu respondo:
- Expire apenas. Não faça nada. Não tente nada. Simplesmente complete esta uma única expiração. Uma a uma. Sejam quais forem os pensamentos que lhe surjam deixe-os estar onde estão como às nuvens brancas no céu. Não faça deles os seus inimigos ou obstáculos devido ao modo habitual de os perceber.
 
Hogen Daido Yamahata
em "Folhas caem, um novo rebento".

 

A pessoa é a prisão


O equívoco mais comum em relação à libertação é que esta consiste em algo que um indivíduo pode obter. Mas a libertação é uma perda - a perda da noção de que alguma vez houve um indivíduo separado que pudesse escolher fazer algo para alcançar a libertação.


Qualquer tipo de busca poderá levar a pessoa a sentir-se mais confortável, mas nada mais do que isso. Alcança-se uma pessoa mais confortável na sua prisão. Se se estiver numa prisão, é muito melhor estar confortável, mas isso não tira a pessoa da prisão onde ela imagina estar.


Nada tirará a pessoa da sua prisão, porque a pessoa é a prisão. Quando a pessoa desaparece, é visto que nunca existiu uma prisão de todo.


Richard Sylvester

(instrutor de Advaita Vedanta, citado no blog Encontro no Aqui-Agora)

A única realidade é agora


Um guerreiro japonês foi capturado pelos seus inimigos e lançado na prisão. Naquela noite ele sentiu-se incapaz de dormir pois sabia que no dia seguinte iria ser interrogado, torturado e executado. Então as palavras do seu mestre Zen surgiram na sua mente:

"O 'amanhã' não é real. É uma ilusão. A única realidade é AGORA. O verdadeiro sofrimento é viver ignorando este Dharma".

No meio do seu terror subitamente compreendeu o sentido destas palavras, ficou em paz e dormiu tranquilamente.

Uma única respiração basta

Já alguma vez tentaram prestar atenção à vossa respiração enquanto estão a discutir, ou a brigar com alguém? A respiração é curta, superficial e muito irregular. Cada vez que o esforço e a intenção do nosso ego interferem, o nosso ritmo torna-se irregular e em dissonância com o ritmo cósmico. Através da respiração podemos libertarmo-nos das tensões e dos nós causados pelo esforço e intenção do ego.

Assim, o que realmente precisamos é de completar esta única respiração. Para a iluminação total, esta única respiração basta. Por favor, tentem-na! Temos inumeráveis oportunidades de iluminação, mas estamos sempre a negligenciar esta respiração. Só esta, nada mais.



Hogen Daido Yamahata
em Folhas Caem, Um Novo Rebento

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Cessar de buscar


O poder no qual você passa a acreditar em si mesmo não é conquistado através de qualquer tipo de treinamento. Esse poder é o que transcende o self, o que dá vida ao self. O propósito da prática Zen é despertar para esse poder original com o qual você perdeu o contato, e não ganhar um novo tipo de poder.

Quando você busca e busca, e por fim se cansa de toda e qualquer procura, você então desperta para o fato de que tem sido, desde o início - antes mesmo de começar a buscar - abundantemente abençoado. Após haver cessado de bater em várias portas procurando, você percebe que na realidade a porta esteve sempre aberta, antes mesmo de você ter começado a sair à procura. É a isso a que a prática se refere.

Não apenas em lugares especiais para treinamento, mas a qualquer hora e em qualquer lugar, a pessoa que empenha-se com dignidade, sem importar-se com resultados e sem entregar-se ao desânimo, é um verdadeiro praticante, uma verdadeira pessoa do Caminho."


Soko Morinaga
"Novice to Master"

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Libertar-se, e não avançar



Para mim, a verdade acha-se em todas as coisas. Potanto a idéia de que necessitais progredir em direção à realidade é uma idéia falsa. Não se pode progredir em direção a algo que está sempre presente. Não se trata de avançar para o exterior ou de voltar-se para o interior, mas sim de de se libertar dessa consciência que se percebe a si mesma como separada.


Jiddu Krishnamurti

O homem religioso


O homem religioso não é aquele que se torna um Sannyasin, que luta para "vir a ser", alcançar virtude ou tornar-se um "homem ideal". O homem religioso é aquele que desistiu de "vir a ser", por essa razão para ele há um só dia, um único momento - e não o momento de ontem, ou o momento de amanhã. Esse homem é o verdadeiro revolucionário, porque ele se integrou na realidade.


Jiddu Krishnamurti
em "Ilusões da Mente"

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Canção do dia de sempre

Tão bom viver o dia a dia...
A vida, assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como essas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mão distraídas...

Mário Quintana