quarta-feira, 31 de março de 2021

 

O meu dia a dia é cheio de mim mesmo: há as coisas que eu quero fazer e as coisas que eu não quero fazer, as pessoas com quem eu gosto de conviver e as pessoas com quem eu não gosto de conviver. Tudo sempre girando em torno do prazer e do desprazer, dos gostares e dos desgostares, desse Eu tão cultivado, tão protegido, tão mimado. Eu, Eu, Eu!

A prática da atenção, quando colocada na categoria “coisas que eu quero fazer” ou “coisas que eu gosto de fazer” etc., já está fadada ao fracasso, pois, em breve, em um dia de cansaço ou frustração que cedo ou tarde chegará, será colocada na categoria “coisas que eu não quero fazer” e deixará de ser uma prática.

As práticas de atenção somente se tornaram um hábito quando consegui colocá-las na categoria “coisas que se fazem”. Faço essas coisas não porque eu quero e não porque tenho algum objetivo concreto a atingir, mas porque sim: porque é o que se faz. Não tem nada a ver comigo, com minhas vontades, com meus prazeres.

 

Alex Castro

terça-feira, 30 de março de 2021

 

As nossas vidas estão cheias de “coisas que eu quero fazer” e as coisas que “eu não quero fazer”. As práticas de atenção somente se tornaram um hábito quando consegui colocá-las na categoria “coisas que se fazem”, independentemente das minhas vontades ou preferências: como comer, dormir, andar, tomar banho… Tudo pode se tornar uma prática quando a prática não é pequena.

 

Alex Castro

segunda-feira, 29 de março de 2021

 

Se você lembrar que sua motivação é beneficiar todos os seres sencientes, não há como errar. Se estiver fazendo isso para si próprio, você pode se cansar, ou decidir que é um hobby ao qual não quer mais se dedicar. Desde que isso esteja claro em seu coração, não importa se você não fizer do jeito certo, continue fazendo e tudo o mais vai se encaixar com o tempo.

 

Karma Wangmo

domingo, 28 de março de 2021

 

Vivemos sob a tirania do medo. Não se encoraja a intensidade da vida, mas sim impedir o que poderia prejudicá-la. Assim, é o medo que nos governa em vez do desejo. Querendo eliminar tudo isso, toda fonte de sofrimento, eliminamos qualquer possibilidade de intensificação inesperada da vida. Esterilizamos o acaso, amputamos tudo que nos poderia incomodar e, portanto, nos inspirar, nos acordar, nos fortalecer.

 

Balthasar Thomass

sábado, 27 de março de 2021

 

Se temos originalmente a natureza de Buda, a razão pela qual praticamos é que devemos nos comportar como o Buda. Transmitir nosso caminho é transmitir nosso espírito búdico.

 

Shunryu Suzuki

sexta-feira, 26 de março de 2021


Se você percebe que está praticando para todos, mesmo que a comunidade inteira esteja dormindo e você o único a meditar, sua meditação beneficiará a todos e sua felicidade será ilimitada. Devemos praticar dessa maneira – sem forma, no espírito da não-prática.


Thich Nhat Hahn

quinta-feira, 25 de março de 2021


Praticar com o espírito da não-prática, sem apegar-se às formas, é a melhor maneira de praticar.


Thich Nhat Hahn

quarta-feira, 24 de março de 2021


Observando atentamente todas as coisas, enxergamos a natureza da interexistência. Uma coisa contém todas as outras.

“Um lugar onde alguma coisa pode ser distinguida por sinais, nesse lugar há decepção”. Subitamente esta sentença do Sutra do Diamante se torna clara. Enquanto não olharmos a realidade profundamente e descobrirmos qual é sua verdadeira natureza, seremos enganados por sinais ou noções. Quando enxergamos a natureza não-sinal dos sinais, vemos Buda. Depois de ver a verdadeira realidade de “A” – que é “não-A” – nós tocamos a realidade de “A”.

Nos círculos zen costuma-se dizer: “Antes de eu começar a praticar, as montanhas eram montanhas e os rios eram rios. Depois que comecei a praticar, as montanhas não eram mais montanhas e os rios não eram mais rios. Agora, como pratiquei por um bom tempo, as montanhas voltaram a ser montanhas e os rios voltaram a ser rios”. Isso não é difícil de entender.


Thich Nhat Hahn

terça-feira, 23 de março de 2021


Usualmente, por causa de nossa ignorância e energias de hábito, percebemos as coisas incorretamente. Somos detidos em nossas categorias mentais, especialmente em nossa noção de eu, pessoa, ser vivente e extensão de vida. Fazemos discriminação entre o eu e o não-eu, como se o eu não tivesse nada a ver com o não-eu. Cuidamos do bem-estar do eu, mas não pensamos muito no bem-estar de tudo que seja não-eu. Quando vemos as coisas desse jeito, nosso comportamento está baseado em percepções equivocadas. Nossa mente é como uma espada cortando a realidade em pedaços. E então agimos como se cada pedaço da realidade fosse independente dos outros pedaços. Se observarmos profundamente, removeremos essas barreiras entre nossas categorias mentais e veremos o um no muito e o muito no um, que é a verdadeira natureza da interexistência. Esta é a forma de ficarmos livres de nossos conceitos.


Thich Nhat Hahn

segunda-feira, 22 de março de 2021


Vazio não quer dizer inexistente. “Vazios de uma existência independente” significa que “A” é inteiramente feito de elementos “não-A”. Esta folha de papel é vazia de uma existência independente, porque ela não pode existir por si mesma; ela tem de interser com todas as outras coisas. A folha de papel é feita de elementos não-papel, tais como árvores, luz do sol, chuva, solo, minerais, tempo, espaço e consciência. Ela é vazia de um eu separado, mas está cheia de todas as outras coisas.

Vacuidade é uma porta de libertação, uma prática, não apenas um assunto para ser discutido. Olhe em profundidade todas as coisas e será capaz de enxergar a verdadeira natureza da vacuidade. Fazendo-o você removerá a discriminação e transcenderá o medo do nascimento e da morte.


Thich Nhat Hahn

domingo, 21 de março de 2021

Antes de nascermos, não tínhamos sentimentos: éramos um com o universo. A isso se chama “essência da mente” ou “mente ampla”. Após o nascimento, somos separados dessa unidade, como a água da catarata que se divide pelo efeito do vento e das rochas; só então passamos a ter sentimentos. Quando você não percebe que é um com o universo, você tem medo. Nossa vida e nossa morte são a mesma coisa. Quando percebemos esse fato, não tememos mais a morte e nem temos verdadeiras dificuldades em nossa vida.

 

Shunryu Suzuki


sábado, 20 de março de 2021

 

A não-distração é a essência do Caminho e o princípio fundamental da prática. Foi através da atenção plena ininterrupta que os budas do passado, do presente e do futuro se iluminam. Por isso é preciso não se distrair, o que significa não seguir o passado, não antecipar o futuro e não agarrar-se aos pensamentos ilusórios que surgem no presente. Deve-se voltar para si mesmo, mantendo a atenção no que surgir.

 

Namkhai Norbu Rinpoche

sexta-feira, 19 de março de 2021

 

Quando transcendemos o materialismo espiritual, não há mais finalidade. A finalidade está em cada momento de nossa situação cotidiana, em cada momento de nossa jornada espiritual.

Dessa forma, a jornada espiritual torna-se excitante e bela como se já fossemos um buda ao trilharmo-la. Há descobertas constantes, mensagens constantes, advertências constantes. Há também um constante transpassar, constantes lições penosas – e prazerosas.

 

Chogyam Trungpa

quinta-feira, 18 de março de 2021

 

Em tudo que fizer - caminhando, comendo, sentado, etc. – faça sem indolência, preguiça, apatia ou distração. Lide com os padrões que o fazem resistir a qualquer mudança, mesmo nas atividades mais simples. Observe sua mente o tempo todo com vigilância e lucidez. Caso tenha cometido algum ato negativo, arrependa-se e prometa nunca mais fazer de novo.

Pratique com o mesmo entusiasmo do faminto que está prestes a comer. Não desperdice nem mesmo a mais simples ação positiva e não esqueça a natureza ilusória de todas as coisas. Assim acumulará méritos e sabedoria, e encoraje os outros a fazer o mesmo. Devote-se dia e noite à prática e construa o caminho para suas vidas futuras. Essa é a maneira de dar um sentido verdadeiro à sua existência.

 

Shechen Gyaltsap

quarta-feira, 17 de março de 2021


A melhor maneira de sustentar nosso amor é sermos verdadeiramente nós mesmos, crescendo e cultivando profundo auto-respeito. Nosso contentamento sustenta a nós todos.

Por gentileza, olhe profundamente o rio de sua própria vida e veja os muitos regatos, nele afluídos, que nutrem e sustentam você. Se você pratica o Sutra do Diamante e vê o eu além do eu, a pessoa além da pessoa, os seres viventes além dos seres viventes, a extensão de vida além da extensão de vida, verá que você é eu e todo o mundo também. Volte atrás e olhe para seu primeiro amor e reconheça que ele não tem começo nem fim. Está sempre em transformação.


Thich Nhat Hahn

terça-feira, 16 de março de 2021

 

Um guerreiro espiritual aceita o fato de que ele nunca sabe o que o espera no momento seguinte.

 

Pema Chodron

segunda-feira, 15 de março de 2021


Observe os eventos, vindo, passando e indo. De acordo com suas próprias leis do carma, tanto os eventos agradáveis como os desagradáveis passam através de você. Não há comparação com aquele que está estabilizado em si mesmo.

Você pode apenas admirar isso. A consciência infinita e a atenção focada, das coisas pequenas às grandes. A capacidade de desfrutar de coisas pequenas surge em tal consciência. Você pode desfrutar de uma pequena bala ou de um chocolate. Você pode desfrutar do infinito do universo, das estrelas, sem o menor desejo. A entrega completa do seu Ser e, ao mesmo tempo, desejando o melhor para o universo. A completa ausência de medo, entretanto com responsabilidade. Tudo é de forma comum e natural.


Ravi Shankar
(comentário sobre o Ashtavakra Gita)

domingo, 14 de março de 2021


O mestre Zen Linji disse: “Se você vir Buda em seu caminho, mate-o”. Ele quis dizer que, se você tem uma ideia de Buda, ela impede você de ter uma experiência direta de Buda, porque você está preso a um objeto de sua percepção. E o único meio de você se livrar e experimentar Buda é matar a sua noção de Buda. Esse é o segredo da prática. Se você se prende a uma ideia ou noção, você perde a oportunidade.  Aprender a transcender as suas construções mentais sobre a realidade é uma arte. Se você carrega noções, nunca será emancipado. Aprender a olhar profundamente para encontrar a verdadeira natureza das coisas, ter contato direto com a realidade e não somente descrever a realidade em termos de noções e conceitos, é a prática.


Thich Nhat Hahn

sábado, 13 de março de 2021

 

Todas as coisas são perfeitamente resolvidas na mente búdica. A maravilhosa iluminação da mente búdica lida com qualquer situação possível.

 

Bankei

sexta-feira, 12 de março de 2021

quinta-feira, 11 de março de 2021

 

Na grande prática de ir além, nenhum empenho é completo se não estiver uno com todas as coisas.

 

Dogen

quarta-feira, 10 de março de 2021


Ashtavakra removeu todos os conceitos de iluminação da mente de Janaka – sobre como as coisas deveriam e não deveriam ser - ao dizer para que ele se admire se as coisas são como são. Ashtavakra elevou Janaka acima de todas as ideias e conceitos da mente. Veja o Ser, o único Ser em todos os lugares e em tudo. E não haverá raiva, perturbações, ou satisfação com as coisas ao redor. Tudo isso é como um jogo.


Ravi Shankar
(comentário sobre o Ashtavakra Gita)

terça-feira, 9 de março de 2021

segunda-feira, 8 de março de 2021


Quando praticamos o Sutra do Diamante e olhamos mais profundamente as noções de eu, pessoa, ser vivente e extensão de vida, descobrimos que não há fronteira entre eu e não-eu, pessoa e não-pessoa, ser vivente e ser não-vivente, extensão de vida e não-extensão de vida. Quando pisamos a grama da terra, estamos conscientes de que somos feitos de ar, de luz do sol, minerais e água; que somos filhos da terra e do céu, ligados a todos os outros seres, sejam animados ou inanimados. Essa é a prática do não-eu. Buda nos convida a nos estabelecer, conscientemente, nas contemplações da inter-existência, do não-eu e da impermanência.


Thich Nhat Hahn

domingo, 7 de março de 2021


É muito estranho (um maravilhamento) para um iluminado, que está em todos os seres e no qual tudo está, ter um sentimento de “meu”. Como pode haver um sentimento pessoal, quando algo é tão universal? Quando todos são iguais em Essência, seja uma borboleta, uma cobra, um escorpião ou um ser humano, como pode alguém amar um ser humano mais que um escorpião ou uma cobra?


Ravi Shankar
(comentário sobre o Ashtavakra Gita)

sexta-feira, 5 de março de 2021


Se você sofre, não é porque as coisas são impermanentes. É porque você crê que as coisas são permanentes. Quando uma flor morre, não sofremos muito, porque entendemos que as flores são impermanentes. Mas você pode não aceitar a impermanência de uma pessoa amada, e sofre profundamente quando ela morre. Se você olhar a impermanência em profundidade, fará o melhor que puder para essa pessoa ser feliz agora. Consciente da impermanência, você se torna amoroso, positivo e sábio.


Thich Nhat Hanh

quinta-feira, 4 de março de 2021

 Se você parar de criar conceitos, opiniões, ideias sobre as coisas, seus olhos revelarão exatamente como elas são. O passado, o presente e o futuro terão sumido, e será somente isso, agora e sempre.

 Você ergue a cabeça e olha em frente: seus olhos veem as montanhas verdes; elas são altas; o rio segue correndo. Não são as montanhas verdes nem o rio que criam as opiniões e conceitos. Você cria as miragens e chora e ri enquanto está com elas.

  

 Subul


quarta-feira, 3 de março de 2021


A causa do sofrimento é a ignorância, um modo falso de olhar a realidade. Pensar que o impermanente é permanente, é ignorância. Pensar que há um eu quando não há, isso é ignorância. Da ignorância nascem o apego, a raiva, o medo, a inveja e incontáveis outros sofrimentos. O caminho da libertação é o caminho de olhar profundamente para as coisas a fim de verdadeiramente perceber a natureza da impermanência, a ausência de um eu auto-existente e a interdependência de todas as coisas. Este caminho é aquele capaz de eliminar a ignorância. Uma vez que a ignorância seja superada, o sofrimento é transcendido. Isto é a verdadeira libertação. Não há necessidade de um eu para haver libertação.


Thich Nhat Hanh

terça-feira, 2 de março de 2021

Lentamente, trouxe cada sensação para a pousada da consciência plena. Abandonei a resistência, soltei a negatividade e tentei apenas repousar na sensação de insignificância, de não me sentir amado e merecedor. Trouxe essas sensações para a minha mente – para a grande mente da consciência plena, onde elas se tornaram pequenas. A mente-pousada da consciência-plena englobava as sensações, o abatimento, a desolação e se tornava maior do que todos juntos, diminuindo o impacto, mudando a relação.

 

 Continuei fazendo isso por várias horas. Estava morrendo de fome, mas fiquei feliz por me sentir mal. O sentir mal era apenas outro hóspede, outra nuvem. Não havia razão para pedir que fosse embora. Mas a minha mente agora podia aceitá-lo e, a partir da aceitação, uma clara sensação física de satisfação permeou o meu corpo.

 

Yongey Mingyur Rinpoche


segunda-feira, 1 de março de 2021


Apenas quando você estiver pronto para se perder na sua natureza infinita, você estará totalmente unido com o Infinito. Todo o Universo é somente um Ser, uma existência, um atma, e ele é indestrutível.


Ravi Shankar
(comentário sobre o Ashtavakra Gita)