quarta-feira, 30 de setembro de 2020


Fundamentalmente, a verdade já está presente em todos. Ela não é uma coisa - você não precisa conhecê-la ou compreendê-la, não precisa afirmá-la ou negá-la. Apenas elimine o pensamento dualista - elimine a noção "ela existe" ou "ela não existe", para que não haja resquícios de nenhuma dessas ideias. Então, quando ambos os conceitos são abandonados, você não se apega a eles e nenhuma ideia pode limitar você. Na verdade não há falta ou excesso, nem sagrado ou profano, nem luz ou escuridão. Isso não é ter conhecimento e nem falta de conhecimento; nem escravidão nem libertação. Não é nenhum nome ou categoria. O Sutra de Vimalakirti diz: “a realidade não tem nada com o qual possa ser comparada” porque não há nada em particular que possa ser equiparado a ela. O corpo da realidade não é fabricado e não se enquadra nos limites de nenhuma classificação. Assim, diz-se que a compreensão que o sábio alcança não tem nome e não pode ser mencionada; a vazia porta da verdade não pode ser cristalizada. Dizem que os insetos podem pousar em qualquer lugar, exceto em uma chama ardente - da mesma forma que as pessoas podem formar apegos e conceitos sobre qualquer coisa, mas não sobre a sabedoria suprema.


Baizhang Huaihai (jap: Hyakujo)

terça-feira, 29 de setembro de 2020


Se você deseja despertar agora, nesse momento, deve apenas deixar o eu e os objetos externos desaparecerem, deixar sujeito e objeto se dissolverem, deixar o eu e o mundo retornarem ao vazio. Então ... você pode ser chamado de alguém que não se enquadra em nenhuma categoria. Isso é ter fé no verdadeiro ensino, observar a verdadeira ética, praticar a verdadeira generosidade, o verdadeiro estudo, alcançar a verdadeira sabedoria e assim por diante.



Baizhang Huaihai (jap: Hyakujo)

segunda-feira, 28 de setembro de 2020


Quando uma pessoa do Caminho encontra todos os tipos de situações dolorosas ou prazerosas, agradáveis ​​ou desagradáveis, sua mente não é afetada. Não pensando em fama ou lucro, roupas ou comida, e não buscando nenhum mérito ou elogio, ele não é mais obstruído por nada no mundo. Sem nada a que se apoiar, livre do desejo, ele aceita naturalmente a dor e o prazer. Uma roupa grossa o protege do frio; basta uma comida simples para sustentar o corpo. Deixando que as coisas aconteçam, ele pode parecer tolo ou uma pessoa surda e muda - mas é só assim que se ganha alguma compreensão. Se você busca uma compreensão intelectual, almejando mérito e sabedoria, tudo isso é apenas nascimento e morte, (vida ilusória e comum, que cria carma); é inútil para apreender a realidade.


Baizhang Huaihai (jap: Hyakujo)

domingo, 27 de setembro de 2020


Não há palavras para expressar a profundidade do princípio misterioso. É inefável. Todas as perguntas surgem devido ao pensamento especulativo. É como em um sonho; embora se possa ver todos os tipos de fenômenos e especulações, tudo isso desaparece ao despertar.


Nyuri

sábado, 26 de setembro de 2020


Você tem que começar por ser o observador neutro. Só então você se dará conta da plenitude do seu ser, que não é nem o particular nem o universal, que está além de ambos.


Nisargadatta Maharaj

sexta-feira, 25 de setembro de 2020


Ilusões e erros não precisam ser erradicados. Eles deixam de existir no momento em que são compreendidos. E a iluminação não é algo que se ganha e se possua a partir daquele momento, mas é o abandono de todas as ilusões, erros e conceitos. Sendo assim, é a eliminação de tudo que obscurece a verdade e impede que ela se revele.


Soko Morinaga

quinta-feira, 24 de setembro de 2020


Emmon: Se este corpo sem qualquer prática já é buda, por que você considera isso a coisa mais difícil?”

Nyuri: Despertar a mente é fácil; erradicar a mente é realmente difícil. Reconhecer o corpo ou a si mesmo é fácil; negar a realidade do corpo, ou de si mesmo, é difícil. É fácil agir, mas é difícil não-agir. Saiba, portanto, que é difícil compreender as realizações mais profundas e é realmente difícil unir-se ao princípio misterioso. Aquilo que é imóvel é a verdade.


Nyuri

quarta-feira, 23 de setembro de 2020


A coisa mais difícil de entender é que, sem fazer nada, já se é Buda. No entanto, sem fazer nada não significa deixar os delírios persistirem exatamente como são, e tentar ver Buda neles. Antes, significa perceber a verdade sem criar ilusões e sem erradicá-las.


Soko Morinaga

terça-feira, 22 de setembro de 2020


Emmon: O que é compaixão?

Nyuri: O corpo de transformação responde totalmente sem refletir a respeito do vazio. A benevolência para com os seres é livre de qualquer intenção e brota de um coração vazio. Se quiser dar um nome a isso, chame de compaixão.

Emmon: Quando os seres sencientes que trilham o Caminho se tornarão budas?

Nyuri: Se eles ainda não concluíram, embora possam estar praticando o Caminho por tantas eras quantos grãos de areia há no Ganges, eles ainda estão longe, muito longe de chegar. Mas quando o realizam, percebem que são budas. Mas por que você se preocupa se eles podem se tornar budas ou não?



Emmon comete o mesmo erro repetidamente. Ele acha que o treinamento é o meio para efetivar o estado de buda! Ele ainda não pode conceber que é a realização da verdade que sempre esteve lá e da qual nunca fomos separados.



Soko Morinaga

segunda-feira, 21 de setembro de 2020


O “eu” e o “meu”, não tendo existência própria, precisam de um apoio, que encontram no corpo. O corpo se torna seu ponto de referência. Quando você fala de “meu marido” e “meus filhos”, você quer dizer o marido e os filhos do corpo. Abandone a ideia de ser um corpo e enfrente a pergunta “Quem sou eu?” Imediatamente será desencadeado o processo que o trará de volta à realidade, ou melhor, levará a mente até a realidade.


Nisargadatta Maharaj

domingo, 20 de setembro de 2020


Você tem uma mente que se estende no tempo. Uma após outra, as coisas acontecem a você, e fica uma lembrança. Não há nada de errado nisso. O problema surge apenas quando a lembrança de dores e prazeres passados, que são essenciais a toda a vida orgânica, permanece como um reflexo, dominando seu comportamento. Esse reflexo toma forma de um “eu” e usa o corpo e a mente para seus fins, que, invariavelmente, são a busca do prazer e a fuga da dor. Quando você reconhece o “eu” como um feixe de desejos e de medos, e o senso de “meu” como abrangendo todas as pessoas e coisas necessárias a esse objetivo de evitar dor e assegurar prazer, você verá que o “eu” e o “meu” são ideias falsas, que não têm fundamento na realidade. Criadas pela mente, elas agora dominam seu criador, que as toma por verdadeiras. Quando questionadas, elas se dissolvem.



Nisargadatta Maharaj

sábado, 19 de setembro de 2020


Emmon: Ouvi dizer que, por causa da compaixão em seu coração, o Buda saiu de samadhi e, ajudou muitos seres sencientes a despertar. 

Nyuri: Samadhi é chamado dharmakaya, ou corpo do Dharma; o corpo formado pelos quatro grandes elementos é o sambhogakaya, ou corpo de recompensa; e o que aparece em resposta às circunstâncias é o nirmanakaya, ou corpo de transformação. O dharmakaya não está vinculado a nada; o corpo de transformação não está sujeito a nenhuma condição cármica, mas surge livremente e retorna novamente, sem deixar nada para trás - e, por isso, é dito que é desobstruído. 



Buda é a manifestação da verdade. As ervas e árvores também são a manifestação da verdade. Emmon não pode entender isso, por isso, para ele, Buda e grama são mundos separados. Para fazer Emmon perceber sua ilusão, o Mestre Nyuri responde em termos dos três corpos do Buda: dharmakaya, sambhogakaya e nirmanakaya. Esses três corpos não são três entidades diferentes, mas representam três aspectos da verdade: a essência ou o absoluto, a forma e a função, respectivamente. O fato de o corpo de transformação não estar sujeito a condições significa que ele muda livremente e por si mesmo em resposta à situação e que não deixa vestígios. Não ser restringido por condições significa mudar com as condições.



Soko Morinaga

sexta-feira, 18 de setembro de 2020


Emmon: O Buda não teve uma vida condicionada, que precisava chegar a um fim. Por que então o Tathagata atingiu seu nirvana e morreu?

Nyuri: Em tempos de seca e fome, todas as colheitas perecem.


A visão de Emmon sobre Buda é a de um ser imutável, não condicionado por nada e, portanto, absoluto. Por isso, parece-lhe contraditório que o Buda que apareceu fisicamente também deva morrer novamente. Ele não entende que a essência do que muda continuamente é o vazio não-originado e não-nascido, que não morre.

Por exemplo, um espelho reflete tudo exatamente como parece; consequentemente, as imagens refletidas mudam constantemente. O que não muda é a faculdade ou natureza do espelho, de refletir. Já a imagem em um filme fotográfico é estática e imutável e é o filme em si que vai mudando pela exposição. A visão de Emmon do absoluto é análoga à da imagem em um filme. Ele não percebe que o corpo do Buda é como um reflexo no espelho, enquanto a impermanência em si é o verdadeiro Buda.



Soko Morinaga

quinta-feira, 17 de setembro de 2020


Huang Tingjian foi ver o mestre zen Huitang Zuxin (1025-1100) para obter instruções. Naquela época do ano, as flores estavam em plena floração e seu perfume permeava o templo. Mestre Huitang perguntou: "Você consegue sentir o cheiro das flores?" Huang Tingjian disse: "Sim, intensamente." "Viu? Não estou escondendo nada de você", afirmou Mestre Huitang.

Geralmente o discípulo acha que o mestre possui a verdade e que a expõe pouco a pouco. Por isso ele sempre suspeita de que ainda há algo que não foi mostrado para ele, uma certa verdade oculta. Mas os mestres iluminados não possuem absolutamente nada - e é por isso que eles vêem que todas as coisas, exatamente como são, são manifestações da verdade. Alguém que realmente percebeu isso, e sabe que a verdade se revela sempre e em toda parte, pode ser chamado de desperto.



Soko Morinaga

quarta-feira, 16 de setembro de 2020


Quando você é internamente integrado, o conhecimento externo chega até você espontaneamente. A cada momento de sua vida, você sabe o que tem que saber. No oceano da mente universal está contida a totalidade do conhecimento, sempre a seu dispor. De grande parte dele talvez você nunca venha a precisar, mas, mesmo assim, ele é seu.


Nisargadatta Maharaj

terça-feira, 15 de setembro de 2020


As pessoas comuns, ao gerar pensamentos em resposta aos fenômenos que se apresentam, buscam prazeres e excitações com suas mentes. Mas para livrar-se desse apego aos fenômenos, devem abandonar as mentes. Se abandonam as mentes, os fenômenos revelam-se vazios. E se os fenômenos se revelam vazios, a mente se extingue.


Huang-Po

segunda-feira, 14 de setembro de 2020


Emmon: “Como chamamos a esse ensinamento?”
Nyuri: "Não existe ensinamento - muito menos um nome a ser dado a ele."

Emmon: “Se esse é o ensinamento, eu não o entendo.”
Nyuri: “Na verdade, não há ensinamento algum a ser compreendido. Não busque qualquer entendimento.”

Emmon quer transformar a compreensão em um objeto, em algo que ele possa se apegar e que não mudará. Apegar-se a algo e, assim, amarrar-se, é um hábito arraigado de cada um de nós.


Soko Morinaga

domingo, 13 de setembro de 2020


É impossível capturar e possuir as imutáveis e eternas palavras da verdade. É errado crer que a iluminação seja algo que, uma vez alcançada, torna-se a partir uma posse eterna. Pensar assim apenas indica que se está preso a palavras e experiências. Mas o que realmente se pode chamar de iluminação, é não se deixar capturar por nenhuma verdade, palavra ou experiência. Os textos zen, por isso, enfatizam continuamente a necessidade de lavar até mesmo o odor da iluminação junto com a sujeira do treinamento.


Soko Morinaga

sábado, 12 de setembro de 2020


Emmon: “De acordo com os ensinamentos, todos os seres sencientes já são budas iluminados.”

Nyuri: “Como não há vínculos, como podem existir seres libertados?”

Daoxin (580–651), o quarto patriarca zen chinês, chegou ao terceiro patriarca, Sengcan (morto em 606), e pediu para ser libertado. Sosan respondeu: "Quem o aprisionou?" Daoxin respondeu: "Ninguém". Sengcan perguntou: "Então por que você está querendo ser libertado?" Com isso, Daoxin teve um ótimo satori. Como a história ilustra, não há vínculos dois quais se livrar, nada está faltando e não há nada a ser ganho com a prática. Como já foi dito:

"O Grande Caminho é ilimitado, insondável e sutil".


Soko Morinaga

sexta-feira, 11 de setembro de 2020


O Caminho não tem nada a ver com conhecimento ou ignorância, disse Nan-chuan. Conhecimento é uma ilusão, ignorância é uma bagunça. Se você verdadeiramente alcança o Caminho sem consciência, como se estivesse em um vazio imensurável, não haverá obstáculo nem limite à sua frente. Como isso poderia ser afirmado ou negado?


Nan-chuan

quinta-feira, 10 de setembro de 2020


A verdadeira consciência é um estado de puro testemunhar, sem a mínima intenção de interferir naquilo que é testemunhado. Seus pensamentos e sentimentos, palavras e atos, podem também ser parte do acontecimento. Você assiste despreocupadamente a tudo, na pura luz da clareza e da compreensão. Você entende o que está se passando, porque aquilo não o afeta. Pode parecer uma atitude de desinteresse frio, mas, na verdade, não é assim. Uma vez nela, você perceberá que ama o que vê, seja o que for. Esse amor incondicional é a pedra-de-toque da Consciência Pura.


Nisargadatta Maharaj

quarta-feira, 9 de setembro de 2020


Se você deseja a iluminação, abandone completamente todo apego comum a ações e comportamentos, princípios e obrigações, opiniões e interpretações; seja como você era antes do nascimento de sua mãe e seu pai, separado de todos os fenômenos externos, não afundando no silêncio interno nem se estabelecendo naquilo que considera ser o vazio.

Olhe diretamente! Agora, enquanto você está ouvindo, me diga! O que é isso que ouve?


Bassui

terça-feira, 8 de setembro de 2020


O “portão do dharma através da mente” significa que todos os fenômenos só se estabelecem quando apreendidos pela mente. Eles passam a existir quando encontram nossos sentidos e quando nossos sentidos não os percebem, eles se vão. Você não deve transformar essa manifestação pura numa experiência sensorial.


Huang-Po

segunda-feira, 7 de setembro de 2020


A natureza iluminada não pode alcançada através da sabedoria, pois mesmo a sabedoria é um obstáculo. Se você compreender intuitivamente, estará em harmonia com o Caminho. Mas se tentar agir intencionalmente, apenas criará mais ignorância.


Subul

domingo, 6 de setembro de 2020


Você deve ser capaz de deixar ir não só os objetos dos sentidos, mas também sua observação da mente. Mas você deve saber também que, mesmo deixando que tudo vá, não há nada para deixar ir ou não! Se você tentar fazer essas coisas conscientemente, estará cometendo um grande erro.


Subul

sábado, 5 de setembro de 2020


As pessoas comuns apegam-se aos objetos dos sentidos. Os praticantes do Caminho apegam-se à mente. Abandonar a mente e os objetos dos sentidos é o verdadeiro dharma.


Huang Po

sexta-feira, 4 de setembro de 2020


A consciência é algo que acontece a você, e não em você, algo externo, estranho, superposto. Não é possível simplesmente se retirar da consciência, pois a própria ideia de se retirar está na consciência. Mas se você aprender a olhar para a consciência como uma espécie de febre pessoal e privada, na qual você está contido, dessa própria atitude virá a liberdade.


Nisargadatta Maharaj

quinta-feira, 3 de setembro de 2020


A lembrança de desejos não-satisfeitos no passado suga energia, que se manifesta como uma pessoa. Quando essa carga se esgota, a pessoa morre. Os desejos não-satisfeitos são levados para o próximo nascimento. A identificação com o corpo cria desejos sempre novos, que nunca chegam ao fim, a não ser que esse mecanismo de aprisionamento seja visto com clareza. A pessoa não renasce. Ela morre, e morre para sempre. Mas suas lembranças permanecem, e também seus desejos e medos. Eles fornecem energia para uma nova pessoa.


Nisargadatta Maharaj

quarta-feira, 2 de setembro de 2020


Não há nada a acrescentar ou remover na mente. Quando os pensamentos conceituais surgem, diz-se que a mente está contaminada, o que é um erro. A mente nunca se contamina. As ilusões surgem involuntariamente e da mesma forma elas se vão. Os seres parecem viver repetidamente o ciclo de nascimento e morte, mas eles jamais nascem realmente.


Subul

terça-feira, 1 de setembro de 2020


O bodhisattva pratica sem confiar na forma. Por isso sua prática é a prática da não-prática. Você pratica e, contudo, não parece que está praticando.


Thich Nhat Hahn