quarta-feira, 31 de agosto de 2016

A fé é insegurança




Ter fé é ter abertura para a verdade, não importa quais sejam as consequências, não importa onde isso possa levá-lo, e sendo que você nem sequer sabe para onde poderá levá-lo. Isso é fé. Não é crença, mas fé. As crenças que você tem lhe dão muita segurança, mas a fé é insegurança. Você não sabe. Você se dispõe a seguir e está aberto, está totalmente aberto!


Anthony de Mello
(em “Guia Para Águias Que Acreditam Ser Frangos”) 




terça-feira, 30 de agosto de 2016

Precipitação




Nós acreditamos muito precipitadamente em nossos sentimentos e pensamentos que surgem em nossa mente. Vocês precisa se desapegar disso. Observe sem tentar interpretá-los tão rapidamente. Quando compreender que você é apenas a testemunha do que ocorre em sua mente, e não interpretar seus pensamentos tão rapidamente, começará a perceber a Presença que existe em você. Você apreciará sua Amplitude, o vazio que há por trás dos pensamentos. O mundo deixará de ter controle sobre sua mente. Sentirá o Amor, a profunda Paz e a Alegria que não vêm das “coisas” em si, mas que emana de sua Essência. E isso ocorrerá após um curto espaço de tempo.


Mooji


segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Chuva, sol




A chuva é instigante, o sol é atraente.
                                 Su Dongpo


As pessoas mais sábias encaram toda situação como algo benfazejo, progredindo sempre no caminho positivo.

Um dos poemas do mestre Shinmin Sakamura diz:

A doença
abriu para mim
mais um mundo novo
Desabrocha
a flor de pêssego

“Desabrocha a flor de pêssego” significa que a flor do seu coração se abre a cada experiência vivida. Pessoas normais conseguem sentir que essa flor “desabrocha” em uma situação favorável, mas, quando passam por momentos negativos como doenças ou fracassos, só conseguem acreditar que a flor “nunca chegou a desabrochar”.

Isso não é verdade. Devemos encarar as adversidades como adubo para que uma flor ainda mais bela possa desabrochar. Ao mesmo tempo, nos momentos de bonança, deve-se tomar cuidado para não cair na tentação do orgulho e da arrogância. É essa postura de vida que devemos aprender com as palavras “A chuva é instigante, o sol é atraente”.  


Shundo Aoyama Roshi
(em “A Coisa Mais Preciosa da Vida”) 






sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Compreender sua vida




Uma das coisas que Bashô, o grande expoente da poesia haikai, dizia com frequência aos seus discípulos era: “Na poesia existe o ser e o fazer. Quem se preocupa em aprimorar o seu interior e aplicar o seu aprendizado para interagir com o mundo exterior verá que as criações que brotam do seu coração passam a ser o poema. Aquele que não aprimora o seu interior é incapaz de ter criações próprias para ser o poema; portanto é obrigado a utilizar-se do seu ego para fazer com que o poema surja”. Valorizar cada segundo da sua existência de forma que ela se torne naturalmente a sua obra. O ensinamento que Bashô transmite é rigoroso: antes de compreender e dominar sua obra, deve-se compreender e dominar sua vida.


Shundo Aoyama Roshi
(em “A Coisa Mais Preciosa da Vida” - pág 34) 



quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Brincar de Deus




Queremos brincar de Deus, dizer a Deus o que fazer e como criar o universo perfeito. Gostaríamos que não houvesse mosquitos, nem morte, nem gripe, nenhum caso de câncer, as estações e suas mudanças, que não houvesse morte. Queremos que tudo esteja no lugar certo. Ao pensar desta forma, esquecemos a perfeição que é evidente a cada momento. Estamos vivendo no passado, no futuro, em meio a pensamentos. O agora é sempre livre de sofrimento, de problemas e separação. É sempre livre de ego. No agora não existe ego. O ego não consegue viver no agora.

Se achamos que há um problema com o mundo, nós temos um problema! Mas nós não somos o problema, somos a liberdade. O mundo se parece com o que criamos com os nossos pontos de vista. É por esta razão que manter nossa mente no problema apenas o faz perpetuar-se. Você tem que romper a hipnose do problema, que é o objeto, e se voltar para o Self (Essência). O Self irá lidar com o problema da maneira mais adequada. Renda-se ao Self.


Francis Lucille
(em “The Perfume of Silence”)



quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Reagir aos velhos hábitos



A propensão a sentirmos pena de nós mesmos, termos inveja, termos raiva – nossas reações emocionais tão familiares são como sementes que simplesmente continuamos a regar e nutrir. No entanto, cada vez que fazemos uma pausa e mantemos contato com a energia subjacente, paramos de reforçar essas propensões e começamos a nos abrir para possibilidades novas e refrescantes.

À medida que você for reagindo de modo diferente a um velho hábito, perceberá as mudanças. No passado, quando ficava irritado, você podia levar até três dias para se acalmar, mas, se continuar interrompendo os pensamentos raivosos, poderá chegar ao ponto em que levará apenas um dia para abandonar aquela raiva. Finalmente, apenas horas ou até um minuto e meio. Você está começando a se libertar do sofrimento.

A prática consiste em treinar a não seguir os pensamentos, não a livrar-se deles completamente. Isso seria impossível. Com o aprofundamento da prática, pode-se experimentar momentos livres de pensamentos, maiores extensões de tempo sem pensar, mas eles sempre voltam. Essa é a natureza da mente. Entretanto, não é preciso fazer do pensamento nossos vilões. Basta treinar para poder interromper seu impulso. A instrução básica é deixar os pensamentos passarem – ou rotula-los de “pensar” – e ficar com instantaneidade de experiência.

Todo seu ser desejará fazer a coisa habitual, desejará seguir o enredo. O enredo está associado à certeza e ao conforto. Sustenta seu sentido muito limitado e estático de ser, além de oferecer a promessa de segurança e felicidade. Só que a promessa é falsa e qualquer felicidade que ele traga é apenas temporária. Quanto mais você praticar para não fugir para o mundo da fantasia de seus pensamentos e, ao invés, entrar em contato com a sensação de desenraizamento que tem, mais acostumado ficará a experimentar as emoções como simples sensações – livre de conceitos, livre do enredo, livre das ideias fixas de bom e mau.


Pema Chodron
(em “A Beleza da Vida”)


terça-feira, 23 de agosto de 2016

Meu mantra



Tudo é a Essência.
Tudo é Um.
Cada fenômeno é uma manifestação temporária dessa Essência.
Meu ego é uma manifestação temporária dessa Essência.
Meus medos, minhas esperanças, meus pensamentos, minhas aflições: todos eles são manifestações temporárias dessa Essência.
Não possuem existência real.

Devo dedicar cada momento de minha vida a aliviar o sofrimento de todos os seres.


(eu)

Nossa ilusória identidade




Nossa identidade, que parece tão confiável, tão concreta, na verdade é muito fluida, muito dinâmica. As possibilidades do que pensamos e sentimos e o modo pelo qual podemos experimentar a realidade são ilimitados. Temos o que é necessário para nos libertar do sofrimento de uma identidade fixa e nos conectar com a natureza fugidia e misteriosa do nosso ser, que não tem identidade fixa. Seu senso de você mesmo – de quem pensa que é no nível relativo – é uma versão muito restrita de quem realmente é.

Mas a boa nova é que sua experiência imediata – quem você parece ser nesse momento preciso – pode ser usada como entrada para sua verdadeira natureza. Por meio do pleno envolvimento com esse instante relativo do tempo – o som que ouve, o cheiro que sente, a dor ou conforto que sente agora – estando totalmente presente em sua experiência, você entra em contato com a abertura ilimitada do seu ser. Todos os nossos padrões habituais são esforços para manter uma identidade previsível: “ Sou uma pessoa raivosa”; “Sou uma pessoa amistosa”; “sou um verme”. Podemos trabalhar com esses hábitos mentais quando eles surgem e ficam com nossa experiência, não só quando estamos meditando, mas também no cotidiano. Estejamos a sós ou na companhia de outros, não importa o que estejamos fazendo, a inquietude pode vir para a superfície a qualquer instante. Podemos achar que esses sentimentos pungentes, penetrantes, sejam sinais de perigo, mas na verdade são sinais de que acabamos de entrar em contato com a fluidez essencial da vida. Ao invés de nos escondermos desses sentimentos, ficando na bolha do ego, podemos deixar passar a verdade de como as coisas realmente são. Esses momentos são grandes oportunidades. Mesmo que estejamos cercados de gente – numa reunião de negócios, digamos – ao sentirmos a inquietude surgindo, podemos simplesmente respirar e encarar os sentimentos. Não é preciso entrar em pânico e nos fecharmos em nós mesmos. Não é preciso reagir do modo habitual. Não é preciso lutar ou fugir. Podemos ficar envolvidos com os outros e ao mesmo tempo reconhecer o que estamos sentindo.


Pema Chodron
(em “A Beleza da Vida”)

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

"Não há nada à parte de mim”





Quando você compreende que é divino, você é livre e desapegado do que quer aconteça ou não. A tela não é influenciada pelas cenas que são projetadas nela. Seja imperturbável, pois nada é real. E se o irreal te afeta, isso significa que você ainda está imerso em ignorância. A compreensão mais elevada é “Eu sou Tudo, não há nada à parte de mim”. Logo, por que se preocupar?


Sri Ranjit Maharaj
(em “Illusion vs. Reality”)

sábado, 20 de agosto de 2016

A maior gargalhada




Quando você enfim reconhecer que você é a Essência sonhando em encontrar a Essência, dará a maior gargalhada de sua vida.


Mooji
(Satsang no Monte Sahaja, 30.06.2016)


sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Brinquedos




Espiritualidade significa despertar. A maioria das pessoas, mesmo sem saber, está dormindo. Elas nascem adormecidas, vivem adormecidas, estão dormindo quando se casam e criam filhos e também morrem dormindo, sem jamais terem despertado. Nunca compreenderam o encanto e a beleza desta coisa que chamamos de existência humana. Como sabemos, todos os místicos – católicos, cristão, não cristãos, não importa sua teologia, não importa sua religião – são unânimes quanto a uma coisa: está tudo certo. Está tudo certo. Embora seja uma confusão, está tudo certo. Um paradoxo estranho, com certeza. Mas, tragicamente, a maioria das pessoas nunca consegue enxergar que está tudo certo, pois elas estão dormindo. Estão tendo um pesadelo.

A maioria das pessoas talvez lhes diga que tem vontade de sair do jardim de infância, mas não acredite nelas. Não acredite nelas! Tudo o que elas querem é que você conserte seus brinquedos quebrados. “Traga minha esposa de volta. Devolva o emprego que perdi. Traga de volta o dinheiro que eu tinha. Quero de volta a minha reputação, meu sucesso.” É isso o que elas querem: querem seus brinquedos de volta. Só isso. O que elas querem é conseguir algum alívio; a cura é uma coisa dolorosa.

Anthony de Mello
(em “Guia Para Águias Que Acreditam Ser Frangos”)




quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Bom e ruim: ilusões




Pergunta: Há mestres que comem carne?

Compreenda a si mesmo, isso é o mais importante. Seu corpo não é você. Você acredita ser esse corpo, mas não é. Logo, o que é bom e o que é ruim? Essas questões não tem fundamento, acredite. Tire-as da cabeça. “Bom” e “ruim” são preocupações da mente condicionada, apenas isso.

Certo dia meu mestre pediu a seus discípulos, “Tragam-me algo que seja ruim”. Eles não conseguiram encontrar nada que fosse ruim, até que finalmente alguém trouxe um pouco de esterco. Mas sem esterco não há comida, os fertilizantes são necessários! Portanto, nada no mundo é ruim e nada é bom. O eu que julga o que é bom e o que é ruim e não aceita serenamente o que acontece, esse sim é ruim.



Sri Ranjit Maharaj
(em “Illusion vs. Reality”)



quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Uma transformação radical




Algumas pessoas esqueceram sua divindade tão completamente que não têm realmente nenhum interesse. Eu mesmo, numa época, não estava interessado em despertar, não me interessava por esse tipo de coisa. Eu tinha outros interesses, mas não isso. De onde veio então esse interesse? Surgiu no meu coração e de alguma forma chegou ao lugar em que se encontra agora, quando há paz em mim, em meu coração, paz em minha mente. Não a paz vinda de algo, nem sequer por alguma razão. É simplesmente Paz, Alegria, Silêncio e Amplitude.

Como isso surgiu em alguém tão comum como eu? Por isso, vejo que é possível para todos, pois não sou mais especial que ninguém. A pessoa pode parecer completamente desinteressada e até mentalmente obscura, e no entanto, sua vida pode mudar. Ela pode chegar a uma compreensão total, ou a um completo despertar. Este é o verdadeiro Milagre.

Uma transformação orgânica, uma mudança radical, sem que se consiga explicar a causa. Não significa porém que algumas pessoas tenham sorte e outras não. Aquelas que sentem que é chegado o momento de descobrir, começam a sentir-se diferentes, sentem-se atraídas, começam a procurar por livros espirituais, não se interessam mais por livros românticos. Querem saber sobre o Buda. Se você lhes der um livro de viagem, elas não querem, o que desejam é saber o que Buda disse sobre essas coisas.

O que as leva a pensar desta maneira? Não sabemos. Simplesmente esta atração floresce dentro de seus corações, e então começam a pensar diferente. No sonho que é a vida precisa haver esses opostos, como esquecer e lembrar. Se nunca sentíssemos ódio ou tristeza, não saberíamos o que é o Amor ou a Felicidade. De certa forma, aprendemos através dos opostos. Logo, se estivéssemos, como você diz, ‘todos despertos e divinos’, não saberíamos o que é Despertar. Não saberíamos o que é a Divindade, não saberíamos absolutamente nada. Na verdade, no estado original não sabemos absolutamente nada, porque não há nada mais que saber. Quando você é completo em sua harmonia natural, não sabe absolutamente nada.

O que há para saber? Qual é a razão para saber algo, você está em completa Alegria! Quando você está feliz, você não quer saber nada, você simplesmente está feliz, não é? Mas quando está triste você quer saber muitas coisas.  Quando estamos sofrendo e com dor então surge essa pergunta: por que devemos sofrer dessa maneira? Não perguntamos isso quando estamos nos divertindo. Estamos suficientemente alegres para apenas continuar nos divertindo. Mas quando sofremos, quando sentimos dor ou perda ou temos uma profunda ferida emocional, aí surgem essas perguntas, ‘o que é essa vida’?, ‘por que estamos aqui?'.


Mooji

(entrevista em Buenos Aires – 2009)



terça-feira, 16 de agosto de 2016

O Zen não é difícil. Nem fácil.





O Zen não é difícil. Se você acha o Zen difícil, significa que está analisando a si próprio, analisando sua situação, sua condição, suas opiniões. Por isso você acha o Zen difícil. Mas se você mantém a mente que vem antes dos pensamentos, o Zen não é difícil. E também não é fácil. Ele é o que é. Não o torne difícil, não o torne fácil. Apenas pratique.


Seung Sahn
(em “Droping Ashes on the Buddha”)



segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Uma ilha de ouro puro




Do ponto de vista da verdade absoluta, nem a felicidade e nem o sofrimento têm existência real. Ambos pertencem à verdade relativa, percebida pela mente que permanece presa pelos grilhões da confusão. Aquele que compreende a verdadeira natureza das coisas é como um navegador que aporta em uma ilha feita de ouro puro: mesmo que procure seixos comuns, não irá encontrá-los. Dilgo Khyentse Rinpoche nos explica:

“Como as nuvens que se formam no céu, ficam algum tempo e depois se dissolvem no vazio do espaço, os pensamentos ilusórios aparecem, duram um momento e depois desaparecem na vacuidade da mente. De fato, nada realmente aconteceu.”



Matthieu Ricard
(em “Felicidade – A Prática do Bem-Estar)


sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Um homem feliz






Posso dizer, sinceramente e sem ostentação, que sou um homem feliz, assim como digo que sei ler ou que tenho uma boa saúde. Se eu tivesse sido feliz sempre e continuamente, desde o momento em que, quando era pequeno, caí dentro de uma poção mágica, essa afirmação não teria nenhum interesse. Mas não foi sempre assim. Como criança e adolescente, estudei o melhor que pude, amei a natureza, toquei música, esquiei, velejei, observei os pássaros, aprendi a fotografar, amei a minha família e os meus amigos. Mas nunca me ocorreu dizer que era feliz. A felicidade não fazia parte do meu vocabulário. Eu tinha consciência do potencial que pensava estar presente dentro de mim, como um tesouro oculto, e o imaginava também nos outros. Mas a natureza desse potencial era vaga, e eu não tinha ideia de como realizá-lo. O florescimento que sinto agora, a cada momento de minha existência, foi construído ao longo do tempo, e em condições propícias à compreensão das causas da felicidade e do sofrimento.

Em meu caso, a boa sorte de encontrar-me com pessoas notáveis, que eram ao mesmo tempo sábias e compassivas, foi decisiva, porque o poder do exemplo diz mais que qualquer discurso. Elas me mostraram o que podemos realizar e provaram-me que é possível tornar-se livre e feliz, de maneira duradoura, desde que se dê atenção a isso. Quando estou entre amigos, compartilho minha vida com eles com alegria. Quando estou só, em meu retiro ou em outro lugar, cada instante que passa é um deleite. Quando empreendo um projeto na vida ativa, regozijo-me se ele tem êxito e não vejo razão para queixar-me se ele não tem, já que dou a ele o meu melhor. Tive a sorte, até o dia de hoje, de ter o que comer e um teto sobre a minha cabeça. Considero que minhas posses são ferramentas, e não considero nenhuma delas indispensável.  Sem um comportador portátil eu pararia de escrever, e sem minha câmera deixaria de fotografar, mas isso de modo algum prejudicaria a qualidade de cada momento da minha vida. Para mim, o essencial foi ter encontrado os meus mestres espirituais e ter recebido deles os ensinamentos. Isso meu deu mais do que o suficiente para meditar até o fim dos meus dias!


Matthieu Ricard
(em “Felicidade – A Prática do Bem-Estar”)    

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

A primavera vem, a grama cresce espontaneamente.





“O estudante disse, ‘Como eu posso compreender o Absoluto?’”

Seung Sahn respondeu, ‘Você precisa compreender você.’”

‘Como posso compreender a mim?’

Seung Sahn segurou sua vara Zen e perguntou, ‘Vê isso?’

Então, subitamente ele bateu com a vara na mesa e perguntou, ‘Você ouviu? Essa vara, esse som, sua mente: são o mesmo ou diferentes?

O estudante respondeu, ‘O mesmo.’

Seung Sahn disse, ‘Se você responder que são o mesmo eu o açoitarei trinta vezes. Se responder que são diferentes, eu também o açoitarei trinta vezes. Por quê?’

O estudante ficou calado.

Seung Sahn gritou, ‘KATZ!!!’, e depois disse,

‘A primavera vem, a grama cresce espontaneamente.’



Seung Sahn
(em “Droping Ashes on the Buddha”)



quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Esforço





Estamos numa bifurcação que pode levar para cima ou para baixo. Descer não requer esforço de nossa parte: é fácil, porque a tendência natural é continuar com o velho padrão de emoções negativas. A prática do Dharma, por outro lado, exige esforço e precisa ser cultivada. É como tentar empurrar uma enorme pedra montanha acima. Ela não vai chegar ao topo sozinha, precisa que alguém empurre. Mas, se a pedra for largada, rola montanha abaixo por si só, sem ajuda de ninguém. Do mesmo modo, não precisamos de muito esforço para cometer ações negativas; elas ocorrem naturalmente, porque são nossa tendência natural. O que exige esforço é praticar a virtude e evitar a negatividade.

A existência samsárica não exige esforço de nossa parte para se perpetuar. Ela segue automaticamente. Falando sem rodeios, se você deseja ser feliz, deve se dedicar à prática do Dharma, mas, se está satisfeito com a dor e o sofrimento, não precisa se dar ao trabalho.


Tulku Urgyen Rinpoche
(em “Repetindo as Palavras de Buda”)


terça-feira, 9 de agosto de 2016

Uma mesma substância





Numa fábrica, diferentes biscoitos são assados em forma de animais, carros, pessoas, aviões. Possuem diferentes nomes e formatos, mas são todos feitos da mesma massa e possuem o mesmo sabor.

Da mesma maneira, tudo no universo – o sol, a lua, as estrelas, montanhas, rios, pessoas e tudo o mais – possui diferentes nomes e formas, mas são todos feitos da mesma substância. O universo é organizado em pares de opostos: claro e escuro, homem e mulher, som e silêncio, bom e mau. Mas todos esses opostos são mútuos, possuem nomes e formas diferentes, mas sua substância é a mesma.

A substância dessa vara Zen e sua substância é a mesma. Você é essa vara: essa vara é você.


Seung Sahn
(em “Droping Ashes on the Buddha”)


segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Agindo poderosamente




Quando você se torna completamente consciente de que é a sua Essência quem faz tudo, naturalmente passa a entregar a ela tudo que surgir.

Mesmo que pareça que você não esta fazendo nada a respeito, sua Essência está agindo muito poderosamente.   


Daehaeng Sunim
(em “Touching the Earth: The power of our inner light to transform the world”)



sábado, 6 de agosto de 2016

Sem discriminação




Quando preparardes a comida, não olheis com olhos comuns e não penseis com mente comum. Apanhai uma folha de relva e construí uma terra do rei do tesouro; entrai numa partícula de pó e girai a grande roda do darma. Não desperteis uma mente desdenhosa quando preparardes um caldo de ervas silvestres; não desperteis uma mente alegre ao preparardes uma refinada sopa cremosa. Onde não há discriminação, como pode haver aversão? Por conseguinte, não sejais descuidados nem mesmo quando trabalhardes com material pobre, e mantei vossos esforços mesmo quando tiverdes excelente material. Não mudeis jamais a vossa atitude de acordo com o material. Se assim o fizerdes, será como se alterásseis vossa verdade ao falar com pessoas diferentes; não sereis, então, um praticante do caminho.


Dogen Zenji
(em “A Lua Numa Gota de Orvalho – Escritos do Mestre Dogen”)






sexta-feira, 5 de agosto de 2016

A iluminação não é uma conquista





Os estudantes deveriam saber que o caminho de buda* encontra-se fora do pensamento, da análise, da profecia, da introspecção, do conhecimento e da explicação sensata. Se o caminho de buda estivesse nessas atividades, por que já não teríeis realizado o caminho de buda até agora, uma vez que desde o nascimento perpetuamente estivestes em meio a essas atividades?

Os estudantes do caminho não deveriam empregar o pensamento, a análise ou qualquer uma dessas coisas. Embora o pensamento e outras atividades sempre vos assediem, se os examinardes enquanto prosseguis, vossa clareza será como um espelho.


Dogen Zenji
(em “A Lua Numa Gota de Orvalho – Escritos do Mestre Dogen”)


*Caminho de buda: Essência, Realização, Iluminação, etc.






quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Sabedoria é saber que o eu não existe




Sabedoria é saber que o eu não existe. Sabedoria é saber que a matéria e o corpo físico são meras imagens de um sonho, são como gotas d’água agitadas pelas marés e pelos ventos. Ignorância nada mais é que insistir na existência do eu individual e esquecer que a matéria e o corpo físico desaparecerão.

Abandone o eu e milhões de sofrimentos e dúvidas desaparecerão.


Daehaeng Sunim
(em “No River to Cross – Trusting The Enlightenment That’s Always Right Here”)




quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Como se libertar do medo?




Uma das perguntas que mais me fazem nos ensinamentos em grupo e nas entrevistas particulares é: “Como me livrar do apegos? Como me libertar das esperanças e dos medos?”

A resposta é simples: “Não tente se livrar”.

Por quê?

Porque quando tentamos nos livrar de algo, na realidade estamos reforçando a esperança e o medo. Se encaramos qualquer situação, sentimento, sensação, ou qualquer outra experiência como inimigo, apenas o tornamos mais forte, pois estamos resistindo e sucumbindo por causa deles. O caminho proposto por Buda começa por simplesmente observar o que quer que estejamos pensando ou sentindo: “Estou com raiva. Estou com ciúmes. Estou cansado. Estou com medo.”

À medida que observamos, pouco a pouco percebemos que os pensamentos e os sentimentos não são fixos nem sólidos como parecem ser. A impermanência tem suas vantagens. Tudo muda – até mesmo nossas esperanças e medos.


Yongey Mingyur Rinpoche
(em “Joyful Wisdom”)


terça-feira, 2 de agosto de 2016

Participar do reino de Buda




Agarrar-se ideia de que você e os outros são seres diferentes, a ponto de não conseguir nem mesmo imaginar que tudo é um, é o principal obstáculo no caminho para o Buda. A princípio valorizar o eu pode parecer útil, mas essa é na verdade a origem de todos os problemas. Agarrar-se a ideia de eu nos priva de participar do reino de Buda e nos impede de experimentar os incríveis benefícios desse reino. Até que conheçamos completamente a realidade da não-dualidade, não haverá paz para nós. Por isso, como praticante, você não deve encarar nada dualisticamente mas sim entregar tudo que surgir à sua Essência de maneira profunda e sincera.



Daehaeng Sunim
(em “No River to Cross – Trusting The Enlightenment That’s Always Right Here”)


segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Lidar com tudo





Para mim um ponto fundamental é: aqueles que querem algo mais da vida não devem se deixar arrastar pelas coisas que acontecem a elas. Em vez disso, devem aceitar e absorver por inteiro tudo que enfrentam. Compreender intelectualmente o que estou dizendo não é a verdadeira compreensão. Em vez disso, tenha uma fé firme em sua Essência e entregue absolutamente tudo a ela.

Não importa o que você enfrente, sua prática deve ser sempre a de entregar tudo à Essência, pois o que você confiar a ela será modificado e trazido de volta ao mundo de uma outra forma. Sua compreensão e sua prática devem refletir-se em ações. Só assim você será capaz de lidar com todos os problemas de sua família, da Terra e do Universo.


Daehaeng Sunim
(em “Touching the Earth: The power of our inner light to transform the world”)