segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Eu - Como ser uma nuvem no céu?



Estou cansado de me carregar 
                             de um lado para outro.

Como ser uma nuvem no céu?

Como ser uma pequenina folha na correnteza?


A mente que aprende


Aprender é se aproximar de qualquer problema quietamente, silenciosamente.
É somente uma mente silenciosa, uma mente quieta, a mente que está se movendo com o fato, que aprende. 

Jiddu Krishnamurti
(discurso em Madras, 1965)

domingo, 30 de agosto de 2015

Você não precisa mudar




Nada que você faça mudará a si mesmo, pois você não precisa de nenhuma mudança. Você pode mudar sua mente ou seu corpo, mas isso é sempre algo externo a você que foi mudado, não você mesmo. Por que se importar com toda essa história de mudança? Realize de uma vez por todas que nem seu corpo, nem sua mente e nem mesmo sua consciência é você e mantenha-se de pé sozinho em sua verdadeira natureza além da consciência e inconsciência. Nenhum esforço pode levá-lo lá, somente a clareza do entendimento. Não tente reformar a si mesmo, simplesmente veja a futilidade de toda mudança. O mutável mantem-se em mutação enquanto o imutável espera. Não espere que o mutável o leve ao imutável – isso jamais acontecerá. Somente quando a própria ideia de mudança é vista como falsa e abandonada, o imutável pode surgir.

Sri Nisargadatta Maharaj
(em “I Am That”)

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Somos tão autocentrados


Como prestamos poucas atenção às coisas sobre nós mesmos para observá-las e considerá-las! Somos tão autocentrados, tão ocupados com nossas preocupações, como nossas próprias vantagens, não temos tempo para observar e entender. Essa preocupação torna nossa  mente embotada e esgotada, frustrada e cheia de sofrimento, e queremos escapar do sofrimento. Enquanto o ego estiver ativo, tem que haver embotamento exaustivo e frustração. As pessoas estão presas numa corrida louca, na agonia do sofrimento autocentrado. Esse sofrimento é profunda negligência. As pessoas cuidadosas e observadoras estão livres do sofrimento.

Jiddu Krishnamurti
(em “Cartas a Uma Jovem Amiga”)

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Uma mente clara e profunda



Estar realmente só, não com as memórias e problemas de ontem, mas estar só e feliz, estar só sem qualquer compulsão exterior ou interior, é deixar a mente ser intocada. Estar só.

Você deve ter uma mente clara, uma mente livre, destravada: isso é essencial, você não pode ter uma mente clara, penetrante, se existe qualquer tipo de medo. O medo obstrui a mente. Se a mente não se defronta com os seus próprios problemas, criados por ela própria, não é uma mente clara, profunda. Defrontar-se com as próprias peculiaridades, estar atento a seus impulsos, profundamente, interiormente, admitir tudo isso sem qualquer resistência, é ter uma mente profunda e clara. Então só assim pode haver uma mente sutil, e não simplesmente uma mente afiada. Uma mente sutil é uma mente vagarosa, hesitante; não uma mente que julga, conclui ou faz fórmulas. Essa sutileza é essencial. A mente deve saber escutar e esperar. Brincar com o profundo. Isso não é para se ter no final, mas essa qualidade da mente é para estar lá desde o começo. Você pode tê-la, dê a ela uma completa e profunda chance de florescer.

Jiddu Krishnamurti
(em “Cartas a Uma Jovem Amiga”)

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Fique em silêncio




Tenha cuidado com essa sensação de que há algo a fazer!
Não se agarre a sensação de ser uma pessoa que deve fazer algo, deixando com isso de ser impessoal.
Rapidamente reconheça isso como uma fraude e abandone.
Mantenha-se em silêncio.
Em vez de tentar agarrá-la, deixe que a Verdade seja revelada através da sua quietude.
Pare de pressionar.
Fique em silêncio.

Mooji

terça-feira, 25 de agosto de 2015

A água como mestre




A água é submissa, mas tudo conquista. A água extingue o fogo ou, diante de uma provável derrota, escapa como vapor e se refaz. A água carrega a terra macia, ou quando se defronta com rochedos, procura um caminho ao redor. A água corrói o ferro até que ele se desintegra em poeira; satura tanto a atmosfera que leva à morte o vento. A água dá lugar aos obstáculos com aparente humildade, pois nenhuma força pode impedi-la de seguir seu curso traçado até o mar. A água conquista pela submissão; jamais ataca, mas sempre ganha a última batalha.

Nan Yeo (mestre taoísta)
(em “Tao Cheng”, citado por John Blofeld)

Essas virtudes da água são a do homem zen perfeito, cuja vida se caracteriza pela liberdade, espontaneidade, humildade e força interior, além da capacidade de adaptar-se às circunstâncias mutáveis sem tensão ou ansiedade.

Philip Kapleau
(em “Os Três Pilares do Zen”)

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Seu verdadeiro ser : Indomável, Destemido e sempre Vitorioso


O que eu devo aprender?

Aprenda a viver sem criar preocupações. Para isso você tem que conhecer seu verdadeiro ser como indomável, destemido e sempre vitorioso. Assim que souber com certeza absoluta que nada pode lhe preocupar além da sua própria imaginação, você vai desprezar seus desejos e medos, conceitos e idéias e viver somente pela Verdade.

Sri Nisargadatta Maharaj
(em “I Am That”)



sexta-feira, 21 de agosto de 2015

O propósito da vida



O propósito da vida não é meramente o de satisfazer as projeções da mente.
Embora nós imaginemos que tal vida seria uma vida feliz, não seria uma boa vida.
Você desperdiça a sua vida perseguindo o vento.
Mas dedicar a própria vida á Verdade, isso é tremendo.
E é uma escolha impelida pelo próprio Coração.

Mooji

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Não deixe os problemas criarem raiz

             
Enfrente o medo, convide-o, não o deixe chegar de repente, inesperadamente, mas encare-o constantemente; busque-o com diligência e determinação. Espero que você esteja bem e não esteja assustada com isso tudo; provavelmente pode ser curado e iremos atravessar isso. Não deixe que isso a amedronte.
           Profundamente, interiormente, pode estar havendo um retraimento lento; talvez você possa estar inconsciente disso, ou, estando consciente, negligente. A onda da deterioração está sempre sobre nós, não importa quem seja. Estar à frente dela e encontrá-la sem reação e estar fora dela requer uma grande energia. A energia só vem quando não existe conflito de forma alguma, consciente ou inconsciente. Esteja bem atenta.
           Não deixe os problemas criarem raiz. Passe por eles  rapidamente, atravesse-os como se tivesse cortando manteiga. Não permita que eles deixem uma marca, acabe com eles assim que eles apareçam. Você não pode evitar de ter problemas, mas acabe com eles imediatamente.

Jiddu Krishnamurti
(em “Cartas a Uma Jovem Amiga”)

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

A mente meditativa é silenciosa




A mente meditativa é silenciosa. Não é o silêncio que o pensamento pode imaginar; não é o silêncio de um calmo anoitecer; é o silêncio que vem quando o pensamento – com todas as suas palavras, imagens e percepções – cessa completamente. Esta mente meditativa é a mente verdadeiramente religiosa – religiosidade que não é tocada pelas igrejas, os templos, os cânticos.

A mente religiosa é a explosão do amor – de um amor que não conhece a separação. Para ele, o longe é perto. Não é o amor de um só, ou de muitos; é antes um estado de amor no qual toda a divisão desaparece. Tal como a beleza ele também não cabe na medida das palavras. E só a partir desse silêncio a mente meditativa atua.

Jiddu Krishnamurti
(em “Meditações” - Editorial Presença)

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Sonho




No mundo em contínua transição,
Cinquenta anos e uma vida
São meros sonho ou ilusão.

Oda Nobunaga

(comandante militar japonês do séc 16. Citado em “Musashi”, de Eiji Yoshikawa )

Você precisa apenas dizer “sim”.




Você precisa apenas dizer “sim”.

Diga “sim” à Verdade.
Diga “sim” à Liberdade.
Diga “sim” ao que for preciso a fim de libertar-se das garras de sua mente egóica.

Não assuma compromissos ou promessas, não faça barganhas. Nenhum contrato é necessário. Apenas diga em seu coração “Estou aberto, conduza-me!”. Essa é uma oração poderosa, uma rendição real que nunca poderá ser refutada.

Mooji
(em “Writing on Water”)

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Raízes no solo da incerteza


O pensamento há de surgir, mas estar atento a ele e terminá-lo imediatamente é essencial. Pensar sobre o pensamento, examiná-lo, ficar rolando com ele, é estendê-lo, enraizá-lo.

Começar a se sentir triste, pensar no retorno futuro, contar os dias, etc., é dar raízes ao pensamento em relação ao fato. Assim a mente estabelece raízes, e então “como desenraizá-las” se torna um outro problema, uma outra ideia.

Pensar no futuro é ter raízes no solo da incerteza.  

Jiddu Krishnamurti
(em “Cartas a Uma Jovem Amiga”)

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

A Meditação deve ser um exercício espiritual, não uma terapia



Caros amigos, apesar de que muitos benefícios possam vir de nossos esforços, lembrem-se de que a meditação é um exercício espiritual, não uma prática terapêutica. Não praticamos para amenizar nossas perturbações psicológicas ou para lidar com as frustrações do ego. Nós devemos meditar para transcender o ego e realizar a Natureza de Buda que é inerente a todos nós. Nossa intenção deve ser atingir o Nirvana, e não tornar o samsara mais suportável.


Mestre Hsu Yun (Empty Cloud)
(em “The Zen Teaching of Master Xu Yun”)

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Esteja desperta


Tenho feito bastante meditação e tem sido bom. Espero que você o esteja fazendo também – comece estando atenta a cada pensamento-sentimento o dia todo, os nervos e o cérebro então se tornam quietos, imóveis; isto não pode ser feito através de controle; então a meditação começa. Faça isso completamente.

Seja lá o que acontecer, não deixe o corpo moldar a natureza da mente – esteja atenta ao corpo, alimente-se corretamente, esteja com você mesmo durante o dia por alguma horas – não volte atrás e não seja escrava das circunstâncias. Seja extraordinária – esteja desperta.

Jiddu Krishnamurti
(em “Cartas a Uma Jovem Amiga)

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Ryokan, um autêntico mestre Zen




Sua pequenina cabana ficava nas montanhas e frequentemente ele ia às aldeias vizinhas brincar com as crianças, beber saquê com camponeses ou visitar amigos. Dormia quando queria, bebia à vontade e era comum que participasse das festas que ocorriam no verão. Mendigava as poucas coisas simples que precisava, e caso recebesse a mais, passava adiante. Nunca guardava nada. Jamais fazia sermões ou exortava alguém, mas sua vida exalava pureza e alegria. Ele próprio era um sermão vivo.

Respeitava a todos e reverenciava aqueles que trabalhavam, em especial os agricultores. Seu amor pelas crianças e flores é conhecido entre os japoneses. Era comum ele passar um dia inteiro brincando com crianças ou admirando as flores, esquecendo-se completamente de esmolar. Se alguém o convidasse para uma partida de go ou pedisse para recitar um de seus poemas, atendia de bom grado. Estava sempre sorrindo, e aqueles a quem visitava diziam que “era como se a primavera houvesse surgido em meio a um escuro e frio dia de inverno”.


(John Stevens a respeito de Ryokan, em “One Robe One Bowl”)

terça-feira, 11 de agosto de 2015

A meditação vem com o cessar do pensamento


O homem, para fugir de seus conflitos, tem inventado muitas formas de “meditação”. Estas têm por base o desejo, a vontade e a ânsia de conseguir algo, o que implica em conflito e uma luta para chegar. Este esforço consciente, deliberado, realiza-se sempre dentro dos limites de uma mente condicionada, e nesta não existe liberdade. Todo o esforço para meditar é contrário à meditação.

A meditação vem com o cessar do pensamento. E só então se revela uma dimensão diferente, que está além do tempo.

Jiddu Krishnamurti
(em “Meditações” - Editorial Presença)

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Uma vida quieta


As coisas podem não ser fáceis, mas quanto mais se pede à vida, mais temível e dolorosa ela se torna. Viver simplesmente, sem ser influenciado, ainda que tudo e cada pessoa esteja tentando influenciar, viver sem as variações de estado de ânimo e exigências não é fácil, mas sem uma vida profundamente quieta, todas as coisas são fúteis.


Jiddu Krishnamurti
(em “Cartas a Uma Jovem Amiga”)


domingo, 9 de agosto de 2015

Nós somos os responsáveis




Os sofrimentos pelos quais aparentemente não somos responsáveis – as dores que os outros nos causam, as doenças, os desastres naturais – não referem-se a desígnios divinos ou a um destino inevitável, e mesmo nem ao puro acaso. Eles são frutos de nossos próprios atos. Isso pode parecer desconcertante para um ocidental, especialmente quando pensamos em um inocente que sofre ou nas pessoas de bem cujas vidas são uma sucessão de tragédias.

O que precisamos entender é que, de acordo com o Budismo, cada ser é o resultado de um complexo conjunto de causas e condições, boas e más sementes geradas no passado, e é essa combinação de múltiplos fatores que se desenrolam gradualmente, cada um a seu tempo, no curso de nossas vidas. Ter consciência disso já nos torna mais responsáveis por nossas atitudes. Nos permite, por exemplo, evitar ferir aos outros por coisas desagradáveis que ocorrem conosco.

Nós sempre podemos fazer o melhor em qualquer situação, seja ela qual for. E somos nós quem decidimos o que devemos fazer ou não no sentido de lançar os alicerces para a nossa futura felicidade e parar de gerar sofrimento para nós mesmos.

Matthieu Ricard
(em “On The Path of Enlightenment: Heart Advices from The Great Tibetan Masters”)

sábado, 8 de agosto de 2015

A realidade da morte deve estar sempre presente

Matthieu Ricard


Cada momento de nossas vidas tem imenso valor.  Precisamos estar conscientes de que cada segundo é inestimavelmente precioso e devemos ter inteligência para fazer o melhor uso possível dele, para nosso benefício e para o benefício dos outros. A vida passa como um sonho e pode ser interrompida a qualquer momento. Devemos, sem demora, cuidar daquilo que é realmente essencial.

A realidade da morte deve estar sempre presente na mente do praticante. Não de uma maneira mórbida ou depressiva, mas como um encorajamento para que ele use cada minuto visando atingir a transformação interior a qual tanto almeja.

Matthieu Ricard
(em “On The Path of Enlightenment: Heart Advices from The Great Tibetan Masters”)

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Ser simples, claro e quieto


Muito raramente estamos sozinhos; sempre com pessoas, com pensamentos que se aglomeram, esperanças que não foram preenchidas, ou vão ser – com recordações. Estar sozinho é essencial para o homem não ser influenciado, para algo não contaminado acontecer. Para essa solidão parece que não temos tempo, há tantas coisas para fazer, tantas responsabilidades, etc. Aprender a estar quieto torna-se uma necessidade. O amor é parte dessa solidão. Ser simples, claro e quieto interiormente é ter aquela chama.


Jiddu Krishnamurti
(em “Cartas a Uma Jovem Amiga”)

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Senso de maravilhamento



É a qualidade do frescor, a qualidade do novo, que é essencial, de outra forma a vida se torna uma rotina, um hábito; e o amor não é um hábito, uma coisa aborrecida. A maioria das pessoas perdeu todo senso de maravilhamento. Elas tomam tudo como garantido, esse senso de segurança destrói a liberdade e o maravilhamento da incerteza.


Jiddu Krishnamurti
(em “Cartas a Uma Jovem Amiga”)

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Nunca olhamos para a lua?



Será que estamos tão presos na nossa rede de problemas, nos nossos próprios desejos, nos nossos impulsos de prazer e dor, que nunca olhamos para a lua? 
Olhe para ela.
Olhe com tudo – com seus olhos, ouvidos, nariz. 
Olhe.
Se você puder fazer isso, aquela árvore, aquela folhinha na grama, aquele arbusto, você estará vendo pela primeira vez. Então você poderá ver seu professor, sua mãe, seu pai, seu irmão e irmã pela primeira vez.
Existe um sentimento extraordinário nisso: a maravilha, o estranhamento, o milagre de uma manhã que nunca aconteceu antes, que nunca acontecerá depois.


Jiddu Krishnamurti
(em “A Arte de Aprender”)

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Deixe a vida fluir




A vida é um dia nublado. Estava claro e ensolarado outro dia, mas agora está chovendo, nublado e frio; esta mudança é o processo inevitável do viver. De repente, a ansiedade, o medo nos surpreendem; existem causas para isso, escondidas ou razoavelmente óbvias, e podemos, com um pouco de atenção, encontrar tais causas. Mas o importante é estar atento a esses acidentes e não dar tempo de eles se enraizarem, nem de forma permanente nem temporária. A pessoa dá raiz para essas reações quando a mente compara – justificando, condenando ou aceitando. Você sabe, uma pessoa tem que estar sobre os seus próprios pés o tempo todo, internamente, sem nenhuma tensão. A tensão surge quando você quer um resultado, e o que surge novamente cria tensão que precisa ser quebrada. Deixe a vida fluir.

Jiddu Krishnamurti
(em “Cartas a Uma Jovem Amiga)

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Temos que estar muito claros dentro de nós mesmos



Temos que estar muito claros dentro de nós mesmos. Então eu lhe asseguro que tudo dará certo; seja clara e você verá que as coisas se configurarão de modo certo sem que você faça nada a respeito. O certo não é o que se deseja.

Jiddu Krishnamurti
(em “Cartas a Uma Jovem Amiga”)