Estar
realmente só, não com as memórias e problemas de ontem, mas estar só e feliz,
estar só sem qualquer compulsão exterior ou interior, é deixar a mente ser
intocada. Estar só.
Você deve
ter uma mente clara, uma mente livre, destravada: isso é essencial, você não
pode ter uma mente clara, penetrante, se existe qualquer tipo de medo. O medo
obstrui a mente. Se a mente não se defronta com os seus próprios problemas,
criados por ela própria, não é uma mente clara, profunda. Defrontar-se com as
próprias peculiaridades, estar atento a seus impulsos, profundamente,
interiormente, admitir tudo isso sem qualquer resistência, é ter uma mente
profunda e clara. Então só assim pode haver uma mente sutil, e não simplesmente
uma mente afiada. Uma mente sutil é uma mente vagarosa, hesitante; não uma
mente que julga, conclui ou faz fórmulas. Essa sutileza é essencial. A mente
deve saber escutar e esperar. Brincar com o profundo. Isso não é para se ter no
final, mas essa qualidade da mente é para estar lá desde o começo. Você pode
tê-la, dê a ela uma completa e profunda chance de florescer.
Jiddu Krishnamurti
(em “Cartas a Uma Jovem Amiga”)