Os sofrimentos pelos quais
aparentemente não somos responsáveis – as dores que os outros nos causam, as
doenças, os desastres naturais – não referem-se a desígnios divinos ou a um
destino inevitável, e mesmo nem ao puro acaso. Eles são frutos de nossos
próprios atos. Isso pode parecer desconcertante para um ocidental,
especialmente quando pensamos em um inocente que sofre ou nas pessoas de bem
cujas vidas são uma sucessão de tragédias.
O que precisamos entender é que, de
acordo com o Budismo, cada ser é o resultado de um complexo conjunto de causas
e condições, boas e más sementes geradas no passado, e é essa combinação de múltiplos
fatores que se desenrolam gradualmente, cada um a seu tempo, no curso de nossas
vidas. Ter consciência disso já nos torna mais responsáveis por nossas
atitudes. Nos permite, por exemplo, evitar ferir aos outros por coisas desagradáveis
que ocorrem conosco.
Nós sempre podemos fazer o melhor em
qualquer situação, seja ela qual for. E somos nós quem decidimos o que devemos
fazer ou não no sentido de lançar os alicerces para a nossa futura felicidade e
parar de gerar sofrimento para nós mesmos.
Matthieu Ricard
(em “On The Path of Enlightenment: Heart Advices from The Great Tibetan Masters”)
(em “On The Path of Enlightenment: Heart Advices from The Great Tibetan Masters”)
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