sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Sem intenção

Não deve haver qualquer intenção de se alcançar algo na prática do Zen. Se houver, não é Zen.

Shunryu Suzuki

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Responsabilidade comum

  O universo no qual habitamos e experimentamos resulta de um carma coletivo comum. Da mesma maneira, os lugares no qual viveremos em futuros renascimentos resultará do carma que compartilharemos com outros seres vivendo lá. As ações de cada um de nós, humanos ou não-humanos, contribuem para o mundo no qual vivemos. Todos temos uma responsabilidade comum para com o nosso mundo e estamos conectados com tudo que existe nele.
 
Dalai Lama
 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Nada nos impede


Num súbito momento - ao deparar com uma fruta esmagada, ao ouvir o som de um pequeno seixo chocando-se com uma árvore, a visão da estrela da manhã - nós podemos despertar. Nada nos impede a não ser nossos pensamentos.

Steven Hagen

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Mundos imaginários

Nós evocamos mundos imaginários e nos aprisionamos a eles. E lutamos para dominar, controlar esses mundos. Criamos todo tipo de regras e regulamentos, metas e valores, o que se deve e o que não se deve fazer, e nos esforçamos arduamente para poder nos equilibrar em meio a tudo isso.

Steven Hagen

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Se é a Verdade o que buscamos

 
Devemos atentar cuidadosamente para o que realmente ocorre em torno de nós e constatar que nossas crenças, nossos conceitos e convicções nunca explicam completamente o que está ocorrendo.

Se é a Verdade o que buscamos, não devemos iniciar sua busca a partir de qualquer suposição ou conceito, sejam quais forem. Ao contrário, devemos ir de encontro ao mundo de maneira aberta, com plena atenção, vendo a tudo sem qualquer ideia preconcebida - sem conceitos, crenças, preconceitos, presunções e expectativas.

Steven Hagen

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O tolo e o sábio


O tolo rejeita o que vê e se agarra ao que pensa;
o sábio rejeita o que pensa e aceita o que vê.


Huang Po

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A meditação não é um meio


A meditação não é um meio para a iluminação,
Nem um método para conquistar alguma coisa.
É a própria paz.
É  a realização da sabedoria,
A verdade suprema da unidade de todas as coisas.

Dogen

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Mente clara, lua cheia

A mente clara é como a lua cheia no céu. Algumas nuvens podem cobri-las ás vezes, mas a lua está sempre por trás. Quando as nuvens se vão, a lua brilha intensamente. Por isso não se preocupe com a mente clara: ela está sempre presente. Quando algum pensamento surge, por trás está a mente clara. Quando o pensamento se vai, somente a mente clara permanece. Os pensamentos vem e vão, vem e vão, você não precisa ficar preocupado com esse ir e vir.

Seung Sahn

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Vazio

Moghavagan veio ao Buda: "Preciso fazer uma pergunta, grande sábio. Eu tenho medo da morte. Há alguma maneira de olhar para o mundo, de maneira a não ser visto pelo rei da morte?"
 
"Olhe para o mundo como vazio", o Buda respondeu. "Este é o caminho para superar a morte. Pare de pensar em si mesmo como uma entidade que realmente existe. Se você olhar para o mundo desta forma, nunca será visto pelo rei da morte."
 
Sutta Nipata
 

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Eu nasci nu

Eu nasci nu.
Meus amados pais gentilmente deram-me um nome.
Quando fiz vinte anos, pensei:
       "Um nome é uma prisão, eu quero abandoná-la."
A todos questiono,
         mas ninguém sabe me responder.


Quando ouço o vento nos pinheiros
Eu tenho uma resposta.


Chogyam Trungpa

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A natureza pura da mente

Quando nuvens cobrem o céu, não podemos ver a natureza pura do espaço. Da mesma forma, quando pensamentos conceituais ocupam a mente, não podemos ver sua natureza pura. Ao meditarmos, nossa mente se torna relaxada e tranquila e então há espaço para desenvolvermos a compaixão, o amor e a bodhicitta. Mas quando nossa mente está ocupada por pensamentos conceituais ou negativos, não há espaço para desenvolver boas qualidades. Ela fica cheia de sofrimento e não conseguimos separarmo-nos da confusão. 
Quando enfatizamos os pensamentos positivos, calmantes e relaxantes, não deixamos espaço para que surjam pensamentos negativos. Assim nossa mente se mantém harmoniosa e pacífica, independentemente das condições externas. 

Khenchen Konchog Gyaltshen Rinpoche
 

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Pensamentos como nuvens

A mente comum, ao contrário da consciência iluminada, é sempre enganada por uma ilusão após a outra. Pensamentos de aversão e apego surgem sem aviso, desencadeados por certas circunstâncias, como um encontro inesperado com um inimigo ou mesmo um amigo, e a menos que sejam imediatamente eliminados pelos antídotos apropriados, criarão raízes rapidamente e se proliferarão, reforçando a predominância habitual da aversão ou apego na mente e acrescentando mais e mais padrões cármicos.
 
Por mais fortes que esses pensamentos possam parecer, são apenas pensamentos e eventualmente desaparecerão no vazio. Uma vez que você reconheça a natureza intrínsecada mente, esses pensamentos que surgem e desaparecem não poderão mais enganá-lo. Como nuvens que logo se desfazem na imensidão do céu, assim os pensamentos ilusórios surgem, permanecem um pouco e então se desfazem na imensidão do vazio: de fato, nada realmente aconteceu.
 
Dilgo Khyentse Rinpoche
 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Três instruções essenciais

A natural simplicidade da mente é inexprimível,
livre e vasta: ela pode ser reconhecida por si própria.
Quando todas as fabricações mentais, todas as concepções
e todos os apegos desaparecem naturalmente,
Chamamos a isso "reconhecendo a essência da mente".

Uma vez livre da rede de pensamentos,
e reconhecendo a contínua presença da natureza primordial,
Sem agir ou fazer qualquer esforço, sem buscar qualquer coisa,
Chamamos a isso "preservação da meditação".

Quando, como nuvens no céu,
as ondas dos inúmeros pensamentos,
nem ferem e nem alegram a mente, o qual mantém-se serena,
Chamamos a isso "liberando a mente em sua própria natureza".

Essas três instruções essnciais serão compreendidas pelos que meditam e cultivam a experiência interior. Mas será incompreensível para intelectuais tagarelas.

Mipham Rinpoche

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Apenas varra.


Ao varrer o pátio em novembro depois que as folhas caíram, você não esperaria que ele ficasse limpo para sempre. O pátio é como a mente. A meditação da plena atenção pode ser sentida como varrer a mente e jogar fora os pensamentos dispersos que fazem uma grande bagunça. 

É fácil se pegar resistindo, ressentindo-se com essas folhas: “Droga, eu acabei de varrer o chão!” Apesar de nossos protestos, a natureza pensa diferente. Ela não liga se você varreu o pátio ou quanto tempo levou fazendo isso. Da mesma forma, a mente tem sua própria natureza e absolutamente não liga para as suas tarefas. A mente continuará a fazer o que sempre faz: criar pensamentos. Se esperarmos que a mente permaneça sempre “varrida”, estaremos apenas nos preparando para a decepção.  

A prática de meditação não “consertará” você e não mudará as coisas “de uma vez por todas”. Nada é capaz de fazer isso. A nossa tarefa é continuar varrendo. Pensamentos continuarão a vir, soprados sobre o seu pátio recém varrido. Apenas varra. Não há necessidade de questionar sobre isso. Não reclame.  Não precisamos analisar, interpretar ou “ajustar” as folhas. Momento após momento, precisamos apenas varrer, retornando a esse momento como ele é, de novo, e de novo, e de novo. 

Com a prática, começaremos a reconhecer a sabedoria de não resistir, ou, caso a resistência surja (como ás vezes acontecerá), de não ampliá-la e alimentá-la. Podemos aprender a apreciar o o vai e vem das folhas – e apreciar até mesmo o eterno varrer em si.

Annie Kozak
(em “Wild Chickens and Petty Tirants”)

O sábio que brinca

(O líder espiritual tibetano Dalai Lama brinca com seu spray nasal ao ser questionado por jornalistas sobre a gripe A (H1N1), durante entrevista coletiva em Lausanne, Suíça, em 2009)

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Possibilidades ilimitadas

Nós temos tanta convicção acerca de quem somos e de como os outros são que isso nos cega. Se uma nova versão da realidade viesse bater à porta, nossas idéias solidificadas não permitiriam aceitá-la.
 
Seríamos capazes de treinar como praticantes guerreiros, buscando reconectarmo-nos com a natural flexibilidade de nosso ser e ajudar os outros a fazer o mesmo?
 
Se começarmos a nos mover nessa direção, possibilidades ilimitadas irão surgir diante de nós.
 
Pema Chodron 
 

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Acumulação de mérito

Se você pratica todas as suas ações com a mente alerta, vigilância meticulosa e cuidado, aceitando o que deve ser aceito e repudiando o que deve ser repudiado nos mínimos gestos de suas mãos, no pronunciar de cada sílaba ou na geração de cada pensamento, você não será ameaçado por qualquer dificuldade em sua prática. Pois cada simples ato seu será transformado em alimento para ela, a fundamental acumulação de mérito.
 
Kangyur Rinpoche
 

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O treinamento na bodhichitta

Muitos de nós preferem uma prática que não cause desconforto e ao mesmo tempo desejam ser curadas de seu sofrimento. Mas o treinamento na bodhichitta não funciona dessa forma. Um guerreiro aceita o fato de que ele nunca saberá o que o espera no momento seguinte.
 
Esperamos controlar o que é incontrolável buscando certezas e previsibilidade, ansiando por conforto e segurança. Mas na verdade nunca poderemos evitar o inesperado. Ele é parte da aventura, e é também por isso que sentimos medo.
 
O treinamento na bodhichitta não oferece promessas de finais felizes. A questão central no treinamento de um guerreiro não é como evitar o que é imprevisível e que nos assusta, mas sim como lidar com esse desconforto. Como praticar lidando com as dificuldades, com nossas emoções, com os inesperados encontros de qualquer dia comum?
 
Pema Chodron
 

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Somos habituados às nuvens

O Buda afirmou que nunca estamos separados da iluminação. Mesmo nos momentos nos quais nos sentimos paralisados, nunca estamos apartados do estado desperto.
 
Essa é uma afirmação revolucionária. Mesmo pessoas comuns como nós, com seus hábitos e confusões, possuem a mente iluminada chamada bodhichitta. A amplitude e a calidez de bodhichitta é de fato a nossa natureza verdadeira. Mesmo quando nossos sentimentos neuróticos parecem nos dominar, mesmo que nos sintamos confusos e sem esperança, a bodhichitta, como o amplo céu que está acima de nós, não é afetada pelas nuvens que temporariamente a ocultam.
 
Mas como somos habituados às nuvens, certamente achamos difícil acreditar nas palavras de Buda.
 
Pema Chodron

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Bodhichitta

A Bodhichitta tem um grande poder. Ela nos inspirará e animará nos bons e nos maus momentos. É como se descobríssemos uma sabedoria e uma coragem que nem imaginávamos possuir. Como uma alquimia que transforma metal em ouro, a bodhichitta é capaz de transformar qualquer atividade, qualquer palavra ou qualquer pensamento em um meio para despertar nossa compaixão.
 
Pema Chodron
 

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Somente o amor cura o ódio

O ódio nunca cessa através do ódio.
Somente através do amor ele pode se curado.
Essa é uma antiga e eterna lição.

Buda

terça-feira, 5 de novembro de 2013

A mente é que fabrica os problemas

No que se refere à paciência em conexão com a realidade última, é importante refletir no seguinte: se você buscar cuidadosamente e tentar descobrir onde a agressão repousa - no agressor, na ação em si ou na vítima da agressão - descobrirá que ela não pode ser encontrada em lugar nenhum. Quando circunstâncias diferentes coincidem, é a mente, com sua tendência para construir ilusões existencias, que fabrica o problema aqui e ali. E se examinar a própria mente, verá que ela não possui qualquer característica que seja constante e permanente.
 
Kangyur Rinpoche
 

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Tornar a prática seu próprio ser

Se você quer praticar o Darma corretamente, do fundo do coração, atente para o seguinte:
 
Ser um budista não significa apenas observar os preceitos; significa mandar para bem longe os erros que desvirtuam. Não significa meramente assumir uma forma externa pura; significa praticar a virtude corretamente. Não significa somente controlar o orpo, a fala e a mente em atividades cotidianas; significa trazer todas as raízes de virtude ao caminho da grande iluminação.
 
Ser virtuoso não significa simplesmente aparentar ser um budista; significa temer a formação de maus carmas. Ser um amigo espiritual não significa apenas assumir uma conduta digna; significa cuidar de todos os seres.
 
Ser um meditador não significa simplesmente viver em uma caverna; significa treinar-se no estado verdadeiro e natural. Ser um eremita não significa somente viver só; significa ter a mente livre de construções dualistas. Ser sábio não significa somente refletir sobre os problemas mundanos; significa distinguir o que é realmente certo e errado.
 
Ter fé não significa lamuriar-se; significa entrar no caminho correto a fim de superar a morte e o renascimento. Ser diligente não significa engajar-se em vários compromissos; significa empenhar-se nos métodos para deixar a existência samsárica para trás. Ser generoso não significa meramente dar com preconceito e parcialidade; significa ser profundamente livre de apego a absolutamente qualquer coisa.
 
Meditação não significa fixar-se em algo com o pensamento; significa ter a mente estável de modo natural, livre de fixações.
 
Aprender não significa apenas receber ensinamentos; significa ultrapassar concepções errôneas e alcançar a realização que está além da mente conceitual. Refletir não significa somente seguir conceitos e formar suposições; significa superar o apego ilusório.
 
Não confunda meras palavras com o significado dos ensinamentos. Torne a prática seu próprio ser e alcance a liberdade do samsar agora mesmo.
 
Padmasambhava


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Dois Budas

           Dalai Lama e Thich Nhat Hanh

Apanhado pelas emoções perturbadoras

A agitação devido às circunstâncias ocorre quando, por causa de um incidente externo, você segue um pensamento e a mente se torna agitada e se dispersa em uma emoção perturbadora. Quando isso acontecer, mantenha a atitude de "Não há necessidade de fazer nada"! Treine em bondade e compaixão, em desencantamento, em meios e conhecimento e em devoção. A seguir, persevere na prática como quando na hora da visão. Isso dissipará a agitação.

Padmasambhava

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

As emoções perturbadoras

As emoções perturbadoras podem ser classificadas em cinco categorias: raiva, vaidade, desejo, inveja e delusão.
 
Abandone essas emoções, como quando descobre uma cobra venenosa em seu colo.
 
Padmasambhava
 

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Ter confiança na mente

“Ter confiança na mente” significa dar-se conta de que, como o espaço, a mente é espontaneamente presente desde o começo. Como o sol, está isenta de qualquer base para a escuridão da ignorância. Como uma flor de lótus, não é maculada por falhas. Como o ouro, não altera a sua própria natureza. Como o oceano, é imóvel. Como um rio, é incessante. Como o Monte Sumeru, é totalmente imutável. Uma vez que você compreenda que assim é e estabilize essa compreensão, a isso se chama “ter a visão da realização”.

Padmasambhava

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Na hora da morte

Na hora da morte, você seguirá acompanhado por quaisquer ações boas ou más que tenha cometido enquanto vivo.
 
Padmasambhava


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Não se distraia



Independentemente do quão profundos, vastos ou abrangentes os ensinamentos da Grande Perfeição possam ser, todos eles estão inclusos no seguinte: não devaneie e não fabrique nem que seja um átomo e não se distraia nem que seja por um só instante.

Padmasambhava

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Emoções perturbadoras

Qualquer emoção perturbadora é um veneno! São como palha pegando fogo.

Padmasambhava
.......

O maior aprendizado a ser realizado em minha prática. Minha mente não deveria ser a minha maior inimiga; por isso tenho tratado-a com atenção e carinho.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Manter a visão clara


A disciplina ajuda a manter a visão clara. Manter a visão clara faz com que prolonguemos nossos períodos de sobriedade. E sobriedade nada mais é do que sabedoria.
 
Tendo realizado a sabedoria, não estamos mais atados pelo desejo, raiva e ignorância e somos capazes de perceber todos os fenômenos como eles realmente são.
 
(Buda)
 

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Samsara e Nirvana

Samsara é a mente virada para fora, perdida em suas projeções;

Nirvana é a mente virada para dentro, reconhecendo a sua própria natureza.

Tulku Urgyen Rinpoche

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Culpa é ira



O sentimento de culpa, na psicologia Budista, é definido como um tipo de ódio auto-dirigido. É uma outra forma de ira. E se estivermos motivados pela culpa que sentimentos, isso drenará toda a nossa energia; não nos dá força para ajudarmos os outros. Nós próprios acabamos por tomar o lugar central do palco quando estamos em “modo culpa".
 
Sharon Salzberg

......................

Eu sou muito atingido pela culpa, em especial quando erro por falta de disciplina. Se olho para trás e vejo que fiz o melhor, meus equívocos não me afetam tanto, eu fiz o melhor que pude. Mas se erro por não ter feito o que deveria me sinto mal, envergonhado diante de mim mesmo.

Não adianta forçar-me a "não sentir culpa". Melhor cuidar de não errar tanto por omissão, descuido ou acomodação.
 

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Crie seu próprio caminho


Não sigas por onde o caminho te leva.
Vai antes por onde não existe caminho… e deixa o teu rastro.

Ralph Waldo Emerson

.......
 
Quando li esse texto gostei de sua sonoridade, do arranjo das palavras. E o postei, já a algum tempo, programado para hoje. Mas agora vejo que é tolice tentar deixar seu rastro. Prefiro ser como a fumaça que se desfaz no ar. Ao fim, somos todos fumaça.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Instruções para iniciantes

Por uns momentos, torna-te consciente do teu potencial para a mudança. Seja qual for a tua situação presente, a evolução e a transformação são sempre possíveis. Pelo menos, podes mudar a forma como vês as coisas e depois, gradualmente, mudas a tua forma de ser também. Toma a resolução, bem no teu íntimo, de te libertares da tua atual situação e desenvolve o entusiasmo necessário para desenvolver as qualidades positivas que estão latentes em ti.
 
Matthieu Ricard
 

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Tolerância


Um dia o Dalai Lama recebeu uma visita de um monge vindo do Tibete, depois de este ter passado 25 anos em campos de trabalho forçado chineses. Os seus torturadores tinham-no levado ao limite da sua vida várias vezes.

O Dalai Lama falou durante bastante tempo com o monge, tendo ficado comovido por o encontrar tão sereno, depois de passar por tanto sofrimento. Perguntou-lhe ainda se ele alguma vez tinha tido medo.

O monge respondeu:

“Tive frequentemente medo de começar a odiar os meus torturadores, pois se tal tivesse acontecido, teria começado a destruir-me a mim próprio.“

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Magoar os pés

Quem não quer magoar os seus pés quando anda sobre a terra, tem duas opções.

Ou cobre a Terra inteira com tecido… ou então faz para si um par de sapatos.

Shantiveda

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Responsabilidade universal

 
A meta do praticante budista é cultivar um amor imparcial, sinceramente desejando felicidade a todos os seres no universo. E isso obviamente não é fácil.
 
Meditemos sobre isso. Sejam os outros belos ou feios, bons ou maus, são todos seres humanos como nós. E assim como nós, eles querem ser felizes e não sofrer, o que certamente é direito deles assim como nosso. Reconhecendo que todos os seres são iguais em suas aspirações e em seu direito à felicidade, sentimos a empatia que nos aproxima. À medida em que nos familiarizamos com esse altruísmo imparcial, finalmente experienciamos um sentimento de responsabilidade universal.
 
Dalai Lama
 

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A Alegria dos Outros

A compaixão é um poderoso estado mental,
Uma incapacidade de tolerar o sofrimento dos outros,
Há seres nos seis reinos aprisionados pela dor e suas causas,
E constatar isso enche nossos olhos de lágrimas.
A verdadeira alegria é deleitar-se com a satisfação e o sucesso dos outros,
É cultivar o desejo de que todos sejam felizes.
 
É uma imensa alegria quando os outros a alcançam por si mesmos
E é nosso grande desejo que eles nunca sejam privados dela.

Jigme Lingpa

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

A fonte dos venenos mentais

O Budismo ensina que a fonte de nossos venenos mentais é a ignorância acerca da natureza dos seres e das coisas, o que cria um abismo entre nossas percepções e a realidade. Tomamos como permanente o que é impermanente. O que chamamos felicidade é frequentemente causa de sofrimento, como por exemplo, riqueza, poder, fama e prazeres fugazes. As coisas são vistas como "agradáveis" ou "desagradáveis", e os seres, como "bons" ou "maus". O "eu" que vê as coisas dessa forma também parece ser real, concreto.
 
Esse engano é o que provoca os poderosos reflexos de apego e aversão que inevitavelmente conduzem ao sofrimento.
 
Matthieu Ricard
 

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O mais profundo refúgio

O último refúgio, o mais profundo, não é outro senão o da nossa própria mente. Atrávés do reconhecimento de sua essência, com a cuidadosa vigília da consciência que reluz continuamente por trás das nuvens de confusão, a pessoa se verá naturalmente protegida das inúmeras causas de sofrimento. Preservando continuamente a consciência desperta e atenta, não sentirá mais as perturbações e os obscurecimentos emocionais, pois estes não mais afetarão sua mente.   
 
Matthieu Ricard
 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

O Poder da Mente

A mente é muito poderosa. Ela pode criar felicidade ou sofrimento, céu ou inferno. Se, com a ajuda do Darma, você pratica para eliminar seus venenos interiores, nenhum fator externo irá afetar sua felicidade. Mas enquanto esse venenos permanecerem em sua mente, você não encontrará a felicidade mesmo que a busque pelo mundo todo.
 
Dilgo Khyentse Rinpoche
 

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

A vida é como um relâmpago

Esta nossa existência é tão transitória como as nuvens do outono
Pois assistir ao nascimento e a morte dos seres
                      é como observar os movimentos de uma dança.
A vida é como um relâmpago no céu,
                      correndo como um riacho montanha abaixo.

Buda

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Mestres

Quando alguém faz algo errado, é nosso mestre de tolerância.
Quando alguém é chato, é nosso mestre de paciência.
Se alguém diz uma bobagem, é nossa oportunidade de olhá-lo como um sábio. 

Monge Genshô
 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Atenção plena

Mesmo que minha visão seja mais ampla que o céu,  
A atenção que dedico aos meus atos e seus efeitos é mais fina que a farinha.

Padmasambhava

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O fruto das ações

 
Você não pode provar o sabor do fruto das ações benéficas que não praticou, nem escapar das consequências de suas atitudes nocivas.
 
Pratique todos os atos benéficos possíveis, mesmo os menores. O acúmulo de pequenas gotas por fim não preenche um grande jarro?

Jetsun Mingyur Paldron

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Impermanentes

Como uma estrela cadente, uma miragem, uma chama,
Uma ilusão de ótica, gotas de orvalho, bolhas na água corrente,
Um sonho, um facho de luz, uma nuvem:
Assim devem ser consideradas todas as coisas.

Buda

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Lembrança da morte


A lembrança da morte deveria estar sempre presente na mente do praticante. Mas não de maneira mórbida ou depressiva, porém como um encorajamento a que se recorra a cada momento da vida a fim de alcançar a transformação interior ao qual se aspira.

Matthieu Ricard
(em "On The Path of Enlightnement")

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Cruzar o Oceano de Sofrimento

Qual é o sentido de libertar-se do sofrimento quando todos à sua volta continuam a sofrer? Uma visão tão estreita está condenada a falhar porque nossas alegrias e tristezas estão inevitavelmente ligadas às dos outros. Em outras palavras, todos temos que cruzar o "oceano de sofrimento" juntos.

Matthieu Ricard
(em "On the Path of Enlightnement")

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Compaixão

Se alguém tem compaixão, ele é um Buda;
Sem compaixão, ele é um Deus da Morte.

Com compaixão, a raíz do Darma é plantada;
Sem compaixão, a raíz do Darma é partida.

Uma pessoa com compaixão é gentil mesmo quando irritada;
Uma pessoa sem compaixão pode matar mesmo quando sorri.

Para alguém com compaixão, até mesmo os inimigos se tornam amigos;
Sem compaixão, até mesmo os amigos tornam-se inimigos.

Com compaixão possui-se todos os Darmas;
Sem compaixão não há Darma nenhum.

Compaixão é a característica essencial do budismo;
Compaixão é a própria essência do Darma.

Portanto, todos vocês, monges e praticantes leigos,
Cultivem a compaixão e um dia alcançarão a iluminação de Buda.

Possam todos os homens e mulheres que ouvirem essa canção,
Com grande compaixão,
beneficiar a todos os seres!

Shabkar
(citado por Matthieu Ricard em "On The Path to Enlightenment")

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Reconhecer a natureza búdica

 

Quando os mestres Dzogchen falam em permanecer na visão, o que querem dizer é reconhecer o estado natural da mente, a natureza búdica, e repousar nesta percepção lúcida. Isto implica uma imediação espontânea e uma consciência sem separações ou escolhas.
 
Esta visão ampla, ou panorâmica, significa ser capaz de viver as coisas como são, com clareza total. Essa visão, ou visão superior, não distorce. Ela é totalmente aberta e sem julgamentos.
 
Quando permanecemos com a visão, não tentamos manipular ou alterar a verdade do que é. Um espelho não escolhe o que reflete. Da mesma maneira, a medida que os objetos surgem na mente, eles simplesmente aparecem, sem distorções nem correções, no espelho límpido da consciência. 
Com esse tipo de visão, nós nos lembramos do todo - Dzogchen, a Perfeição Natural das coisas justamente como são. Na meditação básica, praticamos a atenção plena à respiração. O treinamento Dzogchen é mais avançado; ele nos ensina como estar despertos e unos com o que é. Na prática Dzogchen, levamos conosco aonde quer que formos nossa consciência sem separações, para que cada momento seja um momento de atenção plena, um momento de realidade, de liberdade e iluminação.
 
Como disse um mestre zen: "A eternidade é um único instante, e esse instante é agora. Acorde para ela!". Isso pode soar esotérico, mas na verdade é um ensinamento muito prático. [...] Tudo o que se tem a fazer é permanecer com a visão.
 
Kalu Rinpoche
 

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Grande Mente e mente pequena


Para nos ajudar a compreender que não somos aquilo que pensamos, os ensinamentos de Buda fazem uma distinção entre o que é chamado de Grande Mente, ou Mente Natural, e a mente "pequena" ou mente comum e iludida. A mente pequena ou iludida é a mente habitual, barulhenta, imprevisível e constantemente fora de controle. É a nossa mente finita, conceitual, racional, discursiva, pensante. A mente iludida tem muitos impulsos e necessidades, ela deseja muitas coisas. Está quase sempre confusa, atravessa flutuações constantes de ânimo e é muito inquieta. Fica com raiva, deprimida ou hiper-ativa. 
 
O que se quer dizer com Grande é a natureza essencial da mente. É isto que chamamos de natureza búdica ou mente natural. Esta é a nossa verdadeira natureza - a consciência pura e ilimitada que reside no coração, e que é parte integrante de todos nós. O Buda a descreveu como imóvel, clara, lúcida, vazia, profunda, simples (descomplicada) e em paz. Na verdade, não é aquilo que chamamos habitualmente de nossa mente. É a natureza luminosa e mais fundamental no âmago de nosso ser. Isto é rigpa, o cerne da iluminação. É a nossa cota de nirvana aqui na terra.
 
Kalu Rinpoche
 

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Capacidade de despertar

Se você deseja despertar como o Buda, tem que acordar do sonho. Por isso Sidharta Gautama era um homem comum que quando desperta passa a chamar-se Buda, “o desperto”. Como ele era um homem comum como todos nós, todos temos a mesma capacidade de despertar. Aquele que acorda livra-se instantaneamente de toda dor, ilusão e sofrimento.

Monge Genshô
(em seu blog "O Pico da Montanha é onde estão os meus pés")

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A Melhor Prática Espiritual

Certa vez, quando um monge estava circumambulando o Mosteiro Peltring, Geshé Tenpa, um reconhecido professor idoso, veio até ele e disse, "É bom circular locais sagrados, mas é muito melhor praticar o Darma sublime." 
Humildemente, o monge começou a estudar, memorizar e recitar os sutras budistas. Um dia Geshé Tenpa o encontrou em meio a seus estudos e devoções. O velho abade disse, "É muito meritório estudar escrituras e realizar atos virtuosos, mas é muito melhor praticar o nobre Darma." 
Depois de pensar muito, o monge decidiu que meditação intensiva era a melhor coisa que ele poderia fazer, e começou a meditar com muita dedicação. Inevitavelmente Geshé Tenpa o encontrou sentando em um canto, com um olhar fixo e concentrado. "Meditar é muito bom," comentou o erudito, "mas a prática genuína do Darma seria ainda melhor."
 Nessa altura, o monge estava totalmente confuso. Não havia nada que ele não houvesse tentado. Ainda assim o venerável professor não aprovava seus esforços. "Mui venerável senhor, que deveria eu fazer então?" ele suplicou. 
"Simplesmente abandone todas as expectativas com relação a esta vida," Geshé Tenpa respondeu. Então continuou seu caminho em silêncio.
 
(extraído do blog tzal.org)
 

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Decidir o que fazer

Nós sempre podemos fazer o melhor qualquer situação difícil, seja ela qual for. E cabe também a nós decidir o que devemos fazer ou não a fim de lançar as bases para a nossa felicidade futura e cessar de criar sofrimento para nós mesmos. 

Matthieu Ricard

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Samsara e Nirvana


 

Samsara, o ciclo das existências, e nirvana, o estado além dele, são dois estados da mente.

Samsara é um desvio do conhecimento, uma visão distorcida da realidade, que faz da mente uma escrava das emoções negativas, enquanto que nirvana é o estado de plena liberdade interior, livre de quaisquer obstáculos conceitual e emocional.

Dalai Lama

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Arquitetos de nossas futuras vidas










O carma, no que se refere às ações e seus efeitos, é um aspecto particular da lei da causalidade. É ele quem determina nossa quota de de felicidade ou sofrimento. Em outras palavras, o que nós experimentamos hoje é consequência de nosso comportamento passado; e nós somos agora os arquitetos de nossas futuras vidas.



Matthieu Ricard
(em "On The Path of Enlightnement")

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Liberando as Criaturinhas

Um velho lama gostava de sentar em meditação numa grande pedra lisa de frente a um lago plácido. Porém, toda vez que começava fervorosamente a recitar suas orações e devoções, assim que cruzava as pernas e se aquietava, ele via um inseto lutando desesperadamente para sair da água. De tempos em tempos, ele inclinava seu velho corpo doído e colocava a pequena criatura em um lugar seguro, antes de se aquietar novamente no seu assento de pedra. Assim seguiam suas contemplações, dia após dia... 
Seus irmãos monges, dedicados meditantes que também diariamente sentavam solitários nos barrancos e cavernas rochosas daquela região desolada, eventualmente ficaram sabendo que o velho lama dificilmente conseguia ficar parado, mas que de fato ficava a maior parte de suas sessões de meditação salvando insetos do laguinho. Apesar de parecer realmente muito adequado salvar vidas de seres sencientes de qualquer tipo, pequenos ou grandes, alguns deles ocasionalmente perguntavam-se se as meditações do velho monge não poderiam ser muito aperfeiçoadas se ele sentasse em algum outro lugar isolado e livre desse tipo de distração. Um dia eles finalmente mencionaram suas preocupações a ele. 
"Não seria de maior benefício sentar em algum outro lugar e meditar profundamente, sem perturbações o dia todo? Desta forma o senhor poderia mais rapidamente atingir a iluminação perfeita, e então poderia libertar todos os seres vivos do oceano da existência condicionada?" um deles perguntou ao velho.
"Pelo menos o senhor talvez pudesse meditar em frente ao lago com os olhos fechados," outro irmão sugeriu.
"Como desenvolver perfeita tranquilidade e profunda concentração adamantina levantando e sentando cem vezes a cada sessão de meditação?" um jovem monge erudito enfaticamente expôs sua opinião, encorajado pelas perguntas mais delicadas dos seus irmãos mais velhos... E assim os argumentos continuaram. 
O venerável velho lama ouviu atentamente, sem dizer nada. Quando todos já tinham feito seus discursos, ele curvou-se agradecido e disse, "Estou certo de que minhas meditações poderiam ser mais profundas e recompensadoras se eu ficasse imóvel o dia todo, como vocês colocaram. Mas como pode um velho inútil como eu, que tomou muitas e muitas vezes o voto de dar essa vida (e todas as outras) para servir e liberar aos outros, apenas sentar com os olhos fechados e o coração endurecido, cantando e entoando o mantra altruísta da Grande Compaixão, enquanto bem em frente a meus olhos criaturas desesperadas estão se afogando?"
Para essa simples questão humilde, nenhum dos monges reunidos pôde encontrar uma resposta.
 
(extraído do blog tzal.org)
 

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A Igualdade de Tudo Que Vive



Em 1982, Sua Santidade O Dalai Lama do Tibete estava jantando na França com Pawo Rinpoche X. O par estava recontando histórias do passado e antecipando o renascimento do então recentemente falecido Gyalwa Karmapa.
Então o idoso Pawo Rinpoche viu uma formiga se debatendo no chão polido, tentando chegar na luz do sol.
 
Pawo Rinpoche já não podia mais andar. Ele pediu ao Dalai Lama que fizesse a bondade de resgatar a pequena criatura a ajudá-la em seu caminho. 
Sua Santidade atendeu com urgência o pedido, abençoando o pequeno inseto com uma bênção sussurrada. Gentilmente, ele carregou o inseto através do recinto e colocou-o seguro na tépida luz do sol. Sorrindo de deleite, ele sentou novamente com seu venerável colega. 
"Agora te fiz um favor, Rinpoche. Teus velhos olhos são melhores que os meus! As pessoas falam sobre vacuidade e alta filosofia Mahayana, mas consideração amorosa pela igualdade de tudo que vive é o verdadeiro sinal de um bodisatva." 
Sua Santidade em pessoa recontou mais tarde a história, durante um ensinamento na França sobre a necessidade de compaixão, engajamento altruísta, e responsabilidade universal. "Minha religião é amor e bondade", ele então afirmou.
(extraído blog tzal.org)



quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O Vazio

Digamos por exemplo, que você esteja meditando e apareça uma sensação de raiva. Imediatamente, a reação da mente é de identificar a raiva como "minha" raiva, ou de dizer que "eu estou" com raiva. Em seguida você elabora sobre a sensação, quer seja procurando encaixá-la dentro do seu histórico ou como parte das suas idéias gerais sobre quando e onde a raiva pode ser justificada. O problema com tudo isso, sob a perspectiva do Buda, é que essas estórias e idéias causam muito sofrimento. Quanto mais você se envolve nelas, mais você desvia a atenção de enxergar a verdadeira causa do sofrimento: os rótulos de "eu" e "meu" que colocam todo o processo em movimento. Como resultado, você não consegue encontrar a forma de desemaranhar a causa e dar um fim ao sofrimento.
 
Se, no entanto, você conseguir adotar o vazio - não agindo ou reagindo em relação à raiva, mas simplesmente observando-a como uma série de eventos em si mesmos - você verá que a raiva está vazia de qualquer coisa com a qual valha a pena se identificar ou possuir. A medida que você domine o vazio com mais consistência, verá que essa verdade não se aplica somente a emoções mais grosseiras como a raiva, mas também, até para os eventos mais sutis na esfera da experiência. Esse é o sentido de vazio em todas as coisas. Quando você enxergar isso, compreenderá que rótulos como "eu" e "meu" são inadequados, desnecessários e que causam nada além de estresse e sofrimento. Então você poderá abandoná-los. Quando você os abandonar completamente, descobrirá uma forma de experiência ainda mais profunda que é completamente livre.  
 
Para obter domínio sobre a modalidade vazio de percepção é necessário treinamento em sólida virtude, concentração e sabedoria. Sem esse treinamento, a mente tende a ficar na modalidade que cria estórias e idéias sobre o mundo. E sob a perspectiva dessa modalidade, o ensinamento sobre o vazio soa simplesmente como mais uma estória ou idéia sobre o mundo, com novas regras. 

Ajaan Thanissaro
 

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Olhos iludidos

Nós construímos essa individualidade e nos agarramos à ela. Olhos iluminados vêem a vida e dizem “Que linda”. Alguns podem pensar que existem pessoas morrendo e sofrendo no mundo e que isso é trágico, mas eu lhes pergunto se as florestas são trágicas? Há nesse momento folhas e árvores morrendo nas florestas, existe tragédia nesse acontecimento? Não, não é mesmo? Olhamos as florestas e não lamentamos os troncos e folhas mortas. Essas folhas se transformarão em húmus e os troncos caídos e mortos servirão de abrigo e morada para outros seres vivos. Vemos todos esses fenômenos que ocorrem nas florestas como naturais e pensamos, “Que maravilha que é a natureza”. Porque não temos a mesma visão sobre a vida dos homens? Porque a vemos com olhos iludidos. Essa é a essência do Budismo, desculpem-me se isso parece terrível.

Monge Genshô
(em seu blog "O Pico da Montanha é onde estão os meus pés")