Ao varrer o pátio em novembro depois
que as folhas caíram, você não esperaria que ele ficasse limpo para sempre. O
pátio é como a mente. A meditação da plena atenção pode ser sentida como varrer
a mente e jogar fora os pensamentos dispersos que fazem uma grande bagunça.
É fácil se pegar resistindo,
ressentindo-se com essas folhas: “Droga, eu acabei de varrer o chão!” Apesar de
nossos protestos, a natureza pensa diferente. Ela não liga se você varreu o pátio
ou quanto tempo levou fazendo isso. Da mesma forma, a mente tem sua própria
natureza e absolutamente não liga para as suas tarefas. A mente continuará a
fazer o que sempre faz: criar pensamentos. Se esperarmos que a mente permaneça
sempre “varrida”, estaremos apenas nos preparando para a decepção.
A prática de meditação não “consertará”
você e não mudará as coisas “de uma vez por todas”. Nada é capaz de fazer isso.
A nossa tarefa é continuar varrendo. Pensamentos continuarão a vir, soprados
sobre o seu pátio recém varrido. Apenas varra. Não há necessidade de questionar
sobre isso. Não reclame. Não precisamos
analisar, interpretar ou “ajustar” as folhas. Momento após momento, precisamos
apenas varrer, retornando a esse momento como ele é, de novo, e de novo, e de
novo.
Com a prática, começaremos a
reconhecer a sabedoria de não resistir, ou, caso a resistência surja (como ás
vezes acontecerá), de não ampliá-la e alimentá-la. Podemos aprender a apreciar
o o vai e vem das folhas – e apreciar até mesmo o eterno varrer em si.
Annie Kozak
(em “Wild Chickens and Petty Tirants”)
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