terça-feira, 19 de novembro de 2013

Apenas varra.


Ao varrer o pátio em novembro depois que as folhas caíram, você não esperaria que ele ficasse limpo para sempre. O pátio é como a mente. A meditação da plena atenção pode ser sentida como varrer a mente e jogar fora os pensamentos dispersos que fazem uma grande bagunça. 

É fácil se pegar resistindo, ressentindo-se com essas folhas: “Droga, eu acabei de varrer o chão!” Apesar de nossos protestos, a natureza pensa diferente. Ela não liga se você varreu o pátio ou quanto tempo levou fazendo isso. Da mesma forma, a mente tem sua própria natureza e absolutamente não liga para as suas tarefas. A mente continuará a fazer o que sempre faz: criar pensamentos. Se esperarmos que a mente permaneça sempre “varrida”, estaremos apenas nos preparando para a decepção.  

A prática de meditação não “consertará” você e não mudará as coisas “de uma vez por todas”. Nada é capaz de fazer isso. A nossa tarefa é continuar varrendo. Pensamentos continuarão a vir, soprados sobre o seu pátio recém varrido. Apenas varra. Não há necessidade de questionar sobre isso. Não reclame.  Não precisamos analisar, interpretar ou “ajustar” as folhas. Momento após momento, precisamos apenas varrer, retornando a esse momento como ele é, de novo, e de novo, e de novo. 

Com a prática, começaremos a reconhecer a sabedoria de não resistir, ou, caso a resistência surja (como ás vezes acontecerá), de não ampliá-la e alimentá-la. Podemos aprender a apreciar o o vai e vem das folhas – e apreciar até mesmo o eterno varrer em si.

Annie Kozak
(em “Wild Chickens and Petty Tirants”)

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