segunda-feira, 31 de agosto de 2020


Se você mantém sua mente límpida e compreende como as ilusões surgem, pode deixar que elas fluam livremente, e nunca mais se permite ser levado por elas.


Subul

domingo, 30 de agosto de 2020


Você é a Realidade Suprema, além do mundo e de seu criador, além da consciência e da sua testemunha, além de todas as afirmativas e negações. Lembre-se disso, pense nisso, aja com base nisso. Abandone todo o senso de separação, veja a si próprio em todos e aja de maneira compatível. Com a ação virá a bem-aventurança, e com a bem-aventurança, a convicção. Quando você começar a experienciar a paz, o amor e a felicidade que não necessitam de causas exteriores, todas as suas dúvidas se dissiparão. Basta basear sua vida nisso.


Nisargadatta Maharaj

sábado, 29 de agosto de 2020


Eu posso ver com a clareza mais absoluta que você nunca foi, nem é, nem nunca será algo separado da Realidade, que você é a plenitude da perfeição, aqui e agora, e que nada poderá privá-lo de sua herança, daquilo que você é. Você não sabe o que é, portanto, imagina ser o que não é. Daí o desejo, o medo e seu esmagador desespero.


Nisargadatta Maharaj

sexta-feira, 28 de agosto de 2020


Algo surge e é nomeado; uma questão aparece e é respondida. O coração vazio de conceitos não calcula e nem compara, não há situação em que ele planeje com antecedência.

Quanto ao estado de Buda, ele não pode ser apreendido pelo pensamento, não pode ser abordado pela compreensão, não pode ser medido ou aprendido através do estudo.



Nyuri

quinta-feira, 27 de agosto de 2020


Para ajudar os outros, a própria realização é a primeira condição, a percepção essencial da própria natureza, e isso ao mesmo tempo também significa a realização do suposto outro.

Um outro equívoco é acreditar que as pessoas precisam ser libertadas. Mas, na verdade absoluta, todos os seres sencientes já são Buda e, portanto, não precisam ser libertados, apenas serem despertados de seus sonhos e ilusões. Portanto, um mestre não leva realmente um discípulo à iluminação, mas aumenta seus sofrimentos que surgem da ilusão, para que ele possa despertar dela.


Soko Morinaga

quarta-feira, 26 de agosto de 2020


Muitos praticantes têm em mente que o treinamento requer a manutenção de preceitos e que a observância das regras é de suma importância. Isso cria um treinamento muito formal,  que estimula a falsa distinção entre monge e leigo, bom e mau, Caminho e não caminho. No entanto, um praticante verdadeiramente dedicado não segue exclusivamente as regras. Pelo contrário, ele vive naturalmente de acordo com o Não-Eu. O que pode parecer sem objetivo é, de fato, a mudança que ocorre de momento a momento em resposta a circunstâncias e situações prevalecentes (ainda que sempre em mudança).


Soko Morinaga

terça-feira, 25 de agosto de 2020


Emmon: “Vi seguidores do Caminho que não são realmente dedicados. Eles não observam cuidadosamente os preceitos. Seu comportamento nem sempre é correto e educado, e sua conduta nem sempre é digna. Eles nem sempre ajudam aos seres sencientes e parecem desperdiçar seu tempo sem rumo. Por que é assim?"

Mestre Nyuri responde: “Porque eles querem esquecer todas as discriminações que surgem no coração e querem destruir todas as variadas visões que têm. Portanto, embora do lado de fora possam parecer sem rumo, interiormente estão treinando assiduamente.”


Nyuri

segunda-feira, 24 de agosto de 2020


Há quem acredite que o corpo físico de um Buda não pode ser ferido e que um Buda não pode sentir tristeza ou dor. Mas é a natureza búdica, não o corpo físico, que não pode ser ferido.

Certa vez, um monge veio a Joshu Jushin (em chinês, Zhaozhou Congshen; 778-897), que foi um dos maiores mestres zen chineses. O monge perguntou a Joshu qual era a coisa mais impenetrável do mundo. Joshu respondeu: “Se você deseja me caluniar, não se contenha. Se sua própria boca é insuficiente, use também o bico de um pássaro. E se você realmente quer me insultar, cuspa em mim o quanto quiser. Se sua saliva for insuficiente, pegue um balde de água e derrame-o sobre mim.

A pergunta e resposta acima podem parecer estranhas, mas o que Joshu quer demonstrar é o seguinte: aquilo que é mais impenetrável do que qualquer diamante é realmente inerente a todos nós. E isso não pode ser insultado nem sujo, nem ferido nem abalado.


Soko Morinaga

domingo, 23 de agosto de 2020


Emmon: “Ouvi dizer que o Buda não pode ser ferido por armas, não é oprimido pelo sofrimento, não pode ser compelido por formas e que seu coração não fica agitado. Isso é verdade?"

Nyuri: “Se alguém compreende plenamente que todas as coisas são desprovidas de um eu, então, seja emitindo um som ou não, agitado ou não, tudo concorda com o princípio do Caminho, sem permitir ou impedir nada.


Nyuri

sábado, 22 de agosto de 2020


É errado pensar que um ser iluminado não é mais movido por sentimentos de alegria e tristeza, de gostar e não gostar. Há uma grande e decisiva diferença entre ser movido por sentimentos e ficar preso em apegos. Ser movido por sentimentos é o fluxo livre e desimpedido do coração em resposta às coisas encontradas, e mudar em resposta às coisas à medida que elas se movem. Mas apego é quando o coração se apega às coisas ou sentimentos e, portanto, se amarra. A pré-condição para ver corretamente o que muda de momento a momento não é permanecer estático, mas acompanhar harmonicamente a mudança e, assim, deixar a verdadeira função do coração agir livremente. Então, rir e chorar são respostas naturais às circunstâncias. Um problema só surge quando há uma hesitação sobre as coisas. A imobilidade do absoluto é capacidade de movimento das formas.


Soko Morinaga

sexta-feira, 21 de agosto de 2020


Não há nada errado com você, a não ser as ideias equivocadas que você tem sobre si mesmo, que são completamente equivocadas. Não é você que deseja, teme e sofre, é a pessoa construída sobre as fundações de seu corpo, por meio de circunstâncias e influências. Você não é essa pessoa. Isso tem que ficar claramente estabelecido em sua mente, e nunca ser perdido de vista.


Nisargadatta Maharaj

quinta-feira, 20 de agosto de 2020


As respostas de que se necessita surgem naturalmente da Grande Vida. Não precisa de planejamento. E nesse sentido, diante de um perigo, ser morto ou sobreviver está em harmonia com o Caminho. Mas para alguém cujas ações são governadas por seus valores e julgamentos auto-escolhidos, consequentes apenas a seu próprio entendimento superficial e estreita experiência, nem ser morto nem sobreviver está de acordo com o Caminho.


Soko Morinaga

quarta-feira, 19 de agosto de 2020


Se alguém tem a concepção de existência, existe mesmo que não pense em nada. Se o vazio é realizado, o ser permanece vazio mesmo enquanto pensa. Como assim? É como um mestre zen que permanece imperturbável e sereno mesmo quando surgem pensamentos, ou como o coração que permanece imperturbável e vazio em meio a um vendaval furioso.


Nyuri

terça-feira, 18 de agosto de 2020


Nyuri: “Embora havendo conhecimento da realidade, não há um eu que conheça.”

Emmon: “Se não um eu, quem então é o que sabe?”

Nyuri: “O saber é sem um eu.”

Emmon: “Qual é a obstrução ao falar de um eu?”

Nyuri: "Não há obstrução em apenas usar a palavra eu, mas temo que o coração se envolva demais com esse termo."

Emmon: “E qual é o problema se o coração se envolver?”

Nyuri: “Não-engajamento é igual a não obstrução. Pois se não houver engajamento, que obstrução poderia haver?


Nyuri

segunda-feira, 17 de agosto de 2020


Emmon: “O que é não discriminar?”

Nyuri: “É quando o coração não dá origem a nada.”

Emmon: “E quanto a “aquele que não faz”?”

Nyuri: “Um não-eu não pode ser refutado e nem confirmado.”


Não existe uma forma que seja imutável e permanente. Mas há aquilo que não tem forma definida e está constantemente mudando. Para dizer de forma sucinta, há mudanças, mas nada permanente.


Soko Morinaga

domingo, 16 de agosto de 2020


Emmon pergunta: “Como um bodhisattva segue um caminho indireto e mesmo assim completa o Caminho do Buda?”

Mestre Nyuri responde: "Ele não discrimina entre o bem e o mal."

Emmon acredita que existe um caminho certo e um caminho errado. Mas o que ele considera como sendo o caminho certo é unilateral, limitado e, portanto, dentro do reino da ilusão. Somente enquanto iludidos é que temos noções de desvio no Caminho. Na verdade, nem por um momento sequer estamos separados do Caminho do Buda.


Soko Morinaga

sábado, 15 de agosto de 2020


Livre-se do medo. A ausência de medo é a porta para o Supremo. E essa ausência de medo vem naturalmente quando você vê que não a nada a temer.


Nisargadatta Maharaj

sexta-feira, 14 de agosto de 2020


Emmon: “Por que um verdadeiro homem do Caminho permanece desconhecido; por que ele não é reconhecido pelos outros?”

Mestre Nyuri responde: "Assim como é improvável que o pobre reconheça um tesouro raro, também o homem verdadeiro está além da compreensão do homem comum."

O homem comum não vê as coisas como elas realmente são, por causa de seus próprios julgamentos arbitrários e tendenciosos. Por isso, ele se esforça para separar e distinguir as coisas de modo a compreendê-las - e é justamente por isso que ele é incapaz de ver a verdade.


Soko Morinaga

quinta-feira, 13 de agosto de 2020


Emmon: “Nesse caso, abandonar todas as ilusões é unir-se ao Caminho. Você quer dizer que tudo então se perdeu?

Nyuri: “De maneira alguma. As delusões não são o Caminho, mas abandonar as ilusões também não é o Caminho. Por quê? Por exemplo, quem está bêbado não está sóbrio. E, se está sóbrio, não está bêbado. Embora o estado de estar bêbado e de estar sóbrio não exista sem o outro, estar bêbado não é, ao mesmo tempo, estar sóbrio.

Há quem esteja dormindo e há quem esteja acordado, há bêbados e sóbrios. Mas todos esses estados estão dentro do Caminho. Ainda imerso em aparências efêmeras, Emmon não conhece a verdadeira natureza, não tem consciência da raiz e da origem; consequentemente, ele distingue entre “separado de” e “unificado com” o Caminho.


Soko Morinaga

quarta-feira, 12 de agosto de 2020


Emmon: “Se todas as formas são realmente vazias, então certamente não há necessidade de treinar no Caminho. Isso ocorre porque os seres sencientes já são por natureza vazios?”

Nyuri: “Uma vez que o princípio do vazio é realizado, de fato não há necessidade de treinamento. Ilusões sobre a existência surgem apenas porque o vazio não foi completamente penetrado.”

Como jovem monge, o Mestre Dogen ficou atormentado com a questão de por que sendo a verdadeira natureza inerentemente perfeita e completa, é necessário submeter-se a algum treinamento. Como ninguém no Japão poderia responder a essa pergunta, ele viajou até a China para descobrir. Após a iluminação, ele entendeu que "Embora alguém seja originalmente Buda, sem treinamento, isso não pode ser percebido, pois não se revela sem iluminação". Esse "deixar o Buda se revelar" é a plena realização do vazio.


Soko Morinaga

terça-feira, 11 de agosto de 2020


Formas que surgem de momento a momento a partir da verdadeira natureza e depois retornam a ela, no não-eu, elas não têm nenhum eu individual. Tentativas de compreender a verdadeira natureza através da forma dão origem à falsa suposição de um eu permanente e imutável. Se, por exemplo, alguém perguntar qual é a forma da água, a resposta comum é que a água não tem forma. E, no entanto, de momento a momento, a água se manifesta de alguma forma. Por exemplo ver a água em uma tigela e acreditar que ela é redonda seria um erro causado por não ter consciência da verdadeira natureza da água e de tudo o mais. O que surge pelo erro dessa forma se torna ilusão,  e devido  à ilusão, tem existência aparente. No entanto, uma forma apenas aparentemente existente ainda pode produzir odor, pode doer ou se sujar, enquanto a verdadeira natureza do vazio não.


Soko Morinaga

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

sábado, 8 de agosto de 2020


O “eu sou” que busca o agradável e rejeita o desagradável é falso. O “eu sou” que vê o prazer e dor como inseparáveis vê da forma correta. A testemunha que se deixa enredar no que percebe é a pessoa.


Nisargadatta Maharaj

sexta-feira, 7 de agosto de 2020


Emmon pergunta: "Quanto ao princípio do vazio supremo, como ele pode ser provado e verificado?"

Mestre Nyuri responde: "Busque de todas as formas, confirme com suas próprias palavras".


Emmon gostaria de ter alguma prova de vazio. Mas, assim como só se pode conhecer o calor e o frio quando se sente calor e frio, também só se pode conhecer o vazio quando se o experimenta. Essa é a própria prova ou autenticação.


Soko Morinaga

quinta-feira, 6 de agosto de 2020


As ervas, árvores, homens, todas as formas manifestadas revelam a verdade ou são a aparência da verdade. Mas os homens não percebem a verdade como tal, exatamente como é, e a buscam em outro lugar. Portanto, tornar-se consciente novamente de que tudo, assim como é, em sua essência, é a verdade é despertar para o estado de Buda. Isso não significa que homens maus são convertidos para se tornarem bons e só depois se tornarem Buda. Também se diz na Bíblia: “Busque e você encontrará, bata e ele será aberto para você.” Somente se alguém procurar com todo o coração e bater com toda a força, será possível perceber que o portão sempre esteve aberto e que tudo sempre foi exatamente como é. Essa realização é chamada iluminação.


Soko Morinaga

quarta-feira, 5 de agosto de 2020


Emmon: “Se desde o início as árvores e as ervas estão de acordo com o Caminho, por que os sutras se referem apenas aos homens e não também às árvores e ervas?”

Nyuri: “Mas eles não se referem apenas aos homens. A iluminação de árvores e das ervas também é mencionada. Um sutra diz: 'O menor grão de poeira contém todos os dharmas'. E, novamente, 'todos os dharmas são O Que É e todos os seres sencientes também são O Que É. Não há dois; nem existem diferenças n’Aquilo Que É."


Nyuri

terça-feira, 4 de agosto de 2020


Os julgamentos subjetivos de valor são criados pelo homem e preocupam-se com os padrões morais. “Aqueles que estão sem um eu e assim são um com o Caminho" é uma expressão da verdade. A verdade tem sua fonte na vida sem fim, e como tal, sem nascimento e morte. A Grande Vida. Formas ou fenômenos individuais vêm e vão. Em sua momentaneidade, eles revelam a Grande Vida, e assim cada uma delas, enquanto dura, é significativa e preciosa.


Soko Morinaga

segunda-feira, 3 de agosto de 2020


Aqueles sem um eu, e assim em harmonia com o Caminho, consideram seus corpos como considerariam a própria grama e árvores. Mesmo se forem perfurados por uma espada, são como uma árvore na floresta. Portanto, quando Manjushri ergueu a espada contra Gautama Buda, ou quando Angulimala levantou uma adaga contra Shakyamuni, isso também está de acordo com o Caminho. Ambos perceberam o princípio do não-nascido, o não-originado e perceberam que todos os fenômenos são vazios. Por isso, sob a visão do vazio, da natureza original, não existe argumento válido sobre ofensa ou não-ofensa.


Soko Morinaga

domingo, 2 de agosto de 2020


Emmon: “Se o Caminho permeia tudo, por que então matar é agir contra os preceitos, enquanto que cortar a grama ou derrubar árvores não é ofensivo?”

Nyuri: “Falar sobre ofensa e preceitos é estabelecer julgamentos subjetivos de valor - portanto, é tendencioso e não é o verdadeiro caminho. Como os mundanos comuns não têm entendimento do Caminho, eles se dão por garantidos e, assim, matar se torna uma intenção consciente e, consequentemente, o coração fica atado e resulta em carma, e aí se fala em  falhas. Mas as gramíneas e as árvores não têm essa visão preconceituosa e, portanto, são inerentemente unificadas com o Caminho. E como a verdade é sem um eu, quem as mata é livre de assassinatos intencionais. Portanto, argumentos sobre ofensa ou não- ofensa estão fora de questão.


Nyuri

sábado, 1 de agosto de 2020


Emmon pergunta: "O caminho é apenas os seres sencientes ou as ervas e as árvores também o têm?"

Mestre Nyuri responde: "O Caminho permeia tudo, sem exceção."


O maior erro de Emmon é crer que a iluminação produz a verdade e que, para que isso ocorra, é necessário um produtor ou criador - um eu distinto e individual. Isso, sua visão de si, causa sua pergunta sobre os seres sencientes. A iluminação, no entanto, não significa produzir a verdade, mas é a descoberta da verdade.


Soko Morinaga