quinta-feira, 31 de julho de 2014

Acolhendo a energia

Nosso sofrimento repetitivo não se origina dessa sensação desagradável, e sim do que acontece em seguida, o que chamamos de seguir o impulso, de se descontrolar, ou de se desequilibrar emocionalmente. Origina-se da rejeição à nossa energia quando ela surge de uma forma que não gostamos e de fortalecer sem cessar os hábitos de posse, aversão e distanciamento. Em especial de nossas conversas internas, julgamento, fantasias e rótulos em relação ao que está acontecendo.

Mas, se escolher praticar com o conhecimento, com pausas, acolhendo a energia para, depois, agir, o poder dessa prática não só enfraquece antigos hábitos, como também elimina a propensão de adotá-los. O enfoque maravilhoso de viver desse modo é que abre um espaço amplo para uma experiência nova isenta de egoísmo. Aqui, exatamente onde estamos, é possível viver com uma perspectiva mais ampla, que aceite todas as experiências – prazer, dor e neutralidade. Somos livres para apreciar as possibilidades infinitas que estão sempre disponíveis, livres para reconhecer a abertura natural, a inteligência e a cordialidade da mente humana.

Pema Chodron
(em "O Salto: Um Novo Caminho Para Enfrentar as Dificuldades")

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Deixe a vida ser




Entregue a sua existência à própria existência. Pare de nadar. Abandone o impulso de salvar-se. Faça-o agora. Não entretenha o pensamento, “Não! Eu não posso! Eu não posso rejeitar o esforço!”. É isso que cria o sofrimento. Ao deixar ir, deixar ser, existe paz, silêncio e clareza que surge do completo abandono. Deixe a vida ser.

Mooji
(Retirado do site “Mooji em Português”)

terça-feira, 29 de julho de 2014

Colocar os olhos de Buda

Pergunta– Gostaria que o Senhor comentasse um pouco sobre o Sutra do Coração.

Monge Genshô – “Oh Shariputra, forma é vazio e vazio é forma. Vazio nada mais é do que forma, forma nada mais é do que vazio”. Este é o centro do Sutra do Coração da Sabedoria. Se você entender esta frase, promete o Sutra, livra-se de toda dor e sofrimento. Toda vida é um ciclo, um fluxo. Nós olhamos inícios, mortes, etc., mas na verdade a vida é um ciclo. Nós morremos, viramos adubo, crescem plantas, plantas viram frutos, comemos o fruto, etc… Nós olhamos uma floresta e vemos um reciclar contínuo. Quem olha os eventos particulares vê nascimento e morte. Em uma floresta há muita morte acontecendo, certo? Troncos apodrecendo, animais que nascem e morrem. No entanto, nós olhamos a floresta e vemos sua beleza. Da mesma forma a vida humana, nós vemos os inícios e fins. Por não observarmos a continuidade das coisas, vemos tudo começando e terminando, e tudo tão sofrido, logo, achamos que a vida não vale a pena. Perdemos, de fato, a visão do todo.

Seria como uma pessoa na floresta chorando a folha que cai, ou outra na beira da praia chorando as ondas que quebram. A beleza nada tem a ver como começos e fins, a beleza da vida está na continuidade. Então o vazio de um eu é forma, as formas são todas manifestações da vacuidade. A vacuidade é ausente de um eu, logo, não há eu em coisa alguma. Só existe o vazio, que é belíssimo, pois é o próprio céu azul. Despertar é trocar nossos olhos e colocar os olhos de Buda. Aqueles que colocam os olhos de Buda, vêem o nirvana, que é aqui. A diferença não está no mundo e sim nos olhos.

Monge Genshô
(em seu blog “O Pico da Montanha é onde estão os meus pés”)

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Instruções cruciais

Em resumo, agora você tem as liberdades e vantagens da existência humana, encontrou um professor autêntico e recebeu as instruções profundas. Agora você tem a oportunidade de atingir o estado búdico colocando em prática os nove veículos dos ensinamentos. É agora que você pode estabelecer uma estratégia para todas as vidas futuras ou abandonar-se à própria sorte. É agora que você pode voltar a mente em direção ao bem, ou é agora que pode abandoná-la ao mal.

Neste exato momento você está em uma encruzilhada onde tem que escolher entre a direção certa e a errada para o resto da vida. Esta oportunidade é como encontrar algo para comer quando você somente pôde comer uma refeição em cada cem anos durante toda a sua vida.

Portanto, use o Darma para liberar-se enquanto ainda pode e tenha a morte como estímulo constante. Dê fim aos seus planos para esta vida e tente praticar diligentemente o bem e abandonar o mal, mesmo que isso ponha a sua vida em risco. Siga um professor autêntico e aceite sem hesitar o que quer que ele lhe diga.

Entregue-se de corpo e mente para as Três Jóias. Reconheça a felicidade como sendo a compaixão das Três Jóias. Quando o sofrimento vier, reconheça-o como sendo o resultado das suas próprias ações passadas. Aplique-se às práticas de acumulação e purificação com a motivação pura e perfeita da bodhicitta.

Finalmente, com devoção e os preceitos imaculados, una, indissoluvelmente, a sua mente com a de um professor sublime que pertença a uma linhagem autêntica. Conquiste a cidadela do absoluto nesta mesma vida, tomando corajosamente para si a responsabilidade de libertar todos os seres, suas mães, da masmorra do samsara. Aqui estão contidas todas as instruções cruciais.

Patrul Rinpoche
(em “As Palavras do Meu Professor Perfeito”)

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Apenas escutar

Um psiquiatra questionou Roshi Shunryu Suzuki sobre a consciência:

“Eu não sei nada sobre consciência”, disse Suzuki. “Eu apenas tento ensinar meus alunos como escutar o canto dos pássaros”.

(citado em “Zen is Right Here: Teaching Stories and Anecdotes of Shunryu Suzuki” editado por David Chadwick)

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Estratégias inúteis

Então, em uma noite, como não conseguia dormir, fui para a sala de meditação e sentei-me lá a noite inteira. Estava apenas sentada, sentindo uma dor crua e quase vazia de pensamentos. De repente, algo aconteceu: tive um insight de extrema clareza de que toda a minha personalidade, toda a minha estrutura ególatra, baseava-se em não querer ir para esse lugar instável. Tudo o que fiz, meu modo de sorrir, de falar com as pessoas, de tentar agradar a todos, foi uma estratégia para evitar esse sentimento. Percebi que a nossa fachada, nossa pequena canção e dança que todos fazemos, fundamenta-se na tentativa de evitar a instabilidade que permeia nossas vidas.

Com o aprendizado da impermanência, tornamo-nos muito familiarizados com esse lugar instável e, pouco a pouco, ele deixa de ser ameaçador. Em vez da ansiedade, permanecemos presentes. Não mais investimos em tentativas constantes de nos afastar da insegurança. Achamos que encarar nossos demônios trará à lembrança algum acontecimento traumático ou a descoberta de que não temos nenhum valor. Mas, ao contrário, é justamente enfrentando essa sensação desconfortável e inquietante de não ter um lugar para fugir que descobriremos – imagine o quê? – que sobrevivemos e não iremos desmoronar, sentimos um profundo alívio e uma sensação de liberdade.

Pema Chodron
(em “O Salto: Um Novo Caminho Para Enfrentar as Dificuldades”)

quarta-feira, 23 de julho de 2014

A coisa mais simples e mais profunda

Lembro-me de quando recebi pela primeira vez uma orientação de como meditar.  Parecia tão simples: sente-se, coloque-se em uma posição confortável, e respire conscientemente. Quando a mente devanear, retorne com suavidade e concentre-se em sua respiração. Pensei, “Isso será fácil”. Então, alguém bateu em um gongo marcando o início da meditação. Só descobri que divagara sem me concentrar na respiração quando bateram o gongo de novo para encerrar a sessão. Passei o tempo inteiro com o pensamento perdido.

Na ocasião, pensei que era alguma falha minha, e se persistisse na meditação logo a faria com perfeição, atenta a cada respiração. Talvez, às vezes, eu me distraísse com alguma coisa na maior parte do tempo queria estar presente. Passaram-se cerca de 30 anos desde então. Algumas vezes, minha mente está inquieta. Em outras, está tranquila. Às vezes, a energia agita-se. Algumas vezes, acalma-se. Tantas coisas acontecem quando meditamos, desde pensamentos, diminuição de respiração a imagens visuais, desconforto físico e angústia para atingir a máxima vivência. Tudo isso, acontece, e a atitude básica é: “Nada de especial”. O ponto decisivo é que, durante todo esse processo, exercitamo-nos a sermos abertos e receptivos a qualquer coisa que surgir.

Observei o seguinte nas pessoas atentas: elas têm plena consciência do que acontece em torno. Suas mentes não devaneiam. Elas permanecem alertas no caos, no silêncio, em um parque de diversões, em um pronto-socorro, na encosta de uma montanha: são completamente receptivas e abertas ao que está acontecendo. Isso é, ao mesmo tempo, a coisa mais simples e mais profunda, assim como a pausa contínua.

Mas, sem dúvida, precisamos de enorme estímulo e conselho prático para estar presente aqui e agora e nos abrirmos para a vida. Definitivamente, não é nossa reação habitual.

Pema Chodron

(em “O Salto: Um Novo Caminho Para Enfrentar as Dificuldades”)

terça-feira, 22 de julho de 2014

O lado bom do sofrimento

Em qualquer caso, o sofrimento tem seu lado bom e útil. Porque, quando sofremos, iremos ter sentimentos de renúncia e esgotamento com as coisas mundanas, e a arrogância será colocada para fora de nossas mentes.

Graças ao nosso próprio sofrimento, podemos vivenciar compaixão ilimitada, desejando libertar os outros que também sofrem no samsara.

De modo similar, iremos rejeitar e evitar a negatividade pela qual o sofrimento é criado, e teremos entusiasmo em perseguir a bondade, a causa da felicidade, assim nos tornando cuidadosos em relação ao princípio cármico de causa e efeito.


Kunzang Pelden

Se o passado de uma pessoa fosse o seu passado

Se o passado de uma pessoa fosse o seu passado, se a dor dessa pessoa fosse a sua dor, se o nível de consciência dela fosse o seu, você pensaria e agiria exatamente como ela.

Ao compreender isso, fica mais fácil perdoar, desenvolver a compaixão e alcançar a paz.

O ego não gosta de ouvir isso, porque sem poder reagir e julgar ele se enfraquece.


Chagdud Tulku Rinpoche

segunda-feira, 21 de julho de 2014

A morte do sábio

O sábio goza de um tipo muito especial de liberdade: preparado para a morte, ele aprecia, a cada momento, a riqueza e a generosidade da vida. Ele vive cada dia como se fosse o único. Esse dia, naturalmente, se torna o mais precioso da sua existência. Quando olha para o pôr-do-sol, pergunta a si mesmo: Será que verei o sol levantar-se novamente, amanhã de manhã?” Ele sabe que não tem tempo a perder, que o tempo é precioso e que seria tolice desperdiçá-lo com coisas insensatas. Quando a morte finalmente chega, ele morre tranquilamente, sem tristeza ou arrependimento, sem apego ao que está deixando para trás. Ele deixa esta vida como a água que se eleva ao azul do céu… 

Matthieu Ricard
(em "Felicidade – A pratica do Bem Estar”)

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Isso é força, esta é sua força



Identificados apenas com o corpo-mente, a programação e o condicionamento, isso enfraquece nosso espírito, faz-nos sentir muito fracos. Quando somos fracos, temos muito medo. E quando temos medo, tornamo-nos violentos.

Quando se está no coração, você é pacífico e quando é pacífico, você é forte. Quando se é forte, você não força.

A mente diz: “quando se é forte, você é agressivo”. Não! A tua força não é a agressão.

Quando se é forte, quando se está centrado, então tu amas o mundo, ama a vida, ama a verdade, está em paz, é verdadeiro, é completo.

Quando você tem medo, é inseguro. Quando se está inseguro, você julga, resiste, luta, mata, é egoísta, agressivo. “Oh, este homem é muito forte”. Não é forte, é muito fraco. Não é flexível, não é amplo.

Aquele que sabe a verdade é amplo internamente, dentro. Não é insultado, não é afetado pela mudança dos ventos da mente. Observa sempre dum lugar de harmonia e ignora coisas sem valor, não se preocupa com essas coisas.

Isso é força, esta é sua força.”
  

Mooji  

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Carma bom, carma ruim



Carma é aquilo que conduz os seres através do ciclo de nascimento e morte, por isso fundamentalmente não há diferença entre carma bom e carma ruim. Um escravo sofre por pertencer a um dono cruel. Já outro vive relativamente tranquilo por seu dono ser um homem bom. Porém ambos ainda são o mesmo, ambos são escravos.

Criar um bom carma é preferível a criar um mal carma. Porém melhor ainda é libertar-se de qualquer carma. A maneira de fazer isso é aceitando tudo que surgir, seja bom ou mal, como sendo sua natureza fundamental. É como limpar um espelho: mesmo que esteja coberto de poeira há um bom tempo, tão logo você passe um pano imediatamente ele se torna límpido.


Daehaeng Sunim
(em “No River to Cross”)

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Compaixão



Desafios



Todos os desafios na vida surgem para motivar, amadurecer e direcionar a sua mente para a verdadeira sabedoria. Assim, ao abrir o seu coração para a Verdade, eles estimulam e inspiram você a ir além do inibido ego pessoal e de suas projeções, equívocos e falsas crenças.

Em última análise, os desafios levam você, através da Graça, a descobrir a sua verdadeira natureza e Ser como Consciência eterna.

Mooji
(extraído do site”Mooji em Português”)

terça-feira, 15 de julho de 2014

Não existe destino



Não existe fatalidade ou destino. Tudo depende de sua mente. Como você não é livre de apegos, estes se tornam carma e influenciam até mesmo os seus genes. E como tudo é criado através da mente, a chave para a sua felicidade ou infelicidade está na maneira como você a usa.


Daehaeng Sunim
(em “No River to Cross – Trusting The Enlightenment That’s Always Right Here”)

segunda-feira, 14 de julho de 2014

"Eu não quero"

Quando alguém pedia uma caligrafia ao mestre zen Ryokan, este desculpava-se: “Farei para você depois que praticar mais e melhorar”. Porém, quando estava inspirado, ele podia pintar muitas peças em sequência, não importando a qualidade do pincel, da tinta ou do papel.

O chefe de uma grande empresa de comércio há tempos tentava conseguir uma caligrafia sua, sem sucesso. Um dia em que Ryokan foi à sua casa mendigar comida, ele o puxou para dentro e, apontando para uma tela dourada que há muito estava preparada para a ocasião, pediu-lhe que escrevesse algo, avisando: “Não deixarei que partas até que termine”.

Sem escolha, Ryokan empunhou o pincel e escreveu:

“Eu não quero. Eu não quero. Eu não quero. Eu não quero.”

(citado por Yoshishige Kera no livro “Sky Above, Great Wind” a respeito do grande mestre zen Ryokan)

sexta-feira, 11 de julho de 2014

O voto superior

Todo aquele que vive uma vida superior, é movido por um voto superior - o voto superior é concebido pela vida superior. 

Se não estivermos agora a seguir a voz do infinito caminho aberto, estamos já amarrados a qualquer nivel das nossas escolhas. Mas a mente, o corpo e o mundo podem ser transformados pelo voto mais profundo; e podemos aprender a reconhecer o processo da nossa transformação e emancipação.

O infinito voto do Buda, o caminho autêntico, é sentar-se Aqui-Agora, comer uma refeição e beber chá; sem ser assombrado por quaisquer sonhos, idéias ou teorias vãs.

Hogen Daido
(em "O Caminho Aberto")

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Detectando a inconsciência


Para sustentar o pensamento do eu, o ego precisa de o oposto, que é o pensamento "o outro". Pois quando critico ou condeno o outro sinto-me melhor. Com isso, em vez de detectarmos a inconsciência nos outros, nós a transformamos em sua identidade.

Não reagir ao ego das pessoas é uma das maneiras mais eficazes de não só superarmos nosso próprio ego como também de dissolver o ego humano coletivo. Não reagindo ao ego, vezes podemos fazer aflorar a sanidade nos outros, que é a consciência não condicionada em oposição à consciência condicionada.

Eckhart Tolle
(em "Um Novo Mundo - O Despertar de Uma Nova Consciência")

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Transcender o ego

Jesus e Buda transcenderam o ego: ambos se moviam na plena consciência da não-separação. Transcender o ego é reconhecer-se e identificar-se com qualquer ser (até mesmo com pedras ou ervas-silvestres); é ser Buda e filho eleito de Deus. Para os que se libertaram totalmente do ego, cada um de nós é visto como um incomensurável e único cosmos.

Hogen Daido
(em No Caminho Aberto")

terça-feira, 8 de julho de 2014

Cada instante

Cada instante é novo e solo virgem.

O que precisamos fazer é apenas sentarmo-nos nesse cósmico Aqui-Agora.

Hogen Daido


quinta-feira, 3 de julho de 2014

Não é tão séria

A vida não é tão séria quanto a minha mente faz parecer.

Eckhart Tolle 
(em "Um Novo Mundo - O Despertar de Uma Nova Consciência")

terça-feira, 1 de julho de 2014

Só você impõe limites à sua natureza infinita

Não há motivo para que você seja miserável e infeliz. Só você impõe limites à sua natureza infinita e depois se lamenta por se ver como um ser limitado, e aí adota uma prática espiritual qualquer para transcender essas limitações inexistentes. Mas se até sua prática espiritual acreditar na existência desas limitações, como poderá ajudar a transcendê-las?

Eu sei que você na verdade é puro e infinito, o Self. Você é sempre esse Self e nada menos que o Self. Por isso, não pode ser realmente ignorante sobre esse ele, essa ignorância é apenas imaginária.

Saiba que o verdadeiro conhecimento não cria um novo ser em você, ele remove a sua ignorância. E a Bem-aventurança não é acrescentada à sua natureza, mas sim revelada como sendo seu estado natural, eterno, imperecível.  

O único caminho para livra-se da dor é conhecer e realizar o seu Self.

Ramana Maharshi

(em “Be As You Are – Teachings of Ramana Maharshi”)