Nosso sofrimento repetitivo não se origina dessa sensação
desagradável, e sim do que acontece em seguida, o que chamamos de seguir o
impulso, de se descontrolar, ou de se desequilibrar emocionalmente. Origina-se
da rejeição à nossa energia quando ela surge de uma forma que não gostamos e de
fortalecer sem cessar os hábitos de posse, aversão e distanciamento. Em
especial de nossas conversas internas, julgamento, fantasias e rótulos em
relação ao que está acontecendo.
Mas, se escolher praticar com o conhecimento, com pausas,
acolhendo a energia para, depois, agir, o poder dessa prática não só enfraquece
antigos hábitos, como também elimina a propensão de adotá-los. O enfoque
maravilhoso de viver desse modo é que abre um espaço amplo para uma experiência
nova isenta de egoísmo. Aqui, exatamente onde estamos, é possível viver com uma
perspectiva mais ampla, que aceite todas as experiências – prazer, dor e
neutralidade. Somos livres para apreciar as possibilidades infinitas que estão
sempre disponíveis, livres para reconhecer a abertura natural, a inteligência e
a cordialidade da mente humana.
Pema Chodron
(em "O Salto: Um
Novo Caminho Para Enfrentar as Dificuldades")