Como o mergulhador
desce fundo no mar,
Pela pérola,
Arriscando sua vida
na busca do transitório,
Deves tu mergulhar
profundamente dentro de ti mesmo,
Na busca da
eternidade.
Como o alpinista
aventureiro que escala para conquistar,
Assim tu deves
subir até aquela altura vertiginosa,
De onde todas as
coisas são vistas em suas verdadeiras proporções.
Como o lótus que,
rompendo o lodo, ao céu se eleva
Assim tu deves
colocar de lado todas as coisas transitórias
Se queres descobrir
esse reino de felicidade.
Como a árvore
majestosa cuja força depende de suas raízes ocultas
E brinca com os
vendavais que passam,
Assim tu deves
assentar tua força oculta profundamente em ti mesmo,
E brincar com o
mundo que passa.
Como a corrente de
água rápida conhece sua fonte,
Assim tu deves
conhecer teu próprio ser.
Como o manso lago
azul cuja profundidade nenhum homem conhece,
Assim deve tua
profundidade ser insondável.
Como os mares
contêm um sem-número de coisas vivas,
Assim estão em ti
os segredos escondidos dos mundos.
Como na encosta da
montanha, nas várias altitudes, diferentes flores crescem,
Assim em ti existem
gradações de beleza.
Como a terra é
cheia de tesouros escondidos que o homem jamais viu,
Assim em ti há
segredos ocultos, desconhecidos de ti mesmo.
Como os ventos
possuem uma força imensa e inesgotável,
Assim em ti se
encontra uma grande e invencível energia.
Como os cumes das
montanhas dançam à luz do sol,
Assim tu deves
dançar à luz do conhecimento de ti mesmo.
Como existe uma
visão que sempre vai mudando na trilha tortuosa da montanha,
Assim em ti há uma
constante revelação.
Como a estrela
distante que cintila na noite escura,
Assim é aquele que
descobriu a si mesmo.
Jiddu Krishnamurti
(em “A Busca”)