quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Olhar-nos cada vez como se fosse a primeira vez



Autoconhecimento não significa acumular conhecimentos sobre si próprio; significa observar a si próprio. Se aprendo acumulando conhecimentos, nada aprendo a respeito de mim mesmo.

Temos, pois, de "aprender o que somos", observando-nos sem condenação, sem justificação, observando simplesmente nossa maneira de andar, de falar, as palavras que empregamos, os diferentes "motivos", propósitos, intenções: estando totalmente vigilantes, sem escolha. E esse percebimento não significa acumulação, mas, sim, estar vigilante de instante em instante. Se, em qualquer momento, deixardes de estar vigilante, não vos preocupeis: começai de novo. Vossa mente está, assim, sempre nova. A auto-observação, pois, não se limita ao nível superficial, mas penetra o nível mais profundo, o chamado "nível inconsciente", "oculto". Como observar uma coisa que se acha mui profundamente radicada, oculta, fechada? Nossa consciência é tanto superficial como oculta; e temos de conhecer todo o conteúdo dessa consciência, uma vez que o conteúdo integra a consciência. Não são coisas separadas: o conteúdo é a consciência.

Por conseguinte, para se compreender o conteúdo deve haver observação sem o "observador". Esta é uma das coisas mais fascinantes: descobrir como olhar a vida de maneira nova. Para observarmos o "oculto", precisamos de olhos não condicionados pelo passado; não devemos ser hinduístas, cristãos, etc. Devemos olhar-nos cada vez como se fosse a primeira vez e, por conseguinte, sem acumular. Se puderdes observar-vos dessa maneira, observar vossas ações, seja no trabalho, seja no lar; observar vossos apetites sexuais, vossa ambição - observar sem condenar, sem justificar, observar simplesmente - vereis que nessa observação não há conflito de nenhuma espécie.

Jiddu Krishnamurti
(em “O Novo Ente Humano”)

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