Autoconhecimento não significa acumular conhecimentos sobre si próprio; significa observar a si próprio. Se aprendo acumulando conhecimentos, nada aprendo a respeito de mim mesmo.
Temos, pois, de "aprender o que
somos", observando-nos sem condenação, sem justificação, observando
simplesmente nossa maneira de andar, de falar, as palavras que empregamos, os
diferentes "motivos", propósitos, intenções: estando totalmente
vigilantes, sem escolha. E esse percebimento não significa acumulação, mas, sim,
estar vigilante de instante em instante. Se, em qualquer momento, deixardes de
estar vigilante, não vos preocupeis: começai de novo. Vossa mente está, assim,
sempre nova. A auto-observação, pois, não se limita ao nível superficial, mas
penetra o nível mais profundo, o chamado "nível inconsciente",
"oculto". Como observar uma coisa que se acha mui profundamente
radicada, oculta, fechada? Nossa consciência é tanto superficial como oculta; e
temos de conhecer todo o conteúdo dessa consciência, uma vez que o conteúdo integra
a consciência. Não são coisas separadas: o conteúdo é a consciência.
Por conseguinte, para se compreender o
conteúdo deve haver observação sem o "observador". Esta é uma das
coisas mais fascinantes: descobrir como olhar a vida de maneira nova. Para observarmos
o "oculto", precisamos de olhos não condicionados pelo passado; não
devemos ser hinduístas, cristãos, etc. Devemos olhar-nos cada vez como se fosse
a primeira vez e, por conseguinte, sem acumular. Se puderdes observar-vos dessa
maneira, observar vossas ações, seja no trabalho, seja no lar; observar vossos
apetites sexuais, vossa ambição - observar sem condenar, sem justificar,
observar simplesmente - vereis que nessa observação não há conflito de nenhuma
espécie.
Jiddu Krishnamurti
(em “O Novo Ente Humano”)
(em “O Novo Ente Humano”)
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