segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Como Um Místico Amarra Os Seus Sapatos?





Um discípulo do famoso peregrino judeu Maggid von Mesritsch nos legou a seguinte frase: “Não fui procurar o Maggid para estudar o Torá, mas para observar como ele amarra os cadarços dos seus sapatos”.

E subitamente todo o filme começa a rodar mais devagar. O famoso sábio amarra os cadarços dos sapatos. Um discípulo o observa. Ninguém fala nada. Como em câmera lenta, o discípulo toma consciência de cada movimento do mestre. Olha com atenção, para não perder nada. Deixa-se emocionar pelo que vê. Não lhe interessa a lição abstrata, mas a vida concreta. Ele busca o encontro com uma pessoa que vivencia o que ensina. No caminho que passa pela prática, ele espera aprender alguma coisa sobre o que move e sustenta esse Maggid. E quem sabe: com esse ato de amarrar os sapatos talvez ele aprenda mais sobre o mistério da vida do que com o estudo de uma escritura sagrada.

Os místicos e místicas são como eu e você. Com a pequena diferença de que eles descobrem e fundamentam as histórias mais profundas da vida, que normalmente permanecem ocultas para nós. Essas viagens de conhecimento ao interior do ser podem se realizar de diversas maneiras no seu dia-a-dia. Posso imaginar que alguns místicos amarram os cadarços dos sapatos com uma enorme atenção e tranquilidade, e consideram essa pequena tarefa como um exercício para o caminho interior. 

O lugar em que se deve refletir e meditar sobre as grandes questões da vida deve ser sempre ali onde se está naquele momento.

Lorenz Marti
(em “Como Um Místico Amarra Os Seus Sapatos”)

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