Um discípulo do famoso peregrino judeu
Maggid von Mesritsch nos legou a seguinte frase: “Não fui procurar o Maggid
para estudar o Torá, mas para observar como ele amarra os cadarços dos seus
sapatos”.
E subitamente todo o filme começa a
rodar mais devagar. O famoso sábio amarra os cadarços dos sapatos. Um discípulo
o observa. Ninguém fala nada. Como em câmera lenta, o discípulo toma
consciência de cada movimento do mestre. Olha com atenção, para não perder
nada. Deixa-se emocionar pelo que vê. Não lhe interessa a lição abstrata, mas a
vida concreta. Ele busca o encontro com uma pessoa que vivencia o que ensina.
No caminho que passa pela prática, ele espera aprender alguma coisa sobre o que
move e sustenta esse Maggid. E quem sabe: com esse ato de amarrar os sapatos
talvez ele aprenda mais sobre o mistério da vida do que com o estudo de uma
escritura sagrada.
Os místicos e místicas são como eu e
você. Com a pequena diferença de que eles descobrem e fundamentam as histórias
mais profundas da vida, que normalmente permanecem ocultas para nós. Essas
viagens de conhecimento ao interior do ser podem se realizar de diversas
maneiras no seu dia-a-dia. Posso imaginar que alguns místicos amarram os
cadarços dos sapatos com uma enorme atenção e tranquilidade, e consideram essa
pequena tarefa como um exercício para o caminho interior.
O lugar em que se deve refletir e
meditar sobre as grandes questões da vida deve ser sempre ali onde se está
naquele momento.
Lorenz Marti
(em “Como Um Místico Amarra Os Seus Sapatos”)
(em “Como Um Místico Amarra Os Seus Sapatos”)
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