sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Mudando o estado mental



Quando você estiver com pensamentos negativos, sentindo-se mal ou deprimido, deve prontamente mudar seus pensamentos e recordar: “Esses sentimentos ruins e esses pensamentos negativos surgiram da minha mente fundamental, da minha essência, por isso somente a minha essência pode evitar que esses sentimentos e pensamentos apareçam.” Faça isso e seu estado mental logo mudará.

O único que pode cuidar do que surgir é você. A sua verdadeira natureza pode lidar com o que quer que seja!

Daehaeng Sunim
(em “Wake Up and Laugh”)

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Viver na Mente Original



Quando alcançamos a Mente Original, somos capazes de experimentar a luz viva que permeia tudo. Então, tudo o que fizermos a partir daí expressa o verdadeiro Zen, seja calçando nossas sandálias, fazendo chá ou gritando "Wu!". Percebemos que a existência mundana é uma mera projeção da imensa produtividade da Mente Original.

Naturalmente, essa produtividade maravilhosa é inefável. Para quem a conhece e a vê, é um prazer constante. Mas para aqueles que não a têm, é tarde demais. Tudo o que vêem é o que já passou, como uma imagem posterior. É o mundo dos mortos, não dos vivos. Do ponto de vista de um mestre Zen como Yuan-wu, a grande multidão de seres humanos vaga como se estivessem mortos: estão mais interessados ​​nas necessidades fisicas do que na luz que dá vida a eles; mais interessados ​em suas opiniões e desejos do que o poder que origina a ambos e a tudo o mais. Sem dúvida, todos os que não vivem na Mente Original estão condenados a girar no ciclo de nascimento e morte. E é ainda pior para aqueles que rejeitam a sua existência.

(extraído do blog The Zennist)

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A felicidade ou infelicidade depende de nossa mente

Quaisquer que sejam nossas circunstâncias externas, no fim das contas a felicidade ou infelicidade depende da nossa mente. Considere que uma companhia com quem nós ficamos, continuamente, dia e noite, é nossa mente. Você realmente gostaria de viajar com alguém que ficasse reclamando o tempo todo e ficasse dizendo quão inútil você é, quão sem jeito você é, alguém que lhe lembre de todas as coisas horrorosas que você já fez? Ainda assim, para muitos de nós, esse é o jeito que vivemos – com esse crítico incansável, difícil de agradar e sempre nos rebaixando que é nossa mente. Ela ignora totalmente nossas qualidades e é genuinamente uma companhia muito triste.

A questão é que quando nossa mente está cheia de generosidade e pensamentos de bondade, compaixão e contentamento, a mente se sente bem. Quando nossa mente está cheia de raiva, irritação, auto-piedade, ganância e apego, a mente se sente doente. E se nós realmente investigarmos isso, podemos ver que temos a escolha: podemos decidir amplamente que tipo de pensamentos e sentimentos irão ocupar nossa mente. Quando pensamentos negativos aparecem, podemos reconhecê-los, aceitá-los e deixá-los ir. Podemos escolher não segui-los, o que só colocaria mais lenha na fogueira. E quando pensamentos bons vêm à mente – pensamentos de bondade, cuidado, generosidade e contentamento, e um senso de não segurar mais as coisas tão fortemente, podemos aceitar e encorajar isso, mais e mais. Podemos fazer isso. Somos o guardião do precioso tesouro que é nossa própria mente.

Um coração genuinamente bom é fundamentado no entendimento da situação como ela realmente é. Não é uma questão de sentimentalismo. E um bom coração também não é uma questão de sair por aí num tipo de euforia de falso amor, negando o sofrimento e dizendo que tudo é benção e alegria. Não é assim. Um coração genuinamente bom é um coração que é aberto e é ávido por compreensão. Ele ouve as tristezas do mundo. Nossa sociedade está errada ao pensar que a felicidade depende da satisfação dos nossos próprios desejos e vontades. Por isso nossa sociedade está tão miserável. Somos uma sociedade de indivíduos, todos obsessivos com o esforço por nossa própria felicidade. Estamos desconectados de nosso sentido de interconexão com os outros, estamos desligados da realidade. Porque na realidade estamos todos interconectados.

Jetsunma Tenzin Palmo
(em “Into the Heart of Life” – extraído do site dharmalog.com)

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Nossa verdadeira pessoa

Nós temos nossa verdadeira pessoa, mas não vivemos com nossa verdadeira pessoa, não reconhecemos nossa verdadeira pessoa. Nós só vivemos com coisas que tomamos por nossa verdadeira pessoa. Vivemos a vida inteira nessa ignorância, pensando que nossos sentimentos e nossa carne são a soma total da nossa verdadeira pessoa. Nossa verdadeira pessoa não tem posição alguma, não está dentro nem fora, não é iludida pelo nascimento e pela morte, por ir e vir, por ter ou não ter, pelo que fazemos ou não fazemos.

Nossa verdadeira pessoa é nosso próprio Buda milagroso, presente em nossa maravilhosa relação com todas as coisas. Nós somos as nuvens, o céu, todos os nossos ancestrais e descendentes. Nossa verdadeira pessoa é uma maravilha. E quando podemos ver isto, nós estamos bem. Ainda temos nossos altos e baixos, mas não nos identificamos com eles, sabemos que somos mais do que isso. Nosso grande êxito como praticantes é percebermos nossa verdadeira pessoa.

Thich Nhat Hanh
(em “Nada Fazer, Não Ir a Lugar Algum”)


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Vocês irão morrer

Bem depois de nossos amigos e adversários terem partido, ainda carregamos as marcas das nossas reações positivas e negativas. Nossos padrões habituais permanecem no lugar bem depois de os objetos de nossos apegos e aversões terem cessado de existir.

Quando meus filhos eram adolescentes, eu os levei até o Décimo Sexto Karmapa. Como não eram budistas, solicitei a sua Santidade que dissesse alguma coisa que não precisasse da compreensão do dharma. Sem hesitar, ele disse: "Vocês irão morrer; e quando morrerem não levarão nada com vocês, somente o seu estado da mente."

Pema Chodron
(em “Sem Tempo a Perder”)

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

As lições de uma vareta de incenso

Quando acendemos uma vareta de incenso, se olharmos profundamente, o incenso nos ensinará muitas coisas. A fumaça se transformará numa nuvem e continuará a existir como nuvem. O calor do incenso penetra em nossos corpos e se torna parte de nós. Sua fragrância se espalha pelo aposento e muitas outras pessoas a apreciam, e então ela se torna parte de tudo que a cerca. E o que sobra são as cinzas, e essas cinzas, podemos pensar que estão mortas, mas não morreram. As cinzas também têm vida. Nada realmente morre, a vida está simplesmente se transformando em alguma outra coisa, é como se fosse uma brincadeira de esconde-esconde. Quando seguro esta flor, você pode vê-la à minha frente, mas seu eu a puser atrás de mim, você poderá achar que ela não está mais aqui - é assim com o nascimento e a morte diante de nossa visão ordinária.  Na verdade, a flor ainda está aqui.

Brother Phap Niem
(em “One Buda is Enough” – sobre um retiro organizado pela comunidade de monges de Plum Village, do mestre Thich Nhat Hanh)

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

A prática não é apenas meditar sentado


A prática necessária para reconhecermos nossa natureza de Buda é muito mais complexa do que apenas sentar-se em meditação (shikantaza). Inúmeras existências vividas sob o véu da ignorância têm ofuscado nossa verdadeira natureza. Por isso, separar o que é verdadeiro do que é falso não é tarefa fácil: muitas vezes, na realidade, o primeiro critério que adotamos é o falso. O Buda passou por uma série de professores e seus ensinamentos apenas para rejeitá-los depois como sendo insuficientes. Ele nunca atribuiu seu despertar à prática da meditação sentada. Nem orientou aos que o seguiam para que apenas se sentassem.

Na prática da meditação sentada, a postura, a respiração consciente e a atenção às oscilações mentais constituem a essência da técnica, enquanto que o silêncio interior sustentado é seu objetivo. No entanto, esta prática ignora por completo a força animativa que dá vida ao corpo biológico em si, e que é o verdadeiro alvo do Zen. Ela também ignora o fato de que esta força animativa espiritual só pode ser alcançada pela contemplação introspectiva, na qual se penetra através da casca ilusória da mente que gera os fenômenos. E ao penetrá-la, realizar a nossa natureza de Buda.


(extraído do blog The Zennist)

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Confiança em nós

Temos confiança em nós mesmos, em nossa natureza de Buda? Se tivermos confiança, não precisaremos buscá-la em sendas de conhecimentos e conceitos. Se virmos o Buda como alguém exterior a nós próprios e sentirmos que não valemos nada, não seremos bem sucedidos. A base de nosso sucesso é confiarmos em nós mesmos.

Thich Nhat Hanh
(em “Nada Fazer, Não Ir a Lugar Algum”)

terça-feira, 18 de novembro de 2014

O que é a iluminação?


A mais simples definição do que seja a iluminação budista é: o despertar da ilusão de que somos simplesmente seres encarnados. Esta é uma resposta bastante marcante e pode provocar o franzir de cenho em budistas e não-budistas. Pode causar até mesmo certa estranheza em pessoas que receberam ensinamentos budistas diferentes. E talvez devesse causar.

Certamente ninguém nega que o Buda ensinou algo muito profundo. Em diversos discursos, o Buda fez alusões ao transcendente e que nossa verdadeira natureza está além dos limites do corpo temporal. Além disso, há o problema do apego: é quase impossível superar o apego que nos mantém presos à ilusão do corpo físico.

Fundamentalmente, somos livres. Na realidade nós verdadeiramente nunca nascemos e nem iremos morrer. Mas por  estar sob a poderosa tirania da ilusão, estamos, por assim dizer, pregados ao sistema nervoso do corpo físico, o que nos dá pouca esperança de realizar a nossa liberdade fundamental.

Isso nos leva ainda a outro problema. Nós nunca experimentamos conscientemente o poder vital que anima nosso corpo, e que é distinto do corpo físico com o qual nascemos. Além disso, desconhecemos que esse poder é imortal. Hoje só acreditamos nesse corpo e que temos de suportar seus fardos. Se o poder vital que estimula continuamente o nosso sistema nervoso fosse subitamente amplificado,  provavelmente nos aterrorizaríamos, por desconhecimento daquilo que realmente nos move.


(extraído do blog The Zennist)

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Qualquer lugar é a casa de quem pratica

Dizemos “Eu cheguei, estou em casa”. Qualquer lugar é a casa de quem pratica. Nós saímos para trabalhar; nós chegamos. Voltamos para nossos lares; também chegamos. Fazemos meditação andando; chegamos com cada passo.  

Thich Nhat Hanh
(em “Nada Fazer, Não Ir a Lugar Algum”)

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Nossa mente já é livre do sofrimento

Qual é o contexto global do Budismo? É compreender que somos seres espirituais, que ignoram isso e estão profundamente ligados ao corpo carnal. Por isso, tudo o que acontece a este corpo, acreditamos estar acontecendo conosco. E é nesse mesmo contexto que se pode escapar desse destino, ao perceber que o nirvana não surge e nem desaparece: ele não tem nenhuma subordinação ao corpo carnal.

No estado de ignorância temos consciência apenas do nosso corpo animado. Por isso, estamos conscientes também do sofrimento e da morte, os quais só acontecem com o corpo carnal – do qual estamos conscientes. Sofremos por sermos inconscientes da mente que é livre de sofrimento, que dá a vida, e, essencialmente, não tem forma. Nossa consciência, em sua ignorância, só se vira para uma direção, limitando-se.

(Extraído do site The Zennist)

Samsara é o mesmo que Insanidade

Uma explicação essencial da palavra sânscrita samsara é a definição de Albert Einstein de insanidade: “fazer a mesma coisa várias vezes e achar que teremos resultados diferentes”.

Pema Chodron
(em “Sem Tempo a Perder”)

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Todos os mundos do Buda estão contidos neste momento

Neste momento estamos escutando o Darma, e o Buda está conosco, está dentro de nós. Neste momento, se não conseguimos tocar o Buda, não deveríamos falar sobre o futuro. Só o momento presente é real. Se perdermos o momento presente, não poderemos entrar em contato com o Buda e por milhares de vidas seguiremos no ciclo do samsara, sendo concebidos, nascendo e morrendo como os humanos e outros seres.

Todos os mundos do Buda estão contidos neste momento, nós podemos chegar a eles com facilidade e esse é o poder milagroso. Para ter acesso a esse poder, tudo o que precisamos é escutar um sino de consciência e deixar que ele nos introduza plenamente no momento atual.  Ao ouvirmos o sino, nós abandonamos todo pensamento, retornamos à respiração e fazemos contato com tempo e espaço ilimitados, com o passado, o presente e todos os mundos. Não há Budas com os quais não possamos fazer contato neste momento.

Thich Nhat Hanh
(em “Nada Fazer, Não Ir a Lugar Algum”)

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Tempestades são passageiras

O sol e a lua estão sempre lá. São as tempestades e nuvens que vêm e vão.

Pema Chodron
(em “Quando tudo se Desfaz”)

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Fluir como a água


(...) Pensando de modo egocêntrico, chegaremos a desejar que as rochas e raízes não existam. No entanto, se mudarmos o ponto de vista, poderemos perceber que as rochas e raízes integram a paisagem de maneira deslumbrante. É justamente por sua causa que o rio se torna atraente. A visão das ondas nelas se fragmentando está além de qualquer descrição.

As rochas, raízes e respingos d’água são aspectos da grande natureza. A alegria, a raiva, a felicidade, a tristeza e todos os sentimentos humanos enfeitam a nossa vida. Percebendo isso, podemos viver serenamente, aceitando tudo o que acontece, e conseguimos fluir como a água. Que simplesmente corre, acomodando-se a todas as formas, sem se apegar a nada.

Shundo Aoyama Roshi
(em “Para Uma Pessoa Bonita”)

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

A alegria da ausência de ego



A alegria da ausência de ego é compreender que não existe uma prisão; existem somente velhos e fortes hábitos e nenhuma razão sensata para reforçá-los ainda mais. Na essência, estes hábitos são frágeis. Além disso, não existe uma auto-identificação ou separatismo. Inventamos tudo isso.

Pema Chodron
(em “Sem Tempo a Perder”)

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Refugiar-se na mente desperta




Se passamos a nossa vida buscando uma ajuda externa – através de uma boa aparência, terapia de compras, vícios e outros – procuraremos por algo sólido para nos agarrarmos quando morrermos.

Precisamos nos perguntar: “Em que procuro me refugiar?” Quando me sinto assustado, infeliz ou sozinho, em que pessoalmente procuro o refúgio?

Se nos refugiarmos na própria mente desperta – corajosa e ilimitada – no lugar do chão aparentemente sólido, isto afugenta todo o medo no momento que mais precisamos.

Pema Chodron
(em “Sem Tempo a Perder”)

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Uma Canção Budista

A felicidade não pode ser encontrada através de esforço e força de vontade, mas ela já está presente no relaxamento aberto e no permitir que as coisas fluam.

Não force a si mesmo, não há nada a fazer ou desfazer. O que quer que surja momentaneamente na mente não tem importância alguma, e nem qualquer realidade. Por que então identificar-se com isso, tornar-se apegado a isso, criar julgamentos sobre isso, e sobre nós mesmos?

É muito melhor simplesmente permitir que esse jogo prossiga por conta própria, surgindo e recuando como ondas, sem alterar ou manipular nada e percebendo como tudo desaparece e reaparece, magicamente, uma e outra vez no tempo sem fim.

Só nossa busca pela felicidade nos impede de vê-la. É como um arco-íris vívido o qual você persegue sem nunca alcançar, ou como um cachorro correndo atrás do próprio rabo.

Apesar da paz e da felicidade não existirem como coisas ou lugares reais, elas estão sempre disponíveis e acompanham você a cada instante.

Não acredite na realidade das experiências boas e ruins; elas são como o clima efêmero, um arco-íris no céu.

Querendo compreender o incompreensível, você se esgota em vão. Assim que você abrir e relaxar este punho crispado de tanto tentar agarrar, o espaço infinito estará lá - aberto, acolhedor e aconchegante.Faça uso deste espaço, desta liberdade e naturalidade. Não procure nada mais, como quem busca o grande elefante desperto que já está descansando tranquilamente em casa, em frente à tua própria lareira.

Nada a fazer ou desfazer, Nada a se forçar, Nada a se querer, e nada faltar.

É maravilhoso! Tudo acontece por si só.

Lama Gendun Rinpoche

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Um ato de abnegação

                   Santôka Taneda


Santôka Taneda era um poeta andarilho e um monge da tradição zen-budista Sôtô. Publicava seus poemas, revestidos de características absolutamente únicas, em uma revista. Atraído pelos poemas, o mestre em poesia Sumita Ôyama tinha vontade de encontrar-se com o autor. Certo ano, soube que Santôka deixara a vida de andarilho e passara a residir em uma casa abandonada na zona rural de Ogôri, na província de Yamaguchi. Foi visitá-lo em um dia muito frio de inverno, próximo do final do ano.

Santôka estava a sua espera, com a refeição já pronta, graças ao arroz que havia obtido por meio do takuhatsu*.

Entre goles de saquê, conversaram até de madrugada sobre literatura e religião. Mas, na hora de dormir, Santôka disse, sobressaltado: “Essa não! Não tenho cobertor para você. Mas não tem problema. Estou feliz por você ter vindo. Vou passar a noite em claro. Durma com o meu cobertor”.

Entretanto, o cobertor era para criança – curto e fino. O travesseiro consistia de três revistas empilhadas.

Quando o mestre Sumita reclamou que estava frio demais para dormir, Santôka ficou preocupado e começou a vasculhar a casa em busca de cobertores melhores. Quando viu que seu esforço era em vão, trouxe roupas, lenços, tudo o que tinha a seu alcance, e empilhou sobre o mestre Sunita. E, por cima de tudo, colocou uma mesa velha dizendo que esse peso daria uma sensação maior de calor.

Graças também ao efeito do saquê, o mestre Sumita acabou caindo no sono. Mas, ao raiar do dia, acordou por causa do vento gélido que fustigava a pele como um chicote. Ao abrir os olhos e procurar por Santôka, viu que este estava meditando em zazen à sua frente, usando o próprio corpo como parede para proteger o amigo do vento. Mestre Sumita nos contou que, mesmo estando sob aquela pilha de coisas, imediatamente se curvou diante de Santôka como quem reverencia um Buda e chorou copiosamente.

Neste instante, jurou que não mais iria permitir que aquele homem vivesse à base de takuhatsu e cumpriu a promessa até o fim, enviando uma ajuda de custo a Santôka até a sua morte.


*Prática do monasticismo budista de esmolar nas ruas, despertando a compaixão das pessoas e permitindo que, ao fazer doações, elas possam acumular virtudes.


Shundo Aoyama Roshi
(em “A Coisa Mais Preciosa da Vida”)

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Conteúdo



Uma cabaça cheia até a boca não tem som quando sacudida, mas se houver um pouco de saquê no fundo, fará barulho. Os seres humanos são como cabaças: a pessoa sábia, iluminada, é tranquila em qualquer circunstância, como se nada a perturbasse. Exaltar-se, justificar-se e se lamentar são provas de falta de conteúdo.

Shundo Aoyama Roshi
(em “Para Uma Pessoa Bonita”)

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Sempre examine a sua mente

A mente é a única geradora do bem e do mal. Existem muitas ocasiões em que os pensamentos que surgem na mente, mesmo quando não traduzidos em fala e ação, têm um efeito positivo ou negativo muito forte.

Por isso, sempre examine a sua mente. Se os seus pensamentos são positivos, alegre-se e faça o bem cada vez mais. Se forem negativos, confesse-os imediatamente, sentindo-se mal e envergonhado por ainda alimentar tais pensamentos, apesar de ter recebido todos os ensinamentos que você recebeu, e diga a si mesmo que, de agora em diante, vai fazer o máximo para não deixar que tais pensamentos ocorram em sua mente.

Mesmo ao fazer algo positivo verifique, cuidadosamente, a motivação. Se a sua intenção é boa, aja. Se a sua motivação é impressionar as pessoas ou é baseada em rivalidade ou em sede por fama, certifique-se de transformá-la e infunda-a com bodhicitta. Se você for totalmente incapaz de transformar a sua motivação, é melhor adiar o ato meritório.

Patrul Rinpoche
(em “As Palavras do Meu Professor Perfeito”)