Lembro-me de uma certa primavera
na qual a neve havia derretido e a caverna ficou completamente inundada. E eu
estava resfriada. Pensei: "Bem que me avisaram sobre a vida em cavernas. Quem quer viver num lugar úmido e
horrível como esse?” Eu me sentia péssima, com frio, miserável. E continuava
nevando.
Então, de repente,
pensei, "Você ainda está procurando a felicidade em meio ao samsara? O Buda não ensinou sobre dukka, o sofrimento?” E refleti: “ Sim,
isso não importa, realmente não importa. Samsara
é é cheio de sofrimento, então tudo bem, não há problema algum. Por que esperar
pela felicidade? Se a felicidade vier, eis aí a felicidade; se a felicidade não surgir está tudo bem
também, as coisas são assim. Quando senti isso
- e não era uma certeza apenas mental, mas que veio do meu íntimo – todo
peso que eu carregava de esperança e medo se foi.
Estamos sempre esperando
que tudo seja agradável, sempre com medo de as coisas não aconteçam assim.
Naquele momento todas as expectativas se esvaíram, não importava o que aconteceria.
Foi um alívio enorme. E então me senti muito grata ao Buda por ter transmitido
As Quatro Nobres Verdades.
Jetsunma Tenzin Palmo