terça-feira, 31 de dezembro de 2019


O importante não é a meta que queremos alcançar – mesmo que essa meta seja a iluminação – e sim vivermos verdadeira e plenamente cada momento de nossa vida.


Thich Nhat Hanh

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019


O budismo em geral, e o zen em particular, não se preocupam com o conteúdo de pensamentos ou sentimentos, exceto reconhecer que eles são a causa de confusão, paralisia emocional e dor. Por si mesmos, os pensamentos não são grande coisa, exceto quando fazemos deles uma grande coisa, criando uma separação dualista da realidade, que é uma maneira prolífica de dizer "um problema".

Até você se libertar, você não perceberá que não há um eu para se libertar. Você está preso por nada e ninguém além de seus próprios pensamentos, que se libertam no momento em que você para de pensar neles.


Karen Maezen Miller

domingo, 29 de dezembro de 2019


A pessoa que não tem nada a fazer é soberana de si própria. Ela não precisar dar-se ares de grandeza e nem deixar marca alguma. A verdadeira pessoa é participante ativa, envolvendo-se em seu ambiente, mas não se deixando oprimir por ele. Ela não representa um papel, nem mesmo o papel de um grande mestre zen.


Thich Nhat Hanh




sábado, 28 de dezembro de 2019


No meu modo de ver, não há tanto assim a fazer. Apenas ser como é corriqueiro – vestir-se, alimentar-se e passar o tempo sem fazer nada.


Linji

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019


Um monge perguntou a Joshu: “Qual é o significado da vinda de Bodhidharma para a China?” Joshu disse: “O carvalho no jardim.” Chega de roupas e louças, você pode estar pensando, e as profundas questões espirituais? Por que os grandes místicos se esforçam tão diligentemente pela iluminação se ela não tem mais profundidade do que a encontrada nas tarefas domésticas comuns?

Veja além de sua casa, responde Joshu, além da ilusão de um eu separado, preso pela falsa percepção do que está dentro e do que está fora. Esta é a verdadeira atenção plena: não os limites estreitos de nossa morada conceitual, mas o mundo fenomenal da mente desperta. Joshu nos diz para abrir os olhos e despertarmos em nosso próprio quintal.


Karen Maezen Miller


quinta-feira, 26 de dezembro de 2019


Nosso olhar generoso sobre as pessoas não vai influir em nada na vida delas. Mas talvez tenha apenas o efeito de nos tornar pessoas menos raivosas, menos indignadas, menos egoístas.


Alex Castro

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019


Comer é essencial e cozinhar é um manifestação de nossa caridade, por isso achamos que seu objetivo deveria ser óbvio. No entanto, olhando criticamente para a importância de seu tempo e o que julgamos ser nossos talentos especiais, preparar refeições raramente parece valer a pena. Cozinhar para dois? Não tem valor. Encher a geladeira? Não tem valor. Sentar para o jantar? Não tem valor. Limpar tudo depois? Não tem valor.

Mas nada tem o valor que atribuímos, porque esse valor na realidade não existe. É uma invenção de nossas mentes julgadoras, uma escala imaginária para medir o valor imaginário das distinções imaginárias, e mais uma maneira de nos escondermos dessa salada que é a vida que está diante de nós.

Se nada vale a pena, por que então cozinhar? Por que comprar, preparar, trabalhar e depois limpar tudo? Para se envolver na maravilha de seu próprio ser. Ver o maravilhoso no inútil. Para encontrar a completa satisfação em ser incompleto. E comer algo diferente de sua inflada auto importância costumeira. É isso que esvaziamos quando esvaziamos a tigela, e uma cozinha movimentada nos dá a chance de nos esvaziarmos muitas vezes ao dia.


Karen Maezen Miller

terça-feira, 24 de dezembro de 2019


Um monge disse a Joshu: “Acabei de entrar no mosteiro. Por favor, me dê instruções. - Você já comeu seu mingau de arroz? - perguntou Joshu. "Sim, eu já comi", respondeu o monge. "Então é melhor você lavar sua tigela", disse Joshu.

É fácil ver esse koan como uma metáfora: “Esvazie sua mente e livre-se de suas noções de realização espiritual.” Mas suponha que você não veja a tigela como uma metáfora? Isso pode mudar a maneira como você olha os pratos na pia da cozinha e da mesma maneira, servir como uma instrução.

A cozinha não é apenas o coração de uma casa, pode ser também o coração de uma prática de atenção plena. Ao cozinhar e limpar, nos movemos para além de nós mesmos e nos dedicamos ao cuidado compassivo de tudo e de todos que nos rodeiam.


Karen Maezen Miller

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019


Onde está a segurança? Pode não existir nenhuma segurança, afinal. Perceba a beleza disso – não desejar nenhuma segurança, não ter nenhuma compulsão, nenhum sentimento em que haja segurança. A vida não pode ter segurança; a vida existe para ser vivida, não para criar problemas e depois tentar solucioná-los. Ela existe para ser vivida e depois morrer. Eis um dos nossos medos – morrer.


Krishnamurti

domingo, 22 de dezembro de 2019

sábado, 21 de dezembro de 2019


A camisa, claro, é apenas uma camisa. Sinta em suas mãos o tecido, a trama e o peso. A roupa é apenas roupa. Tire-a do cesto, separe-a por cor ou tecido, leia as instruções de cuidados e siga em frente. Transcendendo os obstáculos e superando preferências, temos um encontro íntimo com nossas vidas toda vez que lavamos a roupa. Não é nada fora do comum, mas ninguém vira o nariz para um par limpo de meias.

Com uma simples mudança de perspectiva, as coisas mais comuns assumem uma beleza inexprimível. Quando não sabemos, não julgamos. E quando não julgamos, vemos as coisas sob uma luz diferente. Essa é a luz de nossa consciência, não filtrada pelo intelectualismo, ruminação ou avaliação. Quando cultivamos a consciência não distraída como uma prática formal, chamamos isso de meditação. Quando a cultivamos em nossa vida doméstica, chamamos de lavanderia, cozinha ou quintal - todos os lugares e maneiras de viver conscientemente, lidando sem distração com o que apareça diante de nós. Mas é difícil para nós acreditar que a atenção é tudo a fazer e por isso complicamos as coisas com nossos julgamentos - degradando o comum como insignificante e idealizando o espiritual como inatingível - nunca vendo que os dois são na verdade um.


Karen Maezen Miller

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019


A mente é silenciosa apenas com a abundância de energia, quando existe aquela atenção na qual toda contradição, o impulso do desejo em diferentes direções, cessou. A mente que não é silenciosa nunca está livre; e só para a mente silenciosa os céus estão abertos. A felicidade da mente não é encontrada através da busca, nem está na fé. Só a mente silenciosa pode receber essa felicidade que não está na igreja ou na crença. Para a mente estar silenciosa, todos os seus cantos contraditórios têm que se juntar e se fundir na chama da compreensão. A mente silenciosa não é a mente reflexiva. Para refletir, deve haver aquele que olha e aquilo que é olhado, o experimentador carregado com o passado. Na mente silenciosa não existe centro de onde se tornar, ser, ou pensar. Todo desejo é contradição, pois todo centro de desejo está em oposição a outro centro. O silêncio da mente inteira é meditação.


Krishnamurti


quinta-feira, 19 de dezembro de 2019


Se não tomarmos cuidado, é assim que abordamos a atenção plena: como uma ideia que apreciamos, elevar nossas vidas em uma consideração contemplativa especial, um método para fazer escolhas mais inteligentes e, assim, garantir melhores resultados. O problema é que a vida diante de nós é a única vida que temos. A busca por um significado especial rouba nossa vida de sentido, enviando-nos de volta para nossas mentes discursivas, enquanto que bem diante de nós as roupas se acumulam.


Karen Maezen Miller

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019


Um monge perguntou a Joshu: “Todos os dharmas são reduzidos à unidade, mas à que a unidade é reduzida?” Joshu disse: “Quando eu estava em Seishu, fiz uma camisa de cânhamo. Pesava poucos quilos.”

Mais de mil anos se passaram desde que Joshu deu essa resposta, e até hoje os estudantes budistas ainda lutam para encontrar uma solução para essa camisa. “O que significa as palavras de Joshu? Qual o objetivo? Não entendo!”

Nós não lutamos com camisas somente num koan Zen. Lutamos com as camisas também em nossos cestos de roupas. Com as calças, blusas, lençóis e roupas íntimas. A lavanderia apresenta uma oportunidade de prática gigantesca porque provoca uma pilha interminável de resistência egocêntrica: “Não é importante para mim. É entediante. Eu não gosto de fazer isso!”

O monge nesta história é como o resto de nós, buscando sabedoria através da investigação intelectual.


Karen Maezen Miller

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Você deve renunciar à ilusão chamada ego tantas vezes quanto os grãos de areia que existem no Ganges.


Buda

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019


Um homem observa um rio passar. Se ele deseja que ele não flua, que não mude incessantemente de acordo com sua natureza, sofrerá grande dor. Já outro homem entende que a natureza do rio é mudar constantemente, independentemente de seus próprios gostos e desgostos, e, por isso ele não sofre. Reconhecer a vida como esse fluxo vazio de prazer duradouro, vazio de si mesmo, é encontrar o que é estável e livre de sofrimento, é encontrar a verdadeira paz no mundo.


Ajahn Chah

domingo, 15 de dezembro de 2019


Procurando um grande significado para a vida, algumas pessoas julgam que o trabalho doméstico é algo inferior. Cozinhar e limpar são atividades inferiores. Eu conheço bem esse sentimento. Existe alguma situação em que fazer o trabalho de casa parece ser inútil? O trabalho, sem fim visível, sem valor que compense e sem urgência aparente? Sim. É a sabedoria dos antigos donos de casa.

Depois que o budismo chegou à China, a escola Chan substituiu a tradição das esmolas itinerantes – trocou a mendicância pela vida em comunidade. Era prático, por um lado. E tornou-se uma prática. O treinamento monástico passou a abranger todo o trabalho essencial à vida cotidiana - limpeza, culinária e jardinagem – assim como a meditação. Por isso poderíamos ver os grandes mestres chineses como nossos progenitores nas tarefas domésticas conscientes, uma vez que muitos de seus ensinamentos apontam diretamente para as atividades cotidianas que poderíamos vir a negligenciar.


Karen Maezen Miller

sábado, 14 de dezembro de 2019


Na primavera, o jardim ganha vida e mais uma vez vejo o qual é o tempo. É o tempo de remover as ervas daninhas. Quando olho para o trecho interminável do trabalho diante de mim, certamente quero fugir. Mas se eu conseguir recuperar meu foco no que está à mão no momento, percebo que é apenas uma erva daninha. Sempre é apenas uma única erva daninha para remover. Removo erva por erva, e as próprias ervas daninhas sempre me mostram como fazê-lo. Nunca acaba.


Karen Maezen Miller

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019


Há quatro práticas cujo domínio faz com que os bodhisattvas sejam os melhores praticantes. São elas: tornar-se hábil em distinguir as percepções da própria mente, perceber a não-existência das existências externas, não crer como sendo reais as manifestações dos fenômenos aparentes, e permanecer contente na realização pessoal do conhecimento búdico.  


Buda
(Sutra Lankavatara)

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019


Se houver sinceridade quando você cozinhar e em qualquer outra atividade, o que venha a fazer nutrirá o corpo sagrado. Essa também é a prática da facilidade e do contentamento.


Dogen

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019


Quando você cantar, tente ser plenamente consciente. Se você estiver limpando uma latrina ou um banheiro, não sinta que está fazendo isso como um favor para outro. Há dharma em limpar latrinas. Esta deve ser a sua meditação: plena consciência, naturalidade no que estiver fazendo.


Ajahn Chah

terça-feira, 10 de dezembro de 2019


Não queremos sofrer, queremos ser felizes. Mas, na verdade, a felicidade é apenas uma forma refinada de sofrimento. E o sofrimento é uma versão grosseira da felicidade ... tanto a felicidade quanto a infelicidade, ou o prazer e a tristeza, são gerados pelo mesmo pai: o desejo. Então, quando você se sente feliz, a mente não está em paz. Portanto, mesmo se você é feliz, o sofrimento é iminente.

A paz não é felicidade nem infelicidade: nenhum dos dois é a verdade.


Ajahn Chah

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019


Se você deixar para trás todos os dharmas sujeitos à existência e não-existência, sua mente se tornará como o sol que sempre presente no céu, com sua luz irradiando naturalmente e sem qualquer esforço para brilhar. Isso não é algo pelo você deva concentrar sua força?


Huang Po

domingo, 8 de dezembro de 2019


Ter centenas de tipos de conhecimento não é tão bom como ser uma pessoa que não busca: essa é a melhor prática. O praticante do Caminho é uma pessoa sem preocupações.


Huang Po

sábado, 7 de dezembro de 2019


Na grande prática de ir além dos fenômenos, nenhum esforço é completo se não nos tornamos um com todas as coisas.


Dogen

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019


Quando você reconhecer a verdadeira natureza da mente, o resto seguirá sem muito esforço. Deixe que as coisas sigam por si e tudo fluirá naturalmente.


Seon Mestre Subul

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019


O boddhisatva não consegue comer se alguém tem fome, não consegue ser feliz se alguém é triste, não consegue despertar se alguém está ignorante. Ele sempre busca um maior desenvolvimento pessoal, pessoal, mas nunca somente para si mesmo: se algo é bom só para ele, então não é realmente bom. Para ser verdadeiramente bom, de acordo com um boddhisatva, precisa ser bom para a coletividade, para todos os seres sencientes, para o universo.


Alex Castro

terça-feira, 3 de dezembro de 2019


Não fique recordando, deixe ir o que passou

Não fique imaginando, deixe que passe o que possa estar vindo

Não fique pensando, deixe ir o que está acontecendo agora

Não fique examinando, não tente solucionar coisa alguma

Não fique controlando, não tente fazer algo acontecer

Relaxe, agora mesmo, repouse na verdadeira natureza da mente.


Tilopa  (988-1069)

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019


Ação cuidadosa é o modo de transformar as coisas enquanto se é por ela transformado.


Dogen

domingo, 1 de dezembro de 2019


Verdade é verdade, única. Ela não tem lados, nem caminhos. Todos os caminhos juntos não levam à verdade. Não há caminho para a verdade, ela tem que chegar a você. E ela só pode chegar a quando sua mente e seu coração são simples, claros, e existe amor em seu coração. Quando existe amor em seu coração, você não fala em organizar fraternidade; não fala sobre crença, não fala sobre divisão ou dos poderes que criam divisão, você não precisa buscar reconciliação. Aí você é um simples ser humano sem rótulo, sem um país. Significa que você deve desfazer-se de todas aquelas coisas e permitir que a verdade surja, e ela só pode chegar quando a mente está vazia, quando a mente deixa de criar. Então ela chegará sem seu convite. Ela chegará tão suavemente como o vento e o desconhecido. Chega obscuramente, não quando você está olhando, querendo. Está lá tão de repente como a luz do sol, tão pura como a noite; mas para recebê-la, o coração deve estar cheio e a mente vazia.


Jiddu Krishnamurti