A
camisa, claro, é apenas uma camisa. Sinta em suas mãos o tecido, a trama e o
peso. A roupa é apenas roupa. Tire-a do cesto, separe-a por cor ou tecido, leia
as instruções de cuidados e siga em frente. Transcendendo os obstáculos e
superando preferências, temos um encontro íntimo com nossas vidas toda vez que
lavamos a roupa. Não é nada fora do comum, mas ninguém vira o nariz para um par
limpo de meias.
Com uma simples
mudança de perspectiva, as coisas mais comuns assumem uma beleza inexprimível.
Quando não sabemos, não julgamos. E quando não julgamos, vemos as coisas sob
uma luz diferente. Essa é a luz de nossa consciência, não filtrada pelo
intelectualismo, ruminação ou avaliação. Quando cultivamos a consciência não
distraída como uma prática formal, chamamos isso de meditação. Quando a
cultivamos em nossa vida doméstica, chamamos de lavanderia, cozinha ou quintal
- todos os lugares e maneiras de viver conscientemente, lidando sem distração com
o que apareça diante de nós. Mas é difícil para nós acreditar que a atenção é
tudo a fazer e por isso complicamos as coisas com nossos julgamentos -
degradando o comum como insignificante e idealizando o espiritual como
inatingível - nunca vendo que os dois são na verdade um.
Karen Maezen Miller
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