Pergunta– Gostaria que o Senhor comentasse um pouco sobre o
Sutra do Coração.
Monge Genshô – “Oh Shariputra, forma é vazio e vazio é
forma. Vazio nada mais é do que forma, forma nada mais é do que vazio”. Este é
o centro do Sutra do Coração da Sabedoria. Se você entender esta frase, promete
o Sutra, livra-se de toda dor e sofrimento. Toda vida é um ciclo, um fluxo. Nós
olhamos inícios, mortes, etc., mas na verdade a vida é um ciclo. Nós morremos,
viramos adubo, crescem plantas, plantas viram frutos, comemos o fruto, etc… Nós
olhamos uma floresta e vemos um reciclar contínuo. Quem olha os eventos
particulares vê nascimento e morte. Em uma floresta há muita morte acontecendo,
certo? Troncos apodrecendo, animais que nascem e morrem. No entanto, nós
olhamos a floresta e vemos sua beleza. Da mesma forma a vida humana, nós vemos
os inícios e fins. Por não observarmos a continuidade das coisas, vemos tudo
começando e terminando, e tudo tão sofrido, logo, achamos que a vida não vale a
pena. Perdemos, de fato, a visão do todo.
Seria como uma pessoa na floresta chorando a folha que cai,
ou outra na beira da praia chorando as ondas que quebram. A beleza nada tem a
ver como começos e fins, a beleza da vida está na continuidade. Então o vazio
de um eu é forma, as formas são todas manifestações da vacuidade. A vacuidade é
ausente de um eu, logo, não há eu em coisa alguma. Só existe o vazio, que é
belíssimo, pois é o próprio céu azul. Despertar é trocar nossos olhos e colocar
os olhos de Buda. Aqueles que colocam os olhos de Buda, vêem o nirvana, que é
aqui. A diferença não está no mundo e sim nos olhos.
Monge Genshô
(em seu blog “O Pico da Montanha é onde estão os meus pés”)
(em seu blog “O Pico da Montanha é onde estão os meus pés”)
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