Quando
os mestres Dzogchen falam em permanecer na visão, o que querem dizer é
reconhecer o estado natural da mente, a natureza búdica, e repousar nesta
percepção lúcida. Isto implica uma imediação espontânea e uma consciência sem
separações ou escolhas.
Esta visão ampla, ou panorâmica, significa ser capaz de
viver as coisas como são, com clareza total. Essa visão, ou visão superior, não
distorce. Ela é totalmente aberta e sem julgamentos.
Quando permanecemos com a
visão, não tentamos manipular ou alterar a verdade do que é. Um espelho não
escolhe o que reflete. Da mesma maneira, a medida que os objetos surgem na
mente, eles simplesmente aparecem, sem distorções nem correções, no espelho
límpido da consciência.
Com
esse tipo de visão, nós nos lembramos do todo - Dzogchen, a Perfeição Natural
das coisas justamente como são. Na meditação básica, praticamos a atenção plena
à respiração. O treinamento Dzogchen é mais avançado; ele nos ensina como estar
despertos e unos com o que é. Na prática Dzogchen, levamos conosco aonde quer
que formos nossa consciência sem separações, para que cada momento seja um
momento de atenção plena, um momento de realidade, de liberdade e iluminação.
Como disse um mestre zen: "A eternidade é um único instante, e esse
instante é agora. Acorde para ela!". Isso pode soar esotérico, mas na
verdade é um ensinamento muito prático. [...] Tudo o que se tem a fazer é
permanecer com a visão.
Kalu Rinpoche
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