O homem (assim como seus parentes próximos, os animais) sentem dependência e confiança implícita em seus sentidos físicos. Na verdade, as pessoas comuns não conseguem agir de outra forma que não sob o domínio dos sentidos, como se estivessem enfeitiçadas por eles, ansiando assim tudo o que for sensorial. O desejo é forte demais para ser abandonado, especialmente em uma cultura que o valoriza a ponto de torná-lo um vício.
É fácil constatar que o sofrimento se
origina nos sentidos, que por não conhecerem nada melhor, continuam desejando e
assim repetindo o ciclo de sofrimento. E apesar de sermos espíritos, vivemos sob
a incessante dependência do que é sensorial. Nem mesmo a morte é capaz de
eliminar o desejo. A única maneira de
eliminar o desejo não é esmagando-o – pois isso implicaria algum tipo radical
de ascetismo - mas compreender o que realmente se deseja, e assim entender também
o significado por trás do desejo atendido.
Só quando alguém se torna um bodhisattva
e vê a Mente Original – a mente não-poluída
pelos sentidos – o desejo é finalmente capturado e sua eliminação por meio da
prática é considerada possível.
Segundo o Buda, aqueles que decidem
superar o desejo são bodhisattvas, abençoados entre todos os seres e guias do
mundo. Por seguirem esse caminho, experimentam autêntica compaixão ao ver a
ruína que o desejo traz para aqueles sob seu poder.
Infelizmente, ouso dizer porém que
nosso mundo atual deseja isso. Ele quer sofrer mais, como se acreditasse paradoxalmente
que mais sofrimento poderá salvá-lo, assim como acredita que o seu Messias poderá voltar.
E isso certamente nunca acontecerá.
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