terça-feira, 14 de abril de 2015

Superar o desejo



O homem (assim como seus parentes próximos, os animais) sentem dependência e confiança implícita em seus sentidos físicos. Na verdade, as pessoas comuns não conseguem agir de outra forma que não sob o domínio dos sentidos, como se estivessem enfeitiçadas por eles, ansiando assim tudo o que for sensorial. O desejo é forte demais para ser abandonado, especialmente em uma cultura que o valoriza a ponto de torná-lo um vício.

É fácil constatar que o sofrimento se origina nos sentidos, que por não conhecerem nada melhor, continuam desejando e assim repetindo o ciclo de sofrimento. E apesar de sermos espíritos, vivemos sob a incessante dependência do que é sensorial. Nem mesmo a morte é capaz de eliminar o desejo.  A única maneira de eliminar o desejo não é esmagando-o – pois isso implicaria algum tipo radical de ascetismo - mas compreender o que realmente se deseja, e assim entender também o significado por trás do desejo atendido.

Só quando alguém se torna um bodhisattva e a Mente Original – a mente não-poluída pelos sentidos – o desejo é finalmente capturado e sua eliminação por meio da prática é considerada possível.

Segundo o Buda, aqueles que decidem superar o desejo são bodhisattvas, abençoados entre todos os seres e guias do mundo. Por seguirem esse caminho, experimentam autêntica compaixão ao ver a ruína que o desejo traz para aqueles sob seu poder.

Infelizmente, ouso dizer porém que nosso mundo atual deseja isso. Ele quer sofrer mais, como se acreditasse paradoxalmente que mais sofrimento poderá salvá-lo, assim como acredita que o seu Messias poderá voltar. E isso certamente nunca acontecerá.

(extraído do site The Zennist)

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