terça-feira, 7 de abril de 2015

Quando a prática inspira



Não é por escrever cartas ou dar palestras que nós poderemos ajudar outras pessoas a ter contato com o Dharma. Talvez por causa de nossa vontade exagerada de ensinar, de compartilhar com elas nossa prática, aquela pessoa irá querer ficar longe de nós. Assim deve haver uma arte para que possamos compartilhar o Dharma e a vida espiritual com as pessoas que nós amamos. Na Ásia, o Budismo é a prática de famílias inteiras. Supõe-se que todo o mundo na família seja um budista. Mas no Ocidente pode acontecer que apenas um membro da família esteja ligado à prática consciente, mas os outros membros da família não sabem nada sobre isto e até mesmo acham a prática muito estranha. Se vocês não forem hábeis em sua prática, se alienarão do resto da família.

Assim vocês têm que aprender a praticar de tal modo que sua prática inspirará as pessoas ao seu redor. Temos que praticar não estando apegados à forma da prática. Vocês podem praticar de tal maneira que as pessoas não percebam sua prática. Podem caminhar de tal modo que as pessoas percebam que vocês estão muito naturais, muito relaxados, muito joviais. Existem pessoas que praticam uma meditação caminhando que anula o ser: é muito séria, muito dura, nada natural. E se vocês praticam Budismo dessa forma, não ajudarão as pessoas em sua família. Pratiquem de forma que cada dia vocês fiquem mais tranqüilos e sorriam mais, ficando mais abertos. Então um dia a pessoa que vive ao seu lado ficará inspirada para perguntar, "Como você pode fazer isto? Numa situação como esta, como ainda pode sorrir? Qual é seu segredo?" Este é o momento em que vocês podem compartilhar sua prática - mas não antes. Vocês não podem impor sua prática aos outros. Esta é uma arte.

 Thich Nhat Hanh
(Retiro em Plum Village 10 de maio de 1998 - retirado do site sangavirtual.blogspot.com)

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