Segundo a psicologia budista, existem a consciência mental e
a consciência armazenadora. E há ainda uma terceira consciência, chamada manas*. A consciência armazenadora e manas trabalham noite e dia: mesmo se
você estiver em coma, elas continuarão trabalhando. A consciência mental pode
ser interrompida e parar de trabalhar, mas as outras duas consciências jamais
param. A consciência pode ser encontrada em cada célula de nosso corpo – até mesmo
diversos cientistas já confirmaram isso. Por isso, quando transmitimos amor,
compaixão e energia pacífica para aqueles que amamos, mesmo se estiverem em
coma, as células de seus corpos as recebem graças à consciência armazenadora e à
manas.
Brother Phap Niem
(em “One Buda is Enough”
– sobre um retiro organizado pela comunidade de monges de Plum Village, do
mestre Thich Nhat Hanh)
*Manas é um produto da
razão, privilégio dos seres humanos. A razão age procurando ordem e leis
simplificadoras no emaranhado das sensações e dos estímulos que recebemos
continuamente do ambiente em que vivemos. Representa a infindável busca do
homem pela decifração do enigma da vida, tarefa angustiante e insaciável, mas
que o impele continuamente à conquista dos segredos do universo. Nesse mister,
a matéria prima com que ele trabalha não se limita às sensações que recebe do
ambiente através dos sentidos durante toda a sua atual existência, mas inclui
também, e principalmente, toda a experiência adquirida em existências
anteriores, incluído aí o carma positivo ou negativo que traz consigo. A sétima
consciência, ou manas, juntamente com a oitava consciência, ou alaya, têm
grande influência em nossa vida. A consciência manas comanda as nossas
sensações, percepções e os nossos preconceitos (a visão cármica). É uma função
do pensamento, opera por nossa própria iniciativa, independentemente das
condições externas e está profundamente ligada ao nosso ego. A consciência
manas corresponde aos estados de erudição e absorção por sua propensão ao
egoísmo, à arrogância e ao auto-apego. Nessa consciência é que manifestamos,
por exemplo, a maneira como concebemos um determinado fato ou como nos
comportamos ante uma determinada situação. Ela é conhecida também como a
consciência do "apego" e do "amor-próprio". Associada à tendência
cármica, que se encontra na oitava consciência, é a consciência manas que nos
leva a reagir de determinado modo em cada situação.
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