quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Transmitir amor

Segundo a psicologia budista, existem a consciência mental e a consciência armazenadora. E há ainda uma terceira consciência, chamada manas*. A consciência armazenadora e manas trabalham noite e dia: mesmo se você estiver em coma, elas continuarão trabalhando. A consciência mental pode ser interrompida e parar de trabalhar, mas as outras duas consciências jamais param. A consciência pode ser encontrada em cada célula de nosso corpo – até mesmo diversos cientistas já confirmaram isso. Por isso, quando transmitimos amor, compaixão e energia pacífica para aqueles que amamos, mesmo se estiverem em coma, as células de seus corpos as recebem graças à consciência armazenadora e à manas.

Brother Phap Niem
(em “One Buda is Enough” – sobre um retiro organizado pela comunidade de monges de Plum Village, do mestre Thich Nhat Hanh)



*Manas é um produto da razão, privilégio dos seres humanos. A razão age procurando ordem e leis simplificadoras no emaranhado das sensações e dos estímulos que recebemos continuamente do ambiente em que vivemos. Representa a infindável busca do homem pela decifração do enigma da vida, tarefa angustiante e insaciável, mas que o impele continuamente à conquista dos segredos do universo. Nesse mister, a matéria prima com que ele trabalha não se limita às sensações que recebe do ambiente através dos sentidos durante toda a sua atual existência, mas inclui também, e principalmente, toda a experiência adquirida em existências anteriores, incluído aí o carma positivo ou negativo que traz consigo. A sétima consciência, ou manas, juntamente com a oitava consciência, ou alaya, têm grande influência em nossa vida. A consciência manas comanda as nossas sensações, percepções e os nossos preconceitos (a visão cármica). É uma função do pensamento, opera por nossa própria iniciativa, independentemente das condições externas e está profundamente ligada ao nosso ego. A consciência manas corresponde aos estados de erudição e absorção por sua propensão ao egoísmo, à arrogância e ao auto-apego. Nessa consciência é que manifestamos, por exemplo, a maneira como concebemos um determinado fato ou como nos comportamos ante uma determinada situação. Ela é conhecida também como a consciência do "apego" e do "amor-próprio". Associada à tendência cármica, que se encontra na oitava consciência, é a consciência manas que nos leva a reagir de determinado modo em cada situação.


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