Você enfatiza muito o “desfrutar” – desfrutar da
respiração, da meditação sentada, do caminhar, da vida como um todo – você
destaca isso muito mais do que outros mestres budistas.
Thich Nhat Hanh: Nos
ensinamentos do Buda, a tranqüilidade e a alegria são elementos de iluminação.
Já há muito sofrimento na vida. Por que sofrer ainda mais ao praticar o
Budismo? Você pratica o Budismo para sofrer menos, certo?
O Buda é uma pessoa
feliz. Ao se sentar, o Buda senta-se feliz. Ao caminhar, o Buda caminha feliz.
Por que vou querer fazer diferente do Buda? Talvez as pessoas sintam medo do
que os outros possam dizer: “Você não é um praticante sério. Você sorri, você
ri, você se diverte. Para praticar com seriedade você precisa ser severo, ficar
muito sério.” Talvez muita gente que queira receber mais doações aja dessa
forma – para dar a impressão de que pratica mais seriamente do que outros.
Pense como seria passar
uma noite inteira meditando. Você não tem permissão para descansar e acha que
isso é prática intensiva, mas sofre a noite inteira e toma café para conseguir
ficar acordado. Isso não faz sentido. É a qualidade da meditação sentada que
poderá ajudá-lo a se transformar, e não ficar sentado muito tempo e sofrendo
com isso. A meditação sentada e caminhando foram feitas para serem desfrutadas
e para nos permitirem olhar profundamente e desenvolver insights. Esses
insights poderão nos libertar do medo, da raiva e do desespero.
(...) A base da prática
consiste em gostar do que você está fazendo – gostar de caminhar, de sentar, de
se alimentar e tomar banho. É possível desfrutar de tudo isso, mas nossa
sociedade está organizada de tal forma que não temos tempo para desfrutar.
Temos que fazer tudo rápido demais.
Thich Nhat Hanh
(Entrevista para a revista Shambhala Sun – janeiro de 2012 - Tradução: Denise Kato)
(Entrevista para a revista Shambhala Sun – janeiro de 2012 - Tradução: Denise Kato)
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