Acreditar no enredo – é algo profundamente
arraigado em nós. Declaramos nossas opiniões como se fossem indiscutíveis: “
Jane é intrinsecamente horrível. Isso é um fato. ” “Ralph é intrinsecamente
cativante. Não há nenhuma dúvida quanto a isso. ” O modo de enfraquecer o
hábito de se agarrar as ideias fixas é mudar o foco para uma perspectiva mais
ampla. Em vez de ficar preso ao drama, veja se consegue sentir a energia
dinâmica dos pensamentos e emoções. Veja se consegue experimentar o espaço ao
redor dos pensamentos: experimente o modo como eles surgem no espaço,
permanecem por um tempinho e depois retornam ao espaço. Se você não reprime os
pensamentos e emoções e não corre com eles, estará numa posição interessante. A
posição de não rejeitar nem justificar fica bem no meio de lugar nenhum. É lá
que você poderá finalmente abraçar o que está sentindo. É lá que você poderá
ver o céu.
Enquanto você medita, podem surgir lembranças de algo angustiante
que ocorreu no passado. Ver tudo isso pode ser bem libertador. Mas, se você
está sempre visitando a memória de algo angustiante, reprocessando o que
aconteceu, e fica obcecado com o enredo, ela se torna parte de sua identidade
estática. Você só está fortalecendo sua propensão a se experimentar como o
ofendido, a vítima. Está fortalecendo uma propensão pré-existente de culpar os
outros – seus pais e alguém mais – como aqueles que o trataram injustamente.
Continuar a reciclar o velho enredo é um modo de evitar a essencial
ambiguidade. As emoções vão ficando, sem interrupção quando as abastecemos com
palavras. É como derramar querosene numa brasa para inflamá-la. Sem as
palavras, sem os pensamentos repetitivos, as emoções não duram mais que um
minuto e meio.
Pema Chodron
(em “A Beleza da Vida”)
(em “A Beleza da Vida”)
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