quinta-feira, 22 de setembro de 2016

A jornada do despertar requer coragem




O budismo defende que a verdadeira natureza da mente é tão vasta quanto o céu e que pensamentos e emoções são como nuvens que, sob nossa perspectiva, o obscurecem. Ensinam-nos que, se queremos experimentar a infinitude do céu, precisamos ficar curiosos a respeito dessas nuvens. Quando olhamos profundamente para as nuvens, elas se desfazem e lá está a vastidão do céu. Ele nunca foi a lugar nenhum. Sempre esteve lá, momentaneamente oculto de nós por nuvens fugazes, passageiras.

A jornada do despertar requer disciplina e coragem. A princípio, abandonar nossos pensamentos e emoções tipo nuvens é uma questão de hábito. Pensamentos e emoções podem nos dificultar o contato com a abertura de nossa mente, mas são como velhos amigos que nos acompanham desde quando nossa lembrança alcança e ficamos muito resistentes a nos despedir. Mas, cada vez que você começa a meditar, pode decidir que vai tentar abandonar os pensamentos e ficar bem ali com a instantaneidade de sua experiência. Talvez consiga ficar bem ali por apenas cinco segundos hoje, mas qualquer progresso em direção à não distração é positiva.

Chögyam Trungpa Tinha uma imagem para a nossa tendência a obscurecer a abertura de nosso ser; chamava-a de “botar maquiagem no espaço”. Podemos querer experimentar o espaço sem maquiagem. Ficar aberto e receptivo, nem que seja por um curto período de tempo, começa a interromper nossa resistência arraigada a sentir o que estamos sentindo, a ficar presente onde estamos.


Pema Chodron
(em “A Beleza da Vida”)




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