O budismo defende que a verdadeira natureza da
mente é tão vasta quanto o céu e que pensamentos e emoções são como nuvens que,
sob nossa perspectiva, o obscurecem. Ensinam-nos que, se queremos experimentar
a infinitude do céu, precisamos ficar curiosos a respeito dessas nuvens. Quando
olhamos profundamente para as nuvens, elas se desfazem e lá está a vastidão do
céu. Ele nunca foi a lugar nenhum. Sempre esteve lá, momentaneamente oculto de
nós por nuvens fugazes, passageiras.
A jornada do despertar requer disciplina e coragem. A princípio,
abandonar nossos pensamentos e emoções tipo nuvens é uma questão de hábito.
Pensamentos e emoções podem nos dificultar o contato com a abertura de nossa
mente, mas são como velhos amigos que nos acompanham desde quando nossa
lembrança alcança e ficamos muito resistentes a nos despedir. Mas, cada vez que
você começa a meditar, pode decidir que vai tentar abandonar os pensamentos e
ficar bem ali com a instantaneidade de sua experiência. Talvez consiga ficar
bem ali por apenas cinco segundos hoje, mas qualquer progresso em direção à não
distração é positiva.
Chögyam Trungpa Tinha uma imagem para a nossa tendência a
obscurecer a abertura de nosso ser; chamava-a de “botar maquiagem no espaço”.
Podemos querer experimentar o espaço sem maquiagem. Ficar aberto e receptivo,
nem que seja por um curto período de tempo, começa a interromper nossa
resistência arraigada a sentir o que estamos sentindo, a ficar presente onde
estamos.
Pema Chodron
(em “A Beleza da Vida”)
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