Uma vez que somos capazes de enxergar a vida de uma
perspectiva mais ampla, uma vez que somos capazes de enxergar o nosso papel no
seu drama com um certo grau de humildade, e uma vez que somos capazes de rir de
nós mesmos, chegamos à quarta e última qualidade da mente, que é a capacidade
de aceitar a vida e todas as suas obras, imperfeições e beleza.
É necessário dizer que aceitação é o oposto de resignação e
da derrota. O Arcebispo Desmond Tutu e o Dalai Lama são ambos os mais
incansáveis ativistas da criação de um mundo melhor para todos os seus
habitantes, mas seu ativismo vem de uma aceitação profunda do que o mundo é. O
Arcebispo não aceitava a inevitabilidade do apartheid, mas aceitava, sim, sua
realidade.
A aceitação permite que cheguemos à plenitude do
contentamento. Permite que nos envolvamos com a vida nos seus próprios termos
em vez de fazermos injúrias contra o fato de a vida não ser como desejamos que
fosse. Permite que lutemos contra a corrente do dia a dia. O Dalai Lama nos
disse que o estresse e a ansiedade vêm de nossas expectativas de como a vida
deveria ser. Quando somos capazes de aceitar que a vida é como é e não acreditamos
que deveria ser, somos capazes de fazer uma jornada mais tranquila, de nos
afastar do eixo acidentado, com todo sofrimento, estresse, ansiedade e
insatisfação, para o eixo suave com mais tranquilidade, conforto e felicidade.
Então, muitas das causas do sofrimento vêm da nossa reação
em relação às pessoas, aos lugares, às coisas e às circunstâncias na nossa vida,
em vez de aceitá-las. Quando reagimos, ficamos presos no julgamento e na crítica,
na ansiedade e no desespero, até mesmo na negação e no vício. É impossível
vivenciarmos o contentamento quando estamos presos dessa forma. A aceitação é a
espada que corta toda a resistência, permitindo-nos relaxar, enxergar
claramente, responder de maneira adequada.
Douglas Abrams
(em “Contentamento”)
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