domingo, 17 de setembro de 2017

A aceitação é a espada


Uma vez que somos capazes de enxergar a vida de uma perspectiva mais ampla, uma vez que somos capazes de enxergar o nosso papel no seu drama com um certo grau de humildade, e uma vez que somos capazes de rir de nós mesmos, chegamos à quarta e última qualidade da mente, que é a capacidade de aceitar a vida e todas as suas obras, imperfeições e beleza.

É necessário dizer que aceitação é o oposto de resignação e da derrota. O Arcebispo Desmond Tutu e o Dalai Lama são ambos os mais incansáveis ativistas da criação de um mundo melhor para todos os seus habitantes, mas seu ativismo vem de uma aceitação profunda do que o mundo é. O Arcebispo não aceitava a inevitabilidade do apartheid, mas aceitava, sim, sua realidade.

A aceitação permite que cheguemos à plenitude do contentamento. Permite que nos envolvamos com a vida nos seus próprios termos em vez de fazermos injúrias contra o fato de a vida não ser como desejamos que fosse. Permite que lutemos contra a corrente do dia a dia. O Dalai Lama nos disse que o estresse e a ansiedade vêm de nossas expectativas de como a vida deveria ser. Quando somos capazes de aceitar que a vida é como é e não acreditamos que deveria ser, somos capazes de fazer uma jornada mais tranquila, de nos afastar do eixo acidentado, com todo sofrimento, estresse, ansiedade e insatisfação, para o eixo suave com mais tranquilidade, conforto e felicidade.

Então, muitas das causas do sofrimento vêm da nossa reação em relação às pessoas, aos lugares, às coisas e às circunstâncias na nossa vida, em vez de aceitá-las. Quando reagimos, ficamos presos no julgamento e na crítica, na ansiedade e no desespero, até mesmo na negação e no vício. É impossível vivenciarmos o contentamento quando estamos presos dessa forma. A aceitação é a espada que corta toda a resistência, permitindo-nos relaxar, enxergar claramente, responder de maneira adequada.


Douglas Abrams
(em “Contentamento”)



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