terça-feira, 19 de setembro de 2017

"Eu escolho ser feliz"


Anthony Ray Hinton passou trinta anos no corredor da morte por um crime que não cometeu. Ele estava trabalhando em uma fábrica trancada na hora do crime do qual foi acusado. Ao ser preso no estado do Alabama, foi informado pelos policiais que ia para a cadeia porque era negro. Ele passou trinta anos em uma cela minúscula, e só podia sair uma hora por dia. Durante o tempo que passou no corredor da morte, Hinton se tornou conselheiro e amigo não apenas dos outros prisioneiros, 54 dos quais foram mortos, mas do guardas também, muitos dos quais imploraram que o advogado de Hinton o tirasse de lá.

Quando uma decisão unânime da Suprema Corte ordenou sua soltura, ele finalmente estava livre para sair.

“Uma pessoa não sabe o valor da liberdade até que ela lhe seja tirada”, disse-me ele. “As pessoas correm para fugir da chuva. Eu corro para a chuva. Como poderia uma coisa que vem do céu não ser preciosa? Tendo sido privado da chuva por tantos anos, sou grato por cada gota. Apenas por ter a sensação dela no meu rosto.”

Quando Hinton foi entrevistado no programa de TV 60 minutes, o entrevistador lhe perguntou se ele tinha raiva daqueles que o tinham colocado na prisão. Ele respondeu que tinha perdoado todas as pessoas que o mandaram para lá. O entrevistador, incrédulo, perguntou:

“Mas eles tiraram trinta anos da sua vida – como é possível que você não sinta raiva?”

Hinton respondeu:

“Se eu ficar com raiva e não os perdoar, eles terão tirado também o resto da minha vida.”

“Não é o mundo que lhe dá contentamento, então o mundo não pode tirá-lo de você. Você pode permitir que as pessoas entrem na sua vida e a destruam, mas eu me recusei a permitir que alguém tirasse o meu contentamento. Eu me levanto de manhã, e não preciso que ninguém me faça rir. Eu vou rir sozinho, porque fui abençoado com a possibilidade de ver outro dia, e, quando você recebe essa benção, ela deveria ser o suficiente para lhe dar contentamento.

“Eu não saio por aí dizendo: ‘Cara, não tenho um tostão no bolso’. Eu não ligo para ter um tostão no bolso, mas eu ligo para o fato de ser abençoado e poder ver o sol nascer. Você sabe quantas pessoas tinham dinheiro mas não acordaram esta manhã? (...) A minha mãe nunca nos criou para sair pelo mundo e ganhar o máximo de dinheiro que conseguíssemos. Minha mãe nos ensinou sobre a verdadeira felicidade. Ela nos disse que, quando estamos felizes, quando as pessoas ficam com você, elas também ficam felizes.

Posso dizer que sou feliz porque escolho ser feliz.”



(citado por Douglas Abrams em “Contentamento” – págs 213 a 215. Ed. Principium – 1ª edição)



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