quinta-feira, 17 de junho de 2021

 É preciso ser um bodisatva para compreender que as coisas surgem e desaparecem ao mesmo tempo, elas não existem verdadeiramente. Se elas não existem de verdade, não podem cessar de existir. Logo, impermanência é permanência. E bodisatvas sabem que se não somos os eus permanentes que pensamos ser, devemos ser algum tipo de eu que gloriosamente vem e vai no fluxo maravilhoso da impermanência, eus verdadeiros. Bodisatvas sabem que quando nos livramos de nossas falsas vidas, conseguimos vidas verdadeiras. Não mais apegados exclusivamente aos nossos patéticos vulneráveis não-eus, nos tornamos ninguém e todos. E uma vez que bodisatvas veem, aceitam e integram completamente a natureza insatisfatória de nossas vidas parciais nesse mundo de parcialidade, eles veem que a dor e os problemas da consciência alienada são exatamente a dor e os problemas que precisamos para viver essa vida de sofrimento e cura junto com todos, nesse mundo difícil e maravilhoso. Desse modo, a insatisfação se torna alegria.

 

Norman Fischer (em “O Mundo Poderia Ser Diferente”)

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