quinta-feira, 25 de abril de 2019


Só de pensar: “É isso!” "Este é o estado!" então você já o perdeu, porque a presença pura não pode ser objetificada e reduzida a um mero rótulo. Para agravar ainda mais a situação, com nosso pronunciamento heureca, acrescentamos uma intenção de permanecer nesse estado, pensando: “Como posso permanecer nesse estado?” e conseguimos fixar o estado e sustentá-lo, então o que é estabilizado é um estado de transe. Como é frequentemente citado, um estado de transe é a meditação dos deuses, ou talvez um samadi dos rishis hindus, ou uma fixação do meditador budista que se perdeu. O estado natural do ser autêntico, que é a situação em que descansamos sem fazer nada – não abandonando nada nem adotando nada – não tem testemunha e, portanto, não pode ser estabelecido ou recordado. A consciência autossurgida que é a realidade daquele momento não tem atributos ou características. Então, como ela pode ser chamada de "um estado"? E quem está lá para verificar a natureza desse estado? Quem é a testemunha? É possível que alguém de fora possa realmente verificar o estado mental de outra pessoa? Pode ser possível confirmar a probabilidade de um relato insistente de alguém sobre um estado inefável, mas tal relato pode descrever apenas sua passagem, como a cauda de um cometa que fornece evidência do corpo invisível que o precedeu. O adepto do Dzogchen nunca pode fornecer evidências de sua consciência não-dual; por essa simples razão ele pode ser anônimo.  


“O Coração-Vajra, O Tesouro Precioso do Dharmadhatu de Longchenpa – Keith Dowman”. Adaptado ao português por Kadag Lundru
(retirado do facebook, página Dzogchen – A Grande Perfeição)


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