Só de pensar: “É isso!”
"Este é o estado!" então você já o perdeu, porque a presença pura não
pode ser objetificada e reduzida a um mero rótulo. Para agravar ainda mais a
situação, com nosso pronunciamento heureca, acrescentamos uma intenção de
permanecer nesse estado, pensando: “Como posso permanecer nesse estado?” e
conseguimos fixar o estado e sustentá-lo, então o que é estabilizado é um
estado de transe. Como é frequentemente citado, um estado de transe é a meditação
dos deuses, ou talvez um samadi dos rishis hindus, ou uma fixação do meditador
budista que se perdeu. O estado natural do ser autêntico, que é a situação em
que descansamos sem fazer nada – não abandonando nada nem adotando nada – não
tem testemunha e, portanto, não pode ser estabelecido ou recordado. A
consciência autossurgida que é a realidade daquele momento não tem atributos ou
características. Então, como ela pode ser chamada de "um estado"? E
quem está lá para verificar a natureza desse estado? Quem é a testemunha? É
possível que alguém de fora possa realmente verificar o estado mental de outra
pessoa? Pode ser possível confirmar a probabilidade de um relato insistente de
alguém sobre um estado inefável, mas tal relato pode descrever apenas sua passagem,
como a cauda de um cometa que fornece evidência do corpo invisível que o
precedeu. O adepto do Dzogchen nunca pode fornecer evidências de sua
consciência não-dual; por essa simples razão ele pode ser anônimo.
“O Coração-Vajra, O
Tesouro Precioso do Dharmadhatu de Longchenpa – Keith Dowman”. Adaptado ao
português por Kadag Lundru
(retirado do facebook,
página Dzogchen – A Grande Perfeição)
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