Eu conheço uma monja budista graduada pela Universidade de Indiana
nos EUA e que praticava no Vietnam (na época da guerra). Ela foi presa por suas
ações pela paz e reconciliação entre os dois países.
Em sua cela, ela tentou praticar na prisão da melhor maneira
possível. Era difícil, pois se a viam praticando durante o dia, achavam que era
uma provocação e um desafio sentar-se daquela maneira, experimentando paz. Assim,
ela foi proibida de sentar-se em meditação. Ela tinha que esperar até que
apagassem a luz para que pudesse sentar e praticar.
Tentaram roubar dela até mesmo a chance de praticar. Mas ela foi
capaz de continuar. Praticou meditação andando, mesmo confinada num espaço
exíguo. Foi capaz também de falar com bondade e gentileza para aqueles que
estavam presos com ela na cela. Graças à sua prática, pode ajudá-los a sofrer
menos.
Tenho também um amigo vietnamita que foi levado para um campo de “reeducação”,
numa área remota da selva. Durante os quatro anos em que esteve lá ele praticou
meditação e foi capaz de viver interiormente em paz. Quando o soltaram, sua
mente estava mais afiada que uma espada. Ele sabia que não havia perdido nada
nesses quatro anos em que esteve preso. Ao contrário, ele sabia que havia se “reeducado”
na meditação.
Muitas coisas podem ser tiradas de nós mas ninguém é capaz de
roubar nossa determinação e nossa liberdade interior. Nem mesmo a nossa prática
pode ser roubada. Mesmo nas situações mais extremas é possível manter nossa
felicidade, nossa paz e nossa liberdade interior. Enquanto formos capazes de
respirar, caminhar e sorrir, estaremos e
paz e poderemos ser felizes.
Thich Nhat Hanh
(em “At Home in the
World: Stories and Essential Teachings from a Monk's Life”)
Nenhum comentário:
Postar um comentário