Enquanto eu me acomodava ao lado do Dalai Lama, sentia na
sua postura e na sua linguagem corporal o poder de um líder. Eu me lembrava da
firmeza e do carinho com que segurara a minha mão na primeira vez que nos
vimos. Sua bondade não diminuía em nada o seu poder, um lembrete valioso de que
a compaixão é uma característica de força, não de fraqueza, um ponto no qual
eles insistiram no decorrer de nossas conversas.
Quando o Dalai Lama o cumprimenta, ele pega a sua mão e a
acaricia carinhosamente, como um avô talvez. Ele olha nos seus olhos e sente
profundamente o que você está sentindo, e toca a sua testa com a dele. Seja
qual for o sentimento no seu coração e refletido na expressão do seu rosto,
seja euforia ou aflição, ela espelha a expressão do próprio rosto. Mas quando
ele se encontra com outra pessoa, essas emoções se foram e ele está
completamente disponível para o próximo encontro e o próximo momento. Talvez
seja isso que chamam de estar totalmente no presente, disponível a cada
instante e para cada pessoa com quem nos encontramos, livres de lembranças do
passado que remoemos, nem atraídos pelas preocupações com o futuro.
Dalai Lama
(em “Contentamento”)
Nenhum comentário:
Postar um comentário