segunda-feira, 20 de maio de 2013

A melhor preparação para morrer

A melhor preparação para morrer é reconhecer a natureza da mente. Tudo está naturalmente se desintegrando: nosso corpo está se desintegrando, nosso modo de perceber a realidade está se desintegrando, tudo a que nos agarramos está se dissolvendo. O soltar que cultivamos durante a nossa vida está acontecendo naturalmente; isto é o que queremos, e agora está ocorrendo por si.

Para aqueles que passam suas vidas aprendendo a relaxar com a impermanência, a morte é libertadora. Mas se vivemos as nossas vidas tentando nos segurar nessa breve e passageira existência, ficaremos assustados, muito assustados quando morrermos. A morte é o desconhecido final que estamos sempre evitando; é a impermanência final da qual tentamos escapar. Mas, se aprendermos a relaxar com a incerteza e a insegurança, então a morte será um apoio para a alegria.

Se passarmos a nossa vida buscando uma ajuda externa – através de uma boa aparência, terapia de compras, vícios e outros – procuraremos algo sólido para nos agarrarmos quando morrermos. Quando nos descobrirmos buscando ajuda com os olhos inundados de pânico, descobriremos muito tarde que esta resposta habitual não ajudará. Esta é a mensagem sensata de Shantideva. 

Precisamos nos perguntar: “Em que procuro me refugiar?” Quando me sinto assustado, infeliz ou sozinho, em que pessoalmente procuro o refúgio? Shantideva deduz que buscar refúgio no coração e mente incompreensíveis e inconcebíveis do boddhichitta valerá a pena no momento das nossas mortes. 

Pema Chodron
(em “Sem Tempo a Perder”)

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