A melhor preparação para morrer é reconhecer a natureza da mente. Tudo está
naturalmente se desintegrando: nosso corpo está se desintegrando, nosso modo de
perceber a realidade está se desintegrando, tudo a que nos agarramos está se
dissolvendo. O soltar que cultivamos durante a nossa vida está acontecendo
naturalmente; isto é o que queremos, e agora está ocorrendo por si.
Para
aqueles que passam suas vidas aprendendo a relaxar com a impermanência, a morte
é libertadora. Mas se vivemos as nossas vidas tentando nos segurar nessa breve
e passageira existência, ficaremos assustados, muito assustados quando
morrermos. A morte é o desconhecido final que estamos sempre evitando; é a
impermanência final da qual tentamos escapar. Mas, se aprendermos a relaxar com
a incerteza e a insegurança, então a morte será um apoio para a alegria.
Se
passarmos a nossa vida buscando uma ajuda externa – através de uma boa
aparência, terapia de compras, vícios e outros – procuraremos algo sólido para
nos agarrarmos quando morrermos. Quando nos descobrirmos buscando ajuda com os olhos inundados de pânico, descobriremos
muito tarde que esta resposta habitual não ajudará. Esta é a mensagem sensata
de Shantideva.
Precisamos
nos perguntar: “Em que procuro me refugiar?” Quando me sinto assustado, infeliz
ou sozinho, em que pessoalmente procuro o refúgio? Shantideva deduz que buscar
refúgio no coração e mente incompreensíveis e inconcebíveis do boddhichitta
valerá a pena no momento das nossas mortes.
Pema Chodron
(em
“Sem Tempo a Perder”)
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